quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Caçadores de Recompensas Buscam 'Iván Márquez' e 'Gentil Duarte' na Venezuela

Mentores do regime de Maduro tentam enviá-los ao Irã.

Iván Márquez e Gentil Duarte, chefes de dissidências das FARC.
FOTO: EL TIEMPO
A sequência de ataques aos acampamentos das dissidências das extintas FARC em território venezuelano — que iniciou no passado 17 de maio com a morte de ‘Jesús Santrich’ e seguiu com as de ‘Romaña’ e o ‘Paisa’, no início de dezembro — não vai diminuir.
Assim indica um Informe de Inteligência, assinalando que ‘Iván Márquez’, chefe da ‘Segunda Marquetalia’, completou uma semana escondido no estado de Amazonas, na Venezuela. 
O outrora negociador das FARC em Havana está decidindo se volta à Colômbia (por Vichada ou Guainía) ou se finalmente vai para a Nicarágua, depois que terem bloqueado sua viajem para Cuba.

O vídeo de Romaña foi gravado, dias antes de sua morte, de forma clandestina por emissários da Mafia. Foto: EL TIEMPO
Sabe-se que o mesmo comando armado que liquidou os  "lugar-tenentes" da quadrilha seguem ‘Márquez’, ‘Jhon 40’ e ‘Zarco Aldinever’, os cabeças sobreviventes da estrutura criminosa.
Vladimir Padrino López,
ministro da Defesa.
Foto:  AFP
De fato, os caçadores de recompensas também andaram ‘comprando’ dados de outra dissidência que permanece no outro lado da fronteira: a de Miguel Botache Santillana, ‘Gentil Duarte’, e Néstor Gregorio Vera, vulgo Iván Mordisco.
Os enfrentamentos armados em território venezuelano entre essas duas facções criminais — a de ‘Márquez’ e a de ‘Duarte’ — incomodam a influentes granjeiros e empresários dos quais foram ocupados imóveis; um deles conhecido como ‘Peñadero’.
Vários deles são próximos (até mesmo sócios) de dois poderosos do regime, aos quais levaram suas queixas: Diosdado Cabello e o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino.
Militares venezolanos foram sequestrados pelas dissidências de 'Gentil Duarte'.  Foto:  Archivo Particular
A presença e os conflitos entre os bandidos colombianos  também incomodam setores do Exército venezuelano, do qual os ex-FARC já  assassinaram e sequestraram vários integrantes.

Os íntimos de ‘Mordisco’
'Iván Mordisco', um dos chefes
da dissidência.
Foto:  Archivo / EL TIEMPO
De fato, foi denunciada a cobrança de ‘impostos’ que as dissidências vem praticando aos chamados ‘patriotas cooperantes’.
Os extorsionados tratam-se de empresários venezuelanos e, também de narcotraficantes dos quais são cobrados uma substancial percentagem por cada tonelada de cocaína que carregam pelos territórios sob influência da guerrilha, nos estados de Amazonas e Bolívar.
Essas atividades de violência importada tem levado um setor do regime a proporcionar dados e coordenadas de localização dos ex-guerrilheiros colombianos em troca de consideráveis somas que os denominados "caça-recompensas" — não mais de 20 — prometem terminar de pagar com o dinheiro que os governos de Colômbia e de Estados Unidos oferecem pela localização dos membros dessas dissidências.
Passaporte de Álex Saab entre 
os papéis de Pandora.
Foto:  EL TIEMPO
O cerco na Venezuela está se fechando a tal ponto que já se sabe que um grupo vinculado às dissidências de ‘Gentil Duarte’, incluídos familiares, está planejando sair com destino ao Irã nos próximos dias.
A informação que se tem é de que os chamados comandantes ‘Ernesto’ e ‘Adrián’ ou ‘el Intelectual’ estão conseguindo cédulas de identidade e passaportes venezolanos.
O outro a que estão tentando remover é um advogado internacionalista, ligado a ‘Iván Mordisco’, que foi assessor de um dos maiores chefes das ex-FARC.
A intenção é de que possam debandar ao exterior como assessores em matéria de segurança, um mecanismo similar ao que usou, em seu início, Álex Saab”, assegurou uma fonte humana a agentes de Inteligência.

Os IGLA e os fuzis
Agências internacionais investigam entrega de fuzis às ex-FARC.
Foto: Policia Nacional
O informante agregou que estariam pensando fazer o mesmo com aparentados de outros caudilhos que permanecem nas imediações de Capacho — cidade entre San Antonio e San Cristóbal —, próxima à fronteira, e Valencia, custodiados por integrantes do Corpo de Investigações Científicas, Penales e Criminalísticas (CICPC), a anterior PTJ.
Mas, além de deixar os chefes das dissidências fora do alcance dos caça-recompensas, é investigado outro propósito em torno de seu deslocamento ao Irã.
Agências internacionais indagam uma suposta entrega de fuzis às ex-FARC, dentro dos planos que vinham traçando junto com o Hezbolah, o grupo pro-iraniano que vários países ligam a violentos atos terroristas.
Também se investiga o destino de dez (10) dos mais de 3.900 misseis terra-ar portáteis russos (IGLA) que Venezuela tem em seu poder.
Apesar de constarem como baixados do estoque por seu Exército, ninguém sabe sua localização e há temor de que tenham terminado nas mãos das dissidências.



Reunião em Casigua-El Cubo
Nesse local ocorreu a reunião para planejar o atentado contra Iván Duque.
Foto: EL TIEMPO
O sistema de defesa e ataque antiaéreo (os IGLA) lhes permitiria chegar com maior precisão a objetivos como os helicópteros e outras aeronaves militares e de polícia colombianas”, disse um oficial de Inteligência.
Investigam vazamento de informação
 no atentado a Duque. 
Foto: Archivo Particular
E completou dizendo que as dissidências da Frente 33 tem estado atrás de um desses mísseis para executar um ato terrorista antes de 7 de agosto de 2022.
Em uma reunião que fizeram seus chefes — incluído o vulgo Jhon Mechas, o cérebro da sequência de atentados em Cúcuta — foram oferecidos 4.000 milhões de pesos (cerca de 4 milhões de Reais) para repetir os atentados contra o presidente Iván Duque, que falharam em 25 de junho passado.
A reunião, para esse fim, se levou a cabo na zona rural de Casigua El Cubo, capital de um município que se chama Jesús María Semprúm, localizado no estado de Zulia”, explicou uma fonte de Inteligência. E agregou que ‘Jhon Mechas’ ainda permanece nessa zona, a tão somente uns poucos quilômetros de Tibú, Norte de Santander.

A reunião com a CIA
Aeroporto Internacional de Maiquetía, Venezuela. Foto: Google Maps
Sobre ‘Márquez’, agências estrangeiras não descartam que o atentado, em 14 de dezembro passado, no aeroporto Camilo Daza de Cúcuta — que acabou com a vida de dois especialistas em explosivos — tenha sido um ato terrorista diversionista para possibilitar a movimentação do bandido.
Se acredita que, para sair da Venezuela, contariam agora com a complicidade de organizações criminosas locais, como o ‘Trem de Aragua’, que controlam várias passagens fronteiriças ilegais na fronteira.
Nicolás Maduro e seu regime seguem guardando silencio sobre esses fatos. Mas despertou a atenção de vários atores (legais e ilegais) a reunião com um enviado da CIA que teria ocorrido em 7 de dezembro passado.
O que se sabe, até agora, é que no aeroporto de Maiquetía aterrizou o avião estadunidense Phoenix Air 38, o mesmo que teria sido usado em 2019 para evacuar o pessoal da embaixada dos Estados Unidos logo após serem expulsos pelo regime de Maduro.

Os atritos com Daniel Ortega
Daniel Ortega.
Foto: EFE/EPA/AMIT SHABI
/ POOL y Jorge Torres
Para investigadores, ‘Iván Márquez’, que permanece oculto no estado de Amazonas (Venezuela), teria a Nicarágua como sua mais segura rota de escape. Aproveitando que, as relações entre o governo desse país e o colombiano tem se deteriorado.
Primeiro foi pela disputa limítrofe em San Andrés, depois pelo não reconhecimento da reeleição de Daniel Ortega  pela Colômbia, e agora pelas agressivas declarações do presidente nicaraguense, que teriam sido motivadas pela possível chegada de líderes da ‘Segunda Marquetalia’ a Manágua. “Colômbia é um narco-Estado”, disse Ortega nesta semana.
Para o Governo colombiano, se trata de uma estrategia com que Ortega busca distrair a atenção da comunidade internacional, que rechaça com veemência a nova ditadura que se instala no país centro-americano, disse o Ministério de Relações Exteriores em um comunicado.
E adicionou que a resposta de Ortega aos reclamos sobre eleições livres em seu país consiste em atacar a Colômbia para distrair a atenção e censura internacional.
Unidad Investigativa
u.investigativa@eltiempo.com
@UinvestigativaET
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Fonte: tradução livre de El Tiempo
COMENTO:  procurei fazer a tradução na forma como o texto foi publicado, e essa apresentação pode nos aparentar um tanto incompleta, mas é assim que age o jornalismo sério internacional. Apresentam o que foi obtido e as conclusões são feitas pelos leitores.
Pelo visto, parece que o Foro de São Paulo já foi para o saco, pelo menos por enquanto. Não adiantou tentarem "refundar" a quadrilha com o nome de Grupo de Puebla. Sem os recursos financeiros que a quadrilha petista mandava desde o Brasil, nem o petróleo venezuelano — cuja extração definha devido à crise que aflige o regime de Nicolas Maduro — não há "motivação" para os bandidos. E, sabemos, "casa em que falta o pão, todos gritam e ninguém tem razão." O canalha Daniel Ortega, vendo o barco afundar, procura retirar seu feudo do naufrágio iminente. 
Repetindo o que houve no Brasil, os narcoguerrilheiros negociaram um pacto com o fraco governo colombiano que sucedeu Álvaro Uribe — incentivado, tal governo, pelos políticos canalhas vinculados aos terroristas — obtendo inúmeras vantagens. Mas os benefícios foram direcionados só para a cúpula dos canalhas, como sempre ocorre entre "comunistas", e a ralé foi se reorganizar para dar continuidade em suas atividades criminosas. Mais, os EUA não entraram nas negociações. Os criminosos continuam sendo buscados pelos yankees e as recompensas por suas capturas e/ou morte seguem em vigor. Daí o surgimento dos "caçadores de recompensas" que, bem ou mal, estão fazendo o que a justiça falha dos colombianos não faz.
Não esquecendo que as investigações sobre os apoios criminosos às ditaduras socialistas/comunistas seguem ocorrendo. Os delatores venezuelanos estão revelando o que sabem. E na Justiça norte-americana não há os excremerdíssimos brasileiros que autocraticamente anulam processos. Ainda pode sobrar indiciamento para muitos bandidos daqui.
E nesse vai e vem legal, continua o sofrimento do povo daquele país.
Por este motivo, os brasileiros tem o dever, até mesmo a obrigação, de extirpar o câncer representado pelos bandidos travestidos de socialistas/comunistas da vida pública do Brasil. A proteção à vida do Presidente Bolsonaro deve ser priorizada. O General Heleno foi claro. O desespero fará com que a bandidagem tente de tudo. E mais um atentado ao líder do Brasil não é impossível. Se tentaram quando ele ainda era candidato, imaginem agora que sua reeleição é iminente!
Esperemos que não haja necessidade de formação de grupos de caçadores de recompensa por aqui. Se houver, será uma boa fonte de renda para muitos. E fonte de pavor para muitos outros.  

domingo, 5 de dezembro de 2021

Os Planos Ocultos do Hezbolah em Bogotá

O ministro de Petróleo, Tareck El Aissami, é tido como quem abriu as portas da Venezuela ao Hezbolah.  FOTO: Prensa Miraflores. EFE
Um ex-membro de Inteligência, que esteve atuando até há alguns meses no corpo diplomático de Israel na Colômbia, começou a ser seguido pelas ruas de Bogotá.
Informação recolhida por agentes estrangeiros, inclusive do MOSSAD (o poderoso serviço de Inteligência de Israel), indicava que sujeitos vinham espiando suas rotinas na academia, no escritório e até na casa de uma amiga colombiana.

Estados Unidos já advertiram que células do Hezbolah vem sendo dispersando por América Latina. Foto: Arquivo EL TIEMPO
Autoridades colombianas foram notificadas de que tudo indicava que o estrangeiro — que, após cumprir sua comissão diplomática, havia aberto uma companhia de importação e comercialização de câmeras de vigilância e tecnologia — ia ser assassinado.
E apesar de ter sido retirado para Tel Aviv em uma operação discreta e sigilosa, o relato confidencial, destacava que ele não era o único que estava sendo monitorado. Um punhado de estrangeiros aparecia na lista de potenciais objetivos de um grupo de extremistas que opera há anos na região de Bogotá: o Hezbolah.

Pompeo e Duque
Reunião, do presidente Iván Duque e o ex-secretario de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo.  Foto: Presidência
Para alguns oficiais de Inteligência locais, que há anos haviam detetado a presença desse grupo pró-iraniano — qualificado como terrorista por vários países, incluído os Estados Unidos e Colômbia — o relatório causou surpresa.
Até agora, o que se sabia era que o Hezbolah só atuava buscando financiamento por meio de negócios (legais e ilegais) ligados ao setor têxtil, da construção, de carnes e de carvão.
Porém, antes da explosão da pandemia e em plena visita a Bogotá, o então secretario de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, já havia lançado um alerta sobre a latente ameaça. E, agora, agências estrangeiras já começaram a falar de possíveis ações terroristas.
Assim foi informado o governo de Iván Duque, segundo altas fontes oficiais. De fato, essas advertências estão ligadas às polêmicas declarações feitas pelo ministro de Defesa, Diego Molano.
Aqui temos um inimigo comum e é o caso de Irã e Hezbolah, que opera contra Israel, mas também apoia o regime da Venezuela e, portanto, é um esforço importante de intercambio de informação e Inteligência o que desenvolvemos com as Forças Militares e Ministério de Defesa de Israel, disse Molano.

A outra delegação na mira
No encerramento de sua visita oficial a Israel e após varias críticas a seu ministro, o presidente Iván Duque teve que dar uma rápida guinada diplomática e marcar limites esclarecendo que há relações com Irã desde 1975.
Diego Molano, ministro Defesa.
Foto: Arquivo El Tiempo
Colômbia não usa a palavra inimigo para referir-se a nenhum país (…) Isso não quer dizer que não tenhamos diferenças em temas puntuais com Irã (…) Sempre levantaremos nossa voz, em qualquer cenário internacional, contra a proliferação de armas nucleares
, afirmou o mandatário.
No entanto, a informação que está na mesa, qualificada como sensível, está sendo tomada muito a sério por Colômbia e outros governos.
De fato, em recente entrevista, o ministro Molano confirmou que há dois meses se desenvolveu uma operação para capturar e expulsar dois criminosos patrocinados pelo Hezbolah, que tinham intenções de cometer um ato criminoso na Colômbia.
No dossiê que cita a informação cedida pelo MOSSAD (entre outras agências) se destaca que, além do ex-diplomata israelense, também estariam em risco membros da delegação dos Estados Unidos em Bogotá.
Diz, também, que os ‘cérebros’ dos potenciais atentados estão na Venezuela. Inclusive, há pouco tempo, houve uma visita discreta naquele país, de três diretores de MOSSAD, para tratar do assunto.

O General e os ex-FARC
O General Soleimani era um dos chefes militares mais poderosos do Irã. Foto: EFE
O pano de fundo dos potenciais atos terroristas é um plano muito mais ambicioso que, conforme a Informação de Inteligência, inclui outros países da região, entre eles os EUA.
Se trata de uma eventual resposta à morte do general Qasem Soleimani, o poderoso e temido chefe da Força de Elite Quds do Irã.
Soleimani foi morto nos arredores do aeroporto de Bagdá, no Iraque, em 3 Jan 2020, em um ataque aéreo estadunidense executado com drones.
Ainda que seis meses depois tenham executado Mahmoud Mousavi Majd, o tradutor acusado de haver entregue informação à CIA e ao MOSSAD sobre os movimentos do general, a morte de Soleimani é considerado um tema pendente.
A Informação que chegou à Colômbia destaca que
El Paisa - Hernán Darío Velásquez
Foto: Twitter: @MargaritaRepo
o Hezbolah estaria usando membros das dissidências das ex-FARC para as vigilâncias em Bogotá.
De fato, investigam se homens de Hernán Darío Velásquez, vulgo "El Paisa", estão executando esse labor, o que coincide com documentos achados pela Polícia e Procuradoria Geral em um computador apreendido em Cali no agosto passado.
Ali encontraram planos das dissidências da ‘Segunda Marquetalia’ nos quais falam sobre executar uma ação de alto impacto.
Inclusive, dizem que já haviam lançado homens no terreno, o que coincide com a historia do israelense que teve que ser tirado de Bogotá para Tel Aviv.
Mais ainda, no dossiê de Inteligência se fala que dissidentes das ex-FARC estariam recebendo armamento e treinamento em território venezuelano para executar essas ações.
O propósito é que o pessoal das ex-FARC realizem as tarefas e não apareçam forças estrangeiras vinculadas”, disse um agente.

A espionagem sofisticada
Tareck El Aissami, teria aberto as
portas da Venezuela ao Hezbolah.
Acrescentou, ainda, que para facilitar os planos, na Venezuela já opera um sistema de espionagem (ou Unidade Estratégica Radio-eletrônica) avançado, com o que escutam comunicações em Cúcuta e tem interceptado até  vídeo-conferencias do Exército e da Polícia.
O que diz o agente coincide com o especialista em segurança e defesa Johan Obdola sobre a participação da Venezuela nesta trama.
Nos últimos anos, tem ocorrido um processo constante de presença do Hezbolah na Venezuela e a provisão de identificações a seus elementos, os quais tem se dispersado pela América Latina. Tareck El Aissami (hoje ministro de Petróleo) foi quem abriu a porta para essa organização na Venezuela e logo se estabeleceu o nexo com as FARC e outros grupos de colombianos”, explicou Obdola.
Johan Obdola, especialista em
 Inteligência e Segurança.
Foto: Archivo Particular
E acrescentou que Colômbia é um ponto sensível onde se desenvolve uma grande operação de espionagem por parte do regime de Nicolás Maduro, com assistência e participação direta de vários agentes externos, incluídos cubanos.
Segundo o especialista, o Hezbolah tem na região “células adormecidas, que podem ser ativadas em qualquer momento, cuja capacidade, estratégias e técnicas terroristas são de alto nível de efetividade; que devem ser consideradas seriamente, independente da cara diplomática que mostrem”.

¿O quê vem agora?
Além disso, autoridades sabem que o ELN também tem nexos com essa organização.
Um sujeito identificado como Cristóbal Grimaldo, vulgo Jaime, é o enlace entre essa quadrilha e o grupo de origem libanesa.
Marta Ramírez, chanceler. 
Por enquanto, a chanceler e vice-presidente, Marta Lucía Ramírez, se reunirá com o embaixador do Irã, Mohammad Ali Ziaei, em decorrência da polêmica desatada após as declarações do ministro de Defesa, Diego Molano. De fato, o episodio suscitou um pronunciamento do Irã e críticas ao ministro Molano.
Mas analistas acadêmicos asseguram que Colômbia, tanto no que resta desta administração quanto nas que se seguirem, tem que tomar posturas mais firmes sobre a venda de armas de Irã à Venezuela e não subestimar a possibilidade de que se possa chegar a produzir uma ação do Hezbolah em algum ponto do território nacional.
Porque, sublinham, o ataque em 1994 contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em Buenos Aires, que deixou 85 mortos e mais de 300 feridos — e que foi obra do Hezbolah —, ilustra até onde eles podem chegar.

A resposta que deu a diplomacia iraniana
Mohammad Ali Ziaei, embaixador 
do Irã em Bogotá.
Irã e Colômbia são dois países amigos e tem uma histórica relação. A destruição dessa relação não beneficia aos povos dos dois países, assinalou, através de um comunicado, o embaixador da República Islâmica do Irã em Bogotá, Mohammad Ali Ziaei.
O embaixador iraniano também se referiu às relações do Irã e Venezuela. A respeito, advertiu que estas se concentram em termos beneficiosos não só para as partes, mas também para a região, rechaçando as afirmações sobre o comercio de armas (mísseis) entre ambos países.
Sem dúvidas, informes de Inteligência destacam que 3.970 mísseis iranianos estão já em plataformas instaladas na Venezuela e que há outros tipos de apoio militar a Caracas.
De fato, Estados Unidos investiga se o colombiano Álex Saab — capturado em Cabo Verde quando ia para o Irã — teve nexos com essas aquisições, que são monitoradas por agencias estrangeiras.
Unidad Investigativa
u.investigativa@eltiempo.com
No Twitter: @UinvestigativaET
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Fonte: tradução livre de

sábado, 20 de novembro de 2021

EUA Não Querem Pagar Recompensa Oferecida Por Criminoso

O dedo que cortaram de ‘Santrich’ desata controversia nos EUA.
Ao redor do corpo de Seuxis Pausias Hernández, vulgo Jesús Santrich, seus camaradas das dissidencias da ‘Segunda Marquetalia’ encontraram varios fuzis da Guarda Nacional Bolivariana, estilhaços de granadas e estojos de munição do Exército do regime de Nicolás Maduro.
Cartaz oferecendo recompensa
pelo quadrilheiro das FARC.
Foto: El Tiempo
Inclusive, logo que se revelou que ‘Santrich’ havía sido abatido, em 17 de maio passado, em seu acampamento  na zona rural de Villa del Rosario de Machiques, estado de Zulia , as ex-FARC sairam a lançar ameaças e acusações.
Disseram que homens de um comando armado o havíam aniquilado e que fugiram em um helicóptero amarelo, levando a falange do dedo mínimo de sua mão direita. Ainda, que o grupo de assalto estava integrado por membros do Exército colombiano, comentário que Daniel Palacios, Ministro do Interior, qualificou de fantasioso e sem fundamento.
O caso parecía ter sido sepultado como o corpo de ‘Santrich’, processado por narcotráfico nos Estados Unidos, cujo governo oferecía uma recompensa de 10 milhões de dólares por sua localização.

Os desmobilizados delatores
'Jesús Santrich' estava protegido
em Caracas. (Archivo Particular)
Todavia, um Informe sigiloso sobre o ocorrido naquele dia evidencia que o assunto ‘Santrich’ segue vivo e que três desmobilizados junto a membros da Guarda Bolivariana foram peças fundamentais na operação, executada em territorio venezuelano, e à qual o regime nunca se referiu.
Ali se assegura que o objetivo inicial era o escorregadio ‘Iván Márquez’, o outro cabecilha das dissidências.
Mas ‘Santrich’  que fugiu da Colombia, em 2019, quando a JEP [Justiça Especial de Paz] o deixou livre ante o pedido de extradição dos EUA  começou a ser visto em Machiques, próximo à serra de Perijá, que controlava quando usava o camuflado de guerrilha das FARC.
Segundo informação de um Oficial de Inteligência, na mesma semana em que ‘Santrich’ ameaçou de morte o Presidente Iván Duque, os desmobilizados começaram a entregar dados do quadrilheiro.
Memento mori” (lembra que vais morrer), ele disse a Duque em uma gravação divulgada em fevereiro de 2021.

¿Na conta das despesas sigilosas?
'Jesús Santrich' fugiu em 2019, logo após ser solto pela JEP.
Foto: César Melgarejo/El Tiempo
Mais, os três informantes asseguraram que a perda de visão de ‘Santrich’ avançava com rapidez e que ele tropeçava e caía com frequência.
De maneira simultânea, varios membros do comando armado — uns 20 homens  começaram a chegar na região, para misturar-se aos moradores e executar o golpe de mão a uns poucos kilômetros da fronteira: “Foi feita uma especie de bolha de segurança”.
A operação foi tão efetiva que até anunciam que os desmobilizados já demandam uma recompensa de 300 milhões de pesos, de uma conta de gastos sigilosos.
A impressão digital do dedo desmembrado foi comparada com o registro papiloscópico de Seuxis Pausias Hernández e coincidiu plenamente.
'Iván Ríos' foi morto por um homem de sua confiança, que lhe
cortou a mão direita para comprovar a ação.  Foto: El Tiempo
E agora, diz o documento, está sendo acionada a cobrança dos 10 milhões de dólares aprovados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos como recompensa por ‘Santrich’.
Pedro Pablo Montoya Cortés
Foto: Mauricio Moreno
Na Colombia já existe um antecedente similar quando o quadrilheiro Pedro Pablo Montoya, vulgo Rojas, cortou a mão direita do membro do secretariado das FARC conhecido como ‘Iván Ríos’, após matá-lo, em março de 2008.
Com a mão decepada em um recipiente térmico e um computador pessoal de ‘Ríos’, provou que o havía morto e começou a cobrar uma recompensa de 1,5 milhões de dólares.
Mas ‘Rojas’ não recebeu um centavo e, pelo contrario, foi condenado a 18 años de cárcere. Por fim, em 2019, depois de juntar-se ao processo de desmobilização das FARC, foi assassinado.

O ‘não’ de ‘Tío Sam’
No caso de ‘Santrich’, se estabeleceu que as autoridades dos Estados Unidos não foram convencidas pelo dedo decepado.
Segundo o Informe reservado, o objetivo era ‘Iván Márquez’ (esquerda). Mas ‘Santrich’ se deixou ver na fronteira. Foto: AFP
Até mesmo, já emitiram uma primeira negativa para pagar a recompensa pelo narco-guerrilheiro.
Para a justicia estadounidense, a única prova de que alguém está morto é o cadáver. E o de ‘Santrich’ está enterrado em algúm lugar da Venezuela.
Porém, as gestões ante a justiça dos Estados Unidos continúam através do grupo que fez a “inteligência dominante” da ação.
E como prova de que o chefe das dissidencias morreu, alegam o fato de que a Polícia já o retirou do cartaz de recompensas que oferecem pelos outros cabecilhas da ‘Segunda Marquetalia’.
Também anexaram supostas fotos do cadáver, mas tampouco convenceram os agentes federais americanos.
Esta é a circular da Interpol contra 'Iván Márquez', 
chefe da 'Segunda Marquetalía'.  Foto: Policía
Oficialmente, porta-vozes autorizados do Exército disseram que não pagaram nem um só centavo de recompensa pela morte de ‘Santrich’.
Também foi feita uma consulta sobre o caso à Polícia, e seu alto comando fez saber que não tem nada a ver com o tema.
Unidad Investigativa
u.investigativa@eltiempo
@UinvestigativaET
Temas relacionados: 
Fonte: tradução livre de El Tiempo

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Missão Cumprida, Estela!

por Sérgio Pinto Monteiro*
Imagem: O Globo - edição de 6 de Novembro de 1969
“Quero este mundo assim como ele é, com sonhos para sonhar, problemas para resolver e lutas para lutar”.
(Estela). 
O processo histórico brasileiro, especialmente os episódios ocorridos durante os chamados “governos militares” — 1964 a 1985 — tem sido objeto de análises, narrativas e interpretações dos mais variados matizes, nem sempre focados na verdade dos fatos. A vasta literatura disponível sobre aquele período assim o demonstra. Há muito que no Brasil proliferam jornalistas, pesquisadores e pseudo-historiadores comprometidos, apenas, em contar a história à luz de suas posições politico-ideológicas e, até mesmo, por vezes, reescrever e inventar fatos e ocorrências. 
O ano de 1969 foi um dos mais conturbados daqueles dias. Pouco antes, com a intensificação da luta armada desencadeada pelos opositores da contrarrevolução de 1964, o governo federal editou o Ato Institucional nº 5, cujo objetivo, entre outros, era o de enfrentar e derrotar os rebelados que tentavam, a todo custo, a tomada do poder. Nesse contexto, sucederam-se inúmeros confrontos armados entre revoltosos e agentes do Estado, um dos quais ocorreu em 4 de novembro de 1969, na Alameda Casa Branca, próximo à Avenida Paulista, em São Paulo.
Carlos Marighella foi um ex-deputado do Partido Comunista Brasileiro. Dissidente do PCB, fundou, em 1962, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), com o qual rompeu e acabou expulso. É de sua autoria o Mini Manual do Guerrilheiro Urbano, publicado em vários idiomas, onde ensina aos seus comparsas como matar pessoas, explodir instalações, sequestrar, torturar. Em 1964, o terrorista Marighella foi baleado e preso num cinema do Rio de Janeiro. Solto pela Justiça, criou a Ação Libertadora Nacional, organização terrorista responsável por inúmeras ações criminosas, inclusive o sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Elbrick.
Marighella foi um dos alvos da Operação Bandeirante, desencadeada pela polícia paulista. Sua morte polêmica, em confronto com as forças policiais, tem sido objeto de inúmeras versões, algumas totalmente inverossímeis. Na época, os principais jornais do país noticiaram, em manchetes de primeira página, que Marighella teria sido traído por dois frades dominicanos, seus amigos e cúmplices, detidos anteriormente. Numa tentativa de prender o terrorista, o Delegado Sérgio Paranhos Fleury, do DOPS paulista, planejou, em 4 de novembro de 1969, uma emboscada na Alameda Casa Branca. O dispositivo contava com a participação de vários policiais disfarçados, inclusive duas investigadoras. Uma delas, Estela Borges Morato — recém-nomeada em concurso público para a polícia civil de São Paulo — e Ana Pereira Leite. No relato da época, a policial Estela estava num veículo particular, parado no local, simulando um namoro com o Delegado Rubens Tucunduva.
A dinâmica da ocorrência até hoje não foi totalmente esclarecida. Há versões conflitantes e até claramente fantasiosas, inclusive da desacreditada “Comissão da Verdade” que, estranhamente, concluiu não ter havido tiroteio e que Carlos Marighella foi sumariamente executado. Estranhamente porque, se não houve enfrentamento, como justificar a existência de outras vítimas, inclusive policiais? Alegam os defensores dos terroristas — sem provas — que os agentes da lei teriam sido vitimados pelo chamado “fogo amigo”. Ao final da operação, logo após as 20 horas, além do terrorista Marighella, morreu um transeunte, o protético Friederich Rohmann. A investigadora Ana Pereira Leite ficou levemente ferida. O Delegado Tucunduva foi gravemente atingido na perna [NR: o que lhe causou sequela permanente] e sua parceira, a jovem investigadora Estela Borges Morato, de 22 anos, foi atingida por um tiro na cabeça, falecendo três dias após, no Hospital das Clínicas.
No sepultamento, seu corpo foi conduzido num Carro de Bombeiros, seguido pelo governador de São Paulo, Abreu Sodré e pelo Secretário de Segurança, General Viana Moog. Diante de uma chuva torrencial, centenas de policiais dispararam para o alto, saudando a Agente 2706.
Estela Borges Morato foi homenageada com a designação do seu nome para uma das ruas da cidade de São Paulo e para uma Escola Estadual. Muito pouco para quem, tão jovem, perdeu a vida combatendo terroristas. Lamentavelmente, na Alameda Casa Branca, no local onde Estela tombou, há hoje uma placa homenageando o bandido Marighella, recentemente travestido de herói em filme nacional. Tempos estranhos. Creio ter sido Estela a nossa primeira policial feminina sacrificada no cumprimento do dever.

Lembrando Estela
Estela Borges Morato nasceu em Campo Limpo, São Paulo, em 22 de janeiro de 1947. Filha de policial civil, cursou o primário no Externato Santo Antônio e no Colégio Paulistano, o ginasial e o científico. Em 1964 participou de um concurso bíblico instituído por uma estação de rádio da Capital Paulista, obtendo o primeiro lugar.
Recebeu como prêmio mil discos e um aparelho de televisão. Em 18 de dezembro de 1965 casou-se com Marcos Morato, com quem permaneceu unida até a sua morte em 1969. Foi bancária, ingressando no Banco Comércio e Indústria de São Paulo, em 1966, através de concurso. Aperfeiçoando-se na profissão, fez o curso de grafo-datiloscopia bancária, denominado "Preventivo de Falsificação", da Academia de Polícia de São Paulo, se familiarizando com a atividade policial.
Em 1969, foi nomeada investigadora de polícia, após prestar concurso público. Como primeira lotação, foi destacada para atuar no Departamento de Ordem Política e Social, onde, segundo os seus chefes, foi um exemplo de disciplina e abnegação ao serviço público. Dois meses antes de sua morte, ainda bancária, Estela escreveu uma crônica no jornal do Sindicato dos Bancários, onde revelava sonhos e desejos que, tristemente, seriam frustrados pela infâmia do terrorismo:
Que tipo de mundo você queria? Para esta pergunta, a resposta é sempre a descrição de uma utopia. Porém, eu gosto deste século, cheio de vivacidade e colorido, planos e esforços que nos fazem participar de uma experiência excitante e maravilhosa, sendo exatamente isso que dá a vida sua única atração verdadeira. Vida é movimento. Quero este mundo assim como ele é, com sonhos para sonhar, problemas para resolver e lutas para lutar. Vivamos intensamente a vida que Deus nos deu, afinal ela nos oferece mais prazer que dor, mesmo que haja sempre algo para ser resolvido ou remediado. Este mundo merece voto de confiança, porque ele é bom, só é mau para gente dura e de cabeça mole. O homem, enfrentando suas dificuldades, pode mostrar que é homem, aceitando o desafio. As dificuldades serão superadas e a vida valerá a pena ser vivida. Afinal já conquistamos a Lua.
“Estela”
DESCANSE EM PAZ, JOVEM E LINDA GUERREIRA.
JAMAIS A ESQUECEREMOS.
MISSÃO CUMPRIDA, ESTELA!
*é Professor, Historiador e Oficial da Reserva do Exército. 
É fundador, ex-presidente e Patrono do Conselho Nacional de Oficiais da Reserva. 
É membro da Academia Brasileira de Defesa, da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e do Instituto Histórico de Petrópolis. 
É presidente do Conselho Deliberativo da Associação Nacional dos Veteranos da FEB e vice-presidente da Liga da Defesa Nacional/RJ.
Recebido por mensagem eletrônica. 

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

A Estranha Morte do Espião Venezuelano em Bogotá

Corpo de Alejandro Olivares, das obscuras Forças de Ações Especiais, da Venezuela, foi achado em Miranda.
Alejandro Emel Olivares González levava em seu bolso um velho cartão que o certificava como membro das obscuras Forças de Ações Especiais (FAES) a serviço do regime venezuelano.
Por esse documento e por haver pago 2,5 milhões de pesos (cerca de R$2.500,00) para obter uma identidade colombiana, se confirmou que vinha cumprindo tarefas de espionagem na Colômbia. A Polícia Judicial de Migração à Colômbia e o Batalhão de Contrainteligência de Fronteiras do Exército Nacional o detiveram, em 20 de maio de 2020, em Madrid, Cundinamarca.
Dep Hernán Alemán.
Ainda que Olivares tenha jurado ser colombiano e dito viver na região, havia sido visto em centros comerciais de Bogotá e no Hotel JW Marriott (na zona financeira) seguindo o deputado Hernán Alemán, opositor ao regime de Maduro.
Nessa época, estavam preparando a Operação Gideão, um suposto golpe armado contra Nicolás Maduro, que este terminou infiltrando e desarticulando. Alemán, o homem a quem Olivares seguía, resultou ser um dos cérebros da frustrada incursão armada na Venezuela por parte de um grupo de mercenários.
Alemán morreu, dois meses depois, de Covid-19, e não se voltou a saber mais nada do espião, até alguns dias atrás.
Documento colombiano que o espião venezuelano Alejandro Olivares obteve mediante pagamento de 2,5 milhões de pesos.
Tiroteio e perseguição
O membro das FAES terminou envolvido em uma perseguição policial pela autopista Regional do Centro, no estado de Miranda (Venezuela).
No passado 10 de setembro, homens da Divisão Antirroubos do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC) o perseguiram e trocaram disparos com ele.
O espião, expulso da Colômbia há cerca de um ano, se mobilizava em um carro Chery, modelo Orinoco, de cor branca e sem placas.
Segundo o relatório oficial, Olivares terminou colidindo seu veículo contra um barranco na borda da via, próximo de um aterro sanitário conhecido como La Bonanza (cerca de 20 Km ao sul de Caracas).
Joedan Goudreau, o ex-marine, apareceu em um vídeo dizendo ser o cérebro da incursão militar na Venezuela.
¿Qué sabía Olivares?
Encontraram com ele uma pistola Glock e munição 9 milímetros. Aparentemente, Olivares perdeu o controle do veículo após receber vários impactos de tiros. O caso permaneceu sob reserva durante cinco dias.
Agora, ex-companheiros de Olivares, de 31 anos, estão indagando como ele deixou de ser um dos integrantes do regime nas tarefas de espionagem a opositores na Colômbia para ser um objetivo dos homens do CICPC.
Quando começaram a perguntar sobre o tema apareceu uma ordem de apreensão contra Olivares, expedida pelo 3º Tribunal de Controle, do estado de Zulia. Segundo o documento, ele era investigado por sequestro, desde agosto de 2012.
Porém, o cartão que o identifica como oficial das FAES, Adjunto da Base Territorial de Inteligência (BTI) do estado de Falcón, é posterior a esse processo.
De fato, seus ex-companheiros asseguram que é pouco provável que alguém seja perseguido e baleado por homens do CICPC por um caso de sequestro, e menos ainda se havia cumprido missões a serviço das FAES.

‘Sippenhaft’: tortura nazi
É claro que Olivares tinha informação importante. De outra maneira não se explica como passou mais de um ano na Venezuela sem que o detivessem, disse um ex-companheiro.
Um outro pergunta por que Olivares não foi detido por ocasião de sua expulsão pela Migração da Colômbia.
Por isso não duvidam em afirmar que Olivares pode ter sido silenciado. Para esclarecer o fato, agora, tentam localizar Herierv José Borja Pirona e Wilnelmary Lourdes Callejas, o casal de venezuelanos que foi detido e expulso da Colômbia junto com Olivares.
Wilnelmary Lourdes Callejas, Olivares e  Herierv José Borja Pirona foram detidos e expulsos.
Destacam que este caso pode estar vinculado às torturas e perseguições a que estão sendo submetidos cidadãos venezuelanos supostamente vinculados à Operação Gideão.
Francisco Cox, da Missão de Determinação de Fatos sobre Venezuela, da ONU, se referiu a esses padrões de violações de direitos humanos por parte do regime para silenciar a oposição.
Um documento dessa missão detalha que funcionários da Direção de Contrainteligência Militar (DGCIM) vem aplicando táticas de tortura nazi.
No item 73 do informe da missão se afirma que a perseguição da ditadura não se limitou às figuras opositoras: se concentrou, também, em seu entorno.
Testemunhas e vítimas dizem que agentes de segurança ou de inteligência presumivelmente utilizaram táticas criminais, incluindo o sequestro ou a detenção de membros da família de opositores reais ou supostos, para obter as prisões”.

O efeito Clíver
Clíver Alcalá, preso nos EUA
Um acusado de participar da Gideão disse que “o torturaram e disseram que aplicariam o sippenhaft: tática de castigo coletivo usada por nazis”: é a suposta responsabilidade familiar por um delito.
Autoridades dos Estados Unidos tem observado esses episódios e, nos próximos dias, se saberá se um dos implicados entregará informação relevante.
Se trata do capturado e extraditado general Clíver Alcalá, suposto cérebro de Gideão e sócio do falecido deputado Alemán nessa suposta conspiração.
Alcalá, investigado por fazer parte do ‘Cartel dos Sóis’, está pronto para chegar a um acordo de colaboração e a revelar o que se passou com a fallida operação e até onde ela foi manipulada por Maduro.

Leia também:
UNIDAD INVESTIGATIVA
u.investigativa@eltiempo.com
@UinvestigativaET
Fonte: tradução livre de El Tiempo
COMENTO: as atividades de espionagem não se deixam esmorecer na América Latina. Cabe aos nossos órgãos de Contrainteligência impedir que tais atividades forâneas sejam desenvolvidas em território brasileiro. Os interesses estrangeiros vão desde as riquezas existentes na Amazônia às rotas de tráfego ilícito de drogas, armas e munições, passando por operações obscuras com objetivos políticos.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Comandante da Marinha Denuncia “DOPS do Xandão” no STF

O engenheiro, fuzileiro naval e capitão de mar e guerra da Marinha, Sérgio Ricardo Ferreira, protocolou uma denúncia na Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar a “atuação de uma Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS)” dentro do Supremo Tribunal Federal (STF).
O protocolo da denúncia na PGR é: PR-RJ-00081324/2021.
Em postagem no Twitter, o comandante clama por liberdade e afirma que o Brasil já se tornou uma ditadura semelhante à cubana por causa dos “prisioneiros políticos perpetrados pelo DOPS do Xandão, referindo-se ao ministro Alexandre de Moraes, que ainda atua na Suprema Corte..

No texto, o capitão diz que há “fatos graves que atentam [contra] o nosso Estado de Direito e a soberania nacional

O que foi o DOPS?
O Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), criado na década de 1920, foi um órgão do governo brasileiro utilizado principalmente durante o Estado Novo e mais tarde no Regime Militar. O órgão tinha a função de assegurar e disciplinar a ordem militar no país e foi instituído pela lei nº 2034 que tratava de reorganizar a Polícia do Estado.
Os chamados DOPS eram na verdade a Polícia Política de cada estado, responsável pela repressão a adversários do Governo, desde a Primeira República.
Estes departamentos de política política estavam estruturados a partir de delegacias, divisões ou departamentos da Polícia Civil de cada estado, com destaque para São Paulo e Rio de Janeiro, que na época era capital Federal.
Quem fosse fichado no DOPS teria dificuldades diversas. Por exemplo, para conseguir um emprego teria que apresentar um “Atestado de Antecedentes Políticos e Sociais, o famoso “Atestado Ideológico. Porém, o DOPS só emitia o documento para quem não fosse fichado.
O Departamento foi extinto com a Constituição de 1988.
Para sustentar a acusação, o oficial aponta os fatos abaixo:
— Manutenção de delegados politicamente alinhados
O ministro Alexandre de Moraes, determinou pelo STF em 24 de abril de 2020, a manutenção dos delegados que atuavam – e ainda atuam – nos inquéritos da Corte, para evitar que a troca do diretor-geral da Polícia Federal mudasse a orientação das investigações.
Comunique-se ao Diretor Executivo da Polícia Federal, em exercício, que, no âmbito da Polícia Federal, as investigações neste inquérito deverão continuar a ser conduzidas pelo Delegado Federal Alberto Ferreira Neto, em São Paulo e da equipe de Brasília, composta pelos Delegados Federais Igor Romário de Paula, Denisse Dias Rosas Ribeiro, Fábio Alceu Mertens e Daniel Daher”, diz trecho da decisão de Moraes.
Na altura, os delegados trabalhavam em dois casos que Moraes é o relator e responsável por coordenar as investigações com a PF.
Um deles é o 4.781, apelidado de “inquérito das fake news” pelo ministro, mas conhecido como “inquérito do fim do mundo” entre juristas. Em hipótese, trata da suposta distribuição de notícias falsas e da teoria do “gabinete do ódio.
O outro é o 4.828, conhecido como “inquérito das manifestações antidemocráticas” que em tese apuraria protestos “contra a democracia.
A determinação do ministro aconteceu poucas horas após o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, pedir demissão e acusar o presidente Bolsonaro de interferir nas investigações da PF, por ter exonerado o diretor-geral, Maurício Valeixo.
Segundo o comandante Sérgio, este fato aponta a tendência de indicar delegados alinhados a partidos políticos como Igor de Paula, ligado a Sérgio Moro.

— Controle absoluto do ministro
Ferreira aponta ainda declarações destes delegados que foram veiculadas numa reportagem do site UOL, poucos dias depois da determinação, em 12 de maio.
De acordo com os relatos obtidos pelo UOL, os delegados não têm acesso sequer a informações básicas do inquérito, como quem é investigado formalmente. Eles também disseram que as informações produzidas não são compartilhadas oficialmente com os outros, que as equipes não recebem retorno sobre os relatórios que enviam ao gabinete do ministro e que quando recebem uma ordem, ela contém os elementos mínimos para serem cumpridas.
É como se fosse um quebra-cabeça onde apenas ele encaixa as peças e consegue ver a imagem que está sendo formada. O ministro Alexandre desenhou a investigação dessa forma blindada desde o começo. Parece que já previa tentativas de interferência nisso.” – disse um delegado da PF.
Em outras palavras, apenas o ministro Moraes e seu gabinete possui uma visão completa do que há no inquérito, conclui um jornalista.
O capitão Sérgio afirma queeste fato define com clareza a atividade clandestina dessa organização de investigação no STF, semelhante ao DOPS.

— Não é segredo: já estava visível
Em 28 de abril de 2020, se tornou pública uma divisão na Polícia Federal entre apoiadores do presidente Bolsonaro e defensores da operação Lava Jato. A disputa na época ficou conhecida como “bolsonaristas contra lavajatistas.
Nesta data o presidente Bolsonaro nomeou o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Alexandre Ramagem, para a vaga aberta por Maurício Valeixo ao deixar a direção da PF.
A nomeação causou polêmica, pois Ramagem era próximo da família Bolsonaro.
Foi neste cenário dividido dentro da PF, cujos bastidores já não eram segredo a mais ninguém, que membros da instituição, jornalistas e analistas políticos começaram a fazer apostas publicamente, sobre qual turma venceria a disputa: “lavajatistas” ou “bolsonaristas.
Acontece que, ser “lavajatista”, significa indiretamente, ser aliado do ministro Alexandre, pois este conduzia seus inquéritos com delegados ligados a Sérgio Moro.
As duas investigações [dos inquéritos 4781 e 4828] estão aos cuidados do juiz Alexandre de Moraes. No dia em que Moro deixou o Ministério da Justiça com acusações a Bolsonaro de “interferência política” na PF, Moraes blindou os delegados de ambos os inquéritos. Enviou à direção da PF um despacho a determinar que não haja troca nas duas equipes., observou o jornalista da Carta Capital.
Com base nesta situação, noticiada naquele final de abril pela revista Carta Capital, o capitão Sérgio afirma que “já antecipava o que seria a atuação dessa Delegacia de Policia Política no STF.

— A preocupação de Moraes
Enquanto toda imprensa noticiava a briga entre o presidente da República e o ex-ministro da Justiça, um fato grave passou despercebido, embora explícito e público.
Toda mídia manteve o foco nas acusações feitas por Moro contra Bolsonaro. Ele afirmou que o presidente teria interferido na Polícia Federal ao demitir o diretor-geral da PF, para ter acesso a investigações e relatórios da entidade, o que é crime.
Em outras palavras, o ex-juiz acusou o presidente de demitir o comando da PF para ditar o rumo das investigações.
A disputa acima despertou paixões em expectadores engajados de ambos os lados e fez com que ninguém prestasse atenção na determinação de Moraes em blindar os delegados federais sob seu comando. A decisão do magistrado surgiu em uma questão de horas.
A cadeira de Moro ainda estava quente e Moraes já tinha determinado a manutenção de “sua equipe, tamanha era preocupação em não perder o mando sobre o rumo das investigações.
Isto é notório, sustenta o capitão da Marinha e questiona “qual o Motivo? Foi clara a Interferência do STF no DPF.

— Perseguição à luz do dia
Ainda no dia 25 de abril de 2020, o site VioMundo noticiou que a demissão de Moro aumentaria muito o confronto entre o presidente da República e o STF.
Por STF entendia-se obviamente o ministro Alexandre de Moraes e não toda a Corte. Segundo a imprensa ele estaria mirando o vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho do presidente da República. Ele seria o principal alvo das investigações.
O inquérito sobre as manifestações antidemocráticas caiu, no sorteio eletrônico, para o ministro Alexandre de Moraes, o mesmo que já preside o inquérito sobre as fake news contra o STF.
Sortudo esse ministro, não é mesmo? Ele deve ter um trevo de quatro folhas na carteira, ou usar um pé de coelho como chaveiro.
Referindo-se ao inquérito 4.828 (das manifestações antidemocráticas), o colunista registrou:
Com o novo inquérito [4.828], dificilmente vai dar para parar a investigação, que já teria identificado o chamado “gabinete do ódio” que funciona no Palácio do Planalto como a origem das fake news, e poderão surgir dados que liguem esse grupo palaciano, coordenado pelo vereador Carlos Bolsonaro, à organização dessas manifestações ilegais.
Isto foi abril de 2020, estamos setembro de 2021 e quase um ano e meio depois, nada se concluiu e as “investigações” continuam.
Sem contar que o trecho acima demonstra que havia um alvo previamente definido, o filho do presidente.
Encerrando o texto e torcendo pela prisão de Carlos, Merval Pereira não percebe, mas entrega o jogo:
A investigação original é sobre o STF, mas há indícios de que está tudo ligado. A Polícia Federal deve manter os mesmos policiais que já estão trabalhando no inquérito das fake news, para dar mais agilidade às investigações.
O colunista do Globo diz neste trecho que o inquérito 4.828 que estava sendo iniciado naquela data, provavelmente estaria ligado ao 4.871.
Merval deixa escapar que a Polícia Federal “deve manter” a mesma equipe, no novo inquérito. O que ele não diz, é o principal: a mesma equipe, sob o mando do ministro Alexandre de Moraes, numa investigação que “suspeitam” estar ligada à outra, o que significa dizer que os alvos da investigação, em algum momento, fossem os mesmos.
Então aqui temos: dois inquéritos sob o comando do mesmo ministro, que mantém a mesma equipe em rédea curta, e que suspeita ter as mesmas pessoas como alvo – e que até agora não concluíram nada.
Há mais elementos. Naqueles dias, confiando que seria justificado pela imprensa, o ex-ministro Moro vazou mensagens de conversas privadas com o presidente Bolsonaro a alguns veículos tradicionais, como o exemplo abaixo:
Na mensagem acima é possível identificar com clareza dois pontos: o primeiro é a acusação do ex-juiz, na mensagem escrita pelo presidente que diz “mais um motivo para a troca. Isto já foi investigado e ficou para trás.
O outro ponto é o que ninguém quis atentar, passou sem investigação e requer revisão: o presidente Bolsonaro reclama, obviamente, de perseguição, ao citar uma matéria que aponta uma lista de doze deputados aliados na mira do ministro Alexandre.
Os doze parlamentares foram incluídos naquela semana no inquérito 4.781.
Isso tudo sem contar que em maio de 2019 a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que o inquérito era inconstitucional por ter sido aberto de ofício pelo ministro Dias Tofolli, que naquele ano era presidente do Supremo.
Dodge afirmou que o inquérito viola princípios constitucionais da separação de poderes, do juiz natural e o sistema penal acusatório.
A questão que sobra ao final deste elenco de fatos, é que todas as acusações contra o presidente Bolsonaro foram esmiuçadas, mas as reclamações de perseguição contra ele e sua família, foram sistematicamente ignoradas.
O comandante Sérgio diz que os fatos acima configuram “mais um exemplo de perseguição.

—  Objetivos claros
Na primeira semana de agosto deste ano, a jornalista Thaís Oyama conclui em sua coluna no UOL que “Inquérito do fim do mundo foi má tática de Barroso contra Bolsonaro.
Oyama considera que foi um erro tático do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, incluir o presidente Bolsonaro inquérito 4.781 que foi considerado inconstitucional pela ex-PGR, Raquel Dodge e validado em junho de 2020 numa sessão plenária da Corte.
Ao analisar a questão, a jornalista diz que o histórico do inquérito “deixou uma cicatriz” no tribunal e cita outras passagens tristes que mancharam a imagem da instituição, mas que fogem ao nosso contexto.
Ela também traz à tona uma informação que poucos consideram: o ministro Dias Toffoli designou Alexandre de Moraes para a presidência do inquérito sem sorteio nem consulta aos pares.
No texto a comunicadora refaz o caminho que levou o presidente a ser incluído no famigerado inquérito: a acirrada disputa em torno da segurança das urnas eletrônicas que se arrastou por pelo menos dois meses e esfriou no final de julho.
Nos capítulos finais o presidente Bolsonaro trouxe autoridades e até um hacker para comprovar seu ponto de vista. Como reação o ministro Barroso abriu um inquérito no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o chefe do Executivo e pediu investigação no STF. O pedido no Supremo foi aceito por quem? Pelo ministro Moraes, para surpresa de zero pessoas.
Com razão, a jornalista diz que o pedido de Barroso acabou por “arrastar” Bolsonaro para um inquérito “manchado de suspeições.
Independente das críticas feitas pela analista aos atos do presidente Bolsonaro, do ministro Barroso, ou dos inquéritos do Supremo, há duas considerações importantes:
Em primeiro lugar o apontamento que Toffoli escolheu Moraes no STF para presidir a “investigação” sem sorteio e sem ouvir os colegas da Corte.
Depois, a conclusão que incluir o presidente na investigação foi uma “tática” no contexto de uma guerra política. Não é novidade também que alguns ministros do STF tem se comportado abertamente como agentes ideológicos, inclusive legislando em algumas ocasiões.
O comandante Sérgio cita na denúncia essa matéria de Oyama e diz que “essa reportagem clareia os objetivos da criação de uma delegacia de perseguição aos democratas brasileiros.

—  O que Marco Aurélio não falou
O plenário do Supremo julgou o inquérito 4.871, “das fake news, no dia 18 de junho de 2020, após muitas críticas de juristas de renome, jornalistas diversos e até setores da oposição.
Durante a sessão o ministro Marco Aurélio Mello, que se aposentou há pouco tempo, criticou duramente o inquérito e o comportamento do colega. Ele chegou a chamar Moraes de “Xerife” por ser ao mesmo tempo a vítima, o investigador e o juiz do processo.
Marco Aurélio rejeitou a validade e a continuidade do inquérito e proferiu uma sentença que se eternizou na história do direito brasileiro: “é um inquérito do fim do mundo sem limites. O termo se tornou tão popular que acabou por se tornar um livro com o mesmo título.
O livro se esgotou do estoque das livrarias muito rapidamente e vendeu tanto que virou best seller.
Na ocasião, o ex-ministro classificou o inquérito como “natimorto” e “uma afronta ao sistema acusatório do Brasil, além de lembrar Moraes que “magistrados não devem instaurar [inquéritos] sem previa percepção dos órgãos de execução penal.
Lembrando que, além de todo despautério jurídico da peça investigatória, há também o sigilo imposto por Alexandre. Sobre este ponto Mello demonstrou sem espaço para dúvidas, desconfiança: “Receio muito as coisas misteriosas.
A situação do inquérito é tão ruim, que o julgamento aqui mencionado não se deu por qualquer ação da direita política ou apoiadores do presidente Bolsonaro, mas do partido Rede Sustentabilidade, sigla que coleciona nomes pesados da oposição como o vice-presidente da CPI da pandemia, Randolfe Rodrigues.
Na ação, o partido observa o inquérito como ato de um “tribunal de exceção.
Nenhum dos requisitos para a atuação do poder de polícia do STF estão presentes. Não há indicação de ato praticado na sede ou dependência do STF, muito menos quem serão os investigados e se estão sujeitos à jurisdição do STF, alegou o partido no processo.
O ministro Alexandre de Moraes se defendeu dizendo que “os atos investigados são as práticas de condutas criminosas, que desvirtuando ilicitamente a liberdade de expressão, pretendem utilizá-la como verdadeiro escudo protetivo para a consumação de atividades ilícitas contra os membros da corte e a própria estabilidade institucional do Supremo Tribunal Federal”.
O que Marco Aurélio não falou, mas disse, é o que a voz da razão no contexto nos leva a concluir: não se trata de zelo no cumprimento da lei, como afirma o ministro Moraes, mas de algo mais que não pode ser pronunciado, algo capaz de despertar receio no observador atento, pelo excesso de mistério.
Ademais, ninguém pode violentar a Constituição e depois alegar que o faz para defendê-la. É o mesmo que promover orgias em defesa da castidade, ou assassinar em defesa do direito à vida, é simplesmente irracional. Se Moraes quisesse realmente defender a instituição da Suprema Corte, o faria respeitando o sistema acusatório, não o violando.
A situação acima exposta comprova e acrescenta, segundo o capitão Sérgio Ferreira, a suspeita de que uma delegacia de perseguição ideológica, semelhante ao DOPS, se instalou dentro do Supremo Tribunal.
O oficial da Marinha também aponta que “o ex-juiz [Marco Aurélio Mello] do STF foi o que apresentou as principais razões para chamar o inquérito de LIXO CONSTITUICIONAL”.

—  Mais fundamentos
Além dos fatos elencados pelo comandante Sérgio, há também a entrevista que o deputado Nereu Crispim (PSL-RS) concedeu ao jornalista Oswaldo Eustáquio no final de 2020 e que confirma as impressões do capitão.
Ao comunicador, o deputado afirmou que as prisões no âmbito dos inquéritos do Supremo foram “estimuladas pelo Bivar”, presidente do Partido Social Liberal e que o motivo por trás de toda narrativa de defesa das instituições é na verdade uma briga por fundo partidário dentro da sigla com objetivo de perseguir os conservadores, especialmente os apoiadores do presidente Bolsonaro.
Questionado sobre as prisões de Eustáquio e da ativista Sara Giromini, conhecida como Sara Winter, o parlamentar confirma exclamando: — ILEGAIS!
Oswaldo e Sara, entre outros, foram detidos por ordem do ministro Alexandre de Moraes no “inquérito dos atos antidemocráticos”, e atualmente todos são considerados presos políticos.
https://youtu.be/wdRBeWcIEmw

Enfim
Resumindo, o comandante aponta que:
1. O ministro Alexandre de Moraes foi designado presidente de um inquérito inconstitucional sem sorteio;
2. O juiz mantém uma equipe de delegados federais selecionados por alinhamento político e zela para que não sejam substituídos pela direção da PF;
3. Moraes conduz os inquéritos em sigilo até dos próprios delegados;
4. Os inquéritos acusam exclusivamente os conservadores que apoiam o presidente Bolsonaro;
5. O presidente da República já percebia perseguição política em abril do ano passado;
6. A divisão dentro da PF tornou claro que existiam dois times e que alguns membros de um time se alinhava e servia ao ministro Alexandre – a já mencionada equipe de delegados;
7. O avanço sobre os conservadores com inúmeros mandados de busca e apreensão da PF, e prisões baseadas apenas em falas na internet, reforçam a tese de perseguição política;
8. O fato dos inquéritos jamais se concluírem desde o início em março de 2019 até o presente, setembro de 2021, sem qualquer avanço, mais uma vez reforça a visão de perseguição política;
Some-se a isto a entrevista a entrevista do deputado Nereu Crispim ao jornalista Oswaldo Eustáquio, que confirma que as prisões de conservadores foram baseadas em disputa político-partidária, e que os presos não faziam ideia do que se passava na realidade.
A íntegra da denúncia oferecida à PGR pelo capitão pode ser lida abaixo.
COMENTO: Só posso lembrar aos funcionários da Polícia Federal os argumentos citados em decisão do STF sobre o "cumprimento de ordens" e que fazem parte da Jurisprudência daquele órgão:
Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade judicial. Mais: é dever de cidadania opor-se à ordem ilegal; caso contrario, nega-se o Estado de Direito.