por Janer Cristaldo
Há três meses, escrevi:
“Um presidente que quer reeleger-se propõe um plebiscito para permitir sua reeleição. O plebiscito é considerado ilegal pela Suprema Corte de seu país. É uma das cláusulas pétreas de sua Constituição. O Congresso aprova uma lei que impede a realização de consultas populares 180 dias antes e depois das eleições. O presidente ignora a lei e a decisão da Suprema Corte e mantém o plebiscito. A Suprema Corte ordena que o Exército destitua o presidente do país. Em defesa da Constituição, do Congresso e da Suprema Corte, o Exército o destitui. Dia seguinte, a imprensa internacional toda fala em golpe. Quando Exército rasga a Constituição é golpe. Quando a defende, também é golpe. Não entendi”.
Manuel Zelaya, o presidente de Honduras, legalmente deposto pela Suprema Corte de seu país, está de volta a Tegucigalpa, sob as asas cúmplices da embaixada brasileira. Isto é, por obra de Lula e Celso Amorim, que ninguém é ingênuo para acreditar que Zelaya bateu no portão da embaixada, assim de surpresa, e pediu para entrar. Protegido pela representação diplomática, Zelaya conclama seus partidários à luta armada. Não solicitou o estatuto de exilado político. Sabe que se o solicitar, pelas normas diplomáticas, não pode manifestar-se politicamente. Sua condição é a de um bandoleiro procurado pela Justiça hondurenha, que se refugia em território brasileiro para conclamar seus sequazes a tentar uma guerra civil.
A imprensa internacional, unanimemente, passou a defender o presidente que pretendia dar um golpe branco e colocou na condição de golpistas a Corte Suprema e o Exército que defendem a Constituição. A imprensa brasileira, obviamente, não poderia deixar de fazer coro. Na Folha de São Paulo de hoje, Clóvis Rossi ergue o famoso bracinho do Dr. Strangelove:
“Quando o chanceler Celso Amorim diz que o Brasil não tolerará nenhuma ação contra a sua embaixada em Tegucigalpa está apenas dizendo o óbvio. País algum tolera violações de sua soberania — e não custa lembrar que a embaixada é tecnicamente território brasileiro”.
Esquece Rossi, ou propositadamente omite, que o Brasil está violando a soberania hondurenha, ao dar abrigo a um presidente legalmente deposto e permitir-lhe que conclame os hondurenhos à revolta contra suas instituições.
O Estadão, em editorial, curiosamente fica em cima do muro. O editorialista começa dando razão aos hondurenhos:
“A aparição do deposto presidente hondurenho Manuel Zelaya na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa foi — sem jogo de palavras — um golpe para o regime que se instalou no país em 28 de junho. Na madrugada daquele domingo em que pretendia realizar uma consulta popular considerada ilegal pelo Congresso e pela Justiça, Zelaya foi preso e despachado, ainda de pijama, para a Costa Rica. No dia seguinte, o então presidente do Legislativo, Roberto Micheletti, assumiu o governo. O plebiscito se destinava a abrir caminho a uma mudança constitucional que permitiria a Zelaya disputar um segundo mandato. Refletindo a preocupação dos seus autores com o passado de quarteladas, violência política e perpetuação no poder dos dirigentes de turno, a Constituição hondurenha considera cláusula pétrea o mandato presidencial único. Era, portanto, uma ameaça à democracia instalada no país a manobra chavista de Zelaya, um abastado político de origens conservadoras que, depois de eleito em 2006, se deixou levar pela lábia bolivariana e o petróleo subsidiado do caudilho de Caracas”.
No período seguinte, temendo passar por herege e cedendo à pressão das esquerdas internacionais, o articulista deixa por não dito tudo que disse:
“No entanto, a comunidade interamericana não poderia, a esta altura da história do Hemisfério, resignar-se à violação consumada da Carta Democrática adotada em 2001 pela OEA. A entidade foi coerente com os seus princípios ao condenar de imediato, sem meios tons, o ato de força em Tegucigalpa, repudiado igualmente pela União Europeia e a Assembleia-Geral da ONU. O chamado governo de facto de Roberto Micheletti ficou completamente isolado e assim permanece. Os EUA e organismos internacionais congelaram cerca de US$ 300 milhões em ajuda ao país”.
Uma no cravo e outra na ferradura. O que já é muito para quem antes só batia no cravo. Em suas reportagens, no entanto, o jornal continua chamando de golpistas os hondurenhos que se opuseram ao golpe tentado por Zelaya.
Ontem, em Nova York, Lula, o mais entusiasta mandalete de Obama, foi incisivo: "O que deveria acontecer agora é os golpistas darem um lugar a quem tem direito a este lugar, que é o presidente democraticamente eleito pelo povo".
Deve ter sido acometido mais uma vez de amnésia. Já não lembra que, há 17 anos, ele e seu partido pediram o impeachment de Collor de Mello, presidente democraticamente eleito pelo povo. Se não conseguiram o impeachment, conseguiram a renúncia. Mas tapa de amor não dói. Hoje Collor e Lula estão abraçados na defesa do mais corrupto dos senadores.
Lula tampouco deve lembrar que há onze anos, seu atual ministro da Justiça, após ter derrotadas suas pretensões eleitorais no Rio Grande do Sul, pedia o impeachment de Fernando Henrique Cardoso, presidente também democraticamente eleito pelo povo.
Honduras é que não pode. Zelaya foi eleito com uma plataforma nitidamente de direita e virou a casaca durante seu mandato, tornando-se aliado da escória latino-americana, Hugo Chávez, Evo Morales e Daniel Ortega. A escória tupiniquim não se furtaria a apoiar a escória amiga do continente.
Fonte: Janer Cristaldo
COMENTO: $talinácio continua mentindo, não respeita nem a ONU. Ele diz que o Brasil e o mundo querem Zé Laia de volta ao poder em Honduras. Na realidade, só o Mico Mandante venezuelano, ele, o "Boca Podre, o "Megalonanico" e mais meia dúzia de "socialistas do século 21", isto é, a cambada do Foro de São Paulo, desejam a implantação do "bolivarianismo" em Honduras. O povo e os Poderes Legislativo e Judiciário Hondurenhos não pensam assim.
O Palhaço do Planalto se faz de bobo ao fingir que não lembra ter chamado de volta ao Brasil o Embaixador em Honduras, abrindo mão, assim, de ter uma "representação diplomática" naquele país. Dessa forma, o Zé Laia e sua laia invadiram um "escritório" do Brasil em Tegucigalpa, para tentar montar um "governo paralelo" o que não deveria ser permitido pelos funcionários brasileiros, se é que os há, ainda, naquele local.
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