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sexta-feira, 20 de junho de 2025

Jagunços do Poder — Não é Privilégio Brasileiro

Relatório do Congresso expõe como o FBI abafou o viés esquerdista do atirador que quase matou o deputado republicano Steve Scalise em 2017

Mais um encobrimento do “Deep State”: relatório do Congresso expõe como o FBI abafou o viés esquerdista do atirador que quase matou o deputado republicano Steve Scalise em 2017.
A cada nova revelação, fica mais evidente que a estrutura de segurança nacional dos EUA — hoje integrada por agências como FBI, CIA e NSA — foi capturada pelo Partido Democrata, servindo tanto para blindar a esquerda quanto para perseguir conservadores.
Um Comitê da Câmara americana, o House Permanent Select Committee on Intelligence (HPSCI), finalmente abriu a “caixa‑preta” de 4 mil páginas do caso Scalise e concluiu o óbvio que o Bureau tentou esconder por oito anos: o ataque de 14 de junho de 2017 foi um atentado politicamente motivado contra congressistas republicanos — e não o “suicídio por confronto policial” vendido à imprensa pelo FBI.

O que realmente aconteceu em 2017
Na manhã daquele dia, James Hodgkinson — militante de grupos como “Acabe com o Partido Republicano”, voluntário na campanha de Bernie Sanders e obcecado por postagens de ódio a Donald Trump — descarregou 70 tiros contra a equipe republicana que treinava para o tradicional jogo de beisebol do Congresso. Seis pessoas ficaram feridas, entre elas o então líder da bancada, Steve Scalise, que quase morreu com um tiro no quadril.

A narrativa forjada pelo FBI
Mesmo diante de uma lista com o nome de seis deputados conservadores no bolso do atirador, agentes chefiados pelo então diretor interino Andrew McCabe rotularam o caso como “mero suicídio” antes de entrevistar testemunhas ou montar uma linha do tempo minimamente coerente. O relatório do HPSCI detalha como o FBI ocultou a lista, 15 fotos de reconhecimento tiradas pelo atirador dois meses antes e a informação de que não havia policiais uniformizados no local — tudo para sustentar a tese conveniente de que não se tratava de um atentado terrorista promovido por um extremista de esquerda.

Quem é Andrew McCabe?
 Entrou no FBI em 1996 e, em 2016, assumiu a vice‑direção.
 Assumiu a direção interina do órgão em maio de 2017, quando ainda fervilhavam o caso do servidor privado de e‑mails de Hillary Clinton — no qual o FBI blindou a então candidata democrata — e a operação “Crossfire Hurricane” contra a campanha de Donald Trump, baseada numa alegada “influência russa” jamais comprovada.
— A campanha de sua esposa, Jill McCabe (candidata democrata ao Senado estadual da Virgínia, 2015), recebeu quase US$ 700 mil de estruturas ligadas a aliados dos Clinton: US$ 467 mil do então governador Terry McAuliffe e mais de US$ 200 mil do Partido Democrata estadual.
— Em março de 2018, o inspetor‑geral do Departamento de Justiça concluiu que McCabe mentiu sob juramento sobre vazamentos seletivos à imprensa; ele foi demitido um dia antes de se aposentar. O DOJ cogitou processá‑lo, mas arquivou o caso em fevereiro de 2020.
— Hoje, é comentarista da CNN e crítico visceral de Trump.

Quatro anos de silêncio e uma mudança sem explicações do caso Scalise
Pressionado por congressistas, o FBI só revisou sua conclusão em 2021, mudando para “extremismo violento doméstico” sem apresentar qualquer prova nova. Até lá, o caso ficou enterrado sob sigilo e classificações indevidas que impediram a fiscalização externa.

A reação de quem estava na mira
O sujeito tinha uma lista de alvos no bolso e mesmo assim o FBI insistiu na história do suicídio, protestou o presidente do Comitê Judiciário, Jim Jordan, lembrando que é a mesma agência que até hoje não sabe quem plantou uma bomba na sede do Partido Democrata em 6 de janeiro.
Steve Scalise, sobrevivente do atentado e hoje líder da maioria na Câmara, classificou o relatório como prova definitiva de que o FBI “ignorou fatos cruciais para vender uma narrativa falsa” e cobrou responsabilização interna:
Foi um ato deliberado de terrorismo contra membros republicanos do Congresso.

E agora?
Democratas no comitê até reconheceram boa parte das falhas técnicas, mas rejeitaram ligar o fiasco ao viés político do FBI e se opõem à proposta republicana de criminalizar análises de inteligência deliberadamente manipuladas. O relatório, porém, recomenda que o FBI reabra o caso, explique quem assinou a tese do “suicídio pela polícia” e por quê, e que o Congresso avalie a criação de uma lei que puna futuros encobrimentos.
COMENTO:  se fizermos um paralelo com outro país conhecido, veremos que os canalhas tupiniquins, sem QI para planejar golpes, não se envergonham em copiar os métodos criminosos de outros lugares. É muita coincidência e semelhanças na forma de agir deslealmente, usando a "criatividade" na elaboração de documentos de Inteligência e relatórios que fundamentam inquéritos policiais omitindo provas e estabelecendo hipóteses sem fundamento como provas. 

sábado, 31 de maio de 2025

Cooperação Internacional — Sendo Socialista/Comunista, Pode

OPERAÇÃO CONDOR
por Carlos Ilich Santos Azambuja (*)
Quando da prisão do general Augusto Pinochet, em Londres, em 1999, foram publicadas no Brasil uma série de reportagens, algumas de páginas inteiras, sobre a denominada Operação Condor (década de 70), buscando vincular órgãos de Inteligência brasileiros, especialmente o extinto Serviço Nacional de Informações com a referida operação, por ter cooperado para formar e preparar quadros para os órgãos de repressão das ditaduras chilena, argentina, boliviana, uruguaia e paraguaia (O Globo de 5 de janeiro de 1999. Sempre O Globo...).
Após indiciar o general Pinochet por genocídio, o juiz espanhol Baltasar Garzón (ex-deputado socialista) passou a buscar documentos objetivando demonstrar que, depois da deposição de Salvador Allende, no Chile, em 11 de setembro de 1973, os governos de cinco países — Argentina, BRASIL, Bolívia, Paraguai e Uruguai — uniram-se, sob o comando da DINA, o Serviço de Inteligência chileno, numa espécie de Mercosul do terror. A parceria teria sido formalizada em 1975, sendo denominada Operação Condor.
Nesse mister, o juiz Garzón contou com a colaboração do advogado espanhol Joan E. Garcés, assessor de Allende, no Chile, nos anos 1971-1973, que abandonou o Palácio La Moneda minutos antes de este cometer suicídio. Joan Garcés, posteriormente, em 1976, foi o fundador, na Espanha, da Federação dos Partidos Socialistas e, em 1979, da esquerda socialista do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de Felipe Gonzalez.
Em 1976, Joan Garcés escreveu o livro “Allende e as Armas da Política”, editado no Brasil em 1993 pela Editora Scritta, traduzido pelo escritor e jornalista brasileiro Emir Sader, que viveu no Chile como auto-exilado durante o governo Allende, onde integrou os quadros do Movimiento de Izquierda Revolucionária (MIR).
Vamos aos fatos. Àquilo que os jornalistas que abordaram o tema não disseram ou não quiseram dizer. Muitos dados aqui relatados foram extraídos do livro “Europa Versus Pinochet - Indebido Proceso”, escrito por Hermógenes Perez de Arce — professor universitário e colaborador do jornal El Mercurio — lançado em Santiago, Chile em 1998, e já em segunda edição.
Deve ficar claro que quando existe uma ameaça terrorista de caráter internacional, os órgãos de Segurança dos países ameaçados se coordenam. Sempre foi e continua sendo assim. Nesse sentido, a France-Press divulgou, em 21 de novembro de 1998, o seguinte telegrama: O presidente francês, Jacques Chirac, e o Primeiro-Ministro Lionel Jospin, confirmaram ao chefe do governo espanhol, José Maria Aznar, a adesão da França à luta antiterrorista na Espanha ao ser concluída, ontem, a reunião de cúpula França-Espanha, em La Rochelle. Ou seja, esses dois países coordenaram seus órgãos de Inteligência para combater a ETA-BASCA.
Esse acordo não ficou no papel. Dia 10 de março de 1999, O Globo transcreveu um telegrama vindo de Paris, segundo o qual “as forças de segurança da França e da Espanha” haviam detido no dia anterior, em território francês, seis espanhóis, membros do grupo ETA, incluindo o chefe militar José Javier Arizcuren Ruiz, conhecido como ‘Kantari’, procurado desde a década de 80 e acusado de haver tentado matar o rei Juan Carlos I, em Palma de Mallorca, em 1995 (...) A prisão foi resultado de uma operação conjunta entre a França e a Espanha”.
Voltando à América Latina, deve ser recordado que o desafio terrorista contra os governos do continente nada mais era do que uma derivação da Guerra-Fria.
Em 1974 — menos de um ano após a deposição de Allende — foi fundada em Paris uma Junta de Coordenação Revolucionária (JCR), integrada pelo Exército de Libertação Nacional (ELN), da Bolívia, o Exército Revolucionário do Povo (ERP), da Argentina, o Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros MLN-T), do Uruguai, e o Movimento de Izquierda Revolucionário (MIR), do Chile.
O Secretário-Geral da JCR era o cubano Fernando Luis Alvarez, membro da Direção Geral de Inteligência (DGI) cubana, casado com Ana Maria Guevara, irmã de Che Guevara, o que conferia à JCR o caráter de instrumento do Estado cubano.
Pouco tempo depois, em outubro de 1974, a Comissão Política do MIR, através de seu jornal El Rebelde en la Clandestinidad, dava conta desse fato nos seguintes termos: No campo internacional, nosso partido redobrará a coordenação e o trabalho conjunto com o ERP, O MLN-T e o ELN da Bolívia, e junto com eles lutará para fortalecer e acelerar o processo de coordenação da Esquerda Revolucionária Latino-Americana e Mundial (...). Chamamos a todas as organizações e movimentos irmãos a redobrar a luta em seus próprios países, a fortalecer e ampliar a Junta Coordenadora do Cone Sul (...)”.
O dirigente do PC Chileno, já falecido, que também foi Ministro do governo Allende, Orlando Millas, escreveu em suas Memórias, 1957-1991. Ediciones Chile-América, Santiago, 1995, páginas 186 e 187, o seguinte: Reunimo-nos em Moscou, em 1974, os membros da Comissão Política do partido que estávamos no exílio, ou seja, os titulares Volodia Teitelboim, Gladys Marin (na época Secretária-Geral do Partido Comunista Chileno) e eu, e o suplente Manuel Cantero. Nessa oportunidade soube do acordo que haviam chegado, em Havana, dirigentes dos respectivos partidos (chileno e cubano), para que contingentes de militantes comunistas chilenos fossem aceitos como alunos, na qualidade de cadetes, na Escola Militar de Cuba.
Foi recrutado para essa tarefa o melhor do melhor da nova geração no exílio. Senti que os conduzíamos a queimar-se no Chile em batalhas impossíveis. Quem menos direito tem de criticá-los somos nós, que assumimos a responsabilidade, estremecedora, de sugerir-lhes, sendo adolescentes, que o caminho para ser dignos de seu povo deveria ser percorrido empunhando armas”.
Infelizmente, isso não aconteceu somente no Chile. No Brasil, também na década de 70, mais da metade dos que foram mandados para a morte pela direção do Partido Comunista do Brasil, nas selvas do Araguaia, eram jovens estudantes ou recém-formados.
Anteriormente a tudo isso, no Congresso do Partido Socialista Chileno, ao qual pertencia Salvador Allende, realizado na cidade de Chillán, em 1967, foi aprovada uma Resolução Política que dizia: (...) A violência revolucionária é inevitável e legítima (...). Só destruindo o aparato burocrático e militar do Estado-burguês, pode consolidar-se a revolução socialista”. Essa linha política foi confirmada no Congresso realizado em 1971 — ano em que Allende assumiu o governo — realizado na cidade de La Serena.
A decisão do PS chileno de optar pela “violência revolucionária” estava de acordo com os protocolos adotados no ano anterior, 1966, em Havana, na Conferência Tricontinental, quando foi aprovada pela unanimidade das 27 delegações presentes a sugestão de criar a Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS) uma cópia do Komintern dos anos 30, um pacto político-militar para revolucionar a América Latina. O autor dessa proposta foi o delegado que representava o Partido Socialista Chileno: Salvador Allende.
Quem melhor resumiu a consistência da ameaça armada ilegal constituída durante os quase três anos em que Allende esteve no governo foi o ex-senador e ex-presidente do Partido Socialista durante o referido governo, Carlos Altamirano. No livro da jornalista Patrícia Politzer, editado no Chile em 1995, pode ser lido o seguinte diálogo: Entrevistadora: “Quantos homens formavam esse modestíssimo aparato armado do Partido Socialista?” Altamirano: “Mas ou menos mil a mil e quinhentos homens, com armas leves”. Entrevistadora: “Mil homens não é pouco”. Altamirano: “Não era pouco se houvesse uma coordenação com o aparato militar do MIR, que supostamente era bastante mais importante que o nosso; com o do Partido Comunista, que também era maior, e com os que tinham o MAPU e a Esquerda Cristã. Porém, essa coordenação não aconteceu...”.
É evidente que o número de 1.000 a 1.500 homens, do PS, 3.000 a 5.000 do MIR (“bastante mais importante”), 2000, do Partido Comunista (“também era maior”), do MAPU e Esquerda Cristã, aproximadamente 1.000, redundava em um total aproximado de 10.000 homens armados que, somado aos “companheiros de Tropas” (referidos por Patrício La Guardia, como se verá adiante) e a um número indeterminado de outros estrangeiros, era, sem dúvida, um contingente respeitável.
Nos anos 80, a ação armada subversiva, no Chile, ganhou impulso com os sucessivos desembarques de armas realizados desde navios cubanos, em janeiro, junho e julho de 1986: 3.200 fuzis, 114 lança-foguetes soviéticos RPG-7, 167 foguetes anti-blindagem LAW (alguns utilizados no atentado contra Pinochet nesse mesmo ano de 1986, que causou a morte de cinco militares de sua escolta), granadas, munições e outras armas (livro Chile, Crônica de um Assédio, Santiago, 1992, tomo I, página 98). Ou seja, o maior contrabando de armas jamais registrado na América Latina.
A prova da intervenção cubana e de que um contingente dessa nacionalidade encontrava-se no Chile durante o governo Allende, inclusive integrando a segurança pessoal do presidente, pode ser encontrada em uma publicação cubana sobre o julgamento, muitos anos mais tarde, já no final da década de 80, de diversos altos oficiais do Exército cubano, acusados de narcotráfico. Um desses oficiais, Patrício La Guardia, amigo pessoal de Fidel Castro, condenado à morte e fuzilado, viu-se submetido ao seguinte interrogatório: Pergunta: E missões internacionalistas, além dessa de Angola, que cumpriu anteriormente? Resposta de Patrício La Guardia: “Estive no Chile. Fui condecorado com a Medalha Internacionalista de Primeiro Grau porque estava no Chile à frente dos companheiros de Tropas, quando do golpe de Estado, e cumpri outras operações especiais (Vindicación de Cuba, 1989, Editorial Política, Havana, Cuba, página 291).
O ex-presidente chileno Eduardo Frei em declarações ao jornal “ABC”, de Madri, Espanha, disse o seguinte: O marxismo, com o conhecimento e aprovação de Salvador Allende, e talvez por instigação dele próprio, havia introduzido no Chile inumeráveis arsenais, que eram guardados em residências, escritórios, fábricas e armazéns. O mundo não sabe que o marxismo chileno dispunha de um armamento superior em número e qualidade que o do Exército (...). Os militares salvaram o Chile e a todos nós, cujas vidas não são, certamente, tão importantes como o Chile.
Pergunta-se o que poderiam fazer os governos ameaçados frente a uma internacional terrorista. A OLAS nos anos 60, e a JCR, nos anos 70? Obviamente, o mesmo que fizeram França e Espanha: coordenar suas ações antiterroristas. Assim, teria nascido a Operação Condor.
Se no decorrer das operações repressivas foram cometidos delitos, sucedeu algo parecido com o grupo espanhol denominado GAL (Grupos Antiterroristas de Libertação), constituído por elementos pertencentes aos Órgãos de Inteligência espanhóis. As responsabilidades pelos delitos deveriam recair sobre as pessoas que os cometeram, como, de fato, recaíram. Em 19 de julho de 1998 o Supremo Tribunal da Espanha condenou vários auxiliares de Felipe Gonzalez (que governou a Espanha por 14 anos, de 1982 a 1996), inclusive seu Ministro da Justiça, por crimes praticados durante a luta contra a ETA-BASCA.
Em nenhum momento, porém, os diligentes juízes espanhóis pensaram em responsabilizar Felipe Gonzalez por esses crimes.
Assim, como ao juiz espanhol Baltasar Garzón não ocorreu submeter a processo Felipe Gonzalez, assim, tampouco, existe fundamento para acusar o então senador Pinochet, por alguma atuação indevida de seus subordinados durante o desenrolar da Operação Condor, quando presidente do Chile.
Mas, no entanto, o juiz Baltasar Garzón, assessorado por Joan Garcéz, buscou satanizar a Operação Condor. É indiscutível, porém, que face a um desafio terrorista coordenado, que não era um pic-nic, os Órgãos de Inteligência dos países ameaçados fizeram o mínimo que deveriam fazer: coordenar-se. E deverão fazê-lo sempre.
Outra acusação feita a Pinochet é a de genocídio, por haver supostamente perseguido um grupo político: o de comunistas nativos e de outros países exilados no Chile. Tal delito, no entanto, é tipificado pelo Convênio sobre Genocídio, como “a perseguição a um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”, e não de grupos políticos. E mais: o Convênio Internacional sobre crimes de genocídio, patrocinado pela ONU, estabelece expressamente que o Tribunal competente para julgar esse tipo de crime é o do lugar onde foi cometido o delito.
Sobre o assassinato, nos EUA, do ex-chanceler de Allende, Orlando Letelier, do qual Pinochet foi também responsabilizado pelo juiz Garzón, recorde-se uma entrevista de seu filho, deputado Juan Pablo Letelier, a uma jornalista, em Santiago, em 1995: Pergunta: “O senhor tem se dedicado nos últimos tempos a exculpar de toda a responsabilidade o Exército do Chile e seu Comandante em Chefe pela morte de seu pai. Por que?” Resposta: “Não me dediquei a exculpar. O que já disse, por mais de uma vez, porque me ensinaram a falar a verdade, é que não há nenhuma evidência que flua do processo, de milhares de folhas, que permita sustentar que tenha havido participação do Exército ou de seu Comandante em Chefe no assassinato de meu pai” (jornal El Mercurio de 4 de junho de 1995, página D-2).
A comunidade jurídica internacional sempre considerou profundamente injusto julgar uma época aplicando os padrões morais de outra. Por isso, entre outras razões, existe universalmente a prescrição, através da qual o transcurso do tempo extingue as responsabilidades. Existe, pois, um ingrediente de tremenda injustiça em querer julgar, anos depois, acontecimentos que hoje parecem desprovidos de toda a carga de incerteza, temor e ódio que existiam no Chile e em toda a América Latina nos anos 70. Sempre, “antes” as coisas são diferentes do que parecem “depois”, quando o perigo já passou. Um velho ditado diz que “depois da batalha, todos são generais”.
O terrorismo e os terroristas, por sua vez, não têm que responder ante ninguém. Se triunfa converte-se em um regime totalitário, e este, por definição, não tem que responder por seus atos. Se é derrotado, converte suas baixas em “vítimas”, e descreve a guerra suja que perdeu como um “extermínio” — ou, como deseja o juiz Garzón, um “genocídio”.
Em 1990, mesmo depois do Governo Militar, as vítimas do “genocídio” e do “extermínio” continuaram a atuar, e assassinaram, em plena democracia, o coronel Fontaine, do Corpo de Carabineiros, o Major do Exército Carlos Perez e sua mulher, e feriram gravemente os generais Leigh e Ruiz, da Força Aérea, em atentados.
No Chile, durante os primeiros anos do Governo Militar, o juiz Rafael Retamal, que havia sido presidente da Corte Suprema, ante um requerimento de que a Justiça fosse mais severa com os “excessos repressivos”, replicou: Os extremistas iam nos matar a todos. Ante essa realidade, deixemos que os militares façam a parte suja. Depois chegará a hora dos direitos”.
Hoje, não só no Chile alguns extremistas, que insistem em fazer um boca-a-boca na falida doutrina científica, e correligionários seus, defensores dos direitos humanos, acusam de “assassinos” os militares. Porém, o então Ministro da Corte Suprema, e depois presidente desse Tribunal, temia ser assassinado pelos extremistas. Quem eram, então, os assassinos?
Nos anos 60 e 70 o mundo vivia sob a chamada Guerra-Fria. A possibilidade de um conflito bélico global sempre esteve presente. Na América Latina, a exportação da guerrilha e do terrorismo, de Cuba para o restante do continente, era uma constante. Em 1967, Che Guevara havia sido morto na Bolívia à frente de um grupo de guerrilheiros cubanos. Um grande desembarque de armas extremistas havia sido descoberto e frustrado na Venezuela. Fidel Castro e Guevara falavam abertamente que os Andes se converteriam na Sierra Maestra do continente e que seriam criados “vários Vietnãs”. Então, os Tupamaros, no Uruguai, os Montoneros, na Argentina, os militantes do MIR chileno, e Marighela e Lamarca, no Brasil, atuavam coordenados sob a batuta da Inteligência cubana.
Para concluir, deve ser recordado que, posteriormente, em 3 de julho de 1998, o comandante Fidel Castro, em discurso pronunciado quando do encerramento de um seminário, em Havana, sobre o tema Globalização, convocado pela “Associação de Economistas da América Latina”, reconheceu seu papel de promotor da guerrilha em toda a América Latina nos anos 60. Guerrilha que fez uma montanha de mortos.
Todos os argumentos e relatos acima serviriam para que o pedido de prisão de Garzón-Garcéz contra o então senador Pinochet fosse arquivado pela Câmara dos Lordes inglesa. Todavia, isso não seria politicamente correto, pois Pinochet não é de esquerda. O processo contra ele foi, evidentemente, um acerto de contas, uma vingança política contra quem destruiu um mito marxista: a derrubada do poder de um governo comunista.
É isso que a esquerda de todos os matizes não admite, não aceita e não perdoa.
(*) Carlos Ilich Santos Azambuja é historiador.
COMENTO: O historiador Carlos Ilich Santos Azambuja (CISA), ou Dr Pirilo, ou ainda, Antônio Pinto, foi um dos melhores e mais atuantes analistas do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (CISA). Falecido em 2018, deixou um grande legado de pesquisas e textos com relatos da história da Inteligência brasileira.

segunda-feira, 31 de março de 2025

Qualquer Semelhança Não é Mera Coincidência

Texto recuperado por Hiram Reis e Silva
Em Primeira Mão
por Hélio Fernandes
Em longas conversas que manteve com seus correligionários em Belo Horizonte, onde deverá passar mais de uma semana em contatos políticos, o senhor Juscelino Kubitschek revelou sua grande preocupação com os destinos do País.
E afirmou categoricamente que o presidente da República está empenhado em criar uma gravíssima situação no campo, com a agitação dos camponeses sem terra, facilmente influenciáveis, a fim de conduzir o País para rumos golpistas.
JK pediu, porém, aos seus correligionários, que mantenham a calma até que as coisas se definam. Acha ele que o senhor João Goulart não tem condições políticas e nem dispositivo militar suficientemente forte para deflagrar uma revolução social no País, ou ocupar definitivamente o poder através do golpe de Estado. Acredita ainda que, a partir de março próximo, com o fortalecimento e a homologação da candidatura Lacerda e da dele mesmo, o senhor João Goulart já não terá meios de golpear as instituições, pois o poder político passará, automaticamente, para a faixa dos candidatos presidenciais.
De qualquer modo o sr. Juscelino Kubitschek revelou suas preocupações, levando em conta principalmente a situação econômico-financeira, que se agrava dia a dia, e pelas providências verdadeiramente suicidas que o sr. João Goulart está tomando no campo econômico e financeiro. Acha JK que o País pode estourar a qualquer momento e que dificilmente as forças mais representativas da Nação terão condições de evitar o colapso financeiro.
Enquanto isto, as esquerdas comandadas por Leonel Brizola afastam-se do sr. João Goulart, e se preparam para tomar uma posição francamente revolucionária em torno do problema brasileiro. O próprio Brizola está a caminho do Norte e Nordeste com discursos preparados pela sua assessoria política. Vai agitar novamente o País a pretexto de combater a política de conciliação de Jango Goulart e defender as reformas de base. Na realidade, segundo a opinião dos mais credenciados líderes oposicionistas, Brizola atua na mesma faixa de Jango Goulart, e como seu principal assessor na questão do golpe de Estado. Explicam: Brizola serve a Jango na medida em que agita o País na faixa política, enquanto o jovem e irresponsável João Pinheiro Neto agita o campo, produz a revolta dos camponeses contra os proprietários, estimula a invasão de fazendas, a fim de criar uma situação em que o Exército seja forçado a intervir.
E em que daria a intervenção rápida e violenta do Exército na crise brasileira? A que levaria essa intervenção? Os líderes oposicionistas calculam que, a esta altura, uma intervenção militar no processo brasileiro, no momento em que as candidaturas presidenciais procuram fixar-se, equivaleria a um golpe de Estado, eliminando as eleições e fornecendo ao senhor João Goulart os elementos de que necessita para liquidar as instituições e tornar–se o chefe absoluto do Estado.
Atento a essa situação, o senador Kubitschek, atendendo a conselhos dos seus companheiros de partido, procurará, a partir das próximas semanas, fixar sua candidatura em termos antilacerdistas a fim de polarizar em torno do seu nome todo o contingente antilacerdista e esquerdista que está órfão de líderes que tenham condições de se candidatarem.
Promete o ex-presidente definições claras e inequívocas sobre a situação política, pois só dessa maneira conseguirá aglutinar as forças que se opõem a Lacerda e, com isto, fortalecer-se como candidato, retirando de Jango Goulart a bandeira do antilacerdismo e do reformismo econômico.
Já existe hoje, nas Forças Armadas, nos meios políticos e nos círculos conservadores a certeza de que o sr. Jango Goulart se atirará realmente contra as instituições. É lógico que não se jogará de frente contra as instituições, não marcará dia e hora para o golpe, não avisará quando se transformará em ditador Procurará mascarar as suas intenções, os seus objetivos, os seus propósitos, caracterizando toda a sua ação golpista como antigolpista.
Existem alguns tolos que consideram que golpe é apenas o fechamento do Congresso, como se Jango fosse estúpido a esse ponto. E aí chegamos a um ponto crucial da questão, e que deve ser definido com urgência para benefício da coletividade e salvação do regime: O que é golpe de Estado?
Greve geral, com objetivo político-pessoal, sem o menor interesse para os trabalhadores, é golpe ou não é? É um crime contra o regime e contra a tranquilidade geral ou não é? Greve na Petrobrás, paralisando o País, inclusive as Forças Ramadas, é golpe ou não é? Infiltração comunista, entregando-se todos os postos chaves civis e militares a eles, é golpe ou não é?
Provocações coletivas como o comício que houve há tempos na Cinelândia e que vai repetir-se agora noutro local proibido, em frente ao Ministério da Guerra, é golpe ou não é? Incitação de classe, jogando-se camponeses contra fazendeiros com o espírito puro de provocar e não de solucionar coisa alguma, é golpe ou não é? Desestímulo, desesperança e desconfiança através de medidas de incentivo à inflação constituem ou não constituem golpe?
Roubo generalizado com o enriquecimento de meia dúzia, que são os chamados reformistas do Governo, com o empobrecimento de toda uma população, é golpe ou não é? Contrabando de armas através da Petrobras e de outros órgãos do Governo é golpe ou não é? Desmoralização da autoridade constituída, diminuição sistemática das lideranças, destruição da hierarquia militar, é golpe ou não é?
A Série de atos deliberadamente desatinados e conscientemente desesperadores é enorme e poderia constituir não uma simples coluna mas um tratado sobre as intenções golpistas do sr. João Goulart e do seu governo. E essa série de fatos mais do que comprovados e verdadeiros leva a uma pergunta que teremos que responder imediatamente, sob pena de não termos, dentro em pouco, a menor possibilidade de respondê-la: até onde irá o sr. João Goulart, até onde vai a limitação constitucional do seu mandato, e até onde as Forças Armadas assistirão, impassíveis e omissas, à destruição da ordem, da lei, e da própria nacionalidade, com o domínio, pelos comunistas, de todos os postos chaves do País? Milhões de brasileiros, que repudiam o comunismo, exigem resposta a essa pergunta.
O padre-deputado Vidigal está dizendo abertamente que vai interpelar o sr. Juscelino Kubitschek, em plena convenção do PSD. Quer explicação de ex-presidente para duas afirmações suas: legalização do PC e reconhecimento e restabelecimento de relações com a China Comunista. As declarações de JK favoráveis ao Partido Comunista e reconhecimento da China tiveram péssima repercussão em Minas e no resto do País. E JK está apavorado, chamando um e outro deputado para desmentir o fato.
O serviço Secreto do Exército possui uma documentação impressionante sobre a entrada de armas no País. Comunica esse fato, sistematicamente, ao Conselho Nacional de Segurança, que naturalmente transmite todas as informações aos comunistas, com a recomendação de mais cautela nas operações.
A propósito de armas: confirmada inteiramente a minha informação de que o Exército iria adquirir armas na Europa. Esse fato trará grande prejuízo e confusão ao Exército, já acostumado e treinado, há longos anos, com as armas que vem dos Estados Unidos. Tudo para favorecer um conhecido negocista, e aos comuno-carreiristas que precisam mostrar que tem “ódio” aos americanos. Por que não experimentamos fabricar as nossas próprias armas?
Sério incidente na Paraíba entre Oficiais do Exército, da guarnição do 15° Regimento de Infantaria, e o deputado estadual comunista, do PRT, Cleto Maia. Quando saia de uma reunião, onde pregara abertamente a subversão, afirmando que o Brasil só “pode melhorar mesmo com uma revolução armada”, o deputado foi preso, levado para o quartel e interrogado. Sabedores do fato, os escalões comunistas do governo já providenciaram punição para os Oficiais do Exército anticomunistas e liberdade de movimento para o comunista que prega a revolta armada.
Isso que parece inacreditável é um fato rigorosamente verdadeiro.
Publicado originalmente no jornal Tribuna da Imprensa,
Rio de Janeiro, edição nº 4.279, de 19 Fev 1964.
Hiram Reis e Silva é Coronel de Engenharia,
 Analista de Sistemas, Professor, Palestrante,
 Historiador, Escritor e Colunista.
COMENTO: o texto, do "visionário" Hélio Fernandes (1920-2021), foi publicado às vésperas do Contragolpe de 1964, como um alerta. Os tempos são outros, os chefes das Forças Armadas já não tem a defesa da Democracia entre seus objetivos, intimidados pelo que viram acontecer com aqueles que, nas palavras do General Walter Pires de Carvalho e Albuquerque, "na hora da agressão e da adversidade, cumpriram o duro dever de se oporem a agitadores e terroristas de armas na mão, para que a Nação não fosse levada à anarquia". Cumprem fielmente o adágio da caserna: "o que mais mata é o excesso de iniciativa (imprudência), a burrice (falta de conhecimento ou imperícia) e o cagaço (omissão ou negligência, proposital ou motivada pelos motivos anteriores)". Nos tempos presentes, eu acrescentaria a conivência. Mas a sincronia dos fatos já não pode ser considerada só coincidência.

domingo, 30 de junho de 2024

O Brasil Tem Saída — O Aeroporto

Vendo as últimas notícias sobre as ousadias daquele sujeito que, reprovado duas vezes em concursos para ser juiz de 1ª instância — e que já apareceu em vídeo confessando o furto, com um colega, dos autos de um processo em que atuavam e não tinham redigido a defesa, a fim de que ele não fosse a julgamento —, foi alçado a um cargo na mais alta corte por ser o "amigo do amigo do meu pai", me dei conta do quanto os canalhas são pragmáticos em sua luta pelo poder.
Confira como temos sido engambelados, lembrando alguns casos que, supostamente, recuperariam a imagem do Brasil ante o mundo.

- Para não irmos muito longe no passado, lembremos no que deu o caso de dona "Jorgina do INSS", usada como "boi-de-piranha" de uma quadrilha que desviou um valor avaliado em 2 bilhões de reais do órgão. Com sua parte do que foi desviado, ela adquiriu mais de 60 imóveis de alto valor em Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em 1991 a fraude foi descoberta e ela fugiu para o exterior logo após sua condenação, em 1992. Em 1997, foi presa na Costa Rica, onde vivia, e repatriada ao Brasil, onde cumpriu os 14 anos de prisão a que havia sido condenada. Após sua liberdade, queixou-se de que seus imóveis estariam sendo vendidos a preços subfaturados, em leilões viciados, que favoreceriam outros fraudadores do INSS. Em meados de 2022, ela morreu em consequência de acidente automobilístico ocorrido no final do ano anterior, ainda na posse de diversos imóveis, supostamente frutos da maracutaia.

- Também tivemos o Caso PC Farias, com o principal agente, convenientemente assassinado, sem que se descobrisse o assassino, sua motivação nem o destino dos recursos que deram origem ao escândalo. E o principal interessado? Hoje flana tranquilamente pelo Senado Federal.

- Ainda no "século passado", tivemos o juiz Nicolau pego com a mão na botija trambicando o superfaturamento da construção de um novo Tribunal, em São Paulo, tão faraônico quanto supérfluo como os demais palácios do judiciário. Condenado a 26 anos de prisão em 2006, depois de uma fuga espetacular, em 2000, ficando foragido por três meses, cumpriu parte de sua pena em sua mansão. Em 2013, foi levado a uma prisão de verdade e seis anos depois foi indultado. Morreu aos 91 anos, em 2020 desfrutando sua riqueza.

- Já em 2004, tivemos a "Operação Satiagraha", que prometia por fim à carreiras de alguns figurões da República, particularmente banqueiros e políticos. Quatro anos depois, a Operação foi desmantelada, sob a ridícula alegação de que o delegado responsável havia sido assessorado por agentes da ABIN nos trabalhos; as provas obtidas foram todas anuladas e o delegado — aproveitando a projeção nacional que teve, elegeu-se deputado federal em 2010. Em 2014 ele foi condenado a dois anos e meio de prisão, por "vazar informações sigilosas" da Operação. Não reeleito ao cargo eletivo, em 2015 ele foi defenestrado da Polícia Federal e foi morar na Suíça, onde vive até hoje como asilado político.

- A Operação Castelo de Areia foi outra operação da Polícia Federal, em 2009, que investigou supostos crimes financeiros e lavagem de dinheiro praticados por executivos ligados à construtora Camargo Corrêa. A PF e o Ministério Público investigavam, ainda, o pagamento de propina a autoridades para conseguir benefícios em licitações; e doações irregulares para campanhas políticas.
Entre os políticos investigados apareciam José Roberto Arruda, Michel Temer, Gilberto Kassab, Valdemar Costa Neto, Antônio Palocci, Sérgio Cabral, e Paulo Skaf. Além dos políticos, também foram citados os nomes dos conselheiros Eduardo Bittencourt e Robson Marinho, do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e até o ex-presidente da república Jânio Quadros.
Em 5 de abril de 2011 a operação foi anulada pela 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sob a alegação de que denúncias anônimas não poderiam embasar investigações. A decisão foi inédita, contrariando a jurisprudência da corte, cujo entendimento anterior permitia que denúncias anônimas fossem alvo de investigação. A defesa das empreiteiras ficou a cargo do ex-ministro da justiça Marcio Thomaz Bastos. Dois dias depois, o Ministério Público recorreu da decisão, mas somente após quatro anos, em 2015, o ministro Luís Roberto Barroso rejeitou o recurso. Dois anos depois, em negociação de delação premiada, o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci afirmou que subornou ministros do STJ para anular a operação.

- Em 2016, tivemos o episódio da delação premiada do ex-senador Sérgio Machado. Após renunciar à presidência da Transpetro, em 2014, começou a ser investigado na Operação Lava-Jato. Apareceram contas no exterior envolvendo seus filhos no esquema de corrupção montado na Petrobrás. Antecipando a possível prisão, buscou a Procuradoria Geral da República (PGR), prometendo devolver R$ 75 milhões obtidos irregularmente, e garantindo entregar todo o esquema de corrupção com os recursos transferidos para senadores que garantiram sua permanência, por onze anos, na presidência da Transpetro. A negociação foi homologada pelo ministro Teori Zavascki do STF, e a delação, com gravações feitas sigilosamente com autorização judicial atingiram a cúpula do PMDB. O desfecho do caso é similar a muitos outros que envolvem figuras "proeminentes". Os membros do STF rejeitaram ou anularam as acusações, e os acusados continuam suas vidas de trapaças e opulência às custas do erário. E o denunciante foi condenado a três anos de prisão em sua mansão em um bairro nobre de Fortaleza. Castigo merecido, para servir de exemplo a outros que resolvam delatar a "cumpanherada". Destaque-se que estes dados foram tirados de páginas e blogs da internet. As buscas nas páginas de pesquisa, não levam a coisa alguma. Sequer se encontra noticiada a sentença de condenação do delator.
Como fecho de ouro para esta história, em meados de 2023 foi anunciada com ufanismo que "Sérgio Machado marca sua volta à política, com discurso em Assaré".

- Nem vou perder tempo tratando sobre Paulo Salim Maluf, tido por muitos anos como o ícone da trambicagem brasileira. Por quase meio século, de 1969 a 2018, exerceu diversos mandatos políticos, sempre acusado de desonestidades várias. Somente em 2017 a justiça conseguiu condená-lo, por lavagem de dinheiro, a sete anos de prisão; no ano seguinte, somaram-se mais dois anos por crime eleitoral. As penas começaram a ser cumpridas em regime domiciliar e; em maio de 2023 o STF decidiu anular as condenações com base no indulto de fim de ano.

Vou parar as citações por aqui, pois a sequência seria interminável.

O Brasil viveu recentemente dois belíssimos sonhos que se transformaram em pesadelos, rapidamente. Um foi a eleição de um presidente que se apresentou como a salvação da lavoura. Ex-militar, cristão, com discurso fortemente liberal pró-capitalista e prometendo acabar com a corrupção, a roubalheira, o desperdício dos recursos públicos e trabalhar fortemente pelo país.
O ingênuo presidente eleito, apesar de quase trinta anos de convívio no Congresso Nacional, minimizou quão forte é o sistema maligno que vige no país. Começou um belo programa de governo, convocando excelentes auxiliares, com destaque para Paulo Guedes (Economia), Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Roberto Campos Neto (Banco Central), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) — claro que as negociações com as quadrilhas, ops, partidos políticos, necessárias à execução dos planos governamentais permitiram que vigaristas chegassem a cargos de relevo, manchando a imagem que o governante construía —, e concluindo milhares de obras que, iniciadas em desgovernos anteriores somente para possibilitar desvios de recursos na forma de licitações em série que, sempre superfaturadas, nunca chegavam ao fim dos trabalhos. O saneamento de empresas estatais que, em tempos de crise provocada pelo "covid" conseguiram lucros em suas atividades, antes deficitárias; a maior liberalidade na aquisição de armas para a defesa de cidadãos sem problemas com a lei, que resultou na diminuição de índices de violência — feito nunca reconhecido pelos canalhas amigados com a criminalidade, que sabotaram o feito ao máximo e o sufocaram como uma das primeiras atitudes, logo que retomaram o poder —; o controle da economia e a diminuição no desemprego; são exemplos de uma boa administração, que agredia os princípios imorais da grande maioria de "representantes do povo", empoleirados em cargos diversos nos poderes legislativo, executivos (federal, estaduais e municipais) e judiciário.
A união desses patifes, em conluios que o presidente não quis afrontar, acreditando ser possível combater "dentro das quatro linhas" da Constituição Federal, fez com que a população acordasse sob o pesadelo de voltar a ser dominada por um velho conhecido do judiciário, ex-hóspede do cárcere curitibano da PF, que a elite de malfeitores retirou da prisão, descondenando-o sob argumentos falaciosos e colocando-o como candidato das trevas à presidência do país. Sob o olhar atônito da pequena parcela que consegue pensar e ser honesta ao mesmo tempo.

O outro sonho foi o andamento da denominada "Operação Lava-Jato". Seus feitos, espetaculares e inéditos aguçaram a vaidade de seus realizadores. O sucesso nas investigações, alcançando nomes de fortes mafiosos, com fortes ligações com "autoridades" que os mantinham isentos dos rigores das leis, foi transformado em espetáculo televisivo. A população, extasiada com o combate que sempre sonhou contra a cúpula dos malfeitores nacionais, se deliciava à noite, assistindo equipes da Polícia Federal arrestando diariamente gente que, nem nos sonhos mais ilusórios, se poderia imaginar sendo algemados. Milhões e milhões de Reais eram apreendidos em contas bancárias no exterior e no próprio país, frutos da rapinagem investigada. O então juiz Sergio Moro e a equipe de investigadores do Ministério Público paranaense foram alçados à categoria de heróis nacionais.
Um "monumento", simulando o volume de dinheiro retornado aos cofres públicos, como fruto dos trabalhos, chegou a ser construído em praça pública, maravilhando a cidadania brasileira.
A fama cobrou seu preço. A excremerdíssima cúpula da rapinagem nacional, avessa aos holofotes — até para proteger suas imagens, por segurança — não poderia admitir que aquele bando de moleques paranaenses lhes subtraíssem a fama e a imagem de "seres supremos deçepaíz"! Algo tinha que ser feito, com urgência! E a máquina, que desde os anos 80 do século passado vinha sendo montada para dominar o maior país da América do Sul, começou seu movimento maléfico. Cúpula e base do sistema penal começaram as tramoias, combinações de estratégias. Os membros do Supremo valhacouto, contrariando o costumeiro procedimento mundial de "só falar nos autos", abandonaram a histórica discrição e passaram a frequentar os telejornais, em uma ação de autopropaganda. Alegações absurdas de advogados passaram a ser aceitas como jurisprudência vindas dos céus, e interpretações miraculosas da legislação começaram a ser aplicadas.
Obviamente, algumas cabeças rolaram, começando pelos operadores menores. O tesoureiro da organização criminosa — denominação dada pelo então PGR — foi preso, condenado a oito anos e, depois, mais cinco, confiante no poder da quadrilha, nunca confessou nada. Dois anos depois, foi absolvido de uma das condenações e; mais dois se passaram até a receber o perdão total de um membro da alta corte. O primeiro a "abrir o jogo" foi o mais penalizado. Condenado, foi recolhido ao cárcere comum. Tempos depois, queixou-se de ter sofrido torturas dos carcereiros e de outros presidiários, sugerindo até ter sido estuprado. Em função disto, resolveu fazer uma "delação completa", prometendo apresentar provas contra "o grande chefe" da maracutaia.. Depois, "arrependeu-se", a delação não foi aceita, ele recebeu de presente uma tornozeleira no pé, e foi para casa, e nunca mais se ouviu falar nele. Outro, peixe grande na maior estatal brasileira, resolveu fazer um acordo onde devolveu mais de US$ 100.000.000,00 (cem milhões de dólares!). Lembro que, à época, comentei que se ele devolvia 100, certamente deveria ter mais outros cem guardados em segurança!
O dono de uma das maiores — talvez a maior — empreiteira de obras faraônicas, no Brasil e no exterior, também resolveu comparecer ao confessionário penal. De suas revelações, tivemos muito dinheiro devolvido, muita verba definida como multa, até uma lista de receptores de propinas e "ajudas" para campanhas eleitorais, tudo em um arquivo elaborado no Setor de Operações Estruturadas (o Departamento de Propinas da empresa) chegou a ser divulgada com o estardalhaço comum em casos assim, e a principal responsabilidade jogada aos ombros do filho do dono da empresa — a idade do pai não permitiria seu recolhimento à prisão, necessária para o "gran finalle" do ato — que foi condenado a mais de 19 anos de prisão, para saciar a plebe que exultava ao ver um milionário na cadeia.
Dois anos depois — sabedores que a memória da patuleia não comporta mais de três meses de noticiário sobre futebol, desquites de famosos, discursos agressivos de políticos, condenações de jogadores que se deixaram "pegar" por meninas frequentadoras de bordéis, e tantas outras novidades importantes despejadas sobre a população pelas telas das caixas de produzir idiotas — o herdeiro da, agora denominada, Novonor, foi para casa em dezembro de 2017, curar as feridas psicológicas adquiridas no cárcere, cumprindo o resto de sua pena (reduzida em 2022 pelo ministro Fachin) em regime domiciliar até 2023. Teve tempo suficiente para refazer planos e corrigir os erros que possibilitaram o desmonte do esquema anterior.
Os negócios da "nova" empresa com o governo já foram retomados.

Lembro que, nos anos oitenta, circulou um informe, na base do "sistema de informações", dando conta de que quadrilhas melhor estruturadas estariam selecionando jovens com bom desempenho intelectual, para financiar seus estudos, de modo que, eles obtivessem bons cargos públicos na máquina administrativa do país e, no futuro servissem aos seus filantropos, se é que se pode assim os denominar. O dado não recebeu atenção, nem interesse para ser confirmado, sendo descartado como boato sem fundamento. Hoje, quem ainda lembra dele e vê as atitudes adotadas por inúmeras autoridades, em diversos níveis dos poderes, pode muito bem perceber que não era algo "sem fundamento".

Estes fatos não estão aí só para relembrar quanto a desonestidade e a falta de vergonha reinam no Brasil. Eles servem para fundamentar minha afirmação inicial. Os mequetrefes são metódicos e planejam muito bem os lances de sua viajem ao topo do poder.

Isto não é gratuito. Quando estudante — e já faz bastante tempo — percebi o quanto "analisávamos" a vida, os métodos, a carreira, de gente da estirpe de Marx, Lênin, Stalin, Gramsci, Althusser e demais organizadores da ideologia socialista/comunista; e o quanto nos era negado o pensamento dos que se opunham a esses pulhas. Isto ainda ocorre, e com frequência e veemência muito maiores. Para se ter acesso a obras de Adam Smith, Ludwig von Mises, Milton Friedman e, até mesmo do genial Roberto Campos, só em pesquisas próprias ou em cursos específicos fora das universidades.

Observando com cuidado o procedimento dos safados empoleirados no poder e em sua periferia, detectamos as "lições de vida" de muitos dos iniciadores dessa praga mundial, denominada comunismo, e que hoje foi assimilada pelos canalhas de todo tipo, que ambicionam somente o poder e as riquezas produzidas pelos "contribários" (contribuintes otários) mundo a fora, particularmente no Brasil. A vagabundagem e a persistência desavergonhada de Marx, a paciência chinesa de Mao Zedong, o aproveitamento de todas as oportunidades de Lênin, a violência repressiva e preventiva de Stalin, a conquista de "corações e mentes" apregoada por Gramsci; tudo tem sido posto em prática nos últimos anos neste país.

Ouso afirmar que até mesmo os ensinamentos da frase "um passo atrás, dois à frente", de Lênin ao apresentar sua “Nova Política Econômica”, em 1921, tem servido de mote aos velhacos. A resiliência que demonstram quando flagrados e, aparentemente, punidos se deve à certeza de que o sistema já está dominado e seus dias de dissabores serão passageiros — o "passo atrás" — e a recompensa, ou os dois passos para a frente, virá em breve, quem sabe com uma boa indenização e o retorno a cargos bem, muito bem, remunerados na cúpula da administração pública.

Já aos delatores, traidores da "causa", ou mesmo reles desertores, restam as condenações — mesmo pequenas — às masmorras ou em casos mais graves, o encaminhamento inexorável à "paz dos cemitérios" do modelo stalinista, como ocorreu com Leon Trotsky! Exemplos não faltam e não necessitam ser explicitados.
Para encerrar, atualmente assistimos embasbacados o sujeito citado no primeiro parágrafo, cometer inúmeras barbaridades jurídicas, competindo com o outro que se autonomeou "xerife da nação", o que demonstra claramente que perderam qualquer resquício de modéstia; enquanto seus pares, por conivência ou temor (sabe-se lá do que, ou de quem. Talvez alguma reprimenda à moda stalinista?) permanecem surdos e mudos, ante o desmonte do sistema judicial por decisões conflitantes com a legislação que deveria vigir, e das quais deveriam ser os guardiões.

domingo, 3 de setembro de 2023

Quanto Tempo até o "Gado" Voltar às Ruas?

A avaliação aponta que a estratégia do medo funciona por um tempo e na medida em que o governo Lula não consegue apagar a lembrança das ações da gestão Bolsonaro e com a piora do quadro econômico é mais do que natural que os patriotas voltem para as ruas — podendo trazer de arrasto aqueles que, iludidos pelas promessas do Nine Fingers, podem deixar Lula e sua quadrilha em apuros.
Lula nunca foi o candidato do sistema, mas desencarcerá-lo, descondena-lo e colocá-lo na presidência foi a única alternativa para eliminar uma gestão que a despeito de ter passado os quatro anos debaixo do mau tempo, contando com a má vontades da mídia (desejosa das verbas que perdeu), um ativismo do Judiciário sem precedentes, um Congresso que não aceitou perder o acesso à máquina e, para completar, primeiro uma pandemia midiática e depois a guerra na Ucrânia, conseguia apresentar números positivos em todos os segmentos da vida nacional.
Passados oito meses da atual gestão, é perceptível que Lula III tem uma gestão marcada pela volta das deploráveis práticas do toma-lá-dá-cá, negociatas, uso da máquina pública, financiamento inescrupuloso da estrutura de comunicação que serve como correia de transmissão da estupidez ao modo preconizado por Lenin e bravatas que oscilam entre a bizarrice e a insanidade. Lula III é o verdadeiro retrato daquilo que Lula sempre foi: um sindicalista ávido pelo poder, um batedor de carteiras e com um discurso sob medida para retardados e imbecis.
A farsa do 8 de janeiro — muito mais para o Incêndio do Reichstag, em 27 de fevereiro de 1933 do que para a versão tupiniquim da suposta Invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 — teve a intenção de tirar os patriotas das ruas, impor uma onda de terror e de medo e garantir um começo de gestão sem oposição ao “Inocente de Taubaté”. O problema é que os autores do roteiro se equivocaram em vários momentos, acreditaram demais na esperteza e estão com as mãos lambuzadas de lama e a cada momento precisam criar uma nova narrativa para reinventar a realidade.
O grande problema é que o velho morubixaba não se deu conta de que os tempos tinham mudado, desde a sua chegada ao poder em eleições com urnas eletrônicas, um cenário econômico mundial favorável e sem oposição. Lula pode, naquele momento, exercer na plenitude o que aprendeu ao longo do tempo na máquina sindical. Ao ser recolocado na presidência em 2022, outra vez pelas urnas eletrônicas vergonhosamente sem impressão do voto e sem sua respectiva contagem pública, Lula não se deu conta de que o Brasil tinha mudado e os seus métodos de punguista sindical já não serviam mais. Além de um cenário econômico adverso, Lula e seus saqueadores pela primeira vez se depararam com uma oposição de Direita no Congresso Nacional e um sentimento junto a sociedade de que o resultado apontado pelas urnas eletrônicas não correspondeu ao desejo da imensa maioria do povo.
Mas ele não quis entender essa realidade e, em lugar de buscar desarmar o clima, ele preferiu aprofundar o enfrentamento defendendo a censura, a perseguição e até a eliminação dos adversários — agora apontados como inimigos da Nação. Transformado em palhaço no cenário internacional, ridicularizado por sua postura sabuja e servil ao ponto de ser chamado de “cadelinha do Xi”, dando pitaco na invasão da Ucrânia e se posicionando ao lado de um carniceiro como Putin, elogiando o legado dos 350 anos de escravidão e outras patacoadas, Lula é apenas um cadáver político adiado que, de tão fedorento, é vaiado por brasileiros.
A sucessão de escândalos de compra de votos, mordomias com a sua acompanhante em viagens internacionais e a perversa, para ela, comparação com a figura de Michelle Bolsonaro, faz com que o casal tenha virado sinônimo de rejeição popular.
A gota d`água pode estar se aproximando com a debacle da economia. E os lulo-petistas sabem que o chefe do Mensalão perdeu o bônus popular que tinha e logo-logo, acreditam, o povo vai perder o medo e até por necessidade, voltará às ruas. E vaticinam: se o gado voltar para às ruas, os jumentos terão que fugir. Porque sabem-se minoria…

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

É Só Desta Vez???

por J. R. Guzzo
Há duas perguntas fundamentais a se fazer para a eleição presidencial do próximo dia 30, ambas trazidas pelos fatos. O ex-presidente Lula acaba de censurar o jornal Gazeta do Povo: exigiu que o TSE proibisse o diário de publicar informações sobre atos de repressão praticados pelo ditador da Nicarágua, com quem vive aos beijos e abraços há anos, e foi obedecido na hora.
Charge do Solda (Site Solda Cáustica)
A pergunta é: Lula vai censurar a imprensa só essa vez, ou vai censurar de novo se chegar ao governo e publicarem alguma coisa que ele não gosta?

VIOLAÇÃO GROSSEIRA – O complexo STF-TSE, que manda nas eleições e em mais um caminhão de coisas, violou de forma grosseira a Constituição ao censurar a Gazeta. Pergunta: o alto Judiciário vai desrespeitar a lei só no período eleitoral, ou vai continuar assim pela vida afora?
Lula diz o tempo inteiro, e cada vez com mais raiva, que vai impor ao Brasil, se eleito, o “controle social dos meios de comunicação” — ou seja, o governo vai ficar autorizado a proibir a publicação de qualquer conteúdo que ele não queira que seja publicado.
Dizem, é claro, que “não é bem isso”. Mas é exatamente isso — ou alguém acha que o “controle social” da mídia vai existir, num governo de Lula, para garantir que a imprensa publique todas as críticas, notícias e opiniões que quiser?

“CORONEL DE AI-5” – Hoje, mesmo sem dispor do seu tão exigido “controle”, ele já está censurando como um coronel de AI-5; decidiu que o povo não pode saber o que já sabe sobre os seus amores com a ditadura da Nicarágua, porque ficou com medo de perder voto com isso. E se tiver esse controle? Vai utilizar seus poderes de censor para proteger a liberdade de imprensa?
É a mesma coisa com a conduta que se vê no topo da cadeia alimentar do Poder Judiciário. Censurar um órgão de imprensa é expressamente proibido pela Constituição Federal do Brasil. Prender um deputado federal durante nove meses, sem que ele tenha sido preso em flagrante cometendo crime inafiançável, também é uma ação 100% ilegal.
É contra a lei, igualmente, mandar a polícia invadir às 6 horas da manhã residências e escritórios de cidadãos por imaginar que eles estariam armando um golpe de Estado num grupo particular de conversas no WhatsApp.

INQUÉRITO PERPÉTUOÉ obviamente ilegal o STF conduzir um inquérito policial, e mais ainda que este inquérito seja perpétuo.
É proibido por lei excluir o Ministério Público do processo acusatório — ou manter pessoas na cadeia por tempo indeterminado, sem culpa formada e sem data prevista para o julgamento. Nenhuma dessas coisas pode ser feita. O STF faz todas. Dá para acreditar que vão mudar de conduta se Lula for eleito?
A democracia brasileira está sob o risco de demolição.
COMENTO: os remanescentes do Foro de São Paulo — aquela entidade que nossa grande imprensa jurava ser uma alucinação de Olavo de Carvalho e seus "terraplanistas" —, agora sob a nova denominação de Grupo de Puebla, tem pressa na implantação de seus desígnios para a América Latina. Se o Brasil cair nas mãos do ladrão descondenado e sua quadrilha (partidários, militantes, braço armado — MST —, excremerdíssimos empoleirados em cargos jurídicos, imprensa vendida, etc.), será a maior conquista deles para a tomada de toda a América Latina pois, o Brasil é a única fonte de recursos econômicos para a manutenção de um regime de força em todos os latinos países ao mesmo tempo. A união e os esforços para esse fim ocorrem de forma acelerada. Nem bem completou dois meses de seu mandato, o ex-guerrilheiro Gustavo Petro já determinou o "embargo" de contas correntes e de poupança dos colombianos. Sua aproximação com o ditador venezuelano, também se dá rapidamente. A Argentina já está com sua população dominada. Quando o povo busca sua própria sobrevivência, já não há resistência política! O Chile tenta reverter a merda feita, aparentemente sem sucesso. O Brasil é a única esperança de resistência a uma ditadura em âmbito regional.
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domingo, 21 de agosto de 2022

A Duvidosa Estória da Espiã Que se Infiltrou nas FARC

Magaly tem 17 anos e chegou à Colômbia em 6 de novembro de 2021. Diz que passou um mês usando eletrônicos para que a Polícia localizasse o líder da coluna móvel Franco Benavides.
FOTO: copiada de vídeo - Cortesia.
por Javier Alexandre Macias
Na noite em que Magaly* recebeu o envelope de dinheiro, se sentiu a mulher mais feliz do mundo. Não lembra o dia da semana, a única coisa que recorda é que não conseguia lidar com tantas notas: as mãos tremiam enquanto agarrava a sacola, os olhos dispersos olhavam para todos os lados, vigiando para que não chegasse ninguém para roubar o que era dela, e quando tentou ir guardar tanto dinheiro, seus pés não responderam bem e ela terminou de bruços no solo.
Nessa noite correu tanto para se esconder, que quando caiu da cama e abriu os olhos, se liberou rapidamente da almofada que tinha apertada contra o peito e com amarga dor descobriu que só havia sido um sonho. Mas não se desesperou. Na penumbra, seguiu sonhando desperta. Sonhava com o carro que sempre havia querido, sonhava tirar sua irmã do bar de má fama em que trabalhava lá em Nariño desde que deixaram seu país, e sonhava com uma moradia rodeada de luxos para sua mãe.
Distraída pelos pensamentos Magaly* foi surpreendida pela alvorada. Sabia que com os 120 mil dólares (504 milhões de pesos colombianos) que receberia se cumprisse o trabalho proposto, arrumaria a vida dela, de sua pequena de 3 anos e de toda sua família que havia ficado em seu país.
O que Magaly* não desconfiara nas noites de insônia que se seguiram a quando disse sim ao contrato, era que matar um homem custasse tanto, e muito mais o que lhe haviam ordenado assassinar: o chamado "Marlon", comandante da coluna Franco Benavides, das dissidências de as FARC.

Seus dias na Colômbia
Com a promessa da terra prometida, Magalychegou à Colômbia em 6 de novembro de 2021. E foi para Policarpa, Nariño, onde sua irmã trabalhava como garçonete em um salão de bilhar.
Como decidi trabalhar fui fazer uns exames. Usei o nome de minha irmã mais velha para poder começar a trabalhar em um clube. Como as enfermeiras conheciam minha irmã, elas avisaram a SIJIN (Secional de Investigações Judiciais da Polícia Nacional) e me levaram para a Fiscalía (Procuradoria) porque sabiam que não era eu no documento nem tinha essa idade. Fiquei um mês presa, me soltaram com a obrigação de que minha irmã se responsabilizasse por mim. Me levaram para a delegacia de Policarpa, Nariño” relata Magaly*.
Durante os 30 dias que esteve atrás das grades, Magaly*, de 17 anos de idade e figura miúda, só pensava no que iria fazer quando saísse da prisão. No dia em que a libertaram se foi com sua irmã ao local conhecido como La Playa para fumigar coca, mas o odor dos produtos químicos fazia arder “suas narinas”, então decidiram deixar o emprego e  foram trabalhar em um outro local.
Enquanto laborava em seu novo trabalho, uma mulher cuidava de sua filha. Em um descuido da babá, a pequena deu uma cambalhota, e terminou com a cabeça sob a cama e com um hematoma que provocou sua internação por um mês na clínica infantil de Pasto.
Mas como as dores continuaram, o choro da menina se tornou entre anormal e insuportável e Magalyterminou, outra vez, no hospital. Tivemos que levá-la a Pasto e a hospitalizaram no Infantil. Estive um mês com ela, recorda.
A longa estadia em Pasto pareceu curta a Magalypor uma razão: o amor que acreditava ter se extinguido pelos maltratos e má vida que  seus dois companheiros anteriores lhe deram, renasceu quando um agente da SIJIN, que havia conhecido em dezembro em uma discoteca, a encontrou no hospital.
Nossa relação seguiu normal. Um dia me disse que tinha uma  proposta que iria me agradar, algo que ia ser bom para mim economicamente, para sair da situação em que estava, conta.
Mauricio, como chamaremos o investigador da Polícia, cortejou Magalyaté que uma tarde revelou o que ela não esperava, mas ele tinha planejado milimetricamente.
Ele me disse que a proposta era eles me darem 120 mil dólares para que eu ingressasse nas FARC-EP e entregasse cinco comandantes que estavam prejudicando o povo. Como estava necessitada, disse que sim, e depois contei a uma de minhas irmãs e ela me disse que não; eu liguei para ele e disse que aquilo era ruim e que eu não distinguiria as pessoas que deveria entregar, e ele me disse: bem, és tu quem perde”.
Passaram quinze dias daquela declaração, que não foi precisamente de amor, conta Magaly*, que uns agentes da SIJIN a procuraram. Me disseram que se não colaborasse me separavam de minha filha. Tive que me meter nas matas, disse.

Assim ela se infiltrou
Na noite em que Magalydecidiu infiltrar-se como espiã nas fileiras das dissidências das FARC, intuiu que aquele poderia ter sido seu último dia de vida sobre a terra.
Com dor no peito, a jovem de 17 anos se despediu mentalmente de cada um dos integrantes de sua família. Chorou por sua filha que, segundo conta, ficou nas mãos do ICBF, e apresentou-se cedo à SIJIN.
Sem entender o que se passava, Magalyfoi recebida por mais de 15 homens que vociferavam em um salão. Todos ditavam instruções, até que um deles, se acercou e explicou qual seria sua missão.
Ela teria três meses para entregar a eles cinco líderes do grupo dissidente. Os prazos foram determinados em um por mês, e nos primeiros 30 dias ela teria que entregar o chefe principal, vulgo “Marlon”.
Com o plano em sua cabeça, e ao melhor estilo de um filme de espionagem, entregaram a Magalyum par de brincos que serviriam de microfones e, ao mesmo tempo, para ela ouvir. Eram pequenos e pretos e eles me rastreavam onde eu estava. Me escutavam todas as conversas que tinha e as registravam em um computador, diz; e no cotovelo esquerdo lhe implantaram um chip sob a pele para saber como, quando e para onde se movia.
Pensei que a missão seria fácil e que fazer as sabotagens também. Me disseram que a ideia era que eu poderia ir para a cama com um dos comandantes para eu mesma mata-lo e eles fariam o desembarque. Me tocava cativa-lo e mata-lo. Eu não planejei, essa foi a instrução que eles me deram e, como me haviam tirado a menina, eu decidi pois por minha filha faço o que seja; e então, eu estive com o comandante”, conta Magaly*.
Com os apetrechos prontos, a jovem caminhou varias horas até onde sabia que estava o grupo armado ilegal. Ao achar os primeiros homens armados, disse que queria ingressar na quadrilha. Preguntaram por que, e ela respondeu que estava cansada dos maltratos e também necessitava dinheiro para levar comida a sua casa. A partir daí, puseram um quadrilheiro que vigiou todos seus passos e se converteu como sua sombra.
O olheiro, um homem experto nos pormenores da guerra, começou a notar que cada vez que Magalyse isolava os helicópteros voavam baixo e sentiam que as tropas se aproximavam “respirando-lhes na nuca”.
Magalytambém notou que o dissidente começou a segui-la mais que o normal e se encheu de temor, então, na primeira oportunidade avisou aos da SIJIN que não continuaria com o plano para matar “Marlon”.
A jovem equatoriana convertida em espiã, aproveitou um castigo aplicado por insubordinação (?) e se foi até o rio. Subiu em uma canoa tirou os brincos e os lançou ao rio. Depois, com um bisturi fez uma pequena incisão no braço, que cobriu com o uniforme e tirou o chip rastreador, enterrando-o na margem do rio. Desde esse dia e como em um ato de desespero ao perder o contato com a infiltrada, começaram a sobrevoar a baixa altura e a desembarcar tropas, mas as dissidências se moveram selva adentro para evitar o confronto.
Nas palavras da jovem: “Somente uma vez bombardearam e tentaram um assalto. Nós nos movemos para a montanha. Quando me mandaram para baixo subi na canoa os joguei (brincos) no rio, um deles me indagou que por que me desfazia dos brincos e respondi que era porque estavam velhos e oxidados”. Depois daquele episodio, o combatente informou a Marlon, e ele deu a ordem de que algemassem Magaly*. Ela ficou assim durante um mês amarrada a um pau.
Diga a verdade, diga a verdade e te pouparemos sua vida”, recorda a adolescente que lhe diziam, mas ela só desejava que a “atirassem no buraco porque de todas formas iam me matar fora ou lá dentro”.
Contrariando seus pedidos, o tal Marlon decidiu não fuzilar Magaly*, como é norma nos grupos criminosos fazer com quem os traem. Em vez disso, decidiu entregar a garota ao CICR (Comitê Internacional da Cruz Vermelha) no passado dia 5 de agosto, como registraram em um vídeo que publicaram.

La columna móvil Franco Benavides, del Comando Conjunto de Occidente, hacemos (sic) entrega de la menor MBDP, identificada con el número 33... al Comité Internacional de la Cruz Roja, CICR, en perfectas condiciones de salud para que se inicien los trámites pertinentes para su deportación”, diz o comunicado.
De Magalynão se sabe hoje a sua localização. Antes de ir-se assegurou que depois de ter uma segunda oportunidade sobre a terra, não quero voltar a meter-me nunca em nenhum grupo armado.
* Nome trocado por segurança.
Fonte: tradução livre de El Colombiano
COMENTO: Brincos com transmissores? Chip com localizador? E as baterias para fornecer energia? A "menina", com 17 anos  um histórico de dois ex-companheiros, e uma filha de três anos  foi para a Colômbia seguindo uma irmã, tendo a mãe e o "restante da família" (inclusive a filha de três anos) ficado no Equador. Depois, a criança aparece com ela, mais uma "irmã mais velha" que a aconselha não aceitar a aventura. Por fim, ninguém com um mínimo de conhecimento do assunto, realizaria um "recrutamento" de forma mais atabalhoada. A história, muito mais romanceada do que o normal, parece uma narrativa marqueteira com o objetivo de mostrar os narcoterroristas remanescentes das FARC como bons meninos que evitaram "prejudicar" a jovem equatoriana. Esperei alguns dias e, como não houve desmentidos sobre o caso, estou publicando este texto só como "fato curioso", e para não perder o trabalho da tradução.