domingo, 25 de setembro de 2022

Armas em Funeral — Tenente Jose Conegundes do Nascimento

por Felix Maier
Faleceu em 22/09/2022 o Tenente Jose Conegundes do Nascimento, depois de sérios problemas relacionados à saúde.
Pudera! Herói da Guerrilha do Araguaia, onde atuou com risco da própria vida, o Tenente Conegundes enfrentou guerrilheiros fanáticos do PCdoB nas selvas de Xambioá, na região do Bico do Papagaio, no atual Estado de Tocantins.
A exemplo dos militares que combateram grupos terroristas e guerrilheiros de esquerda nas décadas de 1960 e 1970, como Ustra, Avólio, Lício Maciel, Curió, "Chico Dólar", o Tenente Conegundes foi deixado à própria sorte pelo Exército, que não deu o devido apoio jurídico, nem psicológico, a quem simplesmente cumpriu seu dever de defender a pátria contra o comunismo, carregando pesadelos pelo resto da vida. 
Vale lembrar que o Tenente José Vargas Jimenez, o "Chico Dólar", autor dos livros "BACABA" e "BACABA II", suicidou-se em Campo Grande, MS, em 2017. Por quê?
Em 2012, o Coronel Lício Ribeiro Maciel — também combatente na Guerrilha do Araguaia — e o Tenente Conegundes publicaram em livro físico o "ORVIL - TENTATIVAS DE TOMADA DO PODER", que já estava digitalizado e disponibilizado na internet no site A Verdade Sufocada, de Joseita Ustra, esposa do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra — confira em https://www.averdadesufocada.com/images/orvil/orvil_completo.pdf.
O "ORVIL" ("Livro", lendo-se ao contrário) foi uma obra feita por militares do Centro de Informações do Exército (CIE), na década de 1980, que seria uma resposta ao livro "Brasil: Nunca Mais", um livreco-panfleto patrocinado pelo bispo vermelho Dom Paulo Evaristo Arns, com documentos surrupiados do Superior Tribunal Militar (STM), de modo a beatificar terroristas e demonizar as Forças Armadas. No entanto, o "ORVIL", que seria publicado pela Biblioteca do Exército Editora (Bibliex), jamais foi levado ao prelo, por ordem do Governo Sarney e aquiescência do Ministro do Exército, General Leônidas Pires Gonçalves.
Em 2014, na ânsia petista de colocar militares atrás das grades, o Tenente Conegundes foi convocado pela malfadada Comissão Nacional da Verdade (CNV), para prestar depoimento aos Torquemadas do Governo Dilma Rousseff, mas não compareceu ao picadeiro petralha, demonstrando sua hombridade. "Não vou comparecer. Se virem! Não  colaboro com o inimigo" — escreveu o bravo Veterano de Xambioá no documento que o intimou.
Parabéns, Tenente Conegundes, pelo belo trabalho realizado no Exército, em combate contra guerrilheiros comunistas, na defesa da democracia. Que a sua memória não seja assassinada, calada, diminuída, esquecida de vez, como quer a esquerda assassina, derrotada e revanchista.
Deus o guarde em bom lugar e conforte a alma de seus familiares!
Missão cumprida!
Selva!
Brasil Acima de Tudo!
Fonte: adaptado de 

domingo, 18 de setembro de 2022

O Paralelo entre a Ucrânia e a Amazônia

Observando o que ocorre no Brasil e no mundo, sob minha ótica de que o conflito comunismo x capitalismo já foi ultrapassado, tenho tentado entender alguns fatos mundiais que aparentemente não se ligam.
Mas já há quarenta anos atrás, aprendi que "nada é o que parece ser" e, desde então, tento ver laços entre fatos que parecem díspares.
Se analisarmos a situação atual da Europa, independentemente de simpatias ou antipatias pela Rússia e seu líder, verificamos que o conflito na Ucrânia foi planejado e desencadeado "de fora". As denominadas "grandes potências" — Reino Unido, Alemanha, França, aliadas aos EUA — avaliaram que a Rússia estava em difícil situação econômica e, portanto, fragilizada militarmente. E com esse pensamento, efetuaram uma série de provocações a Vladimir Putin.
Com a ascensão do vaidoso fanfarrão Zelenski ao poder na Ucrânia, pensaram ter seu "cavalo de troia" para dar a fustigada fatal contra o remanescente do império da extinta União Soviética. Há bastante tempo, Putin alertava que não admitiria mísseis da OTAN nas proximidades das fronteiras russas. E o que fez o títere ucraniano logo que assumiu o governo? Anunciou o ingresso da Ucrânia na OTAN e a instalação de mísseis em seu território, voltados contra o leste, obviamente.
As ameaças recíprocas se sucederam e chegamos a um conflito parcamente noticiado, pois não interessa ao "mundo ocidental".
Aos críticos da violência perpetrada contra a Ucrânia, lembro aos que estudaram História da famosa "Crise dos Mísseis em Cuba", ocorrida seis décadas atrás. Ela foi contornada exatamente porque um dos líderes mundiais teve a coragem de recuar. No caso ucraniano, nem mesmo o bufão Zelenski se mostrou disposto ao diálogo, confiando nos que usaram seu país como isca de uma boa pescaria. E o largaram pendurado no pincel.
Pois bem. O que temos no Brasil? A mais de meio século temos ameaças, avisos, até mesmo solicitações de falsos nacionalistas para que ocorra uma "intervenção salvadora na Amazônia", para evitar o fim do mundo. Durante o regime militar tais investidas amainaram, mas com a volta dos civis ao poder, retornaram com força. Já passa de trinta anos que vemos e ouvimos os argumentos internacionalistas em prol de uma "administração mundial" para aquela região.
Até 1985, tudo não passava dos planos. Já no governo Collor as ameaças se transformaram em ações concretas, com a cumplicidade criminosa de membros do STF que determinaram as demarcações de terras contínuas para as diversas tribos de indígenas. A ideia inicial era a de serem demarcadas áreas em ilhas, ou seja, espaços específicos para cada tribo. A demarcação em zonas contínuas, faz com que as diversas áreas fossem somadas, totalizando enormes territórios — por casualidade em áreas fronteiriças a outros países, particularmente Venezuela e Colômbia —, ricos em minerais preciosos.
O risco, já percebido e anunciado nos anos 90 por diversos jornalistas e intelectuais preocupados com o futuro da maior nação da América Latina, é o do desmembramento da Amazônia Brasileira em diversos "mini-países indígenas".
Já faz tempo que os meios de comunicação vem incutindo na mente de nossa população a mentira de que os índios que vivem no Brasil não são "brasileiros", mas fazem parte de "nações indígenas". A influência de organizações estrangeiras nessa ação psicológica é notória. Sob a fachada de pesquisadores e religiosos na busca de como ajudar os "povos indígenas", incontáveis agentes alienígenas circulam livremente em áreas que até aos brasileiros são vedadas.
O atual Presidente da República, em diversas manifestações públicas tem advertido sobre a cobiça estrangeira sobre a Amazônia Brasileira, e se mostrado disposto a não permitir ingerências forâneas na administração governamental daquela região. Sem a devida divulgação da mídia, as ações de combate à evasão de riquezas amazônicas tem sido intensificadas, com êxito, nos últimos três anos. Isto coloca o Presidente como um inimigo das intenções intervencionistas. Até mesmo o recém empossado presidente da Colômbia
 — país com mais de 40% de seu território coberto pelas matas amazônicas — lança o pedido de ajuda via criação de um "fundo multinacional" para a Amazônia. Quem iria colocar verba nesse fundo sem a esperança de retorno?
É nítido que, retirar Bolsonaro do poder o quanto antes possibilitaria a retomada das ações intervencionistas.
A junção de adversários internos e externos já é por demais conhecida. Temos até membros da suprema corte brasileira participando de encontros, em diversas entidades europeias e norte-americanas, tratando de forma caluniosa sobre a atuação presidencial — inclusive sobre o processo eleitoral — e planejando programas do “novo governo”, solapando a caminhada do Brasil para um destino melhor, construído pelos próprios brasileiros.
O estado brasileiro está sob forte ameaça de ataque! É hora de enterrarmos antigos conceitos baseados na Guerra Fria e abrirmos os olhos para a realidade de que nas relações internacionais não existe amizades, mas sim interesses. A China, tida como adversária ideológica da Rússia — ambos países membros do BRICS, não esqueçamos — já busca uma aproximação maior com a Rússia. Chineses são malandros velhos. Sabem muito bem o que lhes convém.
A Rússia, que a União Europeia — e EUA — pretendiam colocar de joelhos, possui as fontes de energia da qual os europeus ocidentais dependem para sobreviver. E não dissimula a pretensão de dificultar seu fornecimento aos já ostensivos adversários.
O Brasil, além da cobiçada Amazônia Brasileira, possui uma enorme capacidade de produzir e vender alimentos que escasseiam no Velho Mundo. É premente, para os "globalistas", colocarem na direção do país um governante alinhado com os interesses deles. As pressões de alguns traidores da Pátria contra o agronegócio reclamando desde a proibição da produção de artigos agrícolas que rendem recursos para o país e a não criação de gado para abate — sob a risível desculpa da emanação de gás poluente pelos peidos das reses — vão se acumulando sob os nossos sorrisos de escárnio. 
Mas, enquanto achamos graça, elas as pressões, ardilosamente seguem incutindo ideias estapafúrdias nas mentes dos menos avisados.
O vídeo abaixo é mais uma demonstração de que a oposição ao Presidente não é só do ridículo moleque de fala fina, do ET de Xapuri que nos visita a cada quatro anos, e dos ladrões desbancados do poder em agosto de 2016.
É coisa de gente grande!
Para concluir, temos visto que as denominadas grandes potências fazem valer seus objetivos a qualquer custo. Vidas humanas, meio ambiente, direitos humanos e outras baboseiras não passam de reles argumento para protelar o uso da "ultima ratio Régis". O Poder Mundial já tem muitos herdeiros, e entendem que o Brasil não deve ter possibilidade de se imiscuir entre eles. A Rússia está pagando o preço por desobedecer ao Sistema. O Brasil ao destacar-se no campo econômico, podendo negociar sua produção tendo como adquirir suas necessidades de forma negociada, além de freiar a tradicional espoliação feita em seu recursos naturais, também se coloca na alça de mira do Poder Mundial. E qual motivo seria melhor que a proteção da Amazônia para uma aventura no campo militar como costumam fazer, sempre de forma indireta? Qual seria o custo de incentivar algum vizinho mais afoito a dar o primeiro soco?
Apesar dos esforços na guarda das fronteiras do norte, o Brasil ainda precisa investir muito mais recursos, materiais e humanos, nas diversas Grandes Unidades militares da Amazônia.

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Documentos da OTAN Vazam na Darkweb

Documentos portugueses da NATO apanhados à venda na darkweb
O Estado-Maior-General das Forças Armadas tem ligações seguras - o Sistema Integrado de Comunicações Militares (SICOM) - para receber e reencaminhar os documentos classificados, mas terão sido utilizadas linhas não-seguras.
por Valentina Marcelino
A dimensão dos estragos ainda está a ser averiguada pelo Gabinete Nacional de Segurança, mas as suspeitas da quebra de segurança que facilitou o vazamento de documentos secretos da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) recaem em computadores do EMGFA (Estado-Maior-General das Forças Armadas), das organizações secretas militares e do MDN (Ministério da Defesa Nacional).
O  EMGFA, comandado pelo chefe de Estado-Maior, Almirante Silva Ribeiro, foi alvo de um "ciberataque prolongado e sem precedentes" que teve como resultado a difusão de documentos classificados da OTAN.
O governo português só soube porque foi informado pelos Serviços de Informações norte-americanos, através da embaixada em Lisboa, com uma comunicação feita diretamente ao primeiro-ministro Antônio Costa, no passado mês de agosto.
De acordo com fontes que estão a acompanhar o caso, considerado de "extrema gravidade", os ciberespiões da Inteligência norte-americana detetaram "à venda na darkweb centenas de documentos enviados pela NATO a Portugal, classificados como Secretos e Confidenciais".
Confrontada com esta informação, a porta-voz oficial da embaixada dos EUA em Lisboa, não desmente, limitando-se a afirmar: "Não comentamos assuntos da Inteligência".
Esta cibercrise está sendo gerida pelo gabinete de Costa, mas várias estruturas ligadas à segurança estão também ativamente empenhadas, como o Gabinete Nacional de Segurança (GNS) e as Secretas Externas (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa) e Internas (Serviço de Informações de Segurança).
No entanto, apesar de ter competências reservadas na investigação da cibercriminalidade, a Polícia Judiciária (PJ), pelo menos até à tarde de ontem, não tinha sido envolvidaquestionada, declinou comentar.
A OTAN exigiu explicações e garantias ao governo português e, na próxima semana, representando o primeiro-ministro Antônio Costa, deverão deslocar-se ao quartel-general da OTAN, em Bruxelas, para uma reunião de alto nível no NATO Office of Security, o secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campolargo, que tutela o GNS; e o próprio diretor-geral deste Gabinete, vice-almirante Gameiro Marques, responsável pela segurança das informações classificadas enviadas para o nosso país.

EMGFA sob suspeita
De acordo com várias fontes da Defesa, depois de terem sido alertados, os peritos do GNS e do Centro Nacional de Cibersegurança juntaram-se aos militares do Centro Nacional de Ciberdefesa, situado no EMGFA, e fizeram um rastreio completo a todo o sistema de comunicações interno da Defesa.
O CEMGFA, Almirante Silva Ribeiro© Orlando Almeida / Global Imagens
Dessa primeira averiguação teriam identificado computadores principalmente no EMGFA, nas repartições militares (CISMIL) e da Direção Geral de Recursos de Defesa Nacional, de onde foram vazados os documentos, sendo constatado, também, que tinham sido quebradas regras de segurança para a transmissão de documentos classificados.
Isto porque, sublinham as mesmas fontes, estas entidades têm ligações seguras  o Sistema Integrado de Comunicações Militares (SICOM)  para receber e reencaminhar os documentos classificados, mas teriam utilizado as linhas não seguras.
"Foi um ciberataque prolongado no tempo e indetectável, através de bots programados para perceber este tipo de documentos, que depois iam sendo retirado em várias fases", explicou uma dessas fontes.

Costa garante "credibilidade de Portugal"
Questionado sobre esta crise e que medidas estavam a ser tomadas para garantir a confiança da OTAN, fonte oficial de S. Bento assegura que "o governo pode garantir que o MDN e as Forças Armadas trabalham diariamente para que a credibilidade de Portugal, como membro fundador da Aliança Atlântica, permaneça intacta".
O primeiro-ministro, António Costa assegura que "a credibilidade de Portugal, como membro fundador da Aliança Atlântica, permanece intacta"
© MIGUEL A. LOPES/LUSA
A mesma porta-voz de Antônio Costa sublinha que "a troca de informação entre aliados em matéria de Segurança da Informação é permanente nos planos bilateral e multilateral. Sempre que existe uma suspeita de comprometimento de cibersegurança de redes de Sistema de Informação, a situação é extensamente analisada e são implementados todos os procedimentos que visem o reforço da sensibilização em cibersegurança e do correto manuseamento de informação para fazer face a novas tipologias de ameaça. Se, e quando, se confirma um comprometimento de segurança, a subsequente averiguação sobre se existiu responsabilidade disciplinar e/ou criminal automaticamente determina a adoção dos procedimentos adequados".
A Ministra da Defesa, Helena Carreiras, diz que "todos os indícios de tentativa de intrusão ou de potenciais quebras de segurança são averiguados"
© Miguel A. Lopes / Lusa
O Ministério da Defesa Nacional, por seu lado, salienta que "todos os ciberataques a qualquer entidade pública são objeto de coordenação estreita entre as entidades que, em Portugal, são responsáveis pela cibersegurança. Todos os indícios de tentativa de intrusão ou de potenciais quebras de segurança são averiguados e, se se verificar um incidente, as autoridades competentes são notificadas e os procedimentos adequados são desencadeados".
Por seu lado, o GNS remeteu a resposta sobre a sua ação para o gabinete do primeiro-ministro.
Uma vez que a PJ não terá sido chamada para instaurar o natural inquérito-crime, fica por saber se foi instaurado algum inquérito interno para apurar responsabilidades nas entidades onde se presume que houve a quebra de segurança.

Vigilância e contrainformação
Esse é, aliás, um dos poderes do GNS, que deve assegurar "a proteção e a salvaguarda da informação classificada emanada das organizações internacionais de que Portugal faça parte".
Segundo a sua lei orgânica, compete-lhe, sempre que haja suspeita ou efetivo comprometimento, quebra ou violação de segurança, determinar a abertura de inquéritos de segurança e proceder à respetiva instrução, indiciar os seus responsáveis e participar, nos termos da lei, às entidades competentes.
Não é a primeira vez que Portugal se vê envolvido numa quebra de segurança de documentos da NATO. Aconteceu também no âmbito do processo do ex-espião do SIS, Carvalhão Gil  condenado por espionagem a favor da Rússia, em 2018  quando foram detetadas falhas de segurança das organizações, na tramitação destes documentos. Portugal foi alvo de uma inspeção do já referido NATO Office for Security.
Victor Madeira, especialista em Segurança Nacional e investigador associado do Centre for Information Resilience, no Reino Unido, destaca que "este caso, mais uma vez, demonstra três pilares essenciais na luta contra atividades hostis no domínio cibernético. O primeiro é haver uma vigilância e interpretação situacional constantes, ambas atualizadas regularmente através de treino e equipamento de ponta para especialistas de talento neste ramo. Segundo, a importância fundamental de qualquer Estado, verdadeiramente soberano, possuir funções eficazes de contrainformações  tanto no domínio mais tradicional da espionagem humana, como também no domínio cibernético. Sem este alicerce crítico, todas as outras funções de Estado e, eventualmente, a própria soberania, desmoronam-se. Finalmente, um terceiro pilar é a importância contínua de alianças e parcerias de Segurança e Defesa Nacional. Sem a colaboração constante entre serviços aliados de segurança e informações, o cenário de ameaças por atores hostis seria muito pior. Especialmente no domínio virtual, onde cada segundo é precioso."
Um despacho assinado pela ministra da Defesa, Helena Carreiras, no passado dia 5 de agosto, vem reforçar o cumprimento da Lei de Programação Militar, em matéria de Ciberdefesa  cuja execução orçamental ficou na casa dos 30% em 2021.
Neste despacho, Helena Carreiras determina que, de 2022 a 2030, sejam investidos 11,5 milhões de euros em "serviços de formação e consultoria especializados em ciberdefesa e na condução de operações militares no, e através do ciberespaço".
COMENTO:  por se tratar de um artigo publicado em mídia de Portugal, tentei adaptar alguns termos que pudessem parecer estranhos ao português usado no Brasil.  

domingo, 11 de setembro de 2022

A Espiã Russa que Infiltrou-se na OTAN

María Adela Kuhfeldt, a espiã russa que logrou infiltrar-se na OTAN
María Adela Kuhfeldt Rivera chegou à Itália há mais de dez anos e, fingindo ser a dona de uma exitosa empresa de joias, conseguiu acessar a alguns dos melhores clubes de Nápoles, frequentados por executivos e oficiais da OTAN.
Uma investigação levada a cabo pelo diário italiano Repubblica, o meio independente The Insider e a revista alemã Der Spiegel, descobriu que a mulher que dizia chamar-se María Adela era, na realidade, Olga Kolobova, uma espiã russa pertencente ao GRU (Glavnoje Razvedyvatel'noje Upravlenije ou Departamento Central de Inteligência), o serviço de inteligência militar das Forças Armadas da Rússia.
O GRU preparou a identidade falsa de Kolobova. Segundo seu passaporte falso, ela nasceu no Peru, mas sua mãe a abandonou ainda  com pouca idade, pelo que teve que enfrentar a vida desde muito jovem. Entre 2009 e 2011 viveu na Europa e chegou a registrar sua própria marca de joias na França.
“Maria Adela”, ao centro, com amigos, inclusive Marcelle D’Argy Smith em Malta em 2010. Foto: Bellingcat, cortesia de Marcelle D’Argy Smith.
Em 2012 se casou com um homem que, segundo disse ela, era italiano, e que morreu no ano seguinte em Moscou. Pouco depois, se mudou para Nápoles, abriu uma loja de joias e começou a ganhar fama como uma exitosa desenhista de joias.
Fotos do casamento de “Maria Adela” e seu marido.
Foto: Bellingcat, cortesia de Marcelle D’Argy Smith
Dessa forma, obteve acesso ao Lions Club Napoli Monte Nuovo que, longe de ser uma organização comum, foi fundado por oficiais napolitanos da OTAN. María Adela, estabeleceu vínculos com alguns destes oficiais a quem convidava para eventos e festas de sua marca de joias.
“Maria Adela” listada como secretaria do Lions Club Monte Nuovo é vista com outros membros em uma foto postada na página da organização.
Em setembro de 2018 desapareceu da Itália de forma repentina. Dois meses depois, publicou uma mensagem no Facebook onde dizia estar passando por um câncer. Porém, a investigação levada a cabo por vários jornalistas, descobriu que, no mesmo dia de seu desaparecimento, Bellingcat e The Insider haviam publicado uma investigação sobre as identidades encobertas de dois espiões do GRU implicados no envenenamento, com Novichok, de Sergey e Yuia Skripal.
Postagem no Facebook sugerindo que “Maria Adela” estava presente em um baile das Forças do Comando Conjunto da OTAN.
Através dessa pista foram descobertas as identidade de muitos outros espiões russos que haviam estado encobertos por anos, entre eles, María Adela Kuhfeldt. Depois de um telefonema de apenas dois minutos, Kuhfeldt comprou uma passagem de ida para Moscou e nunca regressou.
Fonte: tradução livre de LISA News
COMENTO:  temos aí uma rápida descrição de uma Operação de Inteligência que deve ter rendido bons frutos, e poderia render mais se não fosse o cometimento de um assassinato de utilidade duvidosa. As obras de arte sobre Inteligência (livros e filmes) são prodigas em mostrar cometimentos de crimes, como se estes fossem coisas comuns na Atividade de Inteligência. Nada mais falso! A Atividade de Inteligência pressupõe discrição e uso da inteligência. Ações atabalhoadas como um assassinato implicam exatamente na atração da atenção das autoridades sobre o que deveria ser executado em sigilo. Atraindo a atenção, sempre há quem se dedique a buscar pormenores do ocorrido. E a identificação de detalhes até então silentes. No presente caso, alguns jornalistas (de verdade) se dedicaram e descobriram uma falha na elaboração dos documentos que embasaram as identidades falsas dos agentes. O fornecimento de Passaportes com numeração seriada para os agentes russos — provavelmente para facilitar o controle desse fornecimento, o órgão expedidor deve ter selecionado uma série específica para o GRU — deu início a uma investigação, em 2018, que culminou no descobrimento de outra falha. Ao montar a Estória-Cobertura da agente Olga, usaram uma certidão de batismo com data anterior à fundação da paróquia citada como origem do documento. Dessa forma, um erro inoportuno revelou duas Operações e seus Agentes desperdiçando recursos financeiros e, principalmente, humanos.
Para quem gosta de histórias reais de espionagem e Inteligência — bom para quem atua na área — recomendo a página da Bellingcat, que relata mais detalhes desta história da postagem, e contém outras investigações sobre o assunto.

domingo, 4 de setembro de 2022

Quem é o Novo Chefe da Inteligência Colombiana

Casanova, o homem que dirige a DNI
Manuel Alberto Casanova, que militou no M-19, é experto em marketing e, agora, está por trás da Inteligência Colombiana.

Quando estudava Filosofia, Casanova se uniu a um grupo estudantil ligado ao M-19
FOTO CORTESÍA

por Daniel Rivera Marín
Manuel Alberto Casanova Guzmán é um mistério; um homem que deixa poucas pistas e que agora está no comando da Direção Nacional de Inteligência (DNI). Se sabe que é filósofo, que foi guerrilheiro do M-19 e que responde a uma denuncia de assédio trabalhista, supostamente praticado no ano passado quando atuava no programa de Bem-estar ao Aprendiz do Sena; processo que ele também respondeu na via judicial. Para além disso, Casanova é como um personagem de um filme de espionagem: uma incógnita.
Os que conhecem Casanova o descrevem como um homem tímido e reservado, responsável, capaz de grandes cargas de trabalho analítico. No entanto, entre seus ex-companheiros de luta no M-19, poucos dão referencias: nem o ex-senador Antonio Navarro Wolff, nem Vera Grabe; René Guarín diz que não está autorizado a dar nenhuma informação.É um tipo inteligente, mas muito tímido, pouco falador. Muito organizado mentalmente”, diz o escritor e ex-militante do M-19, Otty Patiño.
O M-19 foi uma guerrilha que tinha muitos protocolos de segurança, inclusive, nas missões mais importantes, os guerrilheiros ignoravam muitas coisas da vida de seus companheiros. Mesmo não sendo uma guerrilha de linha soviética, compartilhavam um secretismo muito parecido ao da KGB. Sem dúvidas, dizem que Carlos Pizarro [último líder do M-19] apreciava seu trabalho e que esteve muito apegado a ele em alguns momentos.
Casanova é filósofo formado na Universidade dos Andes, onde estudou entre 1978 e 1982. Foi nesses anos que se uniu a um grupo estudantil que tinha nexos com o M-19. Diz o ex-guerrilheiro Darío Villamizar:Todos no M-19 éramos importantes, mas ele era de uma estrutura bastante clandestina, uma estrutura de forças especiais. Isso tinha sua importância”.
Villamizar não sabia muito sobre essas tarefas devido aque a informação era compartimentada”, o que significa que todos sabiam só uma parte.O 'M' realizava operações especiais, todos tínhamos uma formação político-militar. Alguns recebiam tarefas políticas, e outros, tarefas mais clandestinas ou de campo”.
É um mistério: aparece em poucos arquivos. Petro sequer o menciona em seu livro Una vida, muchas vidas (Planeta, 2021), e lá aparecem Navarro, Grabe, Patiño e os nomes mais notórios do M-19. Um jornalista de Bogotá comentou que:Parece que o diretor da DNI foi um guerrilheiro mais 'hesitante' que Petro”, referindo-se ao fato de que o Presidente nunca participou de ações armadas.
Casanova Guzmán recebeu o beneficio de indulto por haver participado em atos de terrorismo como membro do M-19, segundo a Lei nº 77 de 1989 (concedeu indultos e regulou a cessação de procedimentos penais) e o Decreto nº 206 de 1990; essa decisão [foi questionada e] chegou em 2019 à Corte Suprema de Justiça para rever o perdão, mas o tribunal indeferiu o pedido.
O informe da Comissão da Verdade revela que em 1989 a 30ª Vara de Bogotá ordenou reabrir a investigação contra vários ex-guerrilheiros pelas mortes e desaparecimentos no ataque ao Palácio da Justiça, e entre eles estava o nome de Casanova.
Além de filósofo, Casanova é profissional em Política Pública de Segurança Alimentar pela Escola Superior de Administração Pública e especialista em Gerencia de Marketing pela Universidade Los Andes. Nada de seu perfil diz que seja experto em Inteligência a serviço da segurança do país ou das instituições do Estado, como sucedia com os diretores do DAS — instituição substituída pelo DNI. Sua maior experiência de trabalho reside na direção de equipes comerciais.
Seu último trabalho foi como diretor do Proyecto Colombian Peace Coffee, onde ideou uma estratégia para que em zonas de pós-conflito de Tolima, os camponeses e os ex-combatentes das FARC se unissem para a produção de cafés especiais.Foi um homem muito generoso, bastante inteligente, porque nos ensinava a maneira de trabalhar em colaboração. Nos ajudou a promover marcas e a ingressarmos no Comitê de Cafeicultores como exportadores. Muito tímido. Reservado”.
Desde o indulto ao M-19, o agora diretor da DNI foi diretor geral da Globo Televisión LTDA, um noticiário de televisão; durante oito anos foi gerente de marketing da Sociedade de Marketing de Alimentos Expofruta Ltda., organizou a Fundação para o Desenvolvimento do Conhecimento Avanzar; entre 2004 e 2005 foi consultor superior do projeto de Metrovivienda no bairro El Porvenir, em Bogotá; depois foi consultor de projetos com população deslocada pelo conflito armado para o PNUD; e durante o mandato de Gustavo Petro na prefeitura de Bogotá, atuou na política pública de segurança alimentar da Secretaria de Integração Social.
Nunca teve sequer uma investigação por seu trabalho público o qual, dizem as pessoas — as poucas que falam — próximas a seus labores, desempenhou de maneira destacada. Diz Otty Patiño:Eu creio que Casanova tem a capacidade de conduzir a Inteligência, porque é analítico e muito organizado. Não o havia visto próximo a Gustavo Petro, mas deve haver elementos de confiança entre eles. Eu o vi varias vezes junto a Pizarro, tinham confiança nele porque parecia saber ler muito bem as circunstancias. O "M" era uma guerrilha muito estratégica, mas não de inteligência”.
Algumas pessoas que participaram em reuniões com Casanova nas últimas semanas, dizem que é um homem que escuta, que tem a particularidade de prestar muita atenção a seu interlocutor. Além disso,é visto como alguém franco. O problema com esta gente do "M" é que ninguém sabe quem esteve participando nas ações”.
Por enquanto, a oposição tem dúvidas sobre a nomeação de Casanova. A bancada do Centro Democrático enviou uma carta à Comissão Interamericana de Direitos Humanos para que vigie com cuidado esta designação porqueconstitui um fato grave para a segurança nacional e um abalo às garantias aos membros da oposição democrática na Colômbia”.

¿O que é a DNI?
Após o desaparecimento do DAS, por numerosos escândalos de seu uso de inteligência contra a oposição do governo de Álvaro Uribe, nasceu no governo de Juan Manuel Santos a Direção Nacional de Inteligência (DNI), cuja missão éproduzir inteligência estratégica e contra-inteligência de Estado no âmbito nacional e internacional, desde uma perspectiva civil, orientada ao cumprimento dos fins essenciais do Estado, com fundamento no respeito à dignidade humana”. A missão de Manuel Casanova é que a DNI se converta no principal organismo de inteligência que oriente a tomada de decisões estratégicas do Estado a partir da antecipação de oportunidades, riscos e ameaças que impactem a segurança nacional, a competitividade e o desenvolvimento.
Fonte: tradução livre de El Colombiano
COMENTO:  obviamente, o serviço de inteligência de qualquer país deve ser dirigido por alguém que tenha total confiança do dirigente desse país. E esse dirigente seguirá as diretrizes políticas do dirigente nacional. O problema é a distinção que deve haver entre servir o Estado e servir o Chefe de Estado. Pode parecer algo óbvio, mas não é. No caso atual da Colômbia, deve ser preocupação da nossa ABIN analisar os novos direcionamentos dos trabalhos da DNI  afim de que o relacionamento bilateral seja mantido ou tenha modificações, dentro das mesmas perspectivas de  antecipação de oportunidades, riscos e ameaças que impactem a segurança nacional, a competitividade e desenvolvimento.
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