por Marcos Pontes
Na época da ditadura, mesmo com colegas cassados ou sequestrados, “desaparecidos, presos, intimados e torturados, alguns valorosos congressistas não se calavam. Mesmo alguns da situação abriam o verbo e protestavam publicamente contra um ou outro ato do executivo.
Retornado à democracia, o país abriu também as comportas para o surgimento de muitos partidos, desde o PT, que eram um aglomerado de siglas de grupos de oposição, seja armada ou democrática, até os até então banidos PCB e PCdoB. Na carona, cumprindo a exigência legal de número mínimo de filiados, vieram dezenas de siglas hoje chamadas de aluguel, alguns já finados, cumprido seu objetivo de fazer negócio vendendo apoio e fazendo fortuna para seus dirigentes, como o PP e o PRN, apenas para citar dois exemplos.
Se havia uma urgência de se fazer oposição aberta, legalizada e democrática, a nova democracia encheu-se de partidos, hoje consigo contar 23, depois de muitos coligarem-se, alguns fecharem suas portas e outros surgirem. A quase totalidade diz-se de esquerda ou centro esquerda, o que leva o cidadão sem malícia perguntar por que tantos se falam a mesma coisa?
Tornou-se, efeito colateral da ditadura, quase uma ofensa dizer-se de direita ou conservador, como se esta posição política caracteriza-se um câncer social. O PDS, partido de sustentação da ditadura, tornou-se PFL, hoje DEM, mudando de nome numa tentativa de afastar-se de seu passado direitista. E o afastou. Poucos de seus quadros, sendo Jair Bolsonaro seu maior expoente, diz-se claramente um conservador, por isso mesmo recebendo a pecha de louco, “reacionário” (o xingamento predileto das esquerdas e dos analfabetos políticos), “capitalista” (outro xingamento vazio, que por mim seria tomado apenas como uma identificação honrosa).
Por outro lado, cada esquerdista declarado e os que vão na maré dita “progressista”, embora defendam práticas russas de 1917, ou chinesas da época de Mao Tsé-Tung ou, ainda pior, castristas, acha-se no direito de abocanhar sua parte privada do Estado, principalmente do erário. Dizem-se injustiçados por terem sido desconsiderados como força política legal pelos generais e metem a mão legalizadamente, mas imoralmente, retirando suas pensões, indenizações e outras vantagens pecuniárias. Se pregam a igualdade social, diferenciam-se pelos privilégios recebidos, numa clara demonstração da contradição que eles carregam intrinsecamente.
E lá vem o governo centro-esquerda de FHC, depois o falso socialismo, que eu apelido de socialismo para os muitos e capitalismo voraz para os seus, de Lula e a corja vermelha que se enterrou sob o chão, como as cigarras, que ao primeiro sinal de verão põem a cabeça para fora e cantam alto sua melodia Internacional Socialista sem a preocupação de perturbar a vizinhança.
No medo de declarar-se direitista, capitalista e conservador, os politicanalhas embarcam no barco vermelho, deixando o país sem oposição.
FHC poupou Lula da cassação quando estourou o desmando do mensalão, toda a pseudo-oposição fez de conta que acreditou na desculpa cínica do presidente que afirmou que nada sabia do desvio de dinheiro público para comprar apoio para o seu governo no Congresso Nacional e o canavial de demais partidos manteve-se calado, acoitando o roubo e a corrupção, talvez em troca de cargos, vantagens, promessas e, quiçá, o mesmo mensalão que continuou em voga, embora mais velado.
O barro podre que faz os políticos da situação filiados ao PT, aos partidos companheiros ou apenas a sindicatos, é o mesmo que dá vida aos políticos de oposição que fazem de conta que são contra o governo e suas falcatruas em discursos para os jornais e nenhuma ação concreta no parlamento.
Não pode haver democracia ou equilíbrio de forças num país sem oposição, situação em que o Brasil se encontra há, pelo menos, 26 anos. Esse monocórdico discurso de que somos vítimas nos deixa com a sensação de que a eternização da esquerda nos rumos do país já deu-se, deixando os muitos cidadãos comuns de direita sem representatividade e sentido-se traídos por aqueles que foram eleitos para se oporem a esse estado de desorganização e privatização das riquezas do Estado.
Fonte: Esculacho e Simpatia
COMENTO: equivocou-se o autor quanto ao partido do Deputado Jair Bolsonaro, que pertence ao Partido Progressista (PP), que já foi Partido Progressista Brasileiro, e Partido Progressista Renovador, oriundo do Partido Democrático Social (PDS), que antes era a Arena. No mais, perfeito. Como se dizia antigamente, "estamos na mão das baratas e no ferrão dos mosquitos"! A Revolução foi feita, não a ferro e fogo como queriam os radicais da primeira metade do século passado, mas da forma mais capitalista possível. Comprando todo e qualquer tipo de oposição. E o pior é que a fatura é paga por nós.
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