por Hiram Reis e Silva
“Um povo sem história é um povo vazio. E quem não relembra os feitos de seu povo, não vive, não tem alma, não sente a vida, não vibra”. (Leon Frejda Szklarowsky)
Muro de Berlim |
É deprimente verificar o que professam os historiadores de hoje. Forjados, na sua maioria, por uma ideologia ultrapassada e decadente continuam comportando-se como legítimos órfãos do muro de Berlim, insistindo em manter vivo um sistema político desde há muito morto, enterrado e putrefato. São sociólogos, ideólogos, filósofos, professores e políticos que procuram moldar os corações e mentes dos jovens e despreparados estudantes e de uma população anestesiada pelas benesses patrocinadas pela máquina publica através das famigeradas, virulentas e aliciadoras bolsas.
— “Ressignificação da Memória”
A historiografia moderna está de tal forma impregnada pela ideologia ParTidária que se torna cada vez mais difícil ter acesso à versão real dos fatos. Os novos “historiadores” se preocupam, por demais, em atrelar suas convicções ideológicas aos eventos históricos comprometendo, com isso, a veracidade dos acontecimentos.
A “história” reescrita pelos derrotados da “Revolução Redentora de 31 de Março” é carregada de revanchismos e atentados contra os verdadeiros heróis da nacionalidade brasileira transformando-os em vilões enquanto os traidores, ladrões, assassinos e mutiladores de outrora são enaltecidos. Os “pseudo historiadores”, a serviço do ParTido, são capazes de ultrajar a figura de um Duque de Caxias e enaltecer à do déspota paraguaio Solano Lopes. Os livros de história distribuídos pelo Ministério da Educação são um ultraje à memória de nossos antepassados e a inteligência do povo brasileiro.
— “Ressignificando” a Balaiada
O termo “ressignificar” amplamente usado pelos alienados “Companheiros Acadêmicos” foi, na verdade, a maneira encontrada pelos militantes “PeTralhas” de atribuir um significado “politicamente correto”, segundo a visão deles, é claro, a eventos considerados não alinhados com a ideologia do ParTido.
A Balaiada, por exemplo, foi uma ameaça à integridade nacional. Caso não tivesse sido debelada por Caxias, o Maranhão teria se tornado a “República Bem-Te-Vi”. Cosme Bento das Chagas, um dos líderes do movimento, que a esquerda enaltece como um campeão da igualdade, e se autodenominava “Imperador, Tutor e Defensor das Liberdades Bem-te-vis”, vendia títulos e honrarias a seus sequazes (qualquer semelhança com os políticos atuais não é mera coincidência).
O historiador, geógrafo, escritor, político e editor marxista Caio Prado Júnior depois de uma visita à União Soviética, na época de Stálin, publicou “URSS — Um Novo Mundo (1934)”, cuja edição foi apreendida pelo Governo Vargas. Em relação à Balaiada, Prado Júnior faz a seguinte consideração:
“na origem deste levante, vamos encontrar as mesmas causas que indicamos para as demais insurreições da época: a luta das classes médias, especialmente urbana, contra a política aristocrática e oligárquica das classes abastadas, grandes proprietários rurais, senhores de engenho e fazendeiros, que se implantara no país”.
Nelson Piletti e Claudino vão mais longe:
“A Balaiada, uma das mais vigorosas revoltas populares da História do Brasil, chegava ao fim. Fora esmagada pela botas, pelos fuzis e pelos sabres das forças oficiais para garantir os privilégios (as terras, os escravos e o poder) das elites do Maranhão. (...) O comandante do massacre que inundou as ruas com o sangue de homens brancos pobres, dos mestiços e dos negros que buscavam a liberdade, Luis Alves de Lima e Silva, foi regiamente recompensado pelo governo. Por esse ato de bravura recebeu o título de Barão, e depois, Duque de Caxias, posteriormente tornou-se o patrono do Exército Brasileiro. (...) Os sertanejos, os artesãos, os negros fugidos — o povo pobre do sertão, enfim foram massacrados pelo Exército, simplesmente porque queriam uma vida melhor. A preocupação do governo era quanto ao fato das classes oprimidas estarem participando ativamente do processo político, com armas na mão”. (História e Vida Integrada - Livro didático do 8° ano)
A Balaiada, uma rebelião liderada por facínoras que defendiam seus próprios interesses, foi transformada em luta de classes. Antes mesmo da intervenção de Caxias, a insurreição, que já se encontrava comprometida e debilitada com as divergências entre seus chefes e as lideranças liberais, foi “ressignificada” para atender aos proclames da ideologia marxista.
— Lamarca — o “Heróico” Covarde dos PeTralhas
“Entre suas façanhas mais notáveis estão dois assaltos a banco que resultaram na morte do gerente Norberto Draconetti e do guarda-civil Orlando Pinto Saraiva — morto com um tiro na nuca e outro na testa, disparados pelo próprio Lamarca; a ação no Vale do Ribeira em que torturou e assassinou cruelmente o tenente Alberto Mendes Júnior, esfacelando-lhe o crânio a coronhadas; e o assassínio do agente da Polícia Federal Hélio Carvalho de Araújo, durante o sequestro do embaixador suíço”. (Editorial do “O Estado de São Paulo)
— Che Guevara - o Carniceiro de La Cabaña
“El Che nunca trató de ocultar su crueldad, por el contrario, entre más se le pedía compasión más él se mostraba cruel. El estaba completamente dedicado a su utopía. La revolución le exigía que hubiera muertos, él mataba; ella le pedía que mintiera, él mentía. En La Cabaña, cuando las familias iban a visitar a sus parientes, Guevara, en el colmo del sadismo, llegaba a exigirles que pasaran delante del paredón manchado de sangre fresca”. (Padre Javier Arzuaga, Ex-Capelão da Cabaña)
Che foi o idealizador do primeiro acampamento de trabalhos forçados, em Guanahacabibes, Cuba ocidental, em 1960. Che dizia:
“à Guanahacabibes são mandadas as pessoas que não devem ir para a prisão. As pessoas que tenham cometido faltas à moral revolucionária. É um trabalho duro, não um trabalho bestial”.
Guanahacabibes foi o precursor do confinamento sistemático, a partir de 1965 na província de Camagüey, de dissidentes, homossexuais, católicos, testemunhas de Jeová e outras “escórias”, como eram considerados pelos revolucionários. Os “desadaptados” eram transportados para os campos de concentração que tinham como modelo Guanahacabibes onde, via de regra, eram mortos, violentados ou mutilados.
Jamais se saberá, exatamente, o número de execuções levadas a cabo durante o período revolucionário. María Werlau, Diretora Executiva do Arquivo Cubano, afirmou: “No lo sé, cien mil... doscientos mil ...”
Como Procurador-Geral, El Che comandou a “Prisão Fortaleza de San Carlos de La Cabaña”, onde, somente nos primeiros meses da revolução, ocorreram 120 fuzilamentos. Che considerava que: “As execuções são uma necessidade para o Povo de Cuba, e um dever imposto por esse mesmo Povo”.
El Che comandava os fuzilamentos no “paredão”, sendo conhecido, por isso mesmo, pelo codinome de “el Carnicero de la Cabaña”. Ele dirigia pessoalmente os processos contra os representantes do regime deposto, condenando à morte mais de 4.000 pessoas. Na “Cabaña”, havia inimigos políticos e inocentes, mas Che mandava executar a todos. Seu lema era: “Ante la duda, mata”, lema que chegou a aplicar, inclusive, a antigos companheiros de armas.
— As faces de Che
Alberto Korda imortalizou em 5 de março de 1960, na sua foto mais famosa, o rosto de Che. Sua aparência, de 1956 a 1964, mudou tanto quanto seu nome. Foi conhecido como Ernestito, Teté, Pelao, Chancho, Fuser, Furibundo, Serna, Martín Fierro, Franco-atirador e outros tantos que adotou antes de chegar à Guatemala, onde o cubano Antonio Ñico López o batizou de “Che”.
Fidel Castro enviou Luis García Gutiérrez Fisín a Praga, onde Che se encontrava, e o dentista alterou o rosto de Che fazendo uso de próteses dentárias. As mudanças fisionômicas foram tais que nem mesmo os homens que tinham lutado com Guevara em Cuba e seus filhos, então muito pequenos, o reconheceram. Che usava lentes, ligeiramente obeso, cabeça raspada, uma figura diversa do Guevara que conheciam. Os registros de seu diário de 12 de novembro de 1966 afirmam:
“Meu cabelo está crescendo, apesar de muito ralo, e as mechas que se tornaram loiras, começam a desaparecer; nasce-me a barba. Dentro de poucos meses, voltarei a ser eu”.
— “Con su Muerte, Murió el Hombre y Nació la Farsa”
“Se evoca siempre su trágico final, asesinado cuando ya se había rendido, después de fracasar en un intento guerrillero que lo llevó hasta las selvas bolivianas al frente de un puñado de hombres”.
Sob o comando de Guevara, 49 jovens inexperientes recrutas, que haviam sido mobilizados para expulsar os invasores cubanos, foram emboscados e mortos.
“Não disparem. Sou Che. Valho mais vivo do que morto”, gritou um guerrilheiro magro, fedorento, maltrapilho e imundo nos confins da Bolívia no dia 8 de outubro de 1967. Frase que seus admiradores e biógrafos fazem questão de esquecer, pois o covarde pedido de misericórdia não combina com a imagem por eles forjada. Che foi executado pelos militares bolivianos em La Higuera em 9 de Outubro de 1967. A partir de sua morte, sua imagem foi lapidada apresentando-o como um mártir, idealista, cheio de virtudes, defensor dos fracos e oprimidos. Seus companheiros o chamavam de “el chancho”, o porco, porque não gostava de tomar banho e “tinha cheiro de rim fervido”.
Hoje, graças a uma ardilosa e falaciosa propaganda inúmeras e mal informadas criaturas teimam em ostentar a carranca do diabólico “chancho” em suas camisetas.
— Nós, os Brasileiros
Minha amiga Drª Vania Leal Cintra escreveu, há algum tempo, um interessante artigo que reproduzo por considerá-lo muito atual.
“Há uma ordem só: resistência a todo transe”. (Antonio Ernesto Gomes Carneiro)
“Nós, os brasileiros, não precisamos, a pretexto de que devemos celebrar exemplos de heroísmo e de desprendimento por amor à Pátria e à coisa pública, continuar ouvindo discursos que vertem lágrimas, recheados de impropérios e muito pouco sérios; nem precisamos continuar assistindo a novelas estúpidas que tenham como protagonistas indivíduos obscuros, alheios a nós, representando personagens pinçados do submundo, com um enredo que se resume a um somatório de fatos inventados por não sabemos bem quem.
Não precisamos mesmo.
Nós, os brasileiros, não precisamos de quem invente conversas tortas, que fogem aos fatos e ao sentido da História, para que, por pretextos mentirosos, possam ser reconhecidos como heróis os que de verdade o são e, ao lado deles, possam ser colocados também os que heróis nunca foram.
Não precisamos mesmo.
Nós, os brasileiros, precisamos apenas continuar honrando a nossa História, a real, lembrando-nos constantemente dos atos de heroísmo que ela mesma se encarregou de consagrar; e precisamos procurar repetir os feitos de nossos heróis em pensamentos, em palavras e em obras, observando as razões de seu comportamento e os objetivos que eles buscavam realizar ou manter sob quaisquer circunstâncias, contra todas as adversidades — eles, os que mereceram, pelo que realmente fizeram por nós, ser desde sempre chamados de heróis.
O Brasil tem, em sua História, que não começou ontem nem anteontem, heróis em quantidade suficiente para que, evocando seus nomes e seguindo seus exemplos, todos saibamos perfeitamente escolher o caminho mais certo e mais seguro, todos saibamos exatamente como nos comportar em benefício de todos nós e todos saibamos por que assim devemos nos comportar. E para que saibamos todos por que, de que e para que podemos nos orgulhar de nós mesmos.
Nada disso nos faltou antes, desde que despontamos como um povo diferenciado de outros povos, dos distantes e dos mais próximos; nada disso nos faltou em todos os momentos nos quais fizemos questão de nos mostrar diferenciados.
Tem nos faltado hoje, no entanto — quando os que puderam, por nossos cochilos e tropeços, chegar ao poder pretendem nos retirar em definitivo essa prerrogativa de identidade, obrigando-nos a nos travestir do que nunca fomos e definitivamente não somos na intenção de nos desencaminhar para seduzir seja quem for, como se apenas isso pudesse justificar a nossa existência.
Nós, os brasileiros, não merecemos isso. Não merecemos mesmo! Nem deveríamos a isso nos submeter. Porque não precisamos.
Precisamos, sim, com coragem e com tenacidade, resistir!”. (Vânia Leal Cintra)
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS);
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.
E-mail: hiramrsilva@gmail.com
— Livro do Autor:
O livro “Desafiando o Rio-Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS e na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br).
Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
Fonte: Novoeste
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