por Márcio Accioly
Não se tem mais como combater crimes de corrupção no Brasil, depois de arranjos efetuados para soltar Daniel Dantas e livrar a cara dos principais envolvidos. Está claro que aos figurões tudo é permitido, pois o envolvimento de considerável parte de nossas autoridades lhes dá chancela para a prática de absurdos.A questão é descobrir como controlar ou frear marginais considerados pequenos, alojados nos andares inferiores, já que àqueles hospedados nas coberturas está garantida a impunidade. Por que não se libera o roubo geral?
O Estado formal brasileiro é conduzido por categoria de bandidos que não presta qualquer serviço aos que são obrigados a pagar impostos e sustentar suas bandalheiras. Só são contemplados os que descobrem maneira eficiente de assaltar os cofres públicos, recolhendo montanhas de valores repartidas alegremente na cumplicidade.
Enquanto isso, a sociedade desprotegida fica a mercê de bandidos comuns e forças policiais que engrossam estatísticas de crimes intermináveis em preocupante escalada. Todos os dias, nas várias cidades brasileiras, somos agredidos pelo noticiário a despejar morte e insegurança numa população impotente e estarrecida.
Quando irá, finalmente, acontecer explosão incontrolável de revolta diante da injustiça e de arbitrariedades cometidas pelos que deveriam dar bons exemplos? Que estranha reunião foi aquela, entre o presidente Dom Luiz Inácio (PT-SP), o presidente do STF, Gilmar Mendes e o ministro da Justiça, Tarso Genro?
Qual o papel de Gilberto Carvalho, chefe de Gabinete de Dom Luiz Inácio, flagrado numa gravação da Polícia Federal trocando figurinha com o ex-deputado Luís Eduardo Greenhalgh? A gravação aparece nas investigações que culminou com a prisão do banqueiro Daniel Dantas.
Greenhalgh, deve-se recordar, foi acusado de tentar livrar a cara do Sombra, aquele “empresário” envolvido na morte do então prefeito de Santo André, Celso Daniel. Outro também acusado de criar obstáculos às investigações é o mesmo Gilberto Carvalho, de acordo com denúncias efetuadas pelos irmãos do prefeito assassinado.
As incursões do banqueiro Daniel Dantas nos altos escalões governamentais vêm desde a administração FHC (1995-2003), estabelecendo sólidas ramificações na atual gestão petista.
Quando Daniel Dantas e o ex-prefeito da Capital paulista Celso Pita foram algemados, senadores da base governista e da “oposição” se manifestaram em uníssono, contrários à ação policial. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), condenou imediatamente a atitude que classificou como hostil ao Estado de Direito.
A oposição que nós presenciamos é meramente de fachada, de conveniência. Na CPI dos cartões corporativos, PT e PSDB fizeram acordo para impedir que fossem aprofundadas as investigações. Não quiseram levantar os milhões de reais do dinheiro público que FHC destinou às despesas de seu filho com a jornalista Mirian Dutra.
Os escândalos se multiplicam e a população a cada dia fica mais e mais convencida de semelhanças no procedimento. Em quem confiar? As instituições estão em frangalhos, desmoralizadas. É preciso que haja verdadeira revolução de costumes, na tentativa de reverter corrida em direção ao abismo.
Seria necessária a existência de pessoas comprometidas com um projeto de nação. Com a “Lei Seca”, constata-se a redução de acidentes em até 60%, mostrando-se o acerto da medida. Para começar a reduzir a corrupção, teria de haver lei similar: colocando-se cada um desses corruptos por no mínimo dez anos atrás das grades.
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