Brasília - O governo paraguaio denunciou na quinta-feira, 27/6, o Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) por sua suspensão do Mercosul há um ano. Na ação, o presidente Federico Franco afirma que a decisão é ilegal e responsabiliza o Brasil pelos prejuízos causados ao país. A decisão de suspender o Paraguai foi adotada por consenso com Argentina e Uruguai, também membros fundadores do bloco.
Em nota, o ministério das Relações Exteriores informa que a decisão de suspender o Paraguai do Mercosul deu-se por unanimidade dos países membros do bloco, mais os líderes da UNASUL que também afastaram o Paraguai.
Para piorar, o presidente eleito Horácio Cartes, afirmou em Madri que o Paraguai não aceita a Venezuela no Mercosul e que o seu retorno ao bloco será condicionado à aprovação pelo Congresso do Paraguai da adesão venezuelana.
Cartes explicou que a presidência pro tempore do bloco caberia ao Paraguai a partir de 28 de julho. Como o país está suspenso e a Venezuela passou a integrar o Mercosul, será ela quem vai comandar bloco pelos próximos seis meses.
Em junho do ano passado, o Paraguai foi suspenso do Mercosul e da UNASUL após a destituição do então presidente Fernando Lugo. Embora a Constituição daquele país preveja o afastamento do presidente pelas razões alegadas, os demais países classificaram a decisão do Congresso paraguaio de golpista e de ferir a ordem democrática.
De acordo com o Itamaraty, a suspensão do Paraguai não provocou impactos econômicos ao país. Dados do governo brasileiro mostram que em 2012, as exportações paraguaias para o Brasil cresceram 35%.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, confirmou que a normalização das relações da região com o Paraguai será discutida na próxima cúpula do Mercosul a ser realizada em julho, em Montevideu. Cartes, por sua vez, confirmou que o Paraguai pode optar por integrar-se à Aliança do Pacífico junto com Chile, Peru, Colômbia e México.
Análise da Notícia
Os países que integram o Mercosul terão de se esforçar muito para que o Paraguai retorne ao bloco sem que a Venezuela seja retirada. O presidente eleito Horácio Cartes já percebeu que se não endurecer o discurso adotado na Espanha, seu mandato também não terá vida muito longa.
Trata-se de uma questão de orgulho nacional. O Paraguai é membro fundador do Mercosul e não abre mão de discutir e votar o ingresso venezuelano. É provável que os demais parceiros costurem um acordo que contemple todos os interesses em jogo.
Isso significa permitir que o novo Congresso paraguaio que assume em 15 de julho, analise, vote e aprove o ingresso da Venezuela. Além disso, a presidência rotativa do bloco teria de ser entregue ao Paraguai agora e só depois à Venezuela.
Sem isso, Assunção vai esticar a corda cada vez mais. Cartes necessita de reconhecimento internacional por conta de um passado marcado por muitas suspeita de envolvimento com ilícitos variados, entre eles, contrabando, mas está avaliando que precisa começar bem internamente.
Ele sabe que o país vai continuar no radar do processo de integração. Um Mercosul que ambiciona ampliar-se com os ingressos de Bolívia e Equador, por exemplo, não pode prescindir do Paraguai. Resta saber quem tem mais cartas na manga e quem está apenas blefando.
Fonte: Info Rel
COMENTO: entre aliar-se a países que apesar da crise mundial estão estabilizados economicamente como Chile, Colômbia, Peru e México ou retornar ao convívio com os bolivarianos subordinados ao Foro de São Paulo, com economia e democracia claudicantes como Argentina e Venezuela, além do gigante brasileiro que ainda não sabe seu lugar no contexto diplomático mundial, me parece que a decisão do Presidente paraguaio está mais dependente de um convite formal dos países da Aliança do Pacífico que da "concessão" dos cucarachas do Merdosur.
.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário