quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Espionagem na América Latina — I

Embaixada da Rússia  em Bogotá.
A Chancelaria colombiana expulsou dois funcionários da Embaixada da Rússia  do território daquele país, em 8 de dezembro.
Assim confirmou Juan Francisco Espinosa, diretor da Autoridade Migratória. "No passado 8 de dezembro abandonaram o território nacional dois cidadãos estrangeiros, de nacionalidade russa, que serviam à embaixada desse país em nosso território", sentenciou.
Espinosa asseverou que as razões que motivaram este abandono são alheias à Migración Colombia e competem a razões de Estado.
"Dadas as circunstancias em que saem estas duas pessoas, em curto prazo não poderão retornar ao país", acrescentou.
Se trata de dois diplomatas russos identificados como Alexander Paristov, nascido em 12 de janeiro de 1989, e Alexander Belousov, nascido em 29 de janeiro de 1981. Os homens estavam a mais de dois anos no país.
De acordo com a informação divulgada, essas pessoas estavam desenvolvendo atividades de Inteligencia. A advertência sobre as ações ilegais que estariam fazendo chegou através da Direção Nacional de Inteligência.
Fonte oficial assinalou que os estrangeiros estavam recrutando informantes e já haviam adiantado esse processo na cidade de Cali.
Aduziram que além de Inteligência militar, realizavam Inteligência econômica e tinham interesse em conhecer informação privilegiada sobre a exploração de recursos minerais.
"Trabalhamos de maneira articulada com o Governo Nacional. Sempre que existam riscos, ou potenciais riscos, à segurança do país procederemos em decorrência", disse o funcionário.
Os diplomatas russos saíram da Colômbia em um voo Bogotá-Amsterdam-Moscou. Um deles saiu com a família e o outro, sozinho.
Segundo esta fonte, a presença destes dois indivíduos em território colombiano também estaria relacionada com a situação na Venezuela e as próximas eleições naquele país.
Em reciprocidade, as autoridades russas teriam expulsado dois diplomatas colombianos da capital da Rússia.
Um funcionário de assuntos consulares e a encarregada de temas culturais da embaixada da Colômbia na Rússia foram os dois integrantes da missão em Moscou que saíram daquele país nas últimas horas.
Leonardo Andrés González, segundo secretário encarregado de funções consulares, e Ana María Pinilla Morón, segunda secretária, encarregada de assuntos culturais e de atenção aos estudantes, ambos funcionários de carreira diplomática, tiveram que programar suas viagens em questão de horas e saíram do país europeu em 23/12, via Istambul (Turkish Airlines), para Bogotá.
Leonardo González trabalhou por nove meses no fundo rotatório do Ministério de Relações Exteriores, em 2014. Um ano depois ocupou o cargo de segundo Secretario de Relaciones Exteriores e estava próximo a cumprir seu primeiro ano na Rússia. Ele é advogado e tem especializações em direito administrativo e em direito comercial.
Ana María Pinilla também estava próxima a cumprir seu primeiro ano na Rússia e foi recém promovida. Desde 2013 trabalha no Ministério de Relações Exteriores. É profissional em Relações Internacionais e começou um mestrado em Análises de problemas políticos, econômicos e internacionais.
Por casos similares de espionagem, as autoridades colombianas já haviam expulsado, em outros momentos, cidadãos venezuelanos e a um cubano.

Em junho de 2020, Migración Colombia expulsou do país o 2º Sargento do Exército venezuelano Gerardo José Rojas Castillo, a quem as autoridades colombianas consideravam ser um militar ativo venezuelano em atividade de espionagem.
O Exército venezuelano anunciou que isto não era verdade e que Rojas Castillo é um desertor,  mas para a Contra-Inteligência do Exército da Colômbia, ele é um militar operacional, que aparentemente, tinha como propósito identificar os esquemas de segurança e movimentos do Batalhão de Artilharia nº 2-La Popa, situado em Valledupar, Cesar.

Esta base militar faz parte da Décima Brigada Blindada, encarregada das operações de segurança e de repelir os grupos à margem da lei em Cesar e La Guajira.
Rojas Castillo foi dos primeiros militares que ingressaram na Colômbia,  por Paraguachón (La Guajira), em 19 de fevereiro de 2019, pedindo apoio e ajuda do Governo, de acordo com os registros.
Nesse dia, ele entregou sua arma de dotação, munições e seus uniformes militares. “Se apresentou como desertor e foi submetido a varias entrevistas para verificar se realmente era um membro ativo do Exército venezolano”, disse um militar colombiano que esteve à frente do processo contra Rojas.
A fonte disse que, basicamente, o processo se centra em perguntar sobre a localização de bases militares, treinamento recebido, nome de superiores, gírias e linguajar castrenses para identificar se realmente faz parte da Força Pública.
Rojas Castillo passou pelo processo e fez parte do grupo de militares venezuelanos que receberam o status de refugiados das Nações Unidas. Mas, como se havia confirmado que conta com cursos de Contra-Inteligência Militar, de Forças Especiais e de Infiltração, entre outros, a Inteligência da Colômbia, o definiu como um “objetivo” de vigilância.
De acordo com os informes de inteligência, o homem se radicou em Valledupar, onde há algum tempo vive sua mãe.
Entre abril de 2019 e fevereiro de 2020, Gerardo Rojas se dedicou à economia informal. Inicialmente instalou um ponto de venda de sucos frente ao Batalhão La Popa e, pouco depois, começou a trabalhar como vigilante, em uma obra que se estava levantando em frente da mesma unidade militar.
Isso nos chamou a atenção, o não querer afastar-se da zona”, assegurou a fonte. Paralelo a isso, Rojas renunciou à figura de refugiado e solicitou a Permissão Especial de Permanência (PEP), que o governo colombiano criou para os imigrantes venezuelanos.
Assinala a fonte do Exército, que desde finais de fevereiro deste ano, justo quando se começou a conhecer as dimensões da pandemia e as medidas de isolamento, o rastro de Rojas se perdeu.
A Contra-Inteligência do Exército Nacional confirmou que Rojas saiu de maneira ilegal do país, por alguma trilha em La Guajira, e se reincorporou a sua unidade militar na Venezuela”, afirmou a fonte.
Os labores de Inteligência, obtiveram que o militar venezuelano estava ativo, e servindo no Batalhão de Infantaria Mecanizado nº 141, localizado na cidade de Carora, estado de Lara.
Confirmamos que o 2º Sargento, entre março e os primeiros dias de junho, esteve em Carora, realizando atividades próprias de serviço em postos de segurança, sobre alguns postos de gasolina e postos de controle nas vias de fronteira, estava uniformizado e com arma de dotação”, assinalou a fonte.
Da mesma forma, souberam que o militar recebeu 15 dias de férias, e que iria à Colômbia para visitar sua mãe. “Se logrou estabelecer que Rojas ingressaria no país em 10 de junho. Entrou por uma trilha e estávamos a postos para pegá-lo”, destacou.
Rojas foi descoberto em um posto de controle instalado pelo Exército em Ye de los Corazones, na estrada que vai de Valledupar a La Guajira.
Sua captura foi registrada por volta das 10 da noite, e foi posto à disposição de  Migração Colombiana. Durante este processo, se destaca que o homem reconheceu ante as autoridades colombianas que era um militar ativo venezuelano.
Gerardo José Rojas Castillo, de 27 años, reconheceu ser um militar ativo venezuelano.
Migração Colombiana o trasladou na manhã seguinte de Valledupar a Paraguachón, em La Guajira — fronteira com Venezuela —, onde há um posto migratório, no qual, se cumpriria a expulsão do militar venezuelano.
Depois de varias 'idas e vindas' — havia quem desejasse a instauração de um processo criminal, o que demandaria tempo e trâmites judiciais —, Rojas Castillo foi expulso por ingressar de maneira ilegal no país, por ter vencida sua PEP, e por violar as medidas sanitárias decretadas para frear o coronavírus.

Em março de 2019 foi expulso o cubano José Manuel Peña García, acusado de espionagem na Base Aérea de Palanquero, uma instalação estratégica das Forças Militares em Puerto Salgar, Cundinamarca.
Peña García foi acusado de ter nexos com o Exército cubano e de estar em busca de informação sobre o desempenho dos aviões Kfir, da Colômbia.
Em La Dorada (Caldas), o cubano José Manuel Peña García era considerado um homem quieto, discreto, que fazia vários trabalhos e nem usava o celular.
Com mulher e filho, conquistou a confiança de algumas pessoas que se declararam intrigadas quando, em 15 de março de 2019, às 20h30, foi detido por integrantes da Polícia Judiciária de Migração Colombiana.
Sua expulsão foi precedida por um relatório de Inteligência que relatava seu vínculo com o Exército cubano e o fato de estar rondando a Base Militar de Palanquero.
A informação na qual a Migração Colombiana baseou a decisão de expulsar Peña García do país também afirma que seu pai é coronel do Exército da Ilha.
Para membros da Inteligência colombiana, fica claro que há interesse em estabelecer o cotidiano das aeronaves Kfir, que substituíram os antigos Mirage.
"Palanquero é a base principal. Os Kfir substituíram o Mirage e foram potencializados. Todos os seus sistemas e armas são novos, assim como sua capacidade de reação. Dessa base saem os aviões que fazem rondas por todo o país, são o escudo aéreo. Os registros de rotinas são secretos”, explicou um oficial de Inteligência.
E acrescentou que essas aeronaves são usadas ​​em operações sigilosas contra os guerrilheiros e outros grupos armados ilegais.
De La Dorada é fácil monitorar a entrada e saída dos Kfir. E temos informações de que há interessados ​​no assunto, havendo um oficial de controle cubano em Manizales que estaria recebendo esses dados”, explicou outra fonte.
O caso de Peña García se junta ao do venezuelano Brayan Andrés Díaz Díaz, que ingressou irregularmente no Comando de Manutenção Aérea da Força Aérea em Madrid, Cundinamarca. Seguindo os protocolos, os dois homens foram expulsos da Colômbia.
Fonte: tradução livre de El Tiempo

sábado, 19 de dezembro de 2020

O Homem que Humilhou os Castro Duas Vezes

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Fugiu de Cuba e voltou para buscar a Família
No dia 20 de maio de 1991, decolou de solo cubano o Major Orestes Lorenzo, em um Mig-23 para mais um treinamento de rotina. Na máxima velocidade e rente ao mar (2mts) para fugir dos radares cubanos e americanos, em menos de 10 minutos atravessou os 150 km que afastam os dois países, os radares americanos apenas o detectam 45 segundos antes dele aterrizar na Base Aérea de Key West. 
Após os interrogatórios de praxe Orestes solicita asilo político nos EUA. O Major Lorenzo era um dos melhores pilotos de Cuba, veterano da guerra de Angola e com inúmeras missões, tinha até sido instrutor na União Soviética.
Na sua última visita ao país já durante a Perestroika de Gorbachov, Orestes começou a questionar o regime comunista e a vida das pessoa na Rússia e em Cuba.
A sua deserção foi uma grande humilhação para o regime dos Castro, já que um veterano condecorado piloto tinha não só abandonado o paraíso comunista como também exposto na televisão americana todos os problemas da Ilha.
Assim que teve aprovado seu status de refugiado politico Orestes solicitou ao governo de Cuba a saída de sua esposa e seus dois filhos para os EUA, mas recebeu a negativa do então Comandante da Forças Armadas Raul Castro.
Orestes recorreu à Comissão de Direitos Humanos da ONU sem êxito, na Cúpula Ibero-americana de 1992 celebrada em Madri e com presença de Fidel Castro, ele se prendeu as grades do prédio em sinal de protesto, a rainha Sofia que era muito próxima do Fidel pediu para liberarem a família de Orestes sem sucesso.
Raul Castro pessoalmente falou para Victoria (esposa de Orestes) "diga para seu marido que se teve culhões para levar o avião embora, então que os tenha também para vir buscar vocês".
Orestes, então, publicou uma carta aberta à Fidel no The Wall Street Journal afirmando que se sua esposa e filhos fossem liberados ele se entregaria para ser julgado por uma corte marcial em Cuba, mas nunca teve resposta.
Sem êxito em suas tentativas de se reunir com a família por vias diplomáticas e já desesperado Lorenzo decidiu então ir pessoalmente buscar sua família.
Pegou U$ 30.000 emprestados de uma organização humanitária é comprou um velho Cessna 310 bimotor, umas amigas mexicanas turistas levaram um recado a sua esposa em Cuba dizendo hora, dia e local onde deveriam estar. Assim no dia 19 de dezembro de 1992, ás 17:00 horas, decolou de um pequeno aeroclube perto de Miami e falou “Se em 2 horas não voltar é por que estou morto”.
MIA02-ORLANDO-(EEUU)-11/03/04-El ex piloto militar cubano Orestes Lorenzo, que se fugó en 1991, de Cuba en un avión MiG-23 y que regresara un año después por su familia en una avioneta, ha rechazado cinco guiones y la película sobre su proeza. EFE/Orestes Lorenzo
Sendo piloto de MiG, ele estava intimamente familiarizado com as defesas aéreas cubanas. Como auxílio visual, Orestes desenhou marcações em um mapa. Semicírculos vermelhos marcavam os setores de SAM (mísseis superfície-ar), um corredor amarelo marcava uma área cega para o radar devido ao terreno e uma linha verde perto do paralelo 24 indicava o limite do alcance do radar cubano.
Além disso, Orestes conhecia os procedimentos de comando e controle cubanos. “Eu sabia que nenhum SAM poderia ser lançado sem a permissão pessoal de Castro. A razão para isso era que Castro não queria ser abatido por engano quando estava voando".
Mais uma vez voando rente ao mar para fugir dos radares americanos e cubanos Orestes se aproximou de uma estrada na praia de Mamey a uns 120 km de Havana, onde sua esposa e filhos o aguardavam. Com extrema perícia, pousou sua avioneta na estrada e em menos de um minuto embarcou sua família decolando novamente rente ao mar a 20 pés (5 a 6 metros) de altitude, rumo aos Estados Unidos, assim que ultrapassaram os limites cubanos ele falou para os familiares: "agora vocês são livres".
O ato de Orestes foi um escândalo midiático pois pela segunda vez tinha ridicularizado o regime castrista. Em uma entrevista coletiva, em Miami, falou  "Digam para Raul Castro que lhe segui o conselho e eu mesmo fui buscar minha família”. 
Atualmente, Orestes Lorenzo é um bem sucedido empresário no ramo da construção civil nos Estados Unidos e ainda voa em shows aéreos num Albatroz.
Fonte:  Hideo in Japan

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Bombardeio Busca Liquidar “Ramiro”

“Ramiro”  comanda a dissidência
que opera em Ituango, responsável
 por vários desalojamentos.
FOTO: El Colombiano
Seu corpo não pode ser recuperado da área de operações. Militares acreditam que morreu ou está gravemente ferido; em Ituango não sabem de seu paradeiro.
Quando na madrugada de 23 de novembro os homens da Polícia, do CTI e da Inteligência do Exército entraram na zona que havia sido bombardeada, estavam seguros de que não havia sobreviventes e deram por certo que o meliante conhecido por Ramiro, chefe de um grupo dissidente da Frente 18 das FARC, havia morrido junto a seus homens mais próximos.
O acampamento principal do grupo armado, situado na vereda Blanquizal, de Ituango (Antioquia), estava convertido em um lodaçal, com três grandes crateras que rapidamente foram inundadas pela chuva, o que dificultou a recuperação e identificação dos cadáveres.
O mau tempo não deixava aterrizar na zona, havia chovido muito nos dias anteriores e seguiu chovendo durante a recuperação dos corpos e do material de intendência”, contou um dos agentes de Inteligência militar.
Com o passar das horas, o corpo de Ramiro, o principal objetivo na zona, não foi encontrado, ainda que os militares assegurem que é muito possível que esteja morto e seus despojos tenham sido recuperados por alguns dos sobreviventes.
Esta hipótese é respaldada por elementos pessoais que ficaram na zona: a prótese que usava para caminhar e que tem desenhados o Ché Guevara e a Virgem de Guadalupe (foto), assessório que usava porque há oito anos perdeu sua perna ao fugir de uma operação militar e cair em um campo minado. Também acharam uma calça com seus documentos pessoais, tudo com perfurações e sangue.
Porém na manhã de 23 de novembro interceptações telefônicas da Procuradoria geraram serias dúvidas: o meliante conhecido como Macho Viejo (um dos chefetes que também se acreditava ter sido morto no bombardeio) comunicou-se com um colaborador pedindo que coordene com vulgo ‘Peludo’  o qual sabe o lugar onde está o ‘Papai’, fazendo referencia a ‘Ramiro’ — apoio a ele por que se encontra enfermo de uma ‘asa’ (braço), agrega que se encontra com outras duas pessoas que também estão lesionadas.
A Operação
O bombardeio foi feito com três bombas lançadas desde aviões "Kfir" da Força Aérea, e foi apoiada pela investigação por mais de um mês pelas tropas da Sétima Divisão do Exército, que obtiveram a certeza de que “Ramiro” estaria na noite daquele domingo no acampamento.
“Não há dúvidas de que estava lá, mas como ainda não recuperamos seu corpo, não foi possível confirmar sua morte, porém pelo estado do local e de seus pertences encontrados, se saiu vivo estava gravemente ferido”, contou outro agente de Inteligência.
De fato, o Comandante da Sétima Divisão do Exército, General Juan Carlos Ramírez, assegurou que vários membros desse grupo resultaram feridos, pelo qual seguiram as operações na área: “Há outros que morreram mas ainda não os encontramos”.
Depois de muitas buscas por peritos forenses, o corpo de “Ramiro” não foi encontrado no lugar do bombardeio.
De acordo com o informe oficial, morreram seis pessoas: a companheira sentimental de “Ramiro”, conhecida como Sandy; “Alberto Mico”, “Camaleón”Camilo”, os quais eram membros da segurança do chefe da dissidência da Frente 18. Também morreu “Leo”, que pertencia ao grupo Los Caparros e servia como enlace da aliança criminosa com os dissidentes das FARC. Por sua parte, o bandido conhecido como Tabares ou Carepalo foi capturado. Também foram apreendidas seis armas longas tipo fuzil, duas metralhadoras, três armas curtas, 18 carregadores e 800 cartuchos de munições.
Enquanto isso, em Ituango também se preguntam pelo paradeiro de “Ramiro”, mas com uma nuance. Autoridades locais, líderes comunitários e ex-combatentes das FARC não sabem de seu destino, mas dizem que isto pouco importa, “porque cada vez que um ilegal cai, algum outro o substitui”.

Quem é o vulgo "Ramiro"?
Erlinson Echavarría Escobar, conhecido como “Ramiro”, ingressou nas FARC em 1999, onde se tornou chefe intermediário na 18ª Frente e participou da concentração para entrega de armas em Santa Lucía (Ituango), mas logo depois mudou de ideia e formou um grupo independente. 
Foi um dos primeiros dissidentes a se declarar obediente ao grupo La Nueva Marquetalia, composto por "Iván Márquez", "Jesús Santrich" e "El Paisa". 
No corrente ano, em combates contra essa quadrilha, o Exército atingiu oito mortes, 19 prisões, seis menores recuperados e dois levados à justiça .
Fonte: tradução livre de El Colombiano

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

A Intentona Comunista no Rio de Janeiro — 1935

por Clynson Oliveira
Coronel Inativo do EB
(Monumento aos Mortos na Intentona Comunista de 1935)
[..] Na madrugada do dia 27 de novembro de 1935, alguns sediciosos sublevaram-se no Rio de Janeiro, na Escola de Aviação, no Campo dos Afonsos e no 3º Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha, onde vários militares foram mortos por seus próprios companheiros. [..]   (Exército Brasileiro, 1990).
Recebi, em 2014, a missão de comandar o Batalhão de Infantaria de Selva mais jovem do Exército Brasileiro, o 3º BIS, herdeiro das tradições e guardião das memórias do 3º Regimento de Infantaria, cuja honra fora manchada por integrantes comunistas de suas fileiras.
Contar esta história é mais que uma obrigação, mas um dever de eternizar e manter viva a chama da verdade em homenagem aos heróis mortos e suas famílias.
Na madrugada de 27 de novembro, insurgia-se, no Distrito Federal (Rio de Janeiro), parte das guarnições do 3º Regimento de Infantaria (3º RI), na Praia Vermelha, e da Escola de Aviação, no Campo dos Afonsos.
O capitão Agildo Barata Ribeiro, expulso do Exército em 1932 por insubordinação, exilado em Portugal até 1934 e readmitido ao Exército Brasileiro, após a anistia geral decretada pela Assembleia Constituinte foi o líder da insurreição no 3º RI.
Agildo Barata Ribeiro já havia sido punido com 25 dias de prisão por desenvolver intensa atividade política. Foi transferido para o Rio de Janeiro para cumprir a punição e, em conluio com o Tenente Francisco Antônio Leivas Otero, chefe da célula local do PC e da ANL, articulou o levante no 3º RI.
O 3º RI era a unidade militar de maior prestígio do Exército, completa em equipamento e pessoal, contava com mais de 1700 militares subordinados. Também, foi a unidade do Exército Brasileiro onde a doutrinação de oficiais e praças atingiu seu ápice.
Na calada da noite, Leivas Otero iniciou o levante encurralando seus camaradas. Foram recebidos a fogo pelos militares das companhias de metralhadoras. O primeiro a morrer foi o Major Mendonça, atingido pelos insurgentes que tinham como intenção dominar o Regimento e marchar em direção ao Palácio do Catete, sede do governo brasileiro, para destituir o então presidente Getúlio Vargas.
Ao mesmo tempo, do outro lado da cidade, a escola de Aviação do Campo dos Afonsos, se insurgia sob o comando do capitão Agliberto, que assassinou a sangue frio seus subordinados, tenentes Bragança e Paladini e capitão Souza Melo.
O heroico Tenente Coronel Eduardo Gomes foi o comandante da reação aos revoltosos, que manteve o fogo até a chegada dos reforços de tropas da Vila Militar, comandadas pelo General José Joaquim de Andrade.
Em clima de guerra, o 3º RI foi bombardeado por terra, céu e mar. As instalações do Regimento na Praia vermelha foram destruídas por completo. O saldo em baixas foi de 19 mortos e 167 feridos.
(Frente do 3º RI após ser bombardeado)
Os comunistas, obcecados pelo poder a qualquer custo, fanáticos comandados pela matriz internacional da subversão tentaram implantar um regime totalitário, de inspiração marxista-leninista. O povo brasileiro, atônito e chocado, viu-se pela vez primeira ante a verdadeira face do comunismo liberticida e materialista”. (Exército Brasileiro, 1985).
Lembrar sempre desta data é uma advertência à nossa geração, não para enfatizar uma vitória, mas, tristemente, para lembrar-se do que fere a sensibilidade do profissional militar, sempre e até hoje.
A incitação ao levante pelas armas, promovido por ideólogos marxistas, tem que ser combatida e reprimida, para que esta chacina promovida no passado, não ocorra nem no presente e nem no futuro.
Eis porque desejo que os civis e o País sejam informados e absorvam a versão correta de um trágico fato que envergonha a nossa história.
Após os fatos narrados, as consequências para o Brasil foram a decretação da clandestinidade do Partido Comunista Brasileiro e a prisão dos líderes. Entretanto, eles todos, voltaram ao PODER no cenário nacional em diversas ocasiões.

Insurgentes de Natal
Lauro Lago, José Macedo e João Galvão foram presos e são personagens do livro as Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos. Foram anistiados em 1945, após a segunda Guerra Mundial.
José Praxedes fugiu à pé e se escondeu no meio da mata por quase dois anos. Após ser localizado por agentes do PCB, recebeu nova identidade e se internou no interior da Bahia até 1984 quando veio a falecer.
O “Santa”, líder e assessor do PCB, foi preso com um relatório detalhado sobre a Insurreição. Inexplicavelmente não foi identificado nem nos inquéritos do Rio de Janeiro e nem no de Recife. Anistiado em 1945, até hoje não se sabe a identidade e o paradeiro de um dos maiores nomes da Revolução.
Todos os demais envolvidos na Insurreição foram presos por mais de 8 anos, sendo todos anistiados em 1945.

Insurgentes de Recife
Gregório Bezerra foi preso e anistiado em 1945. Tornou-se um político famoso, sendo eleito deputado pela constituinte de 1946, sendo cassado em 1948. Viveu na clandestinidade organizando ligas camponesas armadas no interior de Pernambuco e núcleos sindicais no Paraná e Goiás.
Foi preso novamente em 1964 por estar envolvido com a luta armada e a subversão, tendo sido solto em 1969 em troca da devolução do embaixador Charles Elbrick, sequestrado por terroristas. Viveu no México e na Rússia tendo retornado ao Brasil em 1979 após a promulgação da Lei da Anistia. Morreu em 1983.

Insurgentes do Rio de Janeiro
Luis Carlos Prestes foi preso e condenado por assassinato, logo após a tentativa frustrada da Intentona Comunista. Foi anistiado em 1945 e eleito Senador de 1946 a 1948, além de ser o secretário Geral do Partido Comunista Brasileiro até 1980.
Durante o período do Regime Militar, se auto exilou na União Soviética, tendo retornado ao Brasil, voluntariamente, após a promulgação da Lei da Anistia em 1979, vindo a falecer em 1990.
Agildo Barata Ribeiro foi preso e condenado por subversão após o insucesso da Intentona Comunista, sendo anistiado em 1945.
Foi eleito vereador pelo Rio de Janeiro de 1947 a 1948, quando seu mandato foi cassado e o PCB colocado na ilegalidade no Brasil.
Desligou-se do PCB quando descobriu, após o relatório de Nikita Krushev, os crimes hediondos e contra a humanidade cometidos por Stalin. Morreu em 1968.
Infelizmente a bandidolatria no Brasil não é uma prerrogativa do século XXI, mas é sim, um triste legado. As tentativas dos “isentões” da época em anistiar e reintegrar esses contumazes ideólogos da liberdade, amantes do terrorismo e da violência, não os recuperou da insana vontade eterna de tomar o PODER.
Que estes eventos nos lembrem sempre que o “o Preço da Liberdade é a eterna vigilância”.
Fonte:  Medium
COMENTO:  Ivis Bezerra, médico e professor da UFRN publicou um minucioso relato sobre os fatos ocorridos em Natal, citando diversos outros nomes que não contam no texto acima. Nesse relato, o autor cita que o misterioso "Santa" seria um mestre de obras com nome de João Lopes e o relatório que ele havia feito foi apreendido com Luis Carlos Prestes por ocasião da prisão deste. Na mesma página da Internet, há a transcrição de um depoimento que teria sido dado por João Lopes, o "Santa"  e "Marisa", sua companheira  que se restringe à sua ida para o Nordeste e ao período em que esteve preso. Neste relato, percebe-se que ele não foi identificado como o membro do PCB enviado a Natal para organizar a revolução. Tudo isto só reforça a minha impressão, já expressa no comentário publicado aqui, aqui e aqui, de que, o "Partidão" sempre teve um agente duplo em sua alta direção.

domingo, 1 de novembro de 2020

E se James Bond Tivesse uma Família?

O filho de um espião israelense dos anos 60 conta como é.

Oded Gur-Arie era apenas um menino quando soube que seu pai era um espião.
Crédito:Courtsey de Peter Payette
Hoje, Oded Gur-Arie ensina empreendedorismo no Adrian College em Michigan, mas ele nasceu em Israel e seu pai é um dos espiões mais famosos da história do país, conhecido por seu nome alemão, Wolfgang Lotz.
Na década de 60, Israel suspeitou que o Egito estava desenvolvendo armas de destruição em massa, que poderiam então ser usadas contra Israel. O presidente egípcio Gamal Abdel Nasser trouxe cientistas alemães para ajudar no desenvolvimento do seu programa nuclear e o MOSSAD enviou o pai de Gur-Arie para tentar se infiltrar em seus círculos, fingindo ser um ex-oficial nazista.
O jovem Oded e sua mãe estavam alojados em Paris para a missão e seu pai  Zeev era o nome hebraico que ele havia adotado — vinha visitá-los de vez em quando.
Em uma de suas primeiras visitas do Egito, ele foi se encontrar com seu chefe e me levou junto”, conta Oded. De repente, percebi que eles estavam falando sobre coisas incríveis, como informações, pessoas e espiões, e Egito e isso e aquilo, e ficou muito claro para mim o que ele estava fazendo.
Oded afirma que o MOSSAD decidiu que seria mais seguro expô-lo ao que estava acontecendo, em vez de correr o risco de ele descobrir por si mesmo e reagir de uma forma que poderia destruir o disfarce de seu pai. 
Depois, quando estávamos voltando para casa, meu pai se virou para mim e disse: 'Agora você sabe o que estou fazendo'. E eu disse: 'Sim'. Ele disse: 'Você percebe que minha vida depende disso? Deve ser mantido em segredo absoluto, porque do contrário coisas ruins acontecerão? 'Eu disse sim.'
Era uma responsabilidade imensa para um menino de 12 anos carregar e se tornou ainda maior quando Oded percebeu que seu pai havia sido pego, em 1965. Ele foi o primeiro a descobrir, antes de sua mãe ou dos controladores de seu pai.
Era sábado de manhã, desci para pegar o jornal The Herald Tribune. Eu fui até uma banca de jornal e peguei o jornal e comecei a andar para casa. Enquanto estou voltando para casa, fico olhando e lendo o jornal e vejo na primeira página algo que diz: 'Seis alemães ocidentais desaparecem no Egito.' Aquilo chamou minha atenção e eu olho e vejo o nome do meu pai lá.
Oded, que imediatamente percebeu que "desapareceu" significava que eles foram capturados, percebeu outra coisa que o pegou de surpresa.
“Eu li que 'Wolfgang Lotz e sua esposa, Waltraud Lotz' e eu pensei, 'Quem diabos é esta Waltraud Lotz?' Eu não sabia nada sobre a existência dela.”
Nesse ponto, a notícia não tinha chegado a sua mãe, nem ao MOSSAD em Israel. Oded tinha que ser o mensageiro.
“Então, eu perguntei a mim mesmo: 'O que direi à minha mãe quando chegar em casa?'”, lembra. “Era talvez menos de um quarto de milha da banca de jornal até a casa. Pareceu a caminhada mais longa que já fiz, tentando descobrir o que fazer. Percebi que minha vida como eu a conhecia e a vida de minha mãe como a conhecíamos, tudo iria realmente mudar de maneira extrema.”
O casamento de Wolfgang Lotz com outra mulher no Egito não fazia parte dos planos. Quando seus operadores do MOSSAD descobriram, por acidente, eles consideraram abortar a missão, mas estava tudo correndo bem desa forma, e Lotz era um espião muito bom. Na verdade, ele era um espião tão bom que conseguiu manter seu disfarce mesmo depois de ser pego. Ele escondeu das autoridades egípcias a sua naturalização israelense, convencendo-as de que era somente um alemão dono de um clube de hipismo, e que só espionava para os israelenses em troca de dinheiro porque eles o pressionavam. Se os egípcios descobrissem que ele era israelense, provavelmente o teriam executado. Então, por alguns anos, enquanto seu pai estava na prisão egípcia, Oded teve que manter as aparências e fingir que nada estava errado.
Lotz e sua "esposa" no tribunal, Cairo, agosto de 1965.
Crédito: Spywise.net
Voltamos imediatamente para Israel e eu estava indo para a escola e tinha uma namorada. ... Eu tinha 16, 17 anos na época e fazia as coisas que todo adolescente faz. Eu tinha que manter esse segredo incrível para mim mesmo e não poderia compartilhá-lo com ninguém.
Wolfgang Lotz foi libertado alguns anos depois (1968) e voltou para Israel, mas nunca voltou para casa. Para a decepção da mãe de Oded, ele trouxe sua nova esposa alemã com ele. Lotz teve problemas para se ajustar à vida civil em Israel e nunca foi capaz de estabelecer uma segunda carreira. Ele morreu na Alemanha em 1993.
Oded, bem treinado em guardar segredos, não falou sobre sua experiência por anos. Isso mudou em 2007, quando um dia seu filho voltou da escola com um livro intitulado Os Maiores Espiões do Mundo. Oded, que estava assistindo TV, viu seu filho folheando o livro e uma das fotos chamou sua atenção.
Eu indiquei a ele, uma das fotos e disse, 'Você sabe quem é esse homem?' Ele olhou para mim e disse: 'Não'. Eu disse: 'Esse é o seu avô.' Ele disse: 'O quê?' Foi quando me dei conta de que mesmo as pessoas mais próximas de mim  minha família, minha esposa, meus filhos  conheciam a história em geral, mas não sabiam realmente todos os detalhes.
Isso convenceu Oded Gur-Arie a concordar em participar de um documentário sobre a vida de seu pai, após rejeitar muitas outras ofertas ao longo dos anos. Ele descreve a experiência de compartilhar sua história na frente da câmera, muitas vezes em lágrimas, como tendo um efeito purificador. Ele concordou em trabalhar com o diretor, Nadav Schirman, já que o achava realmente interessado na história humana e não apenas nas partes de ação.
"E se James Bond tivesse uma família?" Oded Gur-Arie explica. As pessoas geralmente não pensam sobre esse aspecto, mas por trás de cada história real de espionagem e aventura, existem pessoas, existem famílias, existem esposas, filhos e mães. Olhamos para o glamour e todas as coisas de aventura, mas não para os humanos e o preço e o custo que isso causa para as pessoas.
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Este artigo é um resumo do episódio "Espionagem na Era do Terror" da America Abroad sobre situação atual da coleta por Inteligência Humana e seu futuro. America Abroad é um premiado programa de documentários de rádio que analisa em profundidade as questões críticas das relações internacionais e da política externa dos EUA todos os meses. Você pode nos seguir no Facebook, conversar conosco no Twitter e assinar nosso boletim informativo semanal para atualizações.
Fonte: The World

sábado, 10 de outubro de 2020

Bandido do ELN Confessou Organizar os Ataques em Bogotá

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Dizem que 'banca' universitários, e recruta jovens por meio de redes de milícias e sequestros.
Vulgo ​​Uriel, líder do ELN.  Foto: AFP
Por Unidade Investigativa
Perto de um dos maiores afluentes do rio Sipí, nas selvas do Chocó, está o acampamento do bandido conhecido como Uriel, guerrilheiro de 42 anos, nascido em Antioquia, que há poucos dias admitiu a intervenção das milícias ELN nos atos de vandalismo ocorridos em Bogotá e outras cidades durante os protestos dos dias 9 e 10 de setembro. 
As revoltas e motins não foram motivadas por diferentes grupos de oposição ao governo. Nossa militância urbana participa deles como mais um (...). Vamos acabar com os centros de tortura e morte chamados CAI”, é ouvido em um áudio enviado por meio de redes.
Ogli Ángel Padilla, 'Fabián', chefe do ELN. Foto: Arquivo particular
Embora seu acampamento esteja localizado a mais de 280 quilômetros da capital, o guerrilheiro — terceiro na linha de comando da chamada Frente de Guerra Ocidental — se move mais pela nuvem (web) do que pela selva, onde seu grupo está lutando pelo controle social e tráfico de drogas contra o 'clã do Golfo'. 
Há dois anos Uriel é responsável pelo recrutamento de jovens por meios tecnológicos. Para isso contam com uma estrutura clandestina chamada 'Trabalho virtual revolucionário e coletivos de estudo'”, diz um relatório de Inteligência.
E acrescenta que com os rendimentos da coca e dos sequestros que realiza — como o de 6 civis e de um ex-deputado —, apoia financeiramente a formação superior de jovens militantes, em troca de cumprirem um plano de trabalho do movimento social e estudantil do ELN
Vários de seus 'bolsistas' formam as Milícias Urbanas do ELN nas principais capitais e difundem as mensagens revolucionárias que ele envia regularmente por suas contas no Twitter, Instagram, Facebook e WhatsApp.
O caldo de cultura não poderia ser melhor. Só em Bogotá, 34,6% dos desempregados são jovens, o dobro do ano passado. E o acesso e a permanência em redes também estão aumentando na esteira da pandemia. 
No entanto, esta nova estratégia de penetração social massiva tem sido usada pelo ELN desde muito antes da emergência de saúde (pelo menos dois anos atrás), e tem projetado o facínora conhecido como Uriel como liderança da insurreição nas cidades. Mas o cérebro das ações é seu chefe, Ogli Ángel Padilla Romero, vulgo Fabián, braço direito de 'Pablito', também chamado 'Assassino do ELN'.
Carlos Emilio Marín é o nome verdadeiro do vulgo Pablito, do ELN.
Foto: Arquivo particular
Quem é Uriel
Para a seleção de militantes entre os jovens, 'Uriel' é apresentado como parte da minoria burguesa e intelectual que chegou para renovar a liderança do ELN. A esse respeito, membros de agências de Inteligência disseram que ele realizou estudos de engenharia eletrônica em um centro público de estudos em Medellín. 
Além disso, ele é acusado de tudo, desde ataques a delegacias de polícia até o uso de armas de longo alcance contra helicópteros Black Hawk, em Nóvita, Chocó.
Também lhe atribuem assassinatos e queima de material eleitoral, em 2014, e sequestro de 6 pessoas, em 2018. 
De concreto, há um processo contra ele por rebelião e outro por rebelião e sequestro agravado. Nesses arquivos ele é identificado como Andrés Felipe Vanegas Londoño. 
Parte do processo contra ele é mantido por uma promotoria especializada, além da Polícia GAULA. 
Segundo investigadores, desertores do ELN asseguram que 'Uriel' também realiza trabalho ideológico e político em comunidades indígenas e afrodescendentes na área de San Juan e Sipí, Chocó.
Paradoxalmente, em seu discurso ele promove levantes populares contra massacres e violência, mas sua frente é a que mais gera mortes e crimes em Chocó e outras áreas de influência”, explica um oficial de Inteligência. 
E acrescenta que atrai estudantes universitários com o argumento de fornecer e renovar a militância do ELN, buscando desenvolver quadros (líderes) com capacidades abrangentes muito além das estruturas armadas que estão em vigor hoje. 
Mas o objetivo é alcançar o protagonismo do processo revolucionário nas massas (redes sociais) e na mídia.
Embora seja verdade que o ELN trouxe um trabalho de massa avançado por vários anos, essas novas formas de incorporação e engajamento buscam diversificar as formas e métodos para desenvolver o trabalho político organizacional”, diz um analista. 
'Uriel' começou como miliciano, em 2000, na rede urbana Martha Elena Barón. Em 2005 ingressou como guerrilheiro na frente do Cacique Calarcá, e em 2019 já era tido como um suposto ideólogo da Frente de Guerra Ocidental, que se opôs aos diálogos com o Governo em 2017, através da mesa de Quito, contrariando a liderança que permanece em Cuba e que, por enquanto, não o desautorizou.

Assuntos relacionados para ler (em espanhol):
Unidade Investigativa 
u.investigativa@eltiempo.com 
No Twitter: @UinvestigativaET
Fonte: tradução livre de El Tiempo

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

O Brasil Ainda à Busca de Salvadores

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Decididamente o Brasil é uma Nação que não merece o povo que tem.
Um território farto em riquezas naturais, com abundância de água, a riqueza do futuro, abrigando um povo composto por uma amálgama do que deveria ser a síntese do dito "ser humano":
— a origem índia (de quem deveríamos ter herdado a simplicidade do modo de viver);
— mesclada com o branco europeu (que deveria nos legar sua cultura vinda desde os tempos helênicos, a bravura que os levou a arriscar-se nas Cruzadas — visando manter a Fé e as terras estratégicas necessárias à manutenção de seus Reinos  e, depois, a atravessarem o Atlântico em busca de novas oportunidades de riqueza e poder);
— os africanos com sua imensa esperteza que lhes possibilitou não só a sobrevivência física (os mais fracos e incapazes de se adaptar, morreram nos porões dos navios negreiros), e cultural (o sincretismo religioso burlou o cristianismo drástico, vigente à época, e acresceu importantes contribuições à culinária, artes e idioma do Brasil);
— a vinda posterior de árabes, com sua imensa capacidade de negociação, italianos e alemães, gente dedicada ao trabalho como principal atividade humana, mais tarde os japoneses especialistas na criação de novas tecnologias.
E o resultado disso tudo? Aparentemente só conseguimos incorporar o pior da herança genética desses povos citados.
A simplicidade indígena transformou-se em pura vagabundagem, onde qualquer esforço é tido como castigo divino; do europeu, nos restou a ambição e a avareza; a esperteza intelectual africana nos legou a "malandragem" de tirar proveito de tudo e de todos, o querer colher o que não plantou, o vitimismo de parecer menos que "ozôtro" para gerar piedade.
Deu no que deu. Um povo que tem por objetivo de vida o prazer, a exploração do alheio e a eterna esperança de que "alguém" (Deus, o pai, o patrão, o vizinho, as autoridades  qualquer um, menos eu) fará o que deve ser feito.
Assim, vamos, aos trancos e barrancos, sobrevivendo com os olhos voltados às tabelas dos intermináveis campeonatos de futebol, à trama da novela noturna da televisão, ao calendário na contagem de quantos dias faltam para o Carnaval — e à contagem de quantos feriados haverá neste ano.
Os dirigentes do país se sucedem sem que a população atente para quem são. O que vale é o herói, o "salvador da Pátria" do momento. Desta forma, já tivemos muitos. As decepções também, mas delas não tiramos ensinamento algum.
Para não regredirmos muito, tivemos Getúlio Vargas e sua ditadura de 15 anos, compensada pela CLT, o direito ao voto das mulheres e alguma coisa mais. Sua morte, por suicídio, acabou em choradeira generalizada e vandalismo por parte dos seus defensores mais ardorosos contra a oposição supostamente responsável por seu óbito. A queima dos estoques de café; as peripécias do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) e da (DESPS) Delegacia Especial de Segurança Política e Social e seu chefe, Filinto Mulleras negociações que nos proporcionaram a CSN; tudo foi esquecido.
Também tivemos Luis Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança.
Quem se der ao trabalho de buscar a história de vida dele, verificará que a partir de 1930 ele passou a cometer "equívocos" que terminavam por comprometer seus parceiros de aventuras. Dizem que era possuidor de inteligência acima da média. Não é o que os fatos demonstram. Sua história contém diversos fatos obscuros. Um deles foi o recebimento de 800 contos (milhões) de réis de Osvaldo Aranha para apoiar a Revolução de 1930. Ele ficou com o dinheiro mas não apoiou Vargas. Antes disso, de 1924 a 1926 teve papel secundário em uma tentativa revolucionária posteriormente batizada como "Coluna Prestes" por seus simpatizantes. Sua subordinação é comprovada. 
Prestes pede orientação ao "Sr General Miguel Costa"
Posteriormente, em 1934, recém chegado da extinta URSS foi aclamado presidente da comunista ANL (Aliança Nacional Libertadora). Em meados de 1935 divulgou um manifesto provocando Vargas, que tornou a ANL ilegal. Isso teria motivado a covarde Intentona Comunista de 27 Nov 35, deflagrada porque ele teria feito 'uma avaliação  equivocada sobre o apoio popular à revolução', apesar dos avisos de companheiros de partido. A violenta repressão feita pela polícia de Vargas desmantelou a ANL e o PCB de então. Prestes foi preso por nove anos, mas não há notícia de que tenha sofrido maus tratos como os que foram provocados em seus companheiros comunistas, inclusive sua mulher, Olga Benário, entregue ao governo nazista da Alemanha, onde foi executada. Com o fim do Estado Novo em 1945, anistiado e solto, elege-se Senador. O radicalismo das ações dos comunistas faz com que, em 1947, o partido volte a ser proscrito e Prestes retorne à clandestinidade até 1958, quando a ordem de sua prisão foi revogada. Com a Contra Revolução de 1964, com os direitos políticos cassados, retorna à clandestinidade. Novamente, erra e permite que fossem apreendidas várias agendas onde constavam os dados necessários para incriminar as demais lideranças comunistas. Em 1971, foge de novo para a URSS de onde retorna em 1979 por ocasião da anistia decretada pelo governo. Morreu em março de 1990.
Parece um resumo biográfico de um herói? A mim parece a vida de um sujeito que soube tirar proveito da ideologia para "se dar bem"! 
Nossa lista dos falsos heróis de nossa história é extensa. Não vou cansá-los e darei um salto no tempo, passando por Jânio da Silva Quadros e sua tentativa frustrada de estabelecer um governo totalitário com o apoio das Forças Armadas que não admitiam JangoTancredo Neves, tão político que até para morrer o fez na hora certa — antes de assumir a Presidência da República em tempos de crise que certamente abalariam sua imagem —; Leonel de Moura, aquele que iniciou a destruição do aparato de segurança legal do Rio de Janeiro; Fernando Affonso "Culhão Roxo", o caçador de marajás e seu tesoureiro, cuja fortuna amealhada ninguém sabe, ninguém viu; o Sindicalista Canalha, cujo nome e alcunha evito citar, que mesmo condenado vive tentando retornar dos infernos onde convive com outros mortos-vivos políticos, acreditando — e com ele, alguns seguidores — que ainda tem algum poder de convencimento. Também tivemos outros heróis passageiros como o Procurador Luiz Fernando, aquele que "plantava" boatos na imprensa e abria investigações com base nas publicações; o Delegado Protógenes e sua Operação Satiagraha — enterrada sem pompas por mexer com gente muuuito grande — que acabou levado aos braços do PCdoB e à decadência total ao entregar-se às praticas obscuras; inquebrantável Joaquim Barbosa, e tantas outras "tomadas de três pinos" que nos foram, e continuam sendo enfiadas garganta abaixo pelos marqueteiros da mídia.
Por falar em Joaquim Barbosa, não podemos negar que antes dele pouco se ouvia falar — e assim, pouco se sabia sobre o Superior Tribunal Federal e seus ministros. Sua atuação atraiu os holofotes da mídia e, então, começamos a nos interessar por figuras como Gilmar Ferreira Mendes, destacado algumas vezes quando se pronunciava — nos autos e/ou fora deles — contrariando interesses dos governantes petistas. As luzes dos holofotes atraíram Marco Aurélio Mendes de Farias Mello — o urubu que se imagina pavão  que pegou gosto por disputar presença nos tele noticiários, dando uma martelada no prego e duas na ferradura. Depois deles, Enrique Ricardo Lewandowski e José Antonio Dias Tóffoli — a dupla "Tofodówski" — chegaram para se contraporem a tudo que  contrariasse Lula e Dilma. O protagonismo televisivo atraiu até mesmo o até então discreto decano da corte, José Celso de Mello Filho, que se mantinha incógnito desde sua nomeação em 1989.
Quem fizer um pequeno exercício de memória, lembrará  de, em alguma ocasião ter visto, escutado ou lido algum elogio à atuação dessas figuras, por sua postura ante algum caso analisado. A partir de janeiro de 2019, os citados, que ainda agem no STF, só são destacados na mídia por sua ação de oposição política contra o governo. E para isto, receberam o reforço de Alexandre de Moraes, nomeado em 2017.
Recentemente, nas eleições de 2018, vimos uma chuva de sedizentes "auxiliares do salvador da pátria". Alguns, depois de eleitos mostraram sua verdadeira face de reles aproveitadores da bonomia do povo brasileiro e do Presidente eleito, que não soube filtrar os recebedores de seu apoio pré-eleitoral. Assim, figuras como o televisivo João Agripino e o desconhecido juiz Wilson Witzel tornaram-se governadores das duas mais conhecidas Unidades da Federação, São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente. O eleitorado paulista nos brindou, ainda, com deputados como o ator Alexandre Frota, a jornalista Joyce Bejuska e o "ativista" (seja lá o que isto signifique) Kim Patroca. Destaquei esses nomes por serem pessoas claramente eleitas com a promessa de apoiarem o Presidente da República eleito nas mesmas eleições e, ao primeiro revés, colocaram-se na oposição a ele. E assim, chegamos até a um caso oposto. O da também "ativista" Sara Giromini, uma jovem em busca de fama, que aproveita as oportunidades que aparecem.
De militante feminista — fundadora da filial brasileira da organização Femen e suas manifestações de extremo mau gosto — transformou-se em figura de destaque em manifestações destrambelhadas, supostamente "de direita", a ponto de acabar presa acusada de terrorismo. Outras pessoas poderiam ser aqui citadas. A fonte é farta, mas o texto já se torna cansativo. Jornalistas dariam um texto à parte.
De tudo, nos fica a inferência de que o brasileiro em geral é um grande "desligado" das coisas que influenciam sua própria vida, atual e futura. Coisas como buscar conhecimento e uma formação profissional que lhe proporcione estabilidade futura não são consideradas pela grande maioria. Os poucos jovens que tem essa preocupação farão parte da elite dirigente do país em um futuro próximo. E sofrerão a crítica de terem sido privilegiados pela sorte, pelo poder econômico — mesmo que sejam oriundos de categorias econômicas mais baixas —, pelos pais que sustentaram seus estudos, etc. Dificilmente terão seus esforços reconhecidos. 
Mas hão-de dirigir os destinos dos eternos preocupados com os resultados de jogos de futebol, contratações de jogadores, "paredões" dos inúteis "rialiti chous", votações de escolas de samba, e outros afazeres.

sábado, 22 de agosto de 2020

Sentença Revela a "Candura" dos Bandidos do ERG

Exército Revolucionário Guevarista foi condenado por recrutamento de crianças e violência de gênero.
O ERG foi desmobilizado em agosto de 2008, na aldeia Guaduas, de El Carmen de Atrato, Chocó.
Foto:  Escritório do Alto Comissariado para a Paz
Por Juan David López Morales
Quando o Exército Revolucionário Guevarista (ERG) foi condenado pela primeira vez por uma Câmara de Justicia e Paz, em 16 de dezembro de 2015, foram consideradas 21 vítimas de recrutamento de menores. Em uma sentença emitida nos últimos dias 172 novas denúncias foram apresentadas por este delito, dando conta da verdadeira magnitude da atuação delitiva daquele bando.
A sentença, da magistrada Beatriz Eugenia Arias Puerta contra 16 ex-integrantes do ERG, explica que essa quadrilha chegou a ter 403 integrantes, dos quais mais de 200 foram recrutados quando eram menores de idade, em proporções similares entre homens e mulheres, mas com riscos adicionais para elas pela violência baseada em gênero que se exerceu.
O documento de 1.629 páginas identifica cinco padrões de macro-criminalidade que foram apontados ao ERG. O de recrutamento de menores é apenas um deles. Os outros são: violência baseada em gênero, deslocamento forçado, detenções ilegais e desaparecimentos forçados.
O ERG nasceu em 1993 como uma dissidência da Frente Ernesto Che Guevara, do Exército Nacional de Libertação (ELN). Olimpo de Jesús Sánchez Caro, vulgo Cristóbal, era o comandante militar e foi um dos 18 que desertaram em outubro daquele ano em Carmen de Atrato, Chocó, para formar a Companhia Guevarista, que mais tarde seria chamada ERG.
Limites de Chocó. El Carmen de Atrato, localiza-se entre Tutunendo, e Medellin.
O padrão de recrutamento dá conta da historia do ERG. De 1993 a 1995 foi seu estabelecimento na região, e nesse período recrutou cerca de 25 jovens. A estabilização e fortalecimento se deu entre 1996 e 1998, com outros 37 recrutamentos. A época de maior inserção de meninos e meninas ao grupo foi entre 1999 e 2003, durante a expansão, com 80 casos. Na fase final do grupo, entre 2004 e 2008, foram recrutados pelo menos mais 30.
O ERG se desmobilizou em 21 de agosto de 2008, como consequência do debilitamento militar pela confrontação contra o Estado e outros grupos ilegais, depois de semear terror em vários departamentos. 
A prática de recrutamento de menores se exerceu em três deles:
— Antioquia (Andes, Betania, Ciudad Bolívar, Medellín e Salgar);
— Chocó (Bagadó, El Carmen de Atrato, Lloró, Nóvita, San José del Palmar e Tadó); e
— Risaralda (Pereira, Belén de Umbría, Mistrató e Pueblo Rico).
A sentença diz que para conseguir sua expansão, essa malta se aproveitou de fatores como a imaturidade psicológica, as carências afetivas e de proteção no lar, a falta de preparação acadêmica e a escassez de recursos econômicos, assim como “a ausência de autoridades legalmente constituídas e da presença estatal” na região.
Além disso, houve a conjunção de várias práticas delituosas. De fato, de muitas das vítimas só se conhece uma alcunha, porque foram assassinadas quando estavam em ação, em combates com outros grupos ou por seus próprios companheiros.
Um padrão criminal em estreita relação com isto foi o de violência baseada em gênero, ainda que a Câmara de Justiça e Paz esclareça que não há nexo causal entre estas e que as vítimas são “exclusivamente” mulheres integrantes do ERG.
Houve uma política de “impedir a reprodução feminina através de práticas de aborto forçado ou sem consentimento, e do uso de métodos anticonceptivos” para manter as mulheres “como instrumento de guerra”, afirma a sentença.
A violência de gênero ia desde a reprovação às mulheres que houvessem tido mais de uma parelha, ainda que não fosse de forma simultânea, pelo que eram submetidas ao escarnio de seus companheiros, até crimes de acesso carnal violento. Sobre estes últimos, a magistrada pede à Procuradoria aprofundar mais as investigações, pois há pouca informação além de alguns testemunhos.
Os abortos forçados se praticavam tanto por métodos farmacêuticos, ou seja, pilulas e injeções, como cirúrgicos, principalmente curetagem por sucção, “sem que importasse o tempo de gestação, mas unicamente a ordem de interromper a gravidez”. Eram praticados tanto nos acampamentos como nos territórios indígenas, mas o lugar de preferencia eram consultórios clandestinos em meio de suas zonas de controle.
Essas praticas causaram em suas vítimas “sequelas físicas e psicológicas, como a afetação da sexualidade, os sentimentos de culpa, a raiva, os transtornos do sono e o aparecimento de sintomas depressivos”, afirma a sentença. Entretanto, a contracepção forçada se baseava na obrigação de tomar pilulas ou na aplicação do dispositivo intra-uterino.
A Câmara diz que só era exercida pressão sobre as mulheres porque os homens não eram obrigados a usar métodos de proteção, e enquanto que as grávidas eram castigadas com trabalhos forçados, causar uma gravidez não tinha nenhuma reprimenda.
As práticas do ERG se concentraram, sobretudo, no município de Carmen de Atrato, Chocó, onde nasceram e se desmobilizaram. Nessa zona, onde há prevalência de população indígena embera, foram afetadas as reservas de Sabaleta, La Puria e El Consuelo. Os indígenas foram recrutados e deslocados, e suas comunidades foram usadas como refugio, por isso que, na sentença, são sujeitos de reparação coletiva.
Cristóbal, o chefe da quadrilha e outros quinze membros foram condenados a 40 anos de prisão, mas esta pena lhes foi remida por ter requerido os benefícios do acordo com Justiça e Paz e terem confessado a verdade assumindo a responsabilidade dos atos cometidos no conflito. A maioria dos condenados já estão em liberdade.
Juan David López Moreles
Redator de Justiça @LopezJuanda
Fonte: tradução livre de El Tiempo
COMENTO:  eis aí o resultado dos acordos de paz entre o Estado Colombiano e os narco-guerrilheiros das FARC e quadrilhas similares, acordos estes engendrados em Havana e aceitos pela pusilanimidade dos administradores pós Uribe.