sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Lula Vence Libéria e Arábia Saudita, e se Torna "Estadista do Ano"

Deu n'O Globo, em reportagem de hoje: Lula recebe prêmio de "Estadista do Ano" na Inglaterra.
Bom né? Aliás, poxa vida, é ótimo. Ah, não sejamos modestos, é magnificamente excelente!
Quando Obama fez aquela brincadeira de "o cara", muitos foram contra, dizendo que não era bem assim. Achei errado porque REALMENTE ele falou — independentemente do significado ou isso e aquilo.
Mas agora, quanto ao prêmio, sejamos honestos. Vale a pena saber que raio de coisa é essa.
Vamos por partes (trechos da reportagem):
"O prêmio anual foi concedido pela prestigiosa instituição Chatham House (Instituto Real de Assuntos Internacionais), para a qual o presidente brasileiro é "um dos principais facilitadores da estabilidade e da integração na América Latina". Lula concorreu ao prêmio ao lado do ministro saudita de Relações Exteriores, príncipe Saud Al-Faisal bin Abdulaziz al-Saud, e da presidente da Libéria, Elle Johsnson-Sirleaf." (grifos nossos)
Notem a lista tríplice de "estadistas" e países da qual Lula e o Brasil fazem parte. Além de nós, havia ARÁBIA SAUDITA e LIBÉRIA, duas ditaduras dessas que pegam pessoas no meio da rua, por qualquer motivo torpe, e os matam a pedradas. Só não espero que tenha sido uma votação muito difícil.
Bom, podem dizer que foi um lapso apenas deste ano, não é mesmo? A tal "prestigiosa" instituição teve um surto meio maluco. Vamos a outros vencedores:
"Nos anos anteriores, o prêmio foi concedido ao presidente de Gana, John Kufuor, em 2008, a Sheikha Mozah, uma das três primeiras-damas do Catar, em 2007, e ao ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano, em 2006." (grifos nossos)
Percebam, portanto, que a ideia não é premiar "estadistas" ou países proeminentes, mas talvez distribuir medalhinhas utilizando critérios pra lá de heterodoxos. Aliás, Lula está no poder desde 2003, e tomou surra de Gana, Catar e Moçambique nos três últimos anos (obviamente, uma galhofa, pois são três países deploráveis em comparação ao Brasil).
Vamos ao futebol, um clássico das analogias quando se trata do "estadista" ora premiado. Suponhamos um campeonato "mundial" com Palau, Vaticano, Formosa e Argentina. Nossos hermanos ganham e dizem: SOMOS CAMPEÕES DO MUNDO. Isso seria admissível? É mais ou menos por aí.
E, na comparação futebolística, coloquei países talvez melhores no esporte bretão que nossos concorrentes, da lista tríplice, quanto a qualquer critério correspondente à atuação dos Chefes de Estado. Arábia Saudita e Libéria? Países que espancam mulheres por andar na rua sem companhia? Chega a ser vergonhoso participar da cerimônia, sejamos honestos.
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Atualização: O Prêmio é patrocinado por, entre outros, Banco do Brasil, BNDES e PETROBRAS. Vejam por aqui.
Fonte: Imprensa Marrom
COMENTO: o comentário é de Acir Vidal, editor do Contra o Vento— Pra ver como é que anda este mundo.

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