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O carnaval acabou e o país começa a entrar definitivamente na realidade e a encarar os velhos problemas que nos assolam há anos. Isso mesmo, apenas começa, porque lá em Brasília o ano só vai começar na semana que vem e isso, segundo as palavras do senador José Sarney, se os parlamentares (ou será pralamentares) quiserem atender a sua “convocação geral” para que os projetos importantes que mofam nas gavetas do congresso Nacional sejam colocados em votação.
É lendo coisas assim que sinto saudades dos velhos políticos brasileiros que se vangloriavam de aprovarem projetos “bombásticos” a favor da nação. Quem não se lembra (aqui no RJ) do velho Aarão Steinbruch (senador, deputado federal, vereador); um político “das antigas” e já falecido que em toda a campanha eleitoral apresentava o seu bordão: “O pai da lei do décimo terceiro salário”.
O velho Aarão, mesmo sendo um político praticamente obscuro para muitos, nunca esteve envolvido em nada escuso e lutou pelo povo que adorava e pelos trabalhadores. Mas, esses eram outros tempos. Hoje, a nova safra já percebeu que de nada adianta vangloriar-se deste ou daquele projeto. É melhor que eles fiquem nas gavetas e que apenas se negociem mamatas, falcatruas e aumentos de verbas. Afinal de contas, o próprio Supremo Tribunal Federal deu sinal verde para a roubalheira ao decretar a prisão apenas após todos o trâmite em julgado. O que antes era difícil; hoje passou a ser praticamente impossível.
Mas, você leitor pode perguntar: “O que tudo isso tem a ver com o título desse artigo Maximus?”
Muito simples; toda essa divagação é para mostrar como nossas próprias autoridades adoram infringir as leis e desprezam tenazmente a população. Por outro lado, essa mesma população desprezada, se finge de indignada e recusa-se a constatar o óbvio: Ela é cúmplice desse “novo pensamento” dos políticos.
Mas, como chegou a essa conclusão Maximus? Você pode perguntar.
A conclusão é facilmente encontrada quando vemos os acontecimentos dantescos que explodiram pelo Brasil a fora nesse carnaval e que, em momento algum, sequer foram alvos da indignação de primeira página, costumeiramente vista pelas ruas brasileiras.
O relatório do Departamento de Estado americano sobre a violação dos direitos humanos no Brasil é um desses acontecimentos; todos os anos o relatório bate na mesma tecla: a polícia brasileira mata muito e impunemente.
Sim; mas esperar o que de pessoas mal pagas, mal treinadas e abandonadas à própria sorte? O que esperar de corporações que devem manter a lei; mas são abandonadas pelos políticos que teimam e ignorar essas mesmas leis?
No Pará, várias pessoas morreram porque não havia médicos num posto de saúde. Não havia médicos porque os salários estão atrasados a três meses. O único médico que chegou para trabalhar simplesmente foi embora ao constatar que seria o único. E os direitos humanos dessas vítimas? E quem pagará pelas mortes que ocorrem dia após dia nas filas dos hospitais públicos sucateados e abarrotados de indigentes desesperados. Depois disso, assistimos ao ministro do STF (um dos principais responsáveis pela impunidade neste país) clamar pela obediência as leis em rede nacional indignado pela invasão de fazendas.
Durante o carnaval nosso presidente rebolou alegremente na Sapucaí, ao lado do prefeito e do governador do Rio, sob aplausos de uma claque contratada (segundo denúncias) para abafar vaias caso elas ocorressem.
Esse mesmo presidente “boa praça” em seu Chapéu Panamá (que lembrava muito mais um turista bonachão do que o velho operário calejado) financia grupos que invadem propriedades privadas e matam impunemente pelo interior do Brasil sob a falsa alegação de defenderem a bandeira dos pobres que querem terra para plantar. Quando sabemos muito bem que a maioria dos líderes jamais pegou numa enxada e vive muito longe do ambiente rural. Que o diga José Rainha Júnior que, mesmo após ser banido do movimento, ainda usa a sigla como bandeira Brasil a fora e apoiou inclusive políticos envolvidos com o tráfico de drogas aqui no RJ segundo denúncia publicada no jornal O Globo em 2008.
O povo brasileiro deve abandonar a folia um dia ao menos e entender que a sua negligência quanto a esses fatos é criminosa. Tanto moralmente quanto civilmente. Afinal de contas; foi o povo o responsável por esses senhores tomarem a nação se assalto. E é o povo que perpetua os “bons moços” e os “salvadores da pátria” no poder geração após geração.
Sérgio Cabral, Eduardo Paes e Lula são mesmo um trio imbatível em matéria de fingir que governam. Enquanto isso, morre-se em todos os lugares de nossa imensa nação, de doenças que já eram facilmente curados no início do século passado.
Negligência, incompetência, má fé, imoralidade administrativa e todos os males que afligem justamente os mais pobres e os que são mais suscetíveis a má gerência da coisa pública. Contudo, o mais triste mesmo, é o fato de que são eles mesmos os principais responsáveis por essa corja sorridente e de bolso cheio dominar o nosso país.
Somos os algozes de nós mesmos e ainda sorrimos e cantamos alegremente durante quatro dias.
Pense nisso.
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