por Janer Cristaldo
No conceito popular, político e mentiroso passaram a ser palavras sinônimas. Da mesma forma, senador corrupto virou pleonasmo. Mas milagres acontecem. Na edificante sessão de ontem (6/8) no Senado Federal, dois ilustres senadores foram tomados por uma crise de sinceridade e só disseram verdades.
Tudo começou, leio no Estadão, quando o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) pediu a Sarney — o senador corrupto que preside a casa de senadores corruptos — que retirasse da tribuna de convidados um homem que provocava os tucanos e apoiava as ironias de Renan Calheiros (PMDB-AL).
Tasso Jereissati é aquele senhor que entre 2005 e 2007 gastou R$ 335 mil com o fretamento de jatinhos pago com recursos da cota de passagens do Senado, isto é, com o meu, o seu, o nosso. As despesas foram registradas depois, mas sem seu nome. A bem da verdade, outros senadores fizeram o mesmo e continuam arrotando honestidade na Casa, doravante denominada da Mãe Joana.
Calheiros é aquele senhor que tinha uma amante paga pela empresa Mendes Júnior. Não bastasse isto, comprou rádios em Alagoas, em nome de laranjas. Teve ganhos milionários com tráfico de influência junto à Schincariol, na compra de uma fábrica de refrigerantes. Usou notas fiscais frias, em nome de empresas fantasmas. Last but not least, montou um esquema de desvio de dinheiro público em ministérios comandados pelo PMDB e um outro esquema de espionagem contra senadores da oposição a Lula. Ao todo, teve contra si seis representações no sedizente Conselho de Ética do Senado, que pediam sua cassação. Para não ser cassado, renunciou à Presidência sem no entanto renunciar ao mandato. É o que lemos no noticiário.
O senador corrupto alagoano criticou "a expulsão do cidadão que participa de uma sessão histórica" e apontou então o dedo para para o senador corrupto cearense. Disse que a crise ocorre porque há "uma minoria (a oposição) com complexo de maioria". O senador corrupto cearense foi o primeiro a enunciar uma verdade óbvia: "Não aponte esse dedo sujo pra cima de mim. Estou cansado de suas ameaças".
Ao que retrucou o senador corrupto alagoano com outra verdade óbvia: "São os dedos dos jatinhos que o Senado pagou". Confesso jamais ter ouvido tantas verdades em poucos minutos no recinto da Casa da Mãe Joana. A troca de gentilezas não parou aí.
O senador corrupto alagoano classificou o senador corrupto cearense de "coronel". O senador corrupto cearense, por sua vez classificou o senador corrupto alagoano como "cangaceiro de terceira categoria". Fora do microfone, o senador corrupto alagoano encerrou seu discurso afirmando uma verdade definitiva: chamou o colega corrupto cearense de "seu merda".
Finalmente dois ilustres senadores abandonaram por alguns instantes o hábito entranhado da mentira e só afirmaram verdades. Só acho que o senador corrupto alagoano não foi muito elegante. “Seu” não é tratamento que se dirija a um nobre corrupto da República. “Seu” é palavra que dirigimos ao padeiro, ao encanador, ao garçom. Na Casa — ainda que da Mãe Joana — existem regras que devem ser respeitadas. O senador corrupto alagoano seria muito mais elegante se dissesse ao colega corrupto cearense:
— Sua Excelência é um merda.
Tasso Jereissati é aquele senhor que entre 2005 e 2007 gastou R$ 335 mil com o fretamento de jatinhos pago com recursos da cota de passagens do Senado, isto é, com o meu, o seu, o nosso. As despesas foram registradas depois, mas sem seu nome. A bem da verdade, outros senadores fizeram o mesmo e continuam arrotando honestidade na Casa, doravante denominada da Mãe Joana.
Calheiros é aquele senhor que tinha uma amante paga pela empresa Mendes Júnior. Não bastasse isto, comprou rádios em Alagoas, em nome de laranjas. Teve ganhos milionários com tráfico de influência junto à Schincariol, na compra de uma fábrica de refrigerantes. Usou notas fiscais frias, em nome de empresas fantasmas. Last but not least, montou um esquema de desvio de dinheiro público em ministérios comandados pelo PMDB e um outro esquema de espionagem contra senadores da oposição a Lula. Ao todo, teve contra si seis representações no sedizente Conselho de Ética do Senado, que pediam sua cassação. Para não ser cassado, renunciou à Presidência sem no entanto renunciar ao mandato. É o que lemos no noticiário.
O senador corrupto alagoano criticou "a expulsão do cidadão que participa de uma sessão histórica" e apontou então o dedo para para o senador corrupto cearense. Disse que a crise ocorre porque há "uma minoria (a oposição) com complexo de maioria". O senador corrupto cearense foi o primeiro a enunciar uma verdade óbvia: "Não aponte esse dedo sujo pra cima de mim. Estou cansado de suas ameaças".
Ao que retrucou o senador corrupto alagoano com outra verdade óbvia: "São os dedos dos jatinhos que o Senado pagou". Confesso jamais ter ouvido tantas verdades em poucos minutos no recinto da Casa da Mãe Joana. A troca de gentilezas não parou aí.
O senador corrupto alagoano classificou o senador corrupto cearense de "coronel". O senador corrupto cearense, por sua vez classificou o senador corrupto alagoano como "cangaceiro de terceira categoria". Fora do microfone, o senador corrupto alagoano encerrou seu discurso afirmando uma verdade definitiva: chamou o colega corrupto cearense de "seu merda".
Finalmente dois ilustres senadores abandonaram por alguns instantes o hábito entranhado da mentira e só afirmaram verdades. Só acho que o senador corrupto alagoano não foi muito elegante. “Seu” não é tratamento que se dirija a um nobre corrupto da República. “Seu” é palavra que dirigimos ao padeiro, ao encanador, ao garçom. Na Casa — ainda que da Mãe Joana — existem regras que devem ser respeitadas. O senador corrupto alagoano seria muito mais elegante se dissesse ao colega corrupto cearense:
— Sua Excelência é um merda.
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