por Jacornélio M. Gonzaga (*)
Diante da crise instalada — queda de sua popularidade —, Estela Vanda Patrícia, também conhecida como Maria Lúcia dos Santos ou Marina Guimarães Garcia de Castro (neste caso, acho que ele já estava pensando cooptar Marina Silva), reuniu seu pequeno ministério na Granja do Torto. Lá estavam trinta e sete de seus trinta e nove ministros (dois foram mandados de volta para seus “afazeres”, pois não havia lugar disponível no recinto).
Estela começou sua reunião evocando os bons fluídos deixados pelo seu antecessor — Linguado da Silva — naquele belo rincão brasiliense. Lembrou que ali estivera com ele em diversos festejos, dos quais, os que mais emoções lhe traziam, eram as animadas festas juninas. Recordou que, numa delas, ele casara com Marisa, noutra, com Rose e, finalmente, numa terceira, fora preso por bigamia, indo curar o porre na “cadeia do arraiá”.
Dando continuidade à reunião, Stela, para não perder o costume, deu uma descompostura geral nos participantes. Informou que não queria ser interrompida, nem pelo barulho de descarga de vaso sanitário.
Perdido em suas divagações, um dos partícipes, velho amigo de Estela, recordou com saudade de uma outra reunião, ocorrida em abril de 1969, no litoral paulista, próximo a Peruíbe. Tratava-se de uma preliminar para efetivar a fusão do Comando de Libertação Nacional (COLINA) com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organização do desertor Carlos Lamarca. Lá estavam:
— pela VPR: Carlos Lamarca, Antônio Espinosa, Chizuo Ozawa - "Mário Japa" -, Fernando Mesquita Sampaio, Cláudio de Souza Ribeiro; e
— pelo COLINA: Carlos Franklin Paixão de Araújo, Dilma Rousseff, Maria do Carmo Brito, Carlos Alberto de Freitas e Hérbert Eustáquio de Carvalho.
Lembrou-se também que, no início de julho daquele mesmo ano, numa outra casa do litoral Paulista, em Mongaguá, realizou-se a denominada Conferência da Fusão, com o comparecimento de todos os integrantes dos dois Comandos Nacionais. No "Informe sobre a Fusão", datado de 7 de julho de 1969, já aparecia o nome da nova organização (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares-VAR Palmares) e seu estatuto democrático não deixava dúvidas quanto à sua finalidade:
“A Vanguarda Armada Revolucionária - Palmares é uma organização politico-militar de caráter partidário, marxista-leninista, que se propõe a cumprir todas as tarefas da guerra revolucionária e da construção do Partido da Classe Operária, com o objetivo de tomar o poder e construir o socialismo."
Vendo agora que, transcorridos tantos “anos de luta”, Estela Vanda Patrícia tinha adquirido o dom de espinafrar a todos, teve saudades de um distante dia de setembro de 1969, quando o “sargento” Darcy Rodrigues (oriundo da VPR), descontente com as intervenções da “presidenta”, partiu prá cima dela. E olha que era o I Congresso da VAR-P, realizado em Teresópolis. Hoje, ali, naquela reunião, só tinha gente frouxa, apegada ao poder. Que saudade!!!
A “presidenta” foi rápida: “como os senhores sabem, eu caí nas pesquisas, portanto, instalou-se uma crise no meu governo, assim sendo, temos que tomar medidas para superar esta má fase. Meu conselheiro político, Ministro Merca Dante, deu-me a ideia de aumentar o circo, as ministras da casa, a Bela e a Fera, aconselharam-me a fazer mais pão. Democraticamente, ponho em votação.”
Ao final do escrutínio, dezoito votos para o pão, outros tantos para o circo e uma abstenção.
— “E agora? Vou ter que decidir sozinha? Negativo! Essa abstenção só pode ser coisa do Moreira Franco, que deve ter ficado ‘chateadinho’ só porque o chamei de burro, durante a reunião, na frente de todos. Dane-se ele, não quer largar o osso, aguenta! Vocês, do núcleo duro, vão ter que me ajudar. Vamos realizar uma reuniãozinha “privê”.
— Presidenta, chamamos o Guido Mantega?
— Não ele é muito chorão, e ainda não se tocou que aqui não é a sua praia.
— O Antônio Patriota?
— Não, este já rima com idiota.
— E o Amorim?
— Você está querendo é ver o meu fim! E de mais a mais, ele é bem capaz de aparecer com aqueles três ....... como é que o Ulisses os chamava mesmo, hein?
— E o Paulo Bernardo?
— Também não, Bela. Se chamar o seu marido, terei que chamar também o da Fera, aquele músico do 62º BI, milico aposentado.
— E o José Eduardo Cardozo?
— De jeito nenhum. Ele tem cara de eleitor do Aécio, quero distância.
— Então, a quem chamamos?
— Já que Linguado da Silva lavou as mãos, tomou Doril ou foi para a PQP, vou me reunir com vocês duas, o Merca Dante, o “Chico” Fernando “Jorge” Pimentel, o pessoal da videoconferência e, não esqueçam de chamar o João.
— Que João? O Paulo Cunha?
— Não, o marqueteiro.
Com um pequeno atraso de duas horas, a reunião começou. O pessoal da videoconferência (PCC e CV) não participou, pois não houve acerto com o pessoal da direção do presídio. Ao término do encontro, João foi o responsável pelas conclusões:
— Sou da mesma opinião do conselheiro político. O governo deve aumentar o circo, carreando recursos do pão para esta finalidade. Para desviar a atenção de todos, a presidenta deverá fazer um pronunciamento à Nação, dizendo-se muito preocupada, e que as ideias dos manifestantes são suas ideias. Lançará “balões de ensaio”, tais como, Constituinte, Plebiscito, Referendo, PECs, Projetos estapafúrdios (médicos cubanos), etc... Se algum colar, assumimos o controle e vamos conduzir o processo, em nome do nosso ParTido.
— Teremos que arrumar um inimigo externo, serve fazer “marola” com possíveis invasões da privacidade dos nossos nacionais e dos amigos bolivarianos, que estarão sempre contra qualquer país democrático.
— Vamos criar um “Dia Nacional” de qualquer coisa, chamem a pelegada e vamos botar o bloco na rua. Se não tiver bloco, por quaisquer cinquenta reais vocês compram um manifestante. Interditem estradas, de modo a deixar o povão que trabalha com raiva, pois em futuras manifestações espontâneas vocês podem relacioná-las ao cerceamento do “direito constitucional de ir e vir”. Reforcem que as demonstrações coletivas iniciais foram conduzidas pela direita, representada pela classe média decadente.
— Mobilizem nossos filiados do PCC e do CV para as grandes badernas, garantindo-lhes o espólio dos saques. Instiguem a nossa cooptada imprensa para que ela deite a “mamona” na polícia fascista do PSDB. Façam isso e garanto que a presidenta, em dezembro, volta a um “patamar de aprovação muito parecido ao de março”.
(*) Jacornélio, tal qual João Santana, é vidente e está usando sua amizade com um Ministro para conseguir um lugarzinho em qualquer um dos trinta e nove.
e-mail: jacornelio@bol.com.br e jacorneliomg@gmail.com
Brasília, 12 de julho de 2013.
Fonte: Ternuma
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