por Carlos Chagas
Importa menos se José Dirceu anda “desesperado”, como comentou o Lula ao ministro Gilmar Mendes. Ou se está confiante, como fala Rui Falcão, presidente do PT. A verdade é que pela primeira vez o ex-chefe da Casa Civil saiu da casca, quer dizer, abordou de público a iminência de seu julgamento no Supremo Tribunal Federal.
Foi sábado, no Congresso Nacional da União da Juventude Socialista, do PCdoB, no Rio. Falando aos jovens, Dirceu referiu-se à “batalha final”, ciente de que será o primeiro dos 38 réus do mensalão a ser julgado pela mais alta corte nacional de justiça. Para ele, uma batalha política que deve ser levada para as ruas, como forma de neutralizar a ação da mídia, em suas palavras engajada em sua condenação.
Apesar de seus 63 anos de idade, acentuou aos jovens na platéia tratar-se o mensalão de um processo de julgamento da “nossa” geração. Geração de quem, dele ou dos meninos que o escutavam?
Mesmo assim, é preciso dar ao réu o benefício constitucional de que todo mundo é inocente até que se lhe prove a culpa. Não restam dúvidas de que os meios de comunicação, com exceções, referem-se a ele como já condenado. Não haverá que confundir a acusação do ex-Procurador Geral da República, chamando-o de “chefe da quadrilha”, com a sentença ainda não exarada pelos ministros do Supremo.
José Dirceu poderá ser absolvido ou condenado, diriam o Conselheiro Acácio e seu sucessor, o desaparecido Pedro Bó, no que teriam razão. O importante, no caso, é verificar que seu julgamento, como o dos outros 37 mensaleiros, é mesmo político, além de jurídico. Afinal, diz respeito a um dos maiores escândalos dos últimos tempos, o uso de dinheiro reunido pelo PT para comprar o apoio de deputados de outros partidos. Conforme os autos, numa operação envolvendo o tesoureiro do partido, Delubio Soares, com gabinete ao lado do então chefe da Casa Civil, no palácio do Planalto.
Não deixa de ter razão o ex-líder estudantil quando protesta por haver sido linchado, mas erra ao sustentar como absurdo que precisa provar sua inocência. Afinal, foi juridicamente denunciado e acusado, ou seja, defender-se é sua obrigação.
Os onze ministros do Supremo julgarão segundo o conteúdo do processo, mas estarão imunes aos efeitos políticos do julgamento? Serão influenciados pela negativa repercussão de uma absolvição? Oito foram indicados pelo então presidente Lula e pela atual presidente Dilma, mas a origem de suas investiduras condicionará seus votos? No reverso da medalha, votarão com a orelhas voltadas para a voz rouca das ruas que a mídia parece interpretar?
Não parece fácil para José Dirceu aguardar os primeiros dias de agosto, tanto que só agora, pela primeira vez, admitiu desabafar de público o que trazia no íntimo. Desesperado ou confiante, cabe-lhe aguardar o veredicto, mas, convenhamos, fica difícil imaginar a juventude saindo às ruas para denunciar uma conspiração dos meios de comunicação contra a óbvia trapalhada dos companheiros. Ou que o Supremo se deixará influenciar...
Fonte: Coluna do Claudio Humberto
COMENTO: apesar da nomeação dos ministros do Supremo ter sido pelas mãos pouco recomendáveis ou confiáveis do Mentiroso-Mor ou de sua antiga chefe da Casa Covil, ops, Civil — também conhecida como "irmã de armas" do tido como chefe da organização criminosa responsável pelas estripulias a serem julgadas, a esperança dos brasileiros honestos é de que tais ministros não se deixem influenciar por simpatias ideológicas. Afinal, a parte da sociedade que paga essa esbórnia em que vivemos pensa que a cota de cagadas do STF já foi extrapolada com algumas decisões estapafúrdias tomadas recentemente [entrega da maior parte de Roraima — Raposa Serra do Sol — às ONGs internacionais; concessões de habeas corpus moralmente questionáveis em função dos antecedentes dos beneficiados; atropelo do conceito de "entidade familiar" prescrito no artigo 226 da Constituição Federal e seus parágrafos, ao defender os direitos de pessoas que se ligam a outras do mesmo sexo; o torpedeamento da "Lei da Ficha Limpa"; a também recente "condenação" do deputado federal José Abelardo Camarinha (PSB-SP) por mau uso de verba pública, tendo seu crime já prescrito — o que implica impunidade total; e por aí vai...].
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