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O Sistema Echelon e as antigas escolas de subversão e espionagem
O Sistema Echelon e as antigas escolas de subversão e espionagem
por Félix Maier
O “Sistema Echelon” Fóruns mundiais, de várias tendências ideológicas, passaram a denunciar nos últimos anos a rede de espionagem cósmica, conhecida como “Sistema Echelon”.
O “Echelon” é um sistema ultra-secreto de vigilância e interceptação das comunicações em escala mundial, operado pela Agência Nacional de Segurança (NSA), dos EUA, que tem 20.000 servidores e um orçamento anual de US$ 10 bilhões. O “Sistema Echelon”, através de 120 satélites Vortex, pode interceptar todo tipo de comunicações que utilizam equipamentos eletrônicos (transmissões de telefonemas, faxes ou e-mail), enviadas por satélites, cabos submarinos ou Internet.
Esta rede de espionagem política e econômica mundial envolve, ainda, países anglófonos, como Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. O braço europeu do “Big Brother” é o Centro de Comunicações do Governo (GCHQ) britânico, que emprega 15.000 pessoas em missões de captação e análise de informações estrangeiras. O GCHQ tem uma dezena de centros no Reino Unido, além de estações de escuta em Gibraltar, Belize, Chipre, Oman, Turquia e Austrália.
Este sistema de espionagem global foi denunciado pelo Parlamento Europeu, em 1998. Os EUA são acusados de terem utilizado o Echelon para interceptar mensagens da França por ocasião da concorrência internacional para instalação do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), vencida pela Raytheon, dos EUA; informações privilegiadas, obtidas através do Echelon, teriam feito a Airbus Industries perder um contrato para a Boeing e a McDouglas.
Porém, há uma outra história estupenda, esquecida pela grande mídia, do que foi a vasta rede de espionagem e subversão promovida por centros irradiadores da ideologia comunista, como a URSS, a China e Cuba, que veremos a seguir.
Instituto 631
Durante toda a década de 1950, o Instituto 631, com sede em Moscou, através de suas redes apoiadas pelos Partidos Comunistas no mundo inteiro, tudo fazia para desorganizar a vida nas democracias ocidentais. Enquanto isso, os mestres subversivos profissionais russos submetiam-se a treinamento nas suas várias Escolas de Espionagem.
A seleção e o treinamento desses agentes especiais começaram no princípio da primavera de 1948 (início da Guerra Fria), logo depois que Stalin resolveu criar duas forças separadas de subversivos clandestinos. Controlada pelo Cominform, a “quinta-coluna vermelha” era comandada por Mikhail Suslov, que passava instruções em código para os chefes dos Partidos Comunistas do mundo inteiro, a partir de Pankov (Distrito da então Berlim Oriental), mas com escritório central em Moscou.
No XXII Congresso do PCUS, Luis Carlos Prestes encontrou-se com Nikita Kruschev e Mikhail Suslov, para planejar uma revolução agrária no Brasil. Em janeiro de 1964, Luis Carlos Prestes viajou a Moscou para prestar contas dos últimos trabalhos do PCB, desenvolvidos à luz da estratégia traçada por ele e Kruschev em novembro de 1961. Nesse encontro, participaram, além de Kruschev, Mikhail Suslov (ideólogo de Kruschev), Leonid Brejnev (Secretário do Comitê Central do Partido), Iuri Andropov e Boris Ponomariov (Chefe do Departamento de Relações Internacionais. Naquela ocasião, Prestes afirmou: “A escalada pacífica dos comunistas no Brasil para o poder abrindo a possibilidade de um novo caminho para a América Latina. (...) oficiais nacionalistas e comunistas dispostos a garantir pela força, se necessário, um governo nacionalista e anti-imperialista. Implantaremos um capitalismo de Estado, nacional e progressista, que será a ante-sala do socialismo. (...) uma vez a cavaleiro do aparelho do estado, converter rapidamente, a exemplo de Cuba de Fidel, ou do Egito de Nasser, a revolução nacional-democrática em socialista.” Segundo Luís Mir, in “A Revolução Impossível”, “A exemplo de 1935, a revolução deveria começar novamente, pelos quartéis” (Del Nero, in “A Grande Mentira”, pg. 121). (2)
Antes da criação do Instituto 631, houve, no Brasil, a primeira tentativa comunista de assalto, em 1935, no levante conhecido como “Intentona Comunista”, iniciada em Natal, RN, no dia 23 Nov 1935, e que se estendeu ao Rio de Janeiro e Recife, e foi sufocada 5 dias depois. O Komintern enviou agentes de Moscou para promover o levante, incluindo o brasileiro Luis Carlos Prestes e sua “esposa” Olga Benário – uma típico caso de “estória-cobertura” (1). É importante acrescentar que Prestes ordenou o “justiçamento” (assassinato) de “Elza”, uma comparsa da Intentona, por desconfiar que a mesma havia entregado companheiros à polícia. Além de Prestes, outros militares foram recrutados para a Intentona: Maurício Grabois, Jefferson Cardin, Giocondo Dias, Gregório Bezerra, Agliberto Vieira, Dinarco Reis, Agildo Barata. Harry Berger, codinome do deputado alemão Arthur Ernst Ewert, participou das revoltas alemãs no final da década de 1910 e no início da década de 1920, havia atuado nos EUA e na Argentina, de onde se transferiu para a China. Em 1934, Berger veio ao Brasil para dirigir a Intentona, que massacrou 28 militares brasileiros, muitos deles enquanto dormiam em alojamentos dos quartéis.
Falsificação de Pankov
Os quadros subversivos do Instituto 631, além da rede clandestina no mundo inteiro, falsificavam dinheiro e documentos em Pankov, distrito da então Berlim Oriental (o escritório central do Instituto 631 ficava em Moscou). Agentes soviéticos ludibriaram, durante algum tempo, as Forças Armadas da Alemanha Ocidental, forjando ordens de convocação e desmobilização.
Operação carta de amor perfumada
Os falsificadores do Instituto 631 conseguiam nomes e endereços de integrantes das Forças Armadas da Alemanha Ocidental e então usavam mulheres para escrever centenas de cartas de amor em papel perfumado e redigidas de modo a não deixar dúvidas quanto aos laços íntimos entre a mulher que escrevia e o homem que recebia. Os falsários conseguiam fazer entregar as cartas nos horários em que o marido estava no serviço, ocasião em que muitas mulheres caíam na armadilha e abandonavam o lar.
Escolas de subversão e espionagem
Durante a Guerra Fria, havia importantes escolas de subversão e espionagem comunista, tanto na China, como na antiga URSS.
Na China, uma Escola na Província de Chekiang preparava subversivos e espiões para atuarem na Alemanha, Suíça e Áustria; a Escola da Província de Honan para atuação na França, Itália e Espanha; e outra Escola na Província de Chekiang para atuação no Japão e outros países da Ásia.
“Ainda antes da Revolução de 31 de março de 1964, no governo do presidente João Goulart, um grupo de militantes do Partido Comunista do Brasil foi enviado à China, onde recebeu treinamento militar na Escola Militar de Pequim. Também um grupo de dirigentes da Ação Popular recebeu treinamento político-ideológico na China no início dos anos 70" (depoimento de Herbert José de Souza (“Betinho”), na época dirigente da AP, no livro “O Fio da Navalha”) (Huascar Terra do Valle, in “Histórias quase esquecidas”, site Mídia Sem Máscara, 10/2/2003).
Os cidadãos soviéticos escolhidos para trabalhar no estrangeiro, como chefes de subversão clandestina, recebiam seu treinamento em setores especiais das mesmas escolas que formavam os ases da espionagem.
Escolas de espionagem na antiga URSS
ESCOLA DE GACZINA: era a mais conhecida de todas as escolas da antiga União Soviética e preparava os espiões para atuar em países de língua inglesa. Situada a 150 km de Kuibyshev, ocupava uma área de 250 km². Dividia-se 4 setores: América do Norte (Setor Noroeste); Canadá (Setor Norte); Reino Unido (Setor Nordeste); e Austrália, Nova Zelândia, Índia e África do Sul (Setor Sul). Cada setor era independente e não havia comunicação entre eles.
ESCOLA DE PRAKHOVKA: situada a 100 km ao norte de Minsk, capital da Bielorússia, tinha 500 km² de área. Durante a II Guerra Mundial, quando Hitler tomou a Bielorússia, Prakhovka foi evacuada conforme a política de terra arrasada de Stálin, e uma Escola de Emergência foi organizada em Ufa; Prakhovka foi reaberta em 1947. Tudo era igual a Gaczina, em todos os detalhes. Dividida também em setores, preparava espiões para atuação na Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia (Setor Norte); Holanda (Setor Sudoeste); Áustria e Suíça (Setor Sul); e Alemanha (Setor Sudeste).
ESCOLA DE STIEPNAYA: situada a mais ou menos 200 km ao sul de Chkalov, preparava subversivos e espiões para trabalhar nos países latinos: França (Setor Noroeste); Espanha (Setor Norte); Itália (Setor Nordeste); e Portugal, Brasil, Argentina e México (Setor Sul).
ESCOLA DE VOSTOCZNAYA: situada a uns 160 km de Khabarovsk, cuidava dos países da Ásia e do Oriente Médio.
ESCOLA DE NOVAYA: situada a 100 km a sudoeste de Tashkent, treinava espiões para a África.
Na antiga URSS, antes do ingresso nas escolas de espionagem acima citadas, os cidadãos escolhidos para essa carreira tinham que realizar 4 estágios:
1º ESTÁGIO: era realizado na Escola Marx-Engels, em Gorky, perto de Moscou. Durante o estágio, que durava 4 meses, os integrantes viviam coletivamente e assinavam um compromisso de jamais revelar qualquer coisa sobre a Escola. O horário era inflexível: de 7 da manhã às 10 horas da noite, proibidos de sair do recinto da Escola, num prédio retirado da rua, cercado por altos muros. O objetivo específico nesse Estágio era garantir que todos fossem “instruídos na ideologia comunista e sigam acostumando-se a pensar e agir como um clássico bolchevista”.
2º ESTÁGIO: os recrutas aprovados no 1º Estágio seguiam para a Escola Técnica Lenin, situada em Verkhovnoye, a 80 km de Kazan; consistia de edifícios em área de mais ou menos 4 km², tudo cercado por altos muros. Os recrutas eram transportados em veículos da KGB e durante a viagem não podiam manter contato com o mundo exterior. A vida era espartana, com um formidável horário de estudos; eram proibidos de informar onde se encontravam e o que estavam fazendo, mas tinham licença para se comunicar com a família mediante endereço intermediário. Até aí, os recrutas ainda ignoravam que estavam sendo escolhidos para possíveis agentes clandestinos do serviço secreto de Moscou. O treino na Escola durava 12 meses e os estudantes de ambos os sexos passavam por vigorosos treinos de combate: subiam em montanhas, rastejavam sob arame farpado, atravessavam pântanos e rios e faziam longas marchas carregando equipamento pesado; aprendiam a se defender com judô, jiu-jitsu, karatê e outras formas de ataque e defesa, como boxe e luta livre; manejavam armas de fogo e praticavam destruição de pontes, edifícios e instalações militares com dinamite, TNT, gelignite e explosivos plásticos, fabricação de bombas e descoberta de armadilhas e bombas ocultas, e a forma de desarmá-las. Essa fase incluía a destruição de fechaduras, portas fortes e cofres à prova de arrombamento. Aprendiam ainda a luta de guerrilhas; recebiam depois um curso de dopagem e envenenamento de bebidas, doces, comidas, cigarros e charutos; recebiam instruções sobre o uso de drogas e os antídotos que deveriam tomar quando fossem obrigados a engolir drogas. Um outro curso especializado ensinava os alunos a ligar escutas clandestinas em linhas telefônicas e a utilizar microfone de grande poder; estudavam as formas de recepção e transmissão de rádio, microfilmagem e micropontos, codificação e decifração. Depois do curso, havia o exame final e os recrutas eram transportados para o centro de recreação de Oktyabr, nas montanhas do Cáucaso, em Kyslovodsk, onde gozavam de merecidas férias de 1 mês ou mais.
3º ESTÁGIO: os recrutas que foram afinal escolhidos como “servindo para atividades subversivas clandestinas no exterior”, iam passar 1 ano com instrutores que verificavam suas aptidões para modalidades específicas de trabalho de subversão e de adaptabilidade a determinados países. Esse período era ainda mais duro que os treinamentos anteriores. A polícia secreta prendia um estagiário e o levava para a sede central como se ele fosse realmente um agente estrangeiro surpreendido em flagrante; interrogatórios especializados submetiam a “vítima” a uma lavagem de cérebro, à chamada interrogação de 3º grau e de todos os outros métodos usados para conseguir confissões ou informações; depois de passar pelo teste (a maioria passava), o recruta era levado à presença de seus interrogadores e então era explicado que tudo era apenas mais um teste; eram elogiados por resistir, mas antes de serem liberados deviam jurar manter segredo daquilo junto aos outros recrutas que ainda iriam passar pela prova; só então o estagiário era julgado apto a freqüentar uma escola dos ases da espionagem soviética, cujo treino iria durar 10 longos anos.
4º ESTÁGIO: os cidadãos soviéticos escolhidos para trabalhar no estrangeiro, como chefes de subversão clandestina, recebiam treinamento em setores especiais das mesmas escolas que formavam os ases da espionagem (veja Escolas mencionadas acima). A Escola mais conhecida era a de Graczina, que formava subversivos e espiões para atuarem em países de língua inglesa. Desde que chegavam a Graczina, todos os estudantes só podiam falar inglês; recebiam um nome inglês e eram obrigados a esquecer a língua russa e a nacionalidade soviética; o período de 10 anos em Graczina era considerado pelos diretores do serviço secreto como o mínimo essencial para o condicionamento do cérebro humano à nova língua. Eram despertados à noite e obrigados a responder perguntas inesperadas, qualquer um deles em seu papel de espião estava convencido de sua nova identidade; os diretores achavam que nem tortura, lavagem de cérebro ou drogas conseguiriam dobrar os seus agentes; no setor do Reino Unido em Graczina, existiam réplicas perfeitas de ruas, casas, cinemas, restaurantes, bares, pensões e outros estabelecimentos tipicamente ingleses; as roupas usadas eram inglesas, os estudantes viviam em pensões, apartamentos, comiam refeições tipicamente inglesas, como batatas assadas, rosbife, pudim Yorkshire e peixe; andavam em ônibus ingleses, gastavam dinheiro inglês, liam jornais ingleses e assistiam programa de TV gravados na Inglaterra; os professores da língua inglesa eram membros do Partido Comunista (PC) escolhidos a dedo, antigos cidadãos do Reino Unido que desprezavam a pátria e se tornaram cidadãos soviéticos. Mais pessoas naturais da Inglaterra contribuíam para que o ambiente fosse autêntico, como garçonetes, polícias de rua, motoristas de ônibus, recepcionistas de hotel e outros. Esse treino geralmente levava 5 anos; não houve um só aluno de Graczina que tivesse sido preso pela Scotland Yard ou pelo FBI que se deixasse trair por sua imperfeição de linguagem. Os outros 5 anos eram destinados a trabalhos especializados para a prática da moderna técnica de espionagem: códigos (memorização de), comunicações por rádio (montagem e desmontagem de aparelhos de recepção e transmissão; usavam equipamentos modernos que podiam transmitir e receber longas mensagens em segundos); aprendiam a utilizar os mais modernos aparelhos fotográficos, que reduzem plantas de grandes dimensões a pontos microscópicos. Depois de 10 anos, os estudantes saíam da Escola mais ingleses do que muitos ingleses legítimos.
Formação de Brasileiros no Exterior
Universidade de Amizade dos Povos Patrice Lumumba (UAPPL)
“Diversos Estados constituídos, através dos anos, apoiaram a esquerda com dinheiro, treinamento político-ideológico e militar: União Soviética, Alemanha Oriental, Checoslováquia, Bulgária, China e Cuba. Sem dúvida, o apoio mais eficaz foi dado pela URSS, China e Cuba” (Huascar Terra do Valle, in “Histórias quase esquecidas”, site Mídia Sem Máscara, 10/2/2003).
Um importante centro de doutrinação comunista mundial era a Universidade de Amizade dos Povos Patrice Lumumba (UAPPL), com sede em Moscou, ao lado de escolas similares então existentes em Cuba (Pinar del Río), na Bélgica (Centro Tricontinental) e na China (Academia Militar). Através da União Internacional de Estudantes (UIE) (3) era feito o envio de estudantes brasileiros à UAPPL. A seleção dos alunos brasileiros ficava a cargo do PCB e era confirmada com base nos registros da “Caderneta nº 6”, de Luiz Carlos Prestes, e pelos questionários apropriados, posteriormente apreendidos em várias organizações comunistas.
Os custos – viagem, estada, estudos e seguro médico – eram inteiramente grátis. Por isso, “nas décadas de 60 e 70, o sonho de todo pai comunista de país do Terceiro Mundo era ter um filho estudando na Universidade Patrice Lumumba, em Moscou. (...) A universidade foi criada em 1960, por iniciativa do então dirigente soviético Nikita Kruschev. (...) Nos bons tempos, 65% dos 7.000 alunos eram estrangeiros”. (in “Escola do capital”, revista Veja, de 22/01/1997, pg. 40-41). O empresário João Prestes, filho de Luís Carlos Prestes, formou-se em engenharia pela Lumumba na década de 1970, época em que havia cerca de 120 alunos brasileiros matriculados em Moscou.
“A partir de 1953, o Partido Comunista da União Soviética passou a ministrar cursos, em Moscou, a militantes do PCB. Cursos de treinamento militar e condicionamento político-ideológico. O último desses cursos foi em 1990, quatro anos após terem sido implantadas por Gorbachev as políticas de perestroika e glasnost. Cerca de 700 militantes foram treinados na Escola de Quadros, como era mais conhecido o Instituto de Marxismo-Leninismo do PC Soviético, e na Escola do Konsomol (Juventude do PCUS), em cursos cuja duração variava de 3 meses a 2 anos. Cerca de 1.300 outros brasileiros concluíram cursos superiores na Universidade de Amizade dos Povos Patrice Lumumba e em outras universidades soviéticas, em cujo currículo sempre constou a matéria marxismo-leninismo. Até mesmo em cursos de balé. As matrículas na UAPPL sempre foram efetuadas através da Seção de Educação do Comitê Central do PCB e também através do Instituto Cultural Brasil-URSS, um apêndice do PCB. Algumas dessas pessoas, no regresso ao Brasil, passaram a trabalhar em empresas estatais e, pelo menos um, formado em Medicina, como Oficial das Forças Armadas, nos anos 80”. (Huascar Terra do Valle, texto citado).
A UAPPL incluía ainda o ensino de armamentos e explosivos, atraindo pessoas do mundo inteiro, e era destinada a assessores de um programa comunista soviético de dominação mundial (globalização comunista). De volta a seus países, os “lumumbas” entravam clandestinamente nos sindicatos de trabalhadores, nos partidos políticos e até nos governos. A cada um destes correspondia uma missão específica nesse “estado-maior geral” de ofensiva mundial. Muitas dessas pessoas, particularmente as que penetravam em organizações de “massa”, obtinham partidários que desconheciam os vínculos dessas lideranças com o comunismo soviético. Criada para doutrinar o Terceiro Mundo, hoje a Lumumba ensina cursos a cerca de 3.600 estudantes, 40% deles estrangeiros. “Resta desta Lumumba – alma mater do terrorista Carlos, o Chacal – o empoeirado Museu Patrice Lumumba, ao qual Yasser Arafat doou uma placa de metal com o mapa da sua Palestina ideal gravado” (Veja, art. cit.). Patrice Lumumba, líder do Congo, foi assassinado pelos belgas em 1961.
Pinar del Río
Outra importante escola de subversão comunista existia em Cuba, na Província Pinar del Río, onde havia cursos para terroristas brasileiros nas décadas de 1960 e 1970.
O “currículo” incluía:
1) Tática guerrilheira – o observador, o mensageiro, a coluna guerrilheira, o acampamento, a marcha, sobrevivência na selva (montanhas de Escambray), o ataque, a emboscada;
2) Tiro – limpeza e conservação do armamento, fuzis: AD, FAL, AK, Garand; metralhadoras: MG52, Uzi; bazuca, morteiro e canhão 152 mm;
3) Comunicações;
4) Topografia – leitura de mapas, uso de bússola e do binóculo, orientação;
5) Organização do terreno – construção de abrigos individuais e coletivos, espaldões para metralhadoras e morteiros;
6) Higiene e primeiros socorros – fraturas, hemorragias, imobilizações, transporte de feridos;
7) Política – o comissário político, semanalmente, fazia uma palestra.
No regresso, o terrorista brasileiro recebia de volta os documentos verdadeiros, nova documentação com nome falso, cerca de 1.500 dólares, itinerário até o Chile de Salvador Allende, antes de chegar ao Brasil. Quando preso, o terrorista era instruído para utilizar algumas artimanhas, para ser levado ao hospital e, assim, prejudicar o interrogatório: 1) colocar fumo na água e bebê-la, provocando crise de vômitos; 2) usar uma dose mínima de estriquinina para provocar convulsões; 3) “tentar” o suicídio; 4) simular grande descontrole nervoso; 6) bater com a cabeça nas paredes.
Por Cuba passaram terroristas como Carlos Marighela, Fernando Gabeira e figurinhas carimbadas da atualidade política brasileira, como José Dirceu, que pertenceu ao Movimento de Libertação Nacional (MOLIPO), criado pelo serviço secreto cubano. Pergunta-se: teria José Dirceu devolvido seu crachá de “secreta” a Fidel Castro? Pela alegre conversa que teve com o tirano do Caribe, por ocasião da posse de Lula-laite, parece que não.
“A interferência deles (dos cubanos) já nos custaram caro demais; a volta dos companheiros do Molipo sem nossa autorização foi um desastre. 18 mortos e mais tantos presos... e tudo por uma rasteira política de infiltração, querendo influenciar nosso movimento de dentro, para adequar nossa política às necessidades deles” (Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, in “Nas Trilhas da ALN”).
“O treinamento a brasileiros em Cuba continua até os dias atuais, embora somente no terreno político-ideológico, na Escola Superior Nico Lopez, do PC cubano, Escola Sindical Lázaro Peña, Escola de Periodismo José Martí, Escola da Federação de Mulheres Cubanas, Escola da Federação Democrática Internacional de Mulheres e Escola Nacional Julio Antonio Mella, da União da Juventude Comunista. Por essas escolas já passaram mais de 100 brasileiros. Todavia, o mais importante em tudo isso, é que a ida de qualquer brasileiro para fazer cursos em Cuba depende do aval do Partido Comunista Cubano, após entendimentos anteriores, de partido para partido.
Atualmente, existem diversos brasileiros, militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra vêm recebendo, em Havana, treinamento em técnicas agrícolas, e outros matriculados na Faculdade Latino-Americana de Ciências Médicas. O site do Partido dos Trabalhadores oferece vagas e publica as condições definidas por Cuba para matrícula nessa Faculdade” (Huascar Terra do Valle, texto cit.).
“Na ordem de 240 (duzentos e quarenta) “foras da lei” foram treinados em Cuba, a maioria pertencente a: Ação Libertadora Nacional (ALN); ao Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR); à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR); ao Movimento de Libertação Popular (MOLIPO, formado por dissidentes da ALN); e ao Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR – 8).
A má formação proporcionada pelo Departamento América, do PC cubano, foi exaltada por Zé Dirceu (ligado à Inteligência cubana, segundo militantes da ALN), afirmando serem os cursos ‘um vestibular para o cemitério’.
Difícil é aceitar a afirmação do José Dirceu de sonhar com o comando de uma coluna guerrilheira e permitir que seus amigos do MOLIPO retornassem e prestassem o vestibular que antecipara, se engajando numa luta sem volta. O estranho mutismo, a absurda inatividade, a permanência prolongada em local seguro e a ausência de dados de sua militância, do retorno de Cuba até 1979, não se coadunam com sua “decantada” fé revolucionária. E não foi só ele, do III Ex da ALN, formado por trinta e poucos ‘aventureiros’ (MOLIPO; ALN; e MR-8) que ficaram mudinhos, bem mudinhos, de 1971/72 até a anistia. Será que ficaram mudos mesmo? E os delatores? E hoje ele, ‘emocionado’ agradece a Cuba e ao Fidel... Agradecer o quê? Os mortos delatados?” (Grupo Ternuma – www.ternuma.com.br, in “Estranho, muito estranho”, Fev 2003).
Centro Tricontinental
O Centro Tricontinental, localizado na Universidade de Lovaina, Bélgica, era outro centro de doutrinação comunista, para atuação comunista na América Latina, na África e na Ásia – daí o seu nome “Tricontinental”. Atualmente, existe uma ONG de idêntico nome, fundado pelo Padre belga François Houtart, ligado a Leonardo Boff, FHC e Lula.
Rede “liliput” de alcance mundial
A italiana “Rede Liliput” é ligada ao Fórum Mundial das Alternativas e presidida pelo padre Alex Zanotelli, figura ativa da “Teologia da Libertação” – espécie de Frei Betto daquele país. O nome “Liliput” e o estilo de atuação de tal “rede” faz referência à obra do escritor irlandês Jonathan Swift, em que uma multidão de anõezinhos conseguiu neutralizar o “gigante” Gulliver. Hoje, como ontem, o gigante a ser acorrentado e destruído pelas esquerdas liliputianas é “Tio Sam” e o dito “neoliberalismo”.
Anteriormente, com o Movimento Comunista Internacional (MCI), p. ex., a estrutura era hierárquica, em torno de um partido comunista do país, sob comando supremo do Partido Comunista da União Soviética. Hoje, a estratégia é horizontal, com milhões de organizações contestatórias espalhadas por todo o mundo, para combater o G-7, o FMI, a OMC, o Banco Mundial, o Fórum da Davos, o “neoliberalismo” e, principalmente, Tio “Gulliver” Sam. Vale dizer, o capitalismo.
As táticas desenvolvidas pelas “redes liliputianas” mundiais da esquerda incluem congressos, como o Fórum Social Mundial (FSM), realizado em Porto Alegre nos anos de 2001, 2002 e 2003, voltando em 2005 para a capital gaúcha, já que em 2004 o Fórum será realizado na Índia, para fermentar as inúmeras organizações contestatórias latentes naquele país. O ítalo-brasileiro José Luiz Del Roio, intelectual com participação importante no III FSM (2003) afirmou que tem entre seus objetivos “recuperar criticamente a expressão histórica e política da nova esquerda e do movimento operário e comunista em geral”, além de participar da atual tentativa de “refundação teórica do marxismo” (CubDest – www.cubdest.org, 6 Fev 2003).
Notas:
(1) Estória-cobertura - Muito utilizada por espiões, terroristas e criminosos em geral, para encobrir as reais intenções, seja dentro ou fora do país. Consiste em simular uma atividade, p. ex., abrir um comércio, para encobrir a verdadeira atividade. Um exemplo clássico foi o caso de Olga Benário, que deixou o marido B. P. Nikitin na Rússia e acompanhou Luis Carlos Prestes ao Brasil, como se fosse sua mulher: “Olga Bergner Vilar”, casada com “Antônio Vilar”, para promover a Intentona Comunista, em 1935.
(2) AUGUSTO, Agnaldo Del Nero. “A Grande Mentira”. Biblioteca do Exército Editora, Rio de Janeiro, 2001.
(3) Na “campanha nacional de alfabetização”, no Governo Goulart, a UNE recebeu 5.000 dólares de Moscou, por intermédio da UIE.
(*) O autor, ensaísta e militar da reserva,
trabalhou na Embaixada do Brasil no Cairo, de 1990 a 92,
e escreveu “Egito – uma viagem ao berço de nossa civilização”, Editora Thesaurus, 1995.
Comentário de Félix Maier:trabalhou na Embaixada do Brasil no Cairo, de 1990 a 92,
e escreveu “Egito – uma viagem ao berço de nossa civilização”, Editora Thesaurus, 1995.
E por falar em arapongagem... Convém esclarecer que o MST possui seu próprio serviço de Inteligência, a Inteligência do Movimento (INTEMO), que tem por objetivo obter dados sobre quaisquer pessoas ou organizações que afetem os interesses do MST.
O PT tem a PTpol, trocadilho da palavra Interpol e da "polícia do PT", criado pelo então Senador Esperidião Amin durante a "CPI dos Anões do Orçamento", em 1993. Amin estranhava a desenvoltura com que José Dirceu apresentava documentos que só um espião poderia fazer. Aliás, José Dirceu é especialista em informações, contra-informação, estratégia e segurança militar, com treinamento em Cuba, e fez parte do serviço secreto cubano durante os governos militares (não consta que tenha devolvido seu crachá de "secreta" a Fidel Castro...).
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