por Lino Tavares
Jamais na história brasileira, incluindo as eras monárquica e republicana, as nossas Forças Armadas foram tão desconsideradas como tem acontecido a partir do momento em que perderam o 'status' de ministério, passando à condição de simples comandos militares, subordinados a uma pasta inoperante, apelidada de "Ministério da Defesa", confiada a cidadãos civis que se sucederam no cargo, sem revelarem um mínimo de vocação e competência, para atender à demanda dessas Instituições Militares, no tocante às suas necessidades essenciais voltadas aos fins a que se destinam.
Como se não bastasse o sucateamento bélico a que se acham submetidos, colocando em risco a defesa e a soberania da Pátria, Marinha, Exército e Aeronáutica convivem hoje com um processo de depreciação, orquestrado à guisa de revanchismo por parte de antigos militantes da extrema esquerda, que hoje, encastelados no poder e ungidos pelo populismo eleitoreiro, querem se vingar das Forças Armadas brasileiras, pela "ousadia" de, em passado recente, terem impedido que consumassem suas ações de 'entreguismo' pátrio à "Ditadura do Proletariado" do tempo da Guerra Fria.
Um dia Geraldo Vandré escreveu no verso de sua canção "Pra não dizer que não falei das flores": Há soldados armados, amados ou não, quase todos perdidos, de armas na mão. Hoje a colocação do compositor se aplica, com extrema propriedade, não aos soldados, mas os chefes civis sem farda que tentam comandar, do alto de seus cargos em comissão — que dispensam prova de competência e nível mínimo de formação intelectual — Instituições armadas dependentes de profundos conhecimentos técnicos, para serem consideradas aptas ao fiel cumprimento de sua incomum missão constitucional
Poderiam ser citados vários equívocos decorrentes da "ingerência" do poder civil em assuntos que deveriam ser tratados à luz de conhecimentos essencialmente militares, como a demarcação equivocada da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, denunciada na época pelo então Comandante Militar da Amazônia, general Augusto Heleno. Outro é aquela propaganda sobre o Serviço Militar, veiculada diariamente na TV, em que um militar explica a um grupo de jovens alistados que observem em seus certificados de alistamento a data de apresentação para a seleção.
Isso, aos olhos de alguém que prestou o serviço militar e até mesmo de um simples conscrito recém alistado, apresenta-se como um disparate, revelando total desconhecimento de causa sobre o assunto. O Brasil inteiro sabe — menos quem deveria saber — que o alistamento militar é um ato isolado, feito em diferentes datas dentro do prazo previsto em lei, o que inviabiliza a formação de um pequeno contingente como aquele que aparece na referida propaganda, "sob o comando" de uma austero "personagem fardado", que tenta lhes explicar — suscitando um sonoro e ridículo "Sim Senhor !" — algo que eles já sabiam, posto que isso é feito pelo agente público da Junta de Serviço Militar, no ato do alistamento.
Lino Tavares é jornalista,
além de poeta e compositor.
Fonte: GibaNet
COMENTO: o redator, talvez por excesso de educação, evitou citar que a voz em afetada do austero "personagem fardado" em nada se parece a de um verdadeiro profissional de caserna. A agência de propaganda, que certamente recebeu muito mais do que vale seu péssimo trabalho, poderia ou deveria utilizar alguém com o tom de voz parecido com quem alguma vez tenha exercido atividade militar para, no mínimo, "dublar" o artista e procurar dar um pouco de credibilidade à sua peça publicitária. Ou será que a voz afetada já faz parte de campanha posterior???
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