domingo, 14 de outubro de 2012

Querem Jogar o ORVIL na Fogueira

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A terrorista Ana Bursztyn, apoiada pela OAB/RJ, está entrando na Justiça com uma ação para impedir a publicação e divulgação do livro ORVIL, de 963 páginas, recentemente publicado pela Editora Schoba, Salto, SP, e cujo lançamento foi feito recentemente, dia 20 de novembro no Clube Militar, com enorme repercussão principalmente no meio militar.
O ORVIL, que está na Internet pelo menos há 30 anos, detalha enorme número, ou quase todos, dos episódios mais importantes da luta armada e foi elaborado pelo Centro de Inteligência do Exército (CIE) por ordem do General Leonidas Pires Gonçalves quando era Ministro.
No ORVIL, páginas 484 e 500, constam as principais atividades subversivas da pretendente de garrotear a verdade. Vamos pegar em armas, como ela fez, para difundir a verdade, dona MaoTseTyn?

Mil novecentos e setenta
Este foi um ano politicamente mais tranquilo. Vivia-se sob a vigência do AI-5, e os políticos, sabidamente, tinham pouca interferência nas decisões governamentais. Todavia, dentro dos princípios enunciados pelo Presidente da República, com a dupla missão de preservar a Revolução e de promover a volta do País à plenitude democrática, aos políticos cabia ampliar, com atitudes e comportamento, o raio de sua autonomia. No exercício de suas atribuições, deveriam desenvolver sua própria área de liberdade. Só assim a dupla função do Presidente poderia obter êxito. O novo governo criara condições para o desarmamento dos espíritos, proposto e iniciado pelo Presidente da República, mas as circunstâncias conduziam a cuidados de ambas as partes, fazendo com que a evolução do processo político fosse tímida e lenta. O Presidente desejava que o comportamento, as atitudes e os elos políticos fossem altivos, mas não abria mão dos instrumentos que a Revolução outorgara-lhe para conduzir o processo, embora não os utilizasse. Os políticos queriam ampliar sua área de liberdade, mas, simplesmente, esperavam pela revogação do AI-5. Ocorre que as decisões do Governo não são assentadas apenas em intenções, e vivíamos numa realidade que não indicava a conveniência da revogação imediata daquelas medidas acautelatórias.
No Exterior, o País sofria os efeitos de uma guerra psicológica – e é preciso que se tenha sempre em mente – conduzida por subversivos fugidos ou banidos do Brasil, frustrados com sua importância, e que contavam com o apoio de organizações de frente e de facilidade do Movimento Comunista Internacional. Ela se desenvolvia através de uma campanha sistemática, cuja principal arma, a propaganda, visava a gerar emoções e, com elas, influenciar opiniões, naturalmente, em apoio aos objetivos de seus promotores ou orientadores. Gastava-se, nesse trabalho, milhões de dólares, que brotavam como se fosse por encanto, para manter uma estrutura internacional que, de quebra, dava emprego a dezenas de subversivos que deixavam o País.
Como diz o editorial, já citado neste capítulo, do jornal “O Estado de S. Paulo”, “à custa de sistemática repetição da aleivosia, mesmo conceituados jornais e revistas caem nas redes da trama”. Internamente, isto ocorria no País.
Verificavam-se opiniões que, sem estarem inseridas nessa campanha externa, mostravam-se por elas influenciadas. Neste ano, inclusive, um experimentado cronista político passava a defender a inexistência da guerra revolucionária entre nós.
Seu argumento, simplista, era de que aqui não havia nenhum “Vietnã”. Ora, a guerra, revolucionária ou não, é fenômeno evolutivo, que tem suas fases de progressão, seus passos e suas gradações. Felizmente, graças às providências do Governo e à atuação dos órgãos de segurança, o povo brasileiro não chegou a conhecer esses infortúnios em suas fases mais avançadas, como no Vietnã, no Camboja, no Iêmen, na Colômbia, onde sua gente sofrida suporta, há tanto tempo e não se sabe até quando, as nefastas e impatrióticas ações das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), etc.
Internamente, as ações das organizações subversivas mostravam, exatamente, a evolução do processo revolucionário. Enfrentava o País, talvez, o ano de maior intensidade dessa luta. Embora fossem evidentes os progressos dos órgãos de segurança, com novas prisões, “estouros de aparelhos” e enfrentamentos com os subversivos, o terrorismo estava longe de ser neutralizado. Uma organização subversiva, a REDE, havia sido desmantelada pela ação desses órgãos.
Outras duas organizações, o PRT e a FBT, desapareciam, mais por suas próprias ineficiências do que pela atuação dos órgãos de segurança. Eram organizações que nasceram como fruto de personalismos, e que nunca foram capazes de se estruturarem ou sequer de definirem uma linha política coerente. No entanto, da mesma forma que essas organizações desapareciam, outras surgiam. Eram consequência das constantes dissidências, como aconteceu, ao longo daquele ano, com o aparecimento do Movimento Revolucionário Marxista (MRM), oriundo de um “racha” na Ala Vermelha, da Organização de Combate Marxista-Leninista-Política Operária (OCML-PO) e do Movimento Comunista Revolucionário (MCR), frutos dos sucessivos “rachas” no Partido Operário Comunista (POC).
Embora as prisões afetassem certos setores ou regionais de algumas organizações, elas continuavam a atuar com intensidade, sendo que algumas recebiam, inclusive, reforços do exterior, como foi o caso da ALN, que naquele ano acolheu seus militantes do chamado “II Exército de cubanos”.
Evidenciava-se, claramente, um incremento na radicalização e na violência, que, naturalmente, não seria unilateral resistência à prisão, que causou várias mortes, de ambos os lados. Houve assassinatos frios, como no caso do Tenente Levino ou do Sargento Walter, quando o assassino, algemado, não tinha sequer qualquer chance de fuga. Igualmente, revela-se essa violência na morte covarde do vigilante do Banco Nacional de Minas Gerais, Vagner Vitório, roubado quando ainda agonizava à porta do seu emprego; ou na do investigador da loja Mappin, assassinado por Ana Bursztyn, por motivo de somenos importância; ou, ainda, o assassinato cruel e sem qualquer sentido do modesto comerciante José Armando, de São Benedito, no interior do Ceará. A violência atingia, também, os próprios militantes, como atestam os “justiçamentos” de Ary Rocha Miranda e de Geraldo Ferreira Damasceno; os suicídios e as inúmeras tentativas de suicídio, resultantes de normas de segurança orientadas por um incompreensível fanatismo.
Além do incremento das ações armadas nas cidades, que cresceram no segundo semestre desse ano, vários trabalhos estavam sendo realizados no campo: na região de Imperatriz e no Vale do Pindaré, no Maranhão; no Vale do Cariri, no sul do Ceará; na região do Araguaia, no sudeste do Pará e norte de Goiás; na zona da Mata, em Pernambuco; na área de Bom Jesus da Lapa, na Chapada Diamantina, na Bahia; etc. Dessas ações, a que preocupou mais as autoridades militares foi a que talvez tivesse menor importância, pois, embora localizada numa área vital para o País, tratava-se apenas de uma área de treinamento militar, findo quando descoberta a área do Vale do Rio Ribeira do Iguape, no litoral sul de São Paulo. Aí, como ocorreria em outras oportunidades, no afã de eliminar no nascedouro um possível foco guerrilheiro, os chefes militares agiram açodadamente, olvidando-se de um ensinamento comezinho e milenar – a necessidade de informações precisas para a decisão racional. No entanto, a rapidez das decisões que levaram ao emprego de várias unidades, inclusive, das forças auxiliares, e ao apoio de outras forças singulares, num final de semana, vencendo a inércia comum numa estrutura hierarquizada, da dimensão das nossas Forças Armadas, foi um aspecto altamente positivo desse episódio. O desencadeamento imediato das operações demonstrou que havia uma preocupação geral, entre os chefes militares, de impedir, a todo custo, que prosperasse, no País, qualquer tentativa de se criar um novo “Vietnã”.
Se algum reparo pode-se colocar nessa parte inicial das operações, seria, exatamente, por contraditório que pareça, o de ter-se mobilizado e deslocado forças de certo vulto, sem que se tivesse informações adequadas sobre a área, principalmente, sobre as forças em presença, o que poderia tê-las levado a indesejáveis reveses ou, no mínimo, fazê-las cair no vazio, afetando seu moral.
Paradoxalmente, no caso do Vale do Ribeira, se fosse desencadeada, preliminarmente, como seria de boa técnica, uma operação de informações, é provável que nenhum “guerrilheiro” tivesse sido preso. O treinamento a que os terroristas se propuseram havia terminado em meados de abril e sua retirada da área foi retardada unicamente em razão da participação de Lamarca na reunião do CN/VP, em Peruíbe, realizada nesse período. Era iminente a sua retirada da área, chegassem ou não as tropas. Em contrapartida, a realização da operação de informações não daria margem para que a organização comunista desse líder subversivo tentasse transformá-lo, de um ex-militar comum – abaixo da média –, em um mito. É essa margem de incerteza sobre o que é mais vantajoso em determinada circunstância, ou o que é mais correto executar em certa ocasião, que transforma o combate num jogo e a guerra no domínio do acaso, do imprevisto, fazendo com que o tempo e o espaço sejam elementos sem presente, importantes nas decisões. São esses fatores subjetivos que conduziram Clausewitz a dizer, na guerra, “mais do que em qualquer outro domínio, é necessária uma inteligência sutil e penetrante para discernir e apreciar a verdade de cada momento”. A fuga ou a retirada antecipada dos guerrilheiros era, nas circunstâncias, de somenos importância. O emprego da força, nessas condições, porém, poderia afetar-lhe o moral, fator que se torna relevante nesse tipo de operações.
Além desses aspectos, neste caso, desde a tentativa inicial de prisão dos supostos proprietários da área até a perda da viatura militar com a qual os subversivos restantes fugiram da região, sucedeu-se uma série de erros elementares, envolvendo fundamentos do combate, de tal modo que o episódio se tornou um repositório de ensinamentos a serem estudados e apreendidos.
O erro mais significativo foi, sem dúvida, o do encontro com os “guerrilheiros” no Sítio Alvorada, onde a falha destes foi tão grosseira que, se houvesse a preparação de uma emboscada, a Operação poderia ter tido ali o seu término, com êxito quase total.
Em 1970, o Governo enfrentaria, ainda, situações delicadas, descontente com o que as organizações subversivas denominaram de “grandes ações”, representadas pelos sequestros de diplomatas e de aeronaves, em busca da repercussão internacional. Nada menos de três sequestros seriam realizados nesse ano: o do cônsul do Japão, em São Paulo, e dos embaixadores da República Federal da Alemanha e da Suíça. O governo brasileiro, nesses episódios, fixou uma conduta independente das pseudorreações internas e internacionais. Negociou com os terroristas, que, com sua ação, envolveram ou ameaçaram pessoas alheias aos problemas internos, mesmo os que se mostravam simpáticos aos sequestradores, mas cuja segurança era uma responsabilidade sua. O Governo estava ciente de que esta era uma ação a que estavam sujeitos os países do mundo livre, independentemente do tipo de regime – do plenamente democrático ao autoritário – mas não os países totalitários. De fato, até hoje, não ocorreu e nem ocorrerá sequestro em nenhum país comunista ou ação que envolva seus representantes diplomáticos, por ser evidente a conivência e a identidade ideológica desses países com a atuação terrorista. Do mesmo modo que não ouviremos falar de Comitês de Solidariedade aos povos do Afeganistão, da Etiópia, do Camboja, da Checoslováquia, dentre outros do mundo.
Mesmo depois do sequestro do cônsul brasileiro em Montevidéu e da negativa do governo uruguaio em negociar com os terroristas, o governo brasileiro não mudou sua conduta. Negou-se, é verdade, a cumprir exigências descabidas ou propagandísticas dos terroristas, como viagens gratuitas em trens suburbanos, por julgar que a impunidade de assassinos e assaltantes já era um preço suficientemente alto a pagar. E os terroristas, que blefavam, recuavam. Embora houvesse setores que se mostrassem céticos quanto aos resultados até então alcançados com essa política, pois tal atitude sequer resultou numa melhoria da imagem do governo brasileiro no exterior, este continuou irredutível. Para ele, esse posicionamento honrava, sobretudo, os compromissos do País com a comunicação internacional e ajustava-se aos sentimentos humanitários da população brasileira.
Esse respeito aos direitos humanos, sem aspas, sem dúvida, tinha de tornar mais claro e nítido o caminho que o governo brasileiro trilhava, mesmo que não o admitissem.
Além desses três, vários sequestros foram planejados, e alguns, embora frustrados, foram tentados. Destes, a tentativa de que foi vítima Curtis Cutter, cônsul norte-americano em Porto Alegre, narrado no item 23 deste capítulo, dá uma amostra cabal da moral comunista que orientava a guerra psicológica de que o País era alvo. Para os comunistas, sob o pretexto de que “os fins justificam os meios”, as barreiras éticas inexistem. “A moralidade comunista” – como acentuou Lênin – “é subordinada aos interesses da luta proletária de classes”. Sob essa moral se pode exagerar, enganar e, como no caso em pauta, mentir. Nessas condições, a propaganda torna-se uma arma perigosa e poderosíssima.
Talvez, tanto quanto a própria incapacidade que se ia delineando de alcançar seus objetivos, atormentasse as esquerdas as realizações do Governo. A Revolução ia mudando a imagem de ineficiência do País: “Até um homem como o ex-presidente Juscelino Kubitschek, proscrito pelo regime político, dá seu testemunho de que se firma de nosso País uma ‘nova imagem’, a qual permite a empresários europeus ver o Brasil como a grande nação do final deste século”, diz o jornalista Carlos Castello Branco, em uma crônica política, no início de outubro desse ano. O mesmo insuspeito cronista diz: “O Governo Médici vai consolidando uma imagem de eficiência que se começou a construir no País a partir de março de 1964. Eficiência no diagnóstico dos males financeiros e econômicos e eficiência na execução de soluções objetivas e realizadas para as questões mais importantes relacionadas com o desenvolvimento material”.
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Para isso, o Governo perseguia suas metas com determinação em todos os campos, o que lhe proporcionava um alto índice de popularidade.
Seria o mesmo jornalista, antes citado, que diria, no final desse ano: “Não há dúvida de que, nas atuais circunstâncias, caso o Presidente Médici se submetesse a um referendo popular, teria seu mandato legitimado”.
E era ainda a imprensa da época que registrava o clima de otimismo que existia: “A visão pragmática que está na base da política de desenvolvimento é hoje notoriamente triunfante nesta terceira etapa do processo revolucionário. 1970 nos devolveu, salvo correções, ao clima de 1960, e é sob esse impacto que iniciaremos a ‘década grandeza’. A liderança do General Médici se exerce nitidamente nesse sentido, e ela marcou com decisão o episódio eleitoral de que emergimos, tanto mais quanto a outra vertente estava com suas fontes estancadas. Hoje, como há dez anos, voltamos a acreditar que o Brasil queimará etapas na sua luta contra a pobreza”. (nota de rodapé nº 114): (dissemos insuspeito, ao nos referirmos ao jornalista Castello Branco, porque combateu com veemência o regime autoritário, ainda que, às vezes, com argumentos bastante discutíveis. Mas, exatamente por essa sua posição, as citações da imprensa nesse ano referem-se praticamente a seus artigos e estão contidos no Vol. III de “Os militares no Poder”, pág. 646, 692/693, 722 e 736).
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Recorde-se que o Presidente Médici não hesitou, neste ano, em afastar o Ministro da Indústria e do Comércio, que não se entrosara com os demais setores da alta administração do País. Essa determinação não se verificava apenas na área administrativa. No campo político, o Presidente repelira com um expressivo “vocês estão doidos” a alguns deputados que lhe propuseram o adiamento das eleições, sob o pretexto de se concluir algumas composições internas no partido do Governo.
Ações terroristas em 1970
Assassinatos de Inocentes
CAPÍTULO IX
1. As atividades subversivas
“Já havia quebrado uns cinco deles quando um grupo liderado por um sujeito com cara de japonês veio contra mim, e entramos numa luta corporal”. Preso, Luís elogiou as realizações do governo brasileiro e passou a ser chamado pela imprensa chilena de “minigorila brasileño”.
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As atenções dos órgãos de segurança continuavam focadas para o setor de massas. A ALN continuaria a praticar ações bastante violentas, mesmo depois da divisão que geraria o MOLIPO.
Aproveitando o idealismo dos jovens, sua ousadia e a sua esperança em poder reformar o mundo, as organizações subversivo-terroristas, tendo como suporte experientes militantes comunistas, sempre dispensaram especial atenção ao recrutamento dos jovens.
O recrutamento começava, geralmente, em reuniões sociais, shows, bares, colégios e faculdades. Inicialmente, reuniões informais, sem intenções políticas. A penetração de ideias subversivas era feita no momento em que o jovem sentia os problemas sociais no meio em que vivia.
Depois, os indivíduos que mais se destacavam eram reunidos para discussões em torno de fatos políticos que haviam causado impacto no âmbito internacional ou nacional.
Ainda naquele ano, o ex-deputado Márcio Moreira Alves tentou distribuir, durante as sessões da 59ª Conferência Interparlamentar realizada na Europa, um panfleto altamente ofensivo ao País, ação que não logrou êxito em decorrência de gestões promovidas pela delegação brasileira. O mesmo verificou-se com um deputado comunista da Venezuela que ali acorreu, “em solidariedade ao povo brasileiro”, com uma carta de acusações ao Brasil.
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Internamente, as notícias sobre as atividades terroristas vinham sendo veiculadas pela imprensa, mas, normalmente, restringiam-se a seus atos em si, muitas vezes sem relacioná-las às diferentes organizações subversivas, sem dar uma ideia mais ampla dessas atividades e sem que transparecesse que elas se tornavam, a cada dia, mais violentas e radicais. Reconheciam-se essas atividades como “desvinculadas aspirações políticas que se afirmavam na vida nacional”, sendo, inclusive, a causa principal de perturbação do processo político. A falta dessa visão de conjunto, importante para que a população pudesse “viver” o problema, já se disse, era em grande parte culpa dos órgãos de segurança e, por via indireta, do Governo, a quem cabia essa responsabilidade. As notícias de prisões, de desbaratamento de “aparelhos”, etc., se tornavam uma constante. Mas não se informava ao público sobre as novas organizações que surgiam, sobre a vinda, para o País, de terroristas com curso de guerrilha no exterior, e sobre as tentativas de implantação de focos de guerrilha rural, o que dava a impressão de que a subversão estava praticamente contida. Isso gerava incompreensão pela não correspondente evolução do processo político. Desse modo, qualquer fato de maior repercussão, como ocorreria nesse ano com a morte de Lamarca…
No dia 15 de julho de 1970, a militante Ana Bursztyn aguardava a hora para dirigir-se ao ponto combinado com os companheiros. Como estava adiantada, passou pela loja de departamentos do Mappin, pegando alguns cosméticos. Seu nervosismo atraiu as desconfianças de um fiscal; quando se dirigia ao caixa para pagar, o fiscal pediu para que abrisse a bolsa. Levada à sala do chefe de segurança, Ana Bursztyn apavorou-se quando pediram para revistá-la, sabia que na bolsa estava uma arma, o suficiente para incriminá-la. Ao ser descoberta, tentou fugir, puxou da arma, uma taurus 32, atingindo o chefe de segurança na perna. Ferimento suficiente para causar uma hemorragia e matá-lo. Ana Bursztyn foi presa, no dia seguinte os jornais anunciavam que se havia prendido a guerrilheira ladra. Submetida a intensas e ininterruptas torturas durante oito dias, Ana Bursztyn deixou escapar o endereço do aparelho de Bacuri.
Como conseqüência, Denise, grávida de poucos meses, foi presa. Silenciosamente, à distância, Bacuri, ao lado dos companheiros Carlos Eugênio Paz e Ana Maria Nacinovic, assistiu à prisão da mulher. Mais tarde, tentando evitar que Denise fosse torturada, telefonou para o comandante do II Exército, identificando-se como Bacuri, guerrilheiro da ALN. Avisou ao militar que Denise tinha sido presa pelo DOI-CODI, e que se alguma coisa acontecesse a ela e à criança, iria matar o general-comandante do II Exército. Os militares só deram importância à ameaça, quando Carlos Eugênio voltou a telefonar, dando detalhes da rotina do general, ameaçando ceifar-lhe a vida. Acossados, os militares negociaram com Bacuri a libertação da mulher e do filho. Denise Crispim foi libertada mediante acordo para que se preservasse a vida do general. Foi a última vitória do guerrilheiro Bacuri sobre a ditadura. A partir de então, seria procurado e, se apanhado, sua vida não teria mais valor.
Depois transcreveremos o que ela afirmou nos Tribunais. …se deixarem…

Um comentário:

lis disse...

Essa gente não sabe vivier de forma que não seja sorrateira, com um reptil! Fazer o que ela fez pode, publicar não pode!
São vermes que sequer coragem para assumir os atos que eles , bufões, proclamam ter sido por democracia (?) eles assumem!
Repito: répteis sorrateiros só vivem às escondidas, chafurdados, e só atacam pelas costas.