domingo, 8 de fevereiro de 2009

Torre de Babel

por Arlindo Montenegro
FMI, OMC, OIT, BM e OCDE avaliaram a “crise” econômica. A chanceler alemã Ângela Merckel também assinou o comunicado oficial que diz: "Esta é uma crise global e precisa de soluções globais.
A pergunta é: quem determina as soluções locais para superar a “crise” global? Quem determina quando, onde, por quem e de que jeito o pato vai ser pago?
Se há uma crise que previsivelmente aponta para milhões de desempregados e conseqüente aumento do desespero e da violência é porque alguns espertos e privilegiados limparam os cofres dos recursos reais acumulados. São estes mesmos que agora emprestam os recursos que roubaram, a juros baixos, para “salvar” governos, suas mesmas empresas e seus mesmos bancos.
É isto aí! Crise financeira pra mim significa falta de grana. E fico pasmo com o volume de finanças que apareceram “não sei de onde” para reforçar o poder dos estados e amarrar a dependência destes com os detentores dos mágicos recursos, de dar inveja a Ali Babá! Nunca ouvi falar em tantos trilhões de dólares tão facilmente disponibilizados em todo o mundo.
O comunicado das fontes de poder econômico continua: “As economias emergentes estão tomando parte nesse processo e estão preparadas para fazer mais a fim de encontrar soluções para os desafios globais".
Aí, fiquei pasmo. Leiam os jornais: não há dinheiro para a saúde, cortam da educação que vive com o chapéu na mão, os hospitais públicos estão às moscas, as Forças Armadas e policias continuam à retaguarda do crime organizado, as estradas esburacadas, não obstante os recursos de impostos específicos, só melhoram quando são privatizadas e pedagiadas...
Precisaríamos de uma pá de rosários para desfiar as contas dos recursos que somem no bolso dos “desviantes de verbas”.
De repente falam de trilhões de Reais. De repente a Petrobrás que tomava empréstimos da Caixa Econômica e de bancos estrangeiros, aparece com um programa de investimentos de meter inveja. De repente o governo anuncia a disponibilidade de uma grana substancial para aliviar a barra de empresas estrangeiras. De repente o PAC promete (e queira Deus que cumpra) obras monumentais disponibilizando centenas de bilhões.
Só posso fazer um paralelo com a multiplicação dos pães e peixes ou com uma chuva de grana em algum ponto secreto. Ou então os economistas estão contando com o ovo no fiofó da galinha, ou seja contando com os recursos produzidos pelo trabalho dobrado, com salários reduzidos para os próximos anos.
Contando com as reservas estratégicas, com os minérios de ferro, nióbio e outros que vão sair para a Europa e Japão beneficiar e repassar para os EUA. Estaremos contando com a boa vontade dos importadores de frango, porco, boi, soja, frutas, nos próximos dois anos.
Enquanto isso, todas as liberdades sem responsabilidade vão ser permitidas e estimuladas por intensa propaganda. Já existe um volume nunca visto para alimentar as agências. O governo precisa justificar tudo, cuidar da imagem! Pagamos impostos para que eles se conservem no poder, não é assim? A propaganda muda os comportamentos, serve para amenizar o tranco e viver intensamente o momento, sem pensar no amanhã. Afinal, o futuro a Deus pertence!
Estamos diante da torre de babel da politica socialista casada com a economia capitalista. O estado democrático de direito na prática deste ambiente é mera referência livresca para discursos enganosos.
Arlindo Montenegro é Apicultor.
Fonte: Alerta Total

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