PUTAS DA LITERATURA NACIONAL VÃO GIRAR BOLSINHA NA EUROPA ÀS CUSTAS DOS CONTRIBUINTES
por Janer Cristaldo
Em setembro de 1997, na 7ª Jornada Nacional de Literatura, em Passo Fundo (RS), denunciei:
Em junho passado, um quarteto de escritores brasileiros — Rubem Fonseca, Patrícia Mello, João Gilberto Noll e Chico Buarque — desembarcaram em Londres, onde fizeram leituras públicas de suas obras e lançaram livros não só na capital britânica, como também na Escócia e no País de Gales. Em um primeiro momento, poderíamos pensar: "que maravilha, o Reino Unido se interessa por nossa literatura". Nada disso: é o Ministério da Cultura brasileiro que promove tais turismos e financia as traduções dos autores brasileiros. Vejamos estas manchetes, todas da Folha de São Paulo:
BRASILEIROS LANÇAM LIVROS NA GRÃ-BRETANHA
Autores promovem suas obras dentro de projeto patrocinado pelo Ministério da Cultura
RUBEM FONSECA LÊ CONTO EM LONDRES
...............................
Ou seja: quem paga o turismo destes escritores, todos amigos do poder, sejam vivos ou mortos, é o contribuinte. Nesta brincadeira, apenas para a tradução dos livros, foram gastos US$ 35 mil, financiados pelo Ministério da Cultura. O governo brasileiro, isto é, o contribuinte brasileiro, também contribui com parte dos custos de viagem. Ou seja, este país cheio de mendigos atirados nas ruas de suas capitais se dá ao luxo de usar dinheiro público para que alguns amigos do rei — ou, dizendo melhor, amigos de Francisco Weffort, o atual ministro da Cultura — editem suas obras na Europa. Mas será que este contribuinte foi consultado na hora de financiar edições e mordomias a estes escritores que nem conhece? A propósito, quem é Patrícia Mello? Alguém conhece quais títulos de vulto esta senhora escreveu para julgar-se capaz de representar a literatura brasileira na Europa?
Evidentemente, não fui convidado para a 8ª jornada. Em meio a meu comunicado, a pró-reitora que me convidara para o encontro, não aguentou-se nos estribos. Se ergueu na plateia e disse, com todas as letras: “Filho da puta!” Eu havia profanado o santo dos santos, onde fica guardada a Arca da Aliança das prostitutas literárias com o Ministério da Cultura. Lá só pode entrar o Sumo Sacerdote, e com uma corda atada ao pé. Se morrer, como ninguém mais pode entrar lá, é puxado para fora. Após minha comunicação, os alunos me cercaram e me abraçaram. Os professores, que me haviam recebido com carinho, tomavam distância de mim como se eu fosse um leproso.
Ao final da sessão, havia um churrasco num CTG para os convidados. Topei. A meio caminho do restaurante, percebi a besteira que havia cometido: não teria ninguém para sentar em minha mesa. Ao chegar lá, alguém ergueu os braços e me saudou alegremente: “Janer, seu subversivo, ainda não estás na cadeia?” Era o prefeito de Passo Fundo, que fora meu colega em Santa Maria. Fui salvo pelo gongo.
De Porto Alegre, Marco Aurélio Antunes me envia esta notícia:
Programa incentiva a publicação de autores brasileiros no Exterior
Iniciativa é tema de debate na Festa Literária de Paraty nesta sexta-feira
O presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Galeno Amorim, apresenta esta noite, na 9ª Festa Literária de Paraty (Flip), o Programa de Apoio à Tradução e Publicação de Autores Brasileiros no Exterior, do Ministério da Cultura. Publicado no Diário Oficial da União, nesta sexta-feira, o programa prevê a aplicação de R$ 12 milhões ao longo dos próximos 10 anos, visando a aumentar o número de livros brasileiros traduzidos e publicados em outros países.
O investimento será progressivo, começando com R$ 1 milhão ainda em 2011 e aumentando a cada ano. Conforme Amorim, trata-se de uma política para internacionalização da literatura brasileira, aproveitando o fato de que vários eventos literários internacionais nos próximos anos terão o Brasil como país homenageado: as feiras de Bogotá, na Colômbia, em 2012, Frankfurt, na Alemanha, em 2013, e Bolonha, na Itália, em 2014.
Nada de novo sob o sol, Marco Aurélio. A putaria continua correndo solta. Quem serão os eleitos? Os amigos do rei, é claro. Chico Buarque, Rubem Fonseca, Ignácio de Loyola Brandão, João Ubaldo Ribeiro e prostitutas outras. Provavelmente, irão apresentar suas “obras” em Paris, Roma, Londres. Enquanto as moçoilas giram bolsinha nas metrópoles europeias, o contribuinte brasileiro é escorchado em nome da dita internacionalização da literatura brasileira.
O muro de Berlim caiu há mais de duas décadas e o Brasil ainda não se libertou da prática soviética de exportar literatura estatal.
Fonte: Janer Cristaldo
COMENTO: no momento atual em que a "bola da vez" são as patifarias denunciadas no Ministério dos Transportes (repartição pública subjugada pela quadrilha, ops, partido político chefiada por um escroque e que tinha como expoente o bom mineiro aquele, que teve seu cadáver incinerado para evitar o exame de DNA que poderia provar sua paternidade negada a uma humilde — mas honesta — professora), não se pode deixar cair no esquecimento as estrepolias protagonizadas pela irmã do galã das balzaquianas, que se tornou famoso como autor de sambas "anti-ditadura militar", e que hoje em dia sobrevive na saudade do sucesso então obtido. De início, o mal contado caso do ECAD e as cobranças de direitos autorais, que a incompetente oposição política não conseguiu apurar; logo em seguida, a 'estória' das diárias que a ministra recebia para passar os fins de semana no Rio de Janeiro; para não perder a cadência, vieram os benefícios da 'Lei Rouanet' para Gal Costa, Maria Bethânia e Bebel Gilberto (sobrinha da ministra) captarem cerca de dois milhões de reais, cada uma, para projetos no mínimo fora dos interesses da sociedade que os financia. Afinal, artistas de renome deveriam sobreviver às suas próprias custas. Por esse motivo, Janer Cristaldo cunhou muito apropriadamente o termo "Máfia do Dendê".
Um comentário:
hi
Postar um comentário