por José Geraldo Pimentel
Cap Ref / EB
A reunião estava marcada para iniciar às 9:30 hs, de um dia 31 de março. Era o ano de 2012. Sai de casa apressado. Logo adiante percebia que a Avenida Automóvel Clube estava congestionada. Optei, então, seguir em frente pensando em voltar pela estrada Dom Helder Câmara, antiga Suburbana. O retorno aconteceu em Madureira, aumentando mais o percurso e o tempo. Finalmente entrava num desvio e alcançava a Linha Amarela. Na Reserva, na praia do Recreio dos Bandeirantes, eu encontraria o quiosque do Sr. Ademir. Cumprimentei-o e tratei de ocupar uma mesa. O tempo estava meio encoberto, nuvens escassas, mas a promessa de um dia de sol radiante. ‘Como o carioca gosta!’
Pouca gente, mas envolvida num clima de entusiasmo que aflorava nos olhares e conversas. Depois chegava o Deputado Federal Capitão do Exército da reserva, Jair Bolsonaro. Uma figura esguia, bem falante, que procurava mostrar a sua presença, cumprimentando as pessoas. Eu providenciava uma porção de batatas fritas, cervejas e Pepsi. Anotei as presenças das TV Globo e TVS, e a Folha de São Paulo. O parlamentar subiu num ponto mais elevado, colado a uma árvore, e dava o seu recado. Uma repórter da TV Globo fez cara feia, como se não aprovasse a presença do deputado. Mas o parlamentar estava preocupado em mandar a sua mensagem. Falava sobre os antecedentes e a Contra-Revolução de 64 propriamente dita. E lembrava de sua participação no atual evento, alugando a aeronave que transportaria os pára-quedistas que iriam saltar em homenagem à data de 31 de março de 1964. Seguiu-lhe no ‘parlatório’, o presidente da Federação de Pára-quedistas do Rio de Janeiro.
A platéia não aumentava. Calculei umas quarenta e cinco pessoas. Muito pouco gente para a natureza do evento e a divulgação que fora feita. Mas era uma gente que soltava emoção por todos os poros. Eu segurei as lágrimas ao constatar como se leva tão pouco em consideração os nossos feitos históricos. O silêncio devia imperar nas unidades militares. Nenhuma palestra pronunciada, e nem Ordem do Dia lida para a tropa. Os feitos gloriosos das Forças Armadas estavam sendo negados e ocultados das novas gerações.
A covardia falava mais alto do que a repressão política dos ... Perdedores que hoje se jactam os todos poderosos donos do poder. Os sensores perderam a batalha, mas mostram que ganharam a guerra!
Para a minha surpresa a tropa de choque que atormentara os participantes do Painel 1964 - A Verdade, na frente do Clube Militar, na Cinelândia, não apareceu. Ninguém para incomodar o papo que rolava em pequenos grupos. Poucos solicitaram bebidas. Um ou outro se aventurava numa porção de pastéis.
Ao lado de minha mesa um jovem e um senhor de idade. Pareciam muito íntimos. O coco verde era partilhado por ambos no mesmo canudinho. Carinho e cuidados afloravam no rosto do jovem.
A curiosidade me fez levantar e conversar com os vizinhos. O ancião tinha 84 anos de idade, pai do jovem, que não aparentava mais de 25 anos.
Finalmente, por volta das 12h15min, após a passagem de uma aeronave com uma faixa onde se lia: “Parabéns, Brasil - 31 Mar 64” surgiu à uma boa altura, outro pequeno avião e dois vultos que identificavam tratarem-se de pára-quedistas.
Os olhos se voltaram para o céu. A expectativa era grande! Em menos de dois minutos aterrissava o primeiro pára-quedista. Pousou a uns cinqüenta metros do alvo colocado na praia à frente do quiosque. O segundo saltador demorava mais, realizando uma série de manobras.
— Este deve ser um bom profissional. Comentei para o meu filho.
A aproximação do parapente, o equipamento usado nos dois saltos, revelava que neste salto havia duas pessoas. O pouso foi perfeito. Quase acertando o alvo. Uma linda jovem de uniforme azul, e tênis, sorria de pura felicidade. Ajudada a se desvencilhar do equipamento, ensaiava uns passos e era aplaudida.
À essa altura eu me afastara e posicionara-me num ponto de melhor visibilidade. As lágrimas não conseguiram ser contidas. O velho guerreiro chorou por pouca coisa: Um evento em que se comemorava os 48 anos da Contra-Revolução de 1964!
— Cuida do velho para mim! Disse para o cuidadoso filho ao deixar o local. Ambos sorriram.
Os jovens precisam não se deixarem iludir pela propaganda odiosa que os revanchistas de plantão estão derramando sobre as suas almas e corações. A nossa história não pode ser esquecida. Devemos seguir o exemplo do velhinho que compareceu ao evento para não deixar cair no esquecimento parte de nossa história. O nosso herói é oficial da Marinha! Velhinho como nós que lá comparecemos com o espírito cheio de entusiasmo e um imenso amor pelo Brasil!
Rio de Janeiro, 31 de março de 2012.
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