por Mauro Pereira
Ao longo dos últimos nove anos, o PT nos proporcionou a oportunidade ímpar de testemunharmos a introdução de uma renovada visão democrática. E nos impôs a democracia dele, parida no solo árido da egolatria em cuja seara só vicejam as sementes contaminadas da perfídia, da manipulação e do desmesurado apego ao poder.
Proprietários dessa democracia canhestra, suas lideranças agem como se a descoberta do Brasil se deu em 1º de janeiro de 2003 e que em pouco menos de uma década tiraram o País das trevas do atraso e fizeram luzir o brilho magistral do desenvolvimento que o transformou, num passe de mágica, na 6ª maior potência econômica do planeta, além de implantar uma política econômica genial, implementar um dos sistemas bancários mais sólidos do mundo, modernizar as telecomunicações garantindo o acesso de praticamente todo brasileiro a uma linha telefônica, entre outras intervenções miraculosas.
É óbvio que nenhuma das ações de governo acima elencadas foram geradas na aptidão dos petistas. Apenas se deram ao trabalho de rapinar as realizações de governos anteriores. A forja petista mostrou-se competente na produção em série de ministros corruptos. Quase vinte em menos de dez anos. Por muito menos, fizeram soar pela vastidão da oposição oportunista que praticavam o sotaque gauchesco e covarde de um gutural fora FHC!
Latifundiários da política e da justiça nacionais, exercitam um perverso modelo seletivo de defesa dos direitos humanos, indignando-se apenas quando os direitos presumidamente ultrajados dos humanos ocorrem nas hostes inimigas. Porém, a presunção que a justificaria não esconde o desprezível apelo eleitoral que a reveste.
Quando os excessos acontecem nos seus quintais dão às costas aos direitos e não conseguem definir como humanas as pessoas que padecem sob a violência do gás de efeito desmoralizante e da bala de borracha imoral de sua polícia que fere e cega. Assim se deu por ocasião da desocupação do Bairro Pinheirinho, em São José dos Campos, no interior paulista, administrado pelo PSDB e na desmobilização de protestos em cidades nordestinas dirigidas pelo PT e Associados.
No Pinheirinho, sob os holofotes e os microfones sempre disponíveis da mídia companheira colocaram em campo seu time titular recheado de virtuosos craques, verdadeiros gênios da malandragem que são a garantia do mais requintado espetáculo de sordidez com o padrão PT de qualidade aguardado avidamente por sua entusiasmada e fiel torcida que superlota as arquibancadas da esgotosfera.
Com a ressonância garantida, partiram para o ataque. A partir daí, o cerco ao adversário foi feroz e implacável e a mentira prevaleceu como a principal tática a ser executada. A baixaria ultrapassou o limite do sustentável e a vileza se fez plena ao publicarem a notícia de que moradores haviam sido assassinados pela PM paulista. A presidente classificou a ação policial como barbárie e seu séquito de bajuladores não deixou por menos e comparou aquele cenário a uma praça de guerra.
Seria louvável a manifestação do governo federal em defesa dos direitos humanos se ela fosse acompanhada do mesmo rigor quando se trata de atrocidades cometidas pela polícia petista. A extrema violência usada pelo aparelho repressor dos Estados do Piaui (PSB/PT), do Acre e da Bahia, ambos governados pelo PT, deixando um saldo estarrecedor de três pessoas cegas de um olho e um considerável contingente de crianças e donas de casa feridas por balas de borracha, não foi capaz de indignar nem a presidente, nem seus aduladores, nem, muito menos, o falastrão senador Eduardo Suplicy.
Da mídia servil, o mais sepulcral dos silêncios. Convenientemente, o senador preferiu ignorar o espancamento generalizado ocorrido em paragens nordestinas protagonizado pela polícia do PT para demonizar a do PSDB e encarnou um de seus personagens favoritos, o de intrépido paladino da justiça, tentando provar aos berros a espontaneidade de sua indignação. Teve quem acreditou na sua performance e até aplaudiu. Eu ainda acho que ele é menos medíocre quando recita versos de Wando ou canta músicas de Bob Dylan.
Até hoje eu ainda não vi nenhuma foto do Pinheirinho estampando crianças feridas à bala nem, muito menos, algum manifestante cego, ao passo que nos Estados governados pelo PT e pelo PSB, respectivamente, a documentação comprovando a barbárie é farta e a brutalidade revelada é tão chocante que custei a acreditar na veracidade daquelas cenas deploráveis, mas o vermelho que vertia dos corpos perfurados pelos projéteis e os depoimentos das vítimas me convenceram daquela realidade incontestável.
E para azar daqueles piauienses, acreanos e baianos massacrados eles não tinham por perto quem se escandalizasse com a barbárie, quem pacificasse aquela praça de guerra, nem quem ousasse cantar ao menos um despretensioso blues capaz de lhes aplacar a dor da carne e o flagelo da alma.
Se comparado a programas populares apresentados pelas emissoras de televisão, a política de direitos humanos do PT se equivaleria no conteúdo paupérrimo ao BBB da Globo, na vulgaridade oca às Mulheres Ricas da Band e no propósito indecente ao O Maior Brasileiro de Todos os Tempos, urdido nos porões da ética agradecida do SBT.
Mauro Pereira é Representante Comercial.
Fonte: Alerta Total
COMENTO: o autor esqueceu de citar também a recente retirada de moradores irregulares em Brasília/DF, onde não faltaram cassetetes e prisões. Não que eu seja contra o cumprimento de ordens judiciais, mas sou totalmente contra o uso político de críticas seletivas a alguns desses episódios.
Se voltarmos um pouco no tempo, encontraremos a história pouco divulgada, e muito mal explicada, do delegado da PF que, supostamente terminou cegando uma empregada de sua avó, em uma "investigação não ortodoxa". Além do fato não ter sua apuração divulgada, o tal delegado recebeu, alguns anos depois, a promoção ao cargo máximo da sua instituição. Nada como ser "cumpahêru"!
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