terça-feira, 31 de março de 2020

Jornalista Paulo Martins - 1964, Eu Estava Lá!


*1964: por quem viveu a História*
O jornalista Paulo Martins, que, em 1964, anunciou a vacância do cargo de Presidente da República decretada pelo Congresso Nacional, restabelece a verdade histórica da falaciosa versão de que os militares depuseram Jango em 64. 
O radialista é testemunha viva do ocorrido e relata como tudo aconteceu (matéria publicada em 29 Mar 2019, pela TV Tarobá).
56 ANOS DE MOVIMENTO QUE EVITOU SERMOS TRANSFORMADOS EM UMA VENEZUELA
A mentira é uma depravação e depravação significa, entre outras coisas, falta de rigidez moral, de decoro. Digo isso em razão de estar se avizinhando uma data histórica que "dissociados da verdade" insistem há anos de chamar de golpe, "o golpe de 31 de março" praticado por "militares".
Nessa afirmação envolvendo a posição de militares, juntam outra depravação em torno do que se conhece por revolução e explico.
Primeiro, que nem o dia certo do movimento que inspirou a tomada de posição contra a tentativa de implantar o comunismo no Brasil os acusadores sabem, e me cabe corrigir essa falsidade informando que não foi no 31 de março.
A tentativa de agitar a nação, depois de dias de bagunças, se deu em 1º de abril. No 31 de março, num planejamento de agitação, João Goulart e Leonel Brizola deixaram Brasília e se dirigiram para Porto Alegre, iniciando a tentativa "de golpe de esquerda" no dia seguinte, 1º de abril, agitação a que deram o nome de "campanha da legalidade".
Segundo: o movimento de resistência que os insipientes de hoje não sabem, ou se sabem, mentem, teve como líderes "não os militares", que ao longo dos anos são atingidos por espetadas de baixaria. A liderança daquele movimento revolucionário pertenceu a civis que inspiraram o povo brasileiro a sair às ruas, aos milhares, em todas as capitais, em passeatas que ficaram conhecidas como "Marcha da Família com Deus pela Liberdade".
E os civis que promoveram e lideraram a revolução foram os governadores civis, repito, do Paraná — Nery Braga, de Minas Gerais  Magalhães Pinto, da então Guanabara — Carlos Lacerda, do RS  Ildo Meneghetti, de São Paulo  Ademar de Barros, e de Santa Catarina  Celso Ramos, além dos jornalistas Roberto Marinho, da Globo, e Assis Chateaubriant, dos Diários e Emissoras Associados, essa última, a empresa para a qual eu trabalhava.
Os militares, diante da pressão desses líderes governamentais e da pressão do povo nas ruas, depois de Goulart e Brizola abandonarem tudo e fugirem, é que após um breve período de governo de Ranieri Mazzilli (o Presidente da Câmara dos Deputados que foi empossado pelo Congresso), é que assumiram o comando da Nação por ter o mesmo Congresso decretado vago o cargo de Presidente ... ninguém tirou Goulart de lá ... ele é que fugiu.
Assim, é um depravado todo aquele que mente sobre o que chama de golpe e que foram os militares que assim determinaram, pois golpe é o que queriam os sociopatas implantar. E rotulo de "depravados" tanto aqueles, como os que hoje repetem a mentira, por uma razão: fui eu o locutor que foi obrigado a entrar na marra no estúdio da Rádio Farroupilha naquele 1º de abril. Conduzido por Brizola, fui sequestrado e testemunha ocular da história  e ali fiquei na cadeia de rádio chamada de "Cadeia da Legalidade".
Fui nomeado oficialmente por Goulart e Brizola, lendo ofícios redigidos e patrulhados por um bando de agitadores.
Acompanhei toda história, também, depois através do tempo e, todos seus capítulos não cabem aqui, mas digo mais: todos os jornais brasileiros apoiaram os governadores civis líderes daquele movimento, assim como apoiaram os militares, depois que assumiram para botar ordem no País, todos os "grandes jornais brasileiros", com exceção do chamado "Última Hora".
E os militares, após assumirem e resgatarem a ordem atropelada pelo comunismo, transformaram o Brasil, da 49ª economia do mundo, na 8ª economia do mundo.
Assim, pela verdade dos fatos, que se honre nesse fim de semana os 56  anos do movimento que evitou nos transformarem numa Venezuela de hoje. 
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Sugere-se a leitura do e-book "Entre Mitos e Verdades - a História do Regime Militar", que pode ser baixado em http://bit.ly/2I2c7dJ

sexta-feira, 20 de março de 2020

Sequestros, Esta é a Palavra Correta

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SEQUESTROS, COM LETRA E SANGUE
Ofende às vítimas saber que as FARC falam ante a JEP de "retenções".
Como se fosse pouco para um ser humano estar meses ou anos acorrentado, humilhado. 
A reparação também é moral.
Os discursos justificatórios das FARC, agora Partido FARC, minimizando as atrocidades cometidas por seus guerrilheiros enquanto estiveram imersos no conflito armado contra o Estado colombiano, não conhecem limites.
Ofende a centenas de milhares de vitimas seu discurso nas audiências da JEP (Jurisdição Especial de Paz) “suavizando” o teor humilhante e desumano de seus crimes.
Denominar “retenções” a sequestros que demoraram meses e anos, dos quais muitas vitimas nunca regressaram ou após os quais suas vidas foram afundadas em traumas e recordações de horrores é mais um dos malabarismos verbais que se chocam contra a necessidade, e a obrigação  segundo os acordos firmados com o Estado , de dizer a verdade, de garantir a não repetição e de reparar não só economicamente mas também moralmente a esteira de vitimas que deixaram.
O idioma e suas acepções oferecem claridade: uma retenção talvez poderia aludir a que um dos bandos de uma confrontação prive da liberdade transitoriamente a civis em circunstancias de combate, de hostilidade, de comprovação de informações de Inteligencia, mas os sequestros das FARC contra diferentes personalidades do país fizeram parte de uma rede de cálculos criminais de intimidação da sociedade, de crueldade, de ostentação de “poder” e humilhação aos cidadãos, que se prolongaram com implacável desprezo pela vida e a humanidade.
Nos acordos de Havana com as FARC, assim como na sua evolução normativa, os compromissos da ex-guerrilha são claros: incluem a não re-vitimização. Se os reincorporados não os cumprirem, podem ter revogados os múltiplos benefícios jurídicos concedidos.
Por sua parte, a Jurisdição Especial de Paz (JEP) não é espectadora passiva do que queiram indigitar os responsáveis de crimes tão cruéis como o sequestro. Embora em uma primeira etapa processual devam ser registrados os testemunhos, chegará o momento em que devem valorar, contrastar, contra-interrogar, questionar e, finalmente, julgar. Julgar com a lei nas mãos, com as definições precisas sob as quais as normas tipificam os crimes de guerra e delitos de lesa humanidade.
A carta da líder política Ingrid Betancur para a JEP retrata essa indignação, em dupla via: a primeira, porque se inteirou das categorias e do relato manipulado dos ex-combatentes, nas audiências, por versões dos meios de comunicação, não dos magistrados e do sistema de justiça transicional.
O segundo, que é o mais profundo e que é a substância deste editorial, porque a historia de sofrimento e ignominia que padeceram as vitimas dessa guerrilha, em especial os sequestrados (hoje vivos ou mortos), pode ser enterrada e seus efeitos jurídicos e judiciais diluídos no esquecimento e na impunidade.
Varias linhas da carta de Íngrid descrevem a surpresa e o mal estar: “O agrilhoamento era parte de sua obsessão com o castigo para nos quebrar psicologicamente (...) Se apropriaram de minha vida, de meu tempo familiar e laboral (...) para me usar como escudo militar, moeda de troca e plataforma midiática”. Por isso, adverte ela com razão que “perdão não é esquecimento. Tampouco é impunidade”.
Se o Partido FARC e os desmobilizados pretendem se insertar realmente na vida do país, e na civilidade, deverão entender que sua aceitação não significa esquecimento nem este relato lânguido e eufemístico de suas atrocidades.
Fonte: tradução livre de El Colombiano
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