domingo, 7 de novembro de 2010

Nota de Falecimento

Com a entrada no ar, no último dia 3, do novo portal do Exército Brasileiro na Internet, veio a ser definitivamente sepultada a Revolução Democrática de 31 de Março de 1964.
Nos dois únicos locais onde ela podia ser vista naquele site era na sinopse histórica da Força Terrestre e na relação das datas festivas e comemorativas  lá ela já não está mais.
É bem verdade que a coitada já de algum tempo vinha dando sinais de que seria "riscada" da História, a fim de não criar arestas com o poder dominante. Segue agora rumo ao esquecimento, onde se juntará à Intentona Comunista de 1935 e à Guerrilha do Araguaia. Afinal, não passam de apenas "factoides" criados pela mente deturpada de chefes militares da época e pelos quais muitos de nossos irmãos de armas  bestas que foram  cumpriram seu juramento à bandeira, dando a vida em defesa da honra, da integridade e das instituições do Estado Brasileiro.
Não queria crer que fosse simples assim apagar episódios da História Militar brasileira, mas o foi. Lembra aquela conhecida figura de uma cobra, em posição circular, abocanhando o próprio rabo, ou seja, comendo-se a si mesma.
Quero ver agora como é que se vai fazer com a denominação histórica atribuída à 4ª Brigada de Infantaria Motorizada, com sede em Juiz de Fora/MG e que, mediante portaria do Comando da Força — recebe a denominação de "Brigada 31 de Março". 
Outra coisa chatinha de se lidar vai ser com a série de outras denominações relacionadas com personagens que se destacaram na Revolução, como o Marechal Castello Branco, por exemplo, pois há várias homenagens a ele em repartições do Exército e essas honrarias, não obstante ter-se destacado na Força Expedicionária Brasileira (FEB), ele as obteve por sua oportuna intervenção nas ações de preparação e condução da Revolução que ora se quer esquecer. E a ponte Presidente Costa e Silva, a Rio-Niterói? Quando formos perguntados por que ela recebe esse nome diremos o quê? Que é uma homenagem a um militar que deu sua vida por uma revolução que não existiu?
Corrijam-me os companheiros se eu estiver delirando:
 Não fomos formados todos pensando que o Brasil tinha salvado-se a si mesmo em 1964?
Se a coisa aconteceu assim, quer dizer que fui, por muitos anos, iludido sobre um fato histórico que não aconteceu?
Sendo assim, será que posso acionar a União na Justiça por danos morais devido a ter-me proporcionado uma formação equivocada que hoje me torna um "deslocado" da sociedade politicamente correta?
Sim. Um "deslocado", pois, a todo ano estarei em algum lugar relembrando as datas de nascimento daquelas senhoras: a Intentona Comunista de 1935, a Revolução Democrática de 1964 e a Guerrilha do Araguaia.
Meus sentimentos às pessoas ligadas às falecidas e que em algum momento deram suas vidas por elas.
Jorge Alberto Forrer Garcia - Coronel de Cavalaria R/1
Curitiba/PR
"Estaremos sempre solidários com aqueles que, na hora da agressão e da adversidade, cumpriram o duro dever de se opor a agitadores e terroristas de armas na mão, para que a Nação não fosse levada à anarquia".
(General WALTER PIRES
COMENTO: é o triunfo do velho estratagema stalinista de simplesmente 'apagar' o passado inconveniente. É só lembrar as fotos do 'grande líder', editadas grosseiramente, sem a presença de Trotsky, o desventurado. Não estranharei se, em futuro breve, "a Internacional" passar a ser entoada em formaturas militares e alguma OM vier a ser batizada com a denominação histórica de Carlos Lamarca ou Carlos Marighela.
CLARIM, TOQUE SILÊNCIO!

2 comentários:

Arlindo Montenegro disse...

Documentos secretos, documentos que somem... verdades assassinadas, como pessoas. Novas mentes drogadas na infância que aprende os caminhos do mundo, guiados como bois para a feira ou para o matadouro. Também não gosto desta rotulagem de "fardados" de um lado e "civís" do outro: fomos todos brasileiros, em defesa de uma Pátria que vai perdendo a identidade a cada dia, para tornar-se apenas um parceiro comercial do universo controlado por uns poucos, donos da verdade, que ditam, direcionam os caminhos da manada.

Anônimo disse...

Muito bem observado... Mas já não é de hoje que vai se apagando pouco a pouco a memória da Nação e de seus Soldados (os verdadeiros, não as "transmutações") sobre o 31 de março de 1964. Paulatinamente, o Alto Comando das FFAA foi se deixando engolir pela corja petralha vermelha em função de seus chefes "cordeiros", omissos e coniventes. Agora é TARDE para se reverter isto. Só com Revolução e derramamento de sangue!