por Unidad Investigativa
De toda informação que os órgãos de Inteligência vêm obtendo sobre os atos terroristas planejados pelas FARC — em resposta aos golpes militares que tem recebido — há uma que mantém as Forças Armadas em alerta.
Trata-se de dados sobre um plano da narcoguerrilha para se infiltrar na base de Apiay, localizada próximo (15 Km) a Villavicencio, onde funciona o Comando Aéreo de Combate nº 2 (CACOM 2) da Força Aérea Colombiana (FAC).
Esta é a unidade mais operacional e sensível do país, por que dali partiram os maiores golpes contra os criminosos das FARC. Por sua localização e tecnologia, foi uma das bases que os EUA pretendiam no frustrado acordo de cooperação militar, que o governo Obama pensa retomar.
O jornal El Tiempo estabeleceu que o alerta saiu de um dos computadores obtidos por ocasião da morte de Víctor Suárez, vulgo "Mono Jojoy", há quase três meses, no bombardeio ao seu acampamento em La Macarena (Meta).
Em um arquivo, "Jojoy" descreve como havia conseguido um contato dentro de Apiay para roubar currículos dos pilotos militares da base, visando localizá-los e assassiná-los. O plano também visava a identificação de militares e contratistas estado unidenses que operam na base, além da sabotagem de aviões e helicópteros de combate que ali permanecem — entre 20 e 100 quando há operações especiais.
De acordo com os dados do computador de 'Jojoy', as FARC pagaram uma "entrada" de dez milhões de pesos (cerca de R$ 10.000,00) para recrutar o infiltrado, mas a operação — que ainda não se sabe até onde chegou — custou muito dinheiro mais.
Sequestro e atentado
O motivo? Incluía a intenção de sequestrar um empregado da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) — fabricante de aviões de combate como os Tucano — e executar um atentado contra a base.
A surpresa é que no computador aparece o nome do suposto infiltrado: Ferney Ortiz Beltrán, técnico em aeronaves vinculado há 18 anos à Força Aérea e especialista na manutenção de aviões de alta tecnologia em Apiay.
A partir daí, as autoridades se deram conta de que Ortiz já aparecera como chefe de uma rede acusada por roubo de peças de aviões Tucano, para venda no mercado negro em Bogotá e Villavicencio, que vinha sendo investigada desde setembro de 2009.
Além disso, o civil já havia confidenciado a amigos sobre a 'missão que tinha', que incluía recrutar pessoal para sua execução, e para introduzir uma moto com explosivos em Apiay.
Conexão com "El Paisa"
Ortiz também teria dito que seu enlace com as FARC seria Hernán Velásquez, vulgo "El Paisa", chefe da 'coluna móvel Teófilo Forero', que atua no centro e no sul do país.
O técnico e outros cinco civis foram capturados na quinta-feira, 16, no interior da base, por agentes da CTI que os indiciou por roubo de peças dos Tucano, que foram vendidas por cerca de cem milhões de pesos (aproximadamente 100 mil reais). A captura foi anunciada sucintamente aos meios de comunicação, mas não foi revelado se ele será acusado por terrorismo com base na evidencia encontrada no computador de 'Jojoy' e pela informação de Inteligência contra ele que a Força Aérea conseguiu obter.
Por enquanto, até que seja estabelecido até onde chegou o plano criminoso, serão reforçados os procedimentos de segurança dos pilotos de guerra e do pessoal norte americano cujo governo já foi informado do caso, qualificado como de "Segurança Nacional".
FAC: todas nossas unidades estão blindadas
Existem diversos procedimentos de segurança que são revistos diariamente.
Fontes da Inteligência da Força Aérea Colombiana (FAC) asseguraram a El Tiempo que possuem complexos dispositivos de segurança para seus pilotos e bases em todo o país, que são revisados diariamente por especialistas: "Há protocolos estritos e secretos que garantem a blindagem das bases e a proteção da identidade dos pilotos". E, ainda que admitam que conheceram a ameaça a Apiay pelos computadores de 'Jojoy', alegam que já seguiam a pista do infiltrado em função do roubo dos sobressalentes de aviação.
Outro alerta recebido sobre atentados, trata sobre computadores bomba.
"Um informante alertou que as FARC ordenaram que haja nos acampamentos computadores isca com explosivos", diz uma fonte do Exército. E explica que foi determinada a introdução de mecanismo de ativação por altura nos mesmos, com o propósito de que explodam ao serem levados em aeronaves da FAC ou de outras forças de segurança.
Por isso a atenção tem sido redobrada na apreensão de tais equipamentos.
Interceptam encomenda bomba dirigida a outra base
Há duas semanas, quando El Tiempo começou a indagar sobre o caso de Apiay, informaram na FAC que estavam cientes de que os meliantes das FARC buscam abater algum dos pilotos militares para mostrá-lo como troféu de guerra, devido a que tem sido eles que vêm bombardeando certeiramente seus acampamentos.
E ontem (17/12), isto ficou em evidência quando o DAS interceptou uma encomenda-bomba (12 Kg de explosivos) dirigida à Escola Militar de Aviação Marco Fidel Suárez, de Cali.
Segundo Felipe Muñoz, diretor do orgão de Inteligência, a carga explosiva ia em um ônibus da empresa Transur que partiu de Sílvia (Cauca), sem passageiros, rumo à capital do Valle.
"A instrução que o condutor tinha era a de levar a encomenda até a base", explicou Muñoz, acrescentando que, por esse fato foram detidas, com o apoio da Polícia, duas pessoas na esquina da Carrera 8 com a Calle 33 de Cali.
Por esse tipo de ameaças, faz um ano que o Comando da FAC tomou a decisão de não permitir a presença, em uma só base, de aviões Supertucano e o avião "Fantasma".
Em todo caso, após o episódio em Cali e até que Ferney Ortiz confesse até onde chegou seu plano, os protocolos de segurança em Apiay e de todas as bases do país serão reforçados.
Também será investigado se os apontados como cúmplices no roubo de peças de Tucano — Henry Ortiz Beltrán, José Luzardo Tarazona Prieto, Diego Gómez Viáfara, Llumer Zúñiga Possu e Heriberto Gamboa — possuem alguma informação sobre a infiltração das FARC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário