sábado, 15 de abril de 2023

O Que Celso Amorim Foi Fazer em Moscou?

O que será que há por trás da reunião sigilosa do "megalonanico" com Putin.
Celso Amorim, foi recebido em Moscou logo após a detenção do jornalista estadunidense Evan Gershkovich. Há hipótese de negociação envolvendo um espião russo preso no Brasil
¿Que foi fazer Celso Amorim na Rússia em 28 de março? O conselheiro de Política Externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido por Vladimir Putin no Kremlin durante uma hora, em uma visita não oficial, qualificada de “discreta” pela imprensa brasileira e somente revelada quando de seu regresso, graças a uma nota do diário Valor.
O ex chanceler, que dirigiu o Itamaraty, o Ministério de Assuntos Exteriores do Brasil, nos dois mandatos anteriores de Lula (2003-2010), saiu de Brasília em 28 de março, aterrissou em Moscou no dia 29 e depois foi à França para uma breve viajem antes de regressar ao Brasil em 2 de abril.
Indagado pela imprensa sobre a viagem, Amorim disse que o objetivo da reunião era tratar de uma possível negociação de paz brasileira para por fim ao conflito na Ucrânia.Não há uma solução imediata”, disse Amorim, “há que preparar um cenário para quando se materialize a vontade política; e quando ficar claro para uma parte e para a outra que o custo da guerra é maior que qualquer concessão, [daí] poderão fluir as ideias de paz. Os russos disseram que apreciam os esforços do Brasil tanto como os da China. Pequim apresentou um plano de paz que foi rejeitado pelo ‘Ocidente’”.
Nos mesmos dias, em Moscou, alguns dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula, como o secretario geral Henrique Fontana e o secretario de Relações Internacionais Romênio Pereira, participaram de um evento do partido de Putin, Rússia Unida, sobre o tema do neocolonialismo. À agencia russa Tass, o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, se limitou a afirmar que “a reunião com Amorim teve lugar para reafirmar o convite prévio a Lula para realizar uma visita oficial à Rússia e para falar das relaciones bilaterais”.
Segundo os russos, em resumo, Amorim foi recebido por Putin para confirmar o convite a Lula e falar das relações bilaterais, enquanto que, segundo os brasileiros, foi para uma possível negociação de paz na qual Putin, de fato, não estava interessado. Por isto, muitos começam a se perguntar se nessa reunião o tema não era outro.

A ideia da troca
Sergey Cherkasov em um vídeo de 2017
Por exemplo sobre Sergey Cherkasov, um cidadão russo com a falsa identidade brasileira de Victor Muller Ferreira, acusado de espionagem ao tentar infiltrar-se como estagiário no Tribunal de Haya, na Holanda, onde, segundo as investigações, queria acessar informações sobre as investigações relacionadas a crimes de guerra russos.
As autoridades holandesas o deportaram para o Brasil, onde foi detido em 3 de abril de 2022 e condenado a 15 anos de prisão pela Justiça Federal de São Paulo por uso continuado de documentação falsa. Desde dezembro, Cherkasov está preso em Brasilia e Moscou solicitou sua extradição alegando  como é habitual quando se trata de repatriar a seus próprios agentes operacionais  que Cherkasov é um fugitivo, membro de uma organização de tráfico de heroína, e que seus crimes foram cometidos entre 2011 e 2013, ainda que Rússia nunca o havia buscado antes de 2022. Mais estranho ainda quando se considera que, segundo os registros de imigração brasileiros, o espião russo estava no Brasil tanto em 2010 como em 2011.
Evan Gershkovich (The Wall Street Journal/Handout via REUTERS)
Justo quando Amorim aterrizava na capital russa, em 29 de março, o correspondente em Moscou do diário estadunidense Wall Street Journal, Evan Gershkovich, era detido en Ekaterimburgo pelo FSB, o Serviço Federal de Segurança, sucessor da temida KGB. A acusação é de espionagem, algo que não se via desde 1986, durante a Guerra Fria, com a detenção pelos russos, pelas mesmas acusações, do jornalista estadunidense Nicholas Daniloff.
Uma semana antes da prisão de Gershkovich, o que demonstra como as datas nesta historia também podem indicar um rumo geopolítico, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos havia acusado de espionagem a  Cherkasov, que sempre sob falsa identidade brasileira de Victor Muller Ferreira, após estudar Ciências Políticas no prestigioso Trinity College de Dublín, Irlanda, havia obtido um título de Mestre no programa de Relações Internacionais da Universidade John Hopkins de Washington, especializando-se em política exterior estadunidense. A acusação das autoridades da administração Biden é o requisito legal prévio para um possível pedido de extradição pelos EUA.
No Wall Street Journal, John J. Sullivan, embaixador dos Estados Unidos em Moscou até o ano passado, afirmou que o fato de que o jornalista fosse acusado de espionagem e não de um delito comum sugere “que o Kremlin quer um grande premio na troca, um prisioneiro de alto perfil”. Algo como um espião. Nada a ver com as mais recentes permutas de prisioneiros entre Moscou e Washington, como a de abril de 2022 entre o ex marine Trevor Reed, acusado de agredir a dois oficiais russos, e Konstantin Yaroshenko, condenado por tráfico de drogas nos Estados Unidos. E, mais recentemente, em dezembro, a negociação da campeã de basquete Brittney Griner, detida em Moscou com menos de um grama de óleo de haxixe, pelo russo Viktor Bout, notório traficante de armas conhecido como O Mercador da Morte.
Daniel Hoffman, ex funcionário da CIA em Moscou, declarou ao Wall Street Journal que “o momento da detenção de Gershkovich não é, provavelmente, uma coincidência” e que o Kremlin “está tratando de incentivar uma troca de prisioneiros”, assinalando que a acusação de Cherkasov por parte dos EUA precedeu em uma semana à detenção do jornalista. Para o ex embaixador Sullivan, sem dúvidas, não está claro que Washington tenha sob sua custodia algum espião russo de alto nível. E, acrescenta o Wall Street Journal, “um câmbio incluindo Gershkovich pode ser mais difícil hoje, devido às atuais relações entre EUA e Rússia”.
Aqui, portanto, é onde o Brasil poderia entrar no jogo. Porque tem um espião russo que pode oferecer como moeda de troca — o Supremo Tribunal Federal autorizou sua extradição para a Rússia quando acabe a investigação no Brasil — e porque haveria uma perspectiva de dívida moral, tanto no Kremlin como na Casa Branca, que daria a Lula, e nem tanto ao país, uma vantagem política em sua ambígua política exterior, na qual aperta a mão de Biden e abraça o mundo multipolar de China, Rússia e Iran.
Cherkasov, que não está acusado de espionagem no Brasil, também exercia seu oficio de espião no país latino-americano. Utilizava esconderijos — "dead drop", ou recipiente fixo — para deixar dispositivos eletrônicos e mensagens, que depois eram recolhidos por outros membros da organização. Um destes recipientes foi descoberto em um bosque de Cotia, cidade vizinha a São Paulo. O documento falso com que ele ocultou sua identidade durante anos no Brasil declarava seu nascimento em 4 de abril de 1989 em Niterói, Rio de Janeiro. Foi precisamente em Niterói que a justiça brasileira descobriu e fechou, após 10 anos de processo penal, um cartório de registro civil que servia como uma fábrica de certidões de nascimento falsas, utilizadas também por uma rede de libaneses condenados por obter a nacionalidade brasileira com documentos falsos.
Além de Cherkasov, nos últimos meses foram descobertos pelo menos outros dois espiões russos com falsas identidades brasileiras. Em outubro, o serviço secreto norueguês deteve Mikhail Valeryevich Mikushin. Ele havia se apresentado como o pesquisador José Assis Giammaria na Universidade de Tromsø. Gerhard Daniel Campos Wittich era o nome falso de outro espião russo, cujo verdadeiro sobrenome segundo as autoridades gregas é Shmyrev, que viveu no Rio de Janeiro durante cinco anos, sob uma identidade brasileira com ascendência austríaca. Foi descoberto pelo serviço secreto grego porque sua esposa, a também espiã Irina Romanova, sob o nome de Maria Tsalla, operava em Atenas. O casal fugiu supostamente para Moscou, em janeiro.
No Rio de Janeiro, o suposto Daniel Campos havia alugado recentemente uma moradia próxima ao consulado estadunidense e era proprietário de uma empresa de 3D que produzia, entre outras coisas, esculturas de resina e vendia seus produtos tanto ao Exército como à Marinha e ao Ministério da Cultura do Brasil. Quem deu o sinal de alarme de seu desaparecimento em janeiro foi a noiva brasileira de Daniel Campos, que desconhecia a verdadeira identidade do jovem e denunciou seu desaparecimento durante uma viajem à Malásia.
O grande mistério segue sendo por que os espiões russos utilizam tanto o Brasil. As explicações podem ser múltiplas. Desde a facilidade para conexão a redes ilegais que proporcionam identidades falsas até a riqueza do país e seu papel estratégico no continente americano. Sob os mais de 7.000 quilômetros de costa atlântica do Brasil há quilômetros de cabos submarinos que conectam a infraestrutura de Internet do país com redes de todo o mundo. Fortaleza, no Ceará, hospeda o segundo maior centro de cabos submarinos do mundo (12 no total), com conexões para Estados Unidos (incluídos os cabos Monet em Boca Ratón, Florida), África e Europa. A Contra-inteligência, também é frágil no país. Ninguém investigou, por exemplo, se havia espiões a bordo do navio russo Akademik Boris Petrov.
O Governo do ex presidente Jair Messias Bolsonaro autorizou uma expedição científica deste navio em águas amazônicas [na verdade, atlânticas (*)] após reunir-se com Putin no ano passado, poucos dias antes do início da guerra na Ucrânia. A zona onde o Akademik Boris Petrov realizou sua exploração, em novembro passado, tem importância geopolítica. A companhia petroleira nacional brasileira Petrobras está investigando a região em busca de seus recursos petrolíferos. Além disso, o Akademik Boris Petrov havia desviado para a costa britânica em sua rota para o Brasil. Segundo o blog Plentyofships e alguns meios britânicos, sua passagem coincidiu com um acidente que danificou a infraestrutura do cabo submarino entre as Ilhas Feroe e Shetland. A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, falou de uma “situação de emergência” para as ilhas.
Por último, cabe mencionar que se a guerra na Ucrânia fracassa, Vladimir Putin poderia fugir para a América Latina, segundo informou Abbas Gallyamov, antigo porta-voz de Putin. O canal de Telegram Mozhem Obyasnit afirma que funcionários russos de alto escalão estariam se empenhando em comprar propriedades e em solicitar o status de residentes na Venezuela, Equador, Paraguai e Argentina.
Também, diplomatas russos teriam comprado propriedades na Ilha Margarita da Venezuela, para escapar da detenção em caso de que a guerra conduza a uma mudança de regime na Rússia. Enquanto isso, Lula se prepara para receber em visita oficial o ministro russo de Assuntos Exteriores, Sergei Lavrov, que chegará a Brasília em 17 de abril após a viajem de Lula a China, o que poderia aplainar o caminho para a troca de Cherkasov por Gershkovich.
Fonte: tradução livre de Infobae
COMENTO: Temos, então, mais uma jornalista se esmerando para justificar ou manipular os objetivos do passeio inútil do megalonanico Celso Amorim pela Europa, dissimulado em "assuntos bilaterais", talvez com o propósito de apagar a imagem de anão diplomático adquirida pelo atual assessor presidencial em gestões passadas. O propalado "plano de paz" sequer teve a atenção de Putin. A propósito, com a recusa do russo, o Borracho-mor deu entrevista sugerindo, então, que a Ucrânia aceitasse abrir mão da Crimeia, como "gesto de boa vontade" para encerrar o conflito com a Rússia. O chanceler ucraniano, diplomaticamente só faltou recomendar que o Cachaceiro enfiasse a proposta no rabo. Sobrou, então, a narrativa sobre os espiões russos com documentação brasileira, que poderia ser o motivo da visita do chanceler russo, trazendo um contêiner com cinco toneladas de misteriosa "bagagem diplomática", previamente guardado na Argentina.
Negociações obscuras sobre compra e venda de insumos, não passaram pela imaginação da jornalista, obviamente.
Esperamos que tanto o pessoal da nossa Polícia Federal, quanto o da ABIN estejam atentos a esses possíveis indícios de "ameaças e oportunidades" e que, pelo menos tenham identificado os "outros membros da organização" que apanhavam as encomendas deixadas no bosque em Cotia/SP Enquanto isso, o pessoal da Contrainformação russa continua alimentando a história do espião preso no Brasil, sabe-se lá com qual interesse. 
(*) Não sei se houve falta de informação ou excesso de má fé da redatora original do texto, mas a Portaria autorizando o trabalho de pesquisa do navio russo na costa brasileira é muito clara e específica. Não houve autorização para ingresso em área interna brasileira, sendo que a pesquisa foi em águas marítimas atlânticas. Durante todo o período em águas brasileiras, havia um Oficial da Marinha Brasileira fiscalizando, desde a rota percorrida, até os trabalhos propriamente ditos. As amostras coletadas foram analisadas e conferidas pela FURG (Fundação Universidade de Rio Grande) e pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco); o blog citado como fonte de suspeitas sobre o navio já não se encontra na internet. Por fim, a mesma Portaria prevê a apresentação de um Relatório, com itens muito específicos a serem bem detalhados ao término das pesquisas.