Parece que, atualmente, não é mais assim. Mas houve uma época em que os donos dos pontos de jogo do bicho, para demonstrar e curtir o prazer de sua condição financeira, costumavam andar enfeitados com pulseira ou colar bem grossos de ouro, enquanto deixavam a camisa aberta para exibir sua fartura financeira. Aparentemente não se envergonhavam de sua imagem estar diretamente ligada à contravenção. Desfrutavam de uma fartura e um poder diretamente proporcionais à forma inescrupulosa como os alcançavam. É o poder discutível.
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Após comparar a vida dos parlamentares brasileiros e de outros países culturalmente menos favorecidos com a vida dos parlamentares da Inglaterra ou Suécia, por exemplo, dá para perceber a que nível pertencem esses deslumbrados de Brasília, que não têm a menor noção do cargo que ocupam e não enxergam seu minúsculo tamanho. Mantendo as devidas proporções, passear num helicóptero público é o mesmo que usar cordão de ouro pendurado no pescoço com a camisa aberta.
Ao justificar a conduta vergonhosa de José Ribamar (Sarney), como vemos na reportagem abaixo, Magno Bacelar-PV nos passou um atestado de gente miúda que só poderia, mesmo, chegar ao cargo que chegou, num país como o nosso, onde a tiriricagem é bem-vinda.
A reportagem completa, escrita por Ricardo Melo, saiu, hoje, na Folha de São Paulo:
Não basta que o passeio tenha sido feito em prejuízo do socorro a doentes. Tampouco que o companheiro de patuscada da família do presidente do Senado e de sua filha tenha sido um empresário de ficha duvidosa. É preciso mais, como que para convencer o povo de que as coisas são assim, e pronto.
"Queria que o presidente [do Senado] fosse andar em jumento? Queria o quê? Enfrentar um engarrafamento? Esse helicóptero, é claro, tem que servir os doentes, mas tem que servir as autoridades, esta é a realidade."
Foi assim, com essa naturalidade e desfaçatez, que o vice-líder da governadora Roseana na Assembleia do Maranhão defendeu a família Sarney. Magno Bacelar, do Partido Verde, também reverberou as infames palavras do então presidente Lula sobre o senador: "Ele não é uma pessoa qualquer".
Ao colocar em plano semelhante "doentes e autoridades", Bacelar fez duas coisas. Primeiro, refrescou na memória de todos por que o Maranhão está na lanterna de qualquer ranking de bem-estar, conforme destacou, com o talento habitual, Fernando de Barros e Silva neste mesmo espaço.
Segundo, não falou toda a verdade. O povo local já estaria satisfeito caso tivesse direitos ao menos parecidos aos dos coronéis do sarneysismo, num Estado onde a "realidade" é ostentar certos sobrenomes (sobrenomes incluídos quando já adultos em sua certidão de nascimento, como no caso de José Ribamar e L.I.).
O parlamentar que nos desculpe, mas o Maranhão precisa de tratamento de choque. Para tomar emprestada sua própria imagem, só vai dar certo no dia em que os enfermos tiverem preferência e os políticos, montados em jumentos, enfrentarem engarrafamentos quando quiserem se refestelar na praia.
Fonte: A Casa da Mãe Joana
COMENTO: parodiando o texto da Folha, "o parlamentar que não me desculpe" mas uma opinião como a que ele expressou é coisa típica de bandido. Somente um canalha que já tenha perdido toda e qualquer noção do que é público e o que é privado poderia se expressar dessa forma. Por outro lado, com "representantes eleitos" como os que tem, o povo do Maranhão, como no resto dessa terra que teimam em denominar como "país" não merece coisa melhor do que esses calhordas para os representar.
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