quarta-feira, 27 de julho de 2011

Anticomunismo Nas Escolas Militares: Provocação e Resposta

1. A PROVOCAÇÃO
O anticomunismo nas Escolas Militares
por Urariano Mota
Imagino os jovens dos Colégios Militares, rapazes e mocinhas ardorosos obrigados a decorar algo como uma História vazia e violentadora, a que chamam História do Brasil – Império e República, de uma Coleção Marechal Trompowsky, da Biblioteca do Exército.
O nome, a origem, o marechal, por si, já não garantiriam um bom resultado. Estariam mais para pólvora que para a História. Mas não sejamos preconceituosos, ilustremos com o que os estudantes são obrigados a aprender, como aqui, por exemplo:
Nos governos militares, em particular na gestão do presidente Médici, houve a censura dos meios de comunicação e o combate e eliminação das guerrilhas, urbana e rural, porque a preservação da ordem pública era condição necessária ao progresso do país.
Uma breve pesquisa aponta que esses livros servem a um ensino orientado pela Diretoria de Ensino Preparatório e Assistencial (DEPA), criado em … 1973, sim, naquele inesquecível ano da ditadura Médici. Ou naquele tempo do gestor democrático, segundo a orientação dada aos futuros militares. E não se pense que tal ensino está à margem da lei, não. Ele se apoia em um certo Art. 4º do R-69. Percebem? A caserna legisla. Mas não é assim, sem nada, pois a DEPA organiza a proposta pedagógica “de orientar o processo educacional e o ensino-aprendizagem na formação de cidadãos intelectualmente preparados e cônscios do seu papel na sociedade segundo os valores e as tradições do Exército Brasileiro” (Grifo do seu documento). Que valores seriam esses, além das ideias anticomunistas do tempo da ditadura?
Penso agora nesses jovens dos colégios militares mantidos com os olhos vendados, pois deles se oculta a violência e o terror sofridos por outros jovens, tão brasileiros, generosos e heroicos quanto eles hoje:
Eremias se tornou um cadáver aos 18 anos: perfurado de balas, o rosto irreconhecível porque uma só ferida, os cabelos, tão úmidos, tão grossos por coágulos de sangue, davam a impressão de flutuar no chão seco. Nada havia naquele cadáver que lembrasse o jovem que eu conhecera. O menino que eu vira em 1968 não anunciava aquele fim. Eremias não era aqueles olhos apertados, a boca aberta à procura de ar, a lembrar um afogamento. Um estranho peixe, com os cabelos a flutuar no seco.
Eremias morreu como um herói, permitam-nos dizer. O aparelho onde estava caíra. Fora entregue por um outro jovem preso, que não suportara as torturas. Cercado por forças do Exército, Eremias sozinho resistiu. Resistiu à bala, sem nenhuma esperança
”.

Ou aqui, neste depoimento da advogada Mércia Albuquerque, que assim viu e viveu no tempo da gestão do presidente Médici:
Soledad estava com os olhos muito abertos com expressão muito grande de terror, a boca estava entreaberta e o que mais me impressionou foi o sangue coagulado em grande quantidade que estava, eu tenho a impressão que ela foi morta e ficou algum tempo deitada e a trouxeram, e o sangue quando coagulou ficou preso nas pernas porque era uma quantidade grande e o feto estava lá nos pés dela, não posso saber como foi parar ali ou se foi ali mesmo no necrotério que ele caiu, que ele nasceu, naquele horror.”
E também aqui, nesta personagem oculta aos estudantes:
Maria Auxiliadora Lara Barcellos atirou-se nos trilhos de um trem na estação de metrô Charlottenburg, em Berlim … tinha sido presa sete anos antes, em 1969, no Brasil. Nunca mais conseguiu se recuperar plenamente das profundas marcas psíquicas deixadas pelas sevícias e violências de todo tipo a que foi submetida. Durante o exílio, registrou num texto … ‘Foram intermináveis dias de Sodoma. Me pisaram, cuspiram, me despedaçaram em mil cacos. Me violentaram nos cantos mais íntimos. Foi um tempo sem sorrisos. Um tempo de esgares, de gritos sufocados, de grito no escuro …’”
Essa história trágica, mas ainda assim fecundante, o papel destruidor de vidas pela Ordem da ditadura militar não pode nem deve ser ocultado. Há um clamor cidadão contra. Os colégios militares não podem mais continuar independentes do Brasil, como se fossem ilhas inexpugnáveis à civilização.
Nos discursos mais comuns dos oficiais militares que pretendem eternizar uma Escola imune à democracia e à história dos homens, argumenta-se: 
a) os jovens brasileiros que não se formaram no Colégio Militar não pensam nem se instruem; 
b) a história vivida e produzida por intelectuais e doutores das universidades brasileiras não serve para o ensino militar. Não seria mais simples que proclamassem, como o general fascista na Espanha, “morte à inteligência”?
Em todos os livros das Escolas Militares há um expurgo do genocídio de índios pelos bandeirantes, há uma nova Guerra do Paraguai que teria integrado todos os brasileiros (enquanto destruía o povo paraguaio), que unia até os escravos nacionais, mortos nas frentes com a promessa de liberdade; e, principalmente, o desaparecimento de vidas e execuções dos “apenas” 144 mortos da ditadura, que almejavam uma felicidade de bandidos.
E assim se formam novos oficiais, como se fossem a encarnação do Fantasma das histórias em quadrinhos. De geração a geração com o mesmo caráter, com o mesmo papel, a cavalgar em um cavalo branco pelo vazio histórico. De 1964 a 2011, apesar de a Guerra Fria ter acabado, apesar de um índio ter subido à presidência da Bolívia, apesar de um operário ter se tornado o presidente do Brasil mais popular em todo o mundo, tudo continua como antes no quartel de Abrantes. Igual aos tempos de Castelo Branco, Médici e Lyndon Johnson.
***
Urariano Mota é natural de Água Fria, subúrbio da zona norte do Recife. Escritor e jornalista, publicou contos em Movimento, Opinião, Escrita, Ficção e outros periódicos de oposição à ditadura. Atualmente, é colunista do Direto da Redação e colaborador do Observatório da Imprensa. As revistas Carta Capital, Fórum e Continente também já veicularam seus textos. Autor de Soledad no Recife (Boitempo, 2009) sobre a passagem da militante paraguaia Soledad Barret pelo Recife, em 1973, e Os corações futuristas (Recife, Bagaço, 1997).

2. A RESPOSTA
O IMBECIL, O “DOENTE” E O ESPERTO
por Márcio Del Cístia
"Um calo profissional, originado da necessidade de explicitar conceitos tão claramente que conseguissem adentrar as cucas mais amuralhadas em defesas, faz-me buscar precisão clínica na escolha de palavras. Assim, nada de tecnicalidades preciosistas, nem eufemismos nebulizantes: apenas termos comuns construindo pontes onde a comunicação possa fluir com a limpidez — e, se necessário, com a dureza — de um cristal."
De um psicoterapeuta
São as três condições humanas que, isoladamente ou somadas, explicam-nos a adesão ao esquerdismo sociopata. O primeiro adjetivo sumariza um espectro de denotações, desde o jovem, muito jovem, que, ainda inocente, bondoso e sensível à crueldade do mundo, aceita a rósea propaganda esquerdista sobre justiça social, igualdade e fraternidade entre os homens. Sua pureza de intenções, inexperiência e ignorância sobre os fatos tornam-no vítima ideal e fácil das falácias publicitárias das conhecidas insídias comunistóides. Tanto é assim que as escolas, desde as primárias, vêm se fazendo crescentemente campos prioritários de adestramento ideológico por agentes de influência travestidos de professores.
(Igualmente crescentes são as manifestações de repúdio por parte de pais e alunos, inteligentes e suficientemente corajosos para se insurgirem contra o “establishment” [vide Miguel Nagib, www.escolasempartido.org]. Estas eu as conheço por ouvi-las no consultório. Jovens secundaristas e universitários, invariavelmente donos de inteligência superior, estigmatizados, constrangidos e perseguidos por fazer questionamentos cuja lógica férrea encosta à parede seus corruptores).
São aqueles os primeiros objetos da frase de Carlos Lacerda, sublinhando o contraponto entre ingenuidade, idealista e crédula, e a maturidade crítica: Quem não é comunista aos 18 anos, é um imbecil; quem é comunista aos 30 anos, é um imbecil.
Segue-se o imbecil por escolha. Este que, por comodismo, engole sem mastigação analítica os arrazoados sofísticos da ideologia canhota: é o comunista dos 30. Dos 40, 50 ... Também, como os primeiros, é vítima do treinamento estupidificador que, entre nós, passa por ‘sistema de ensino’; vítima também da planejada e sistemática desinformação gramsciana, generalizada pelos diversos graus escolares; nas mídias; veiculada por políticos, scholars e exemplares do beautiful people, sempre dispostos — uns e outros — a baixarem as calcinhas se o cachê for convidativo.
Há várias subespécies nesta categoria.
Dentre outras: o imbecil intelectual que mente com bem articulado discurso e vibrante orgulho revolucionário, é entusiástico repetidor de sofismas, altamente criativo na invenção de factoides, fértil na remodelação da História segundo suas conveniências; o imbecil filosofante que discorre — e o faz a sério!!! — sobre luta de classes, polilogismo, intelectualismo-não-engajado, ‘a construção do novo homem socialista’ e similares pérolas da genialidade vermelha; o imbecil verde-oliva ou nacionalisteiro, para quem o comunismo morreu, o KGB é só um clube e acredita que o que se tem aí é o ‘socialismo caboclo’, brasileiro genuíno e patriota — para este, o único grande inimigo são os ianques; o imbecil gregário, née 'festivo', tipo maria-vai-com-as-outras para quem o importante é ser in, é fazer parte; o imbecil fashion, crente que o esquerdismo é o plus da intelectualidade elegante; o imbecil de batina, jurando sobre a cruz que Jesus de Nazaré foi um socialista martirizado pelos capitalistas do Templo; o imbecil interesseiro que adere a qualquer coisa, repete qualquer coisa, divulga qualquer coisa, assina qualquer coisa, desde que ‘leve o dele’...
Invariavelmente pertencem a um grande grupo de indivíduos que por razões várias — incluindo bloqueios psico-emocionais severos — jamais alcançaram maturidade intelectiva ou emocionalmente responsável. Funcionam a partir de slogans e conceitos vazios em atraente embalagem emocional.
Não se questionam a si ou aos mentores que generosamente lhes ditam o que pensar. Deglutem as bestialidades óbvias dos agentes de influência — ou flatulência — com a facilidade deliciada com que se despeja uma ostra — zip! E em não havendo dúvidas, não há porque buscar certezas: nenhuma análise, nada de pesquisas, nada de leituras desafiadoras, nenhuma curiosidade em relação a outras óticas e, sobretudo, nenhum questionamento sobre suas motivações. É o imbecil esférico: perfeito sob qualquer ângulo de exame. Também conhecido como imbecil-penedo, privilegiado por uma estupidez maciça, robusta, confiante, auto-suficiente, literalmente inabalável. Alta freqüência nos sindicatos, nos órgãos da mídia ‘engajada’ e universidades...
Junto aos primeiros, formam as ‘massas de manobras’, gado facilmente manipulável e, com a devida pressão nos botões corretos, extremamente destrutivo. De preferência a outrem, mas inclusive a si mesmos quando utilizados como ‘bucha de canhão’. É deste curral que saem os ‘mártires da revolução socialista’, pobres coitados oferecidos como alvos à cuidadosamente provocada reação dos ‘lacaios da burguesia capitalista’.
(Perfil idêntico têm os “antas de Alah” que amorosa e alegremente se explodem para despedaçar os ‘inimigos do Deus do Amor’. Tal os messetistas, estes também são seres de amorosidade ímpar!)
Fazem-se sempre ferramentas do ativismo da segunda categoria: os “doentes”. Assim mesmo, entre aspas posto que sua patologia anímica não é oficialmente reconhecida como tal. Ao contrário, são exemplares que se mesclam lindamente à humanidade ‘normal’. Normalidade muito estatística, note-se.
O conhecimento sobre este tipo proveio do consultório psicoterapêutico e foi aberto por trabalho analítico sobre a questão: porque este indivíduo põe tanto empenho em agarrar-se a tal crença, mesmo com tantas e tão concretas provas de sua falsidade? Mesmo com tanta evidência de sua destrutividade? Mesmo sabendo que ela o corrompe e aos demais, o infelicita a si e aos demais?
A resposta foi um típico ovo-de-colombo: tão óbvia que não enxergamos. O venenoso ovo vermelho é a inveja, tão tóxica quanto cuidadosamente ignorada. E aí entra a ideologia como um tapa-olho conceitual, racionalizante, uma lente pré-fabricada, intencionalmente distorcida para justificar-se a manutenção do ódio destrutivo, corolário inevitável da inveja.
Hoje, já são tantas e tão claras as evidências da intrínseca, repetida e inevitável destrutividade das ideologias sinistrosas, aí incluída a falência do modelo socialista nos países europeus e a derrocada do mito sueco (tão cuidadosamente cevado pelos 'intelectuais orgânicos') que sua ignorância pelos esquerdopatas não pode ser crível. Posso dar-lhe, a você que me lê, a garantia de que a real natureza maléfica dos vieses canhotos é conhecida por seus portadores. Ninguém, hoje, é tão estupidamente cego que não perceba  ainda que em pré-consciência  o horror resultante da aplicação prática desta sinistrose. Ou o nível de corrupção de alma que enseja.
Aliás, permita-me acentuar um dado oriundo do setting analítico: a sólida adesão destes espécimes à ideologia se mantém não apesar de sua comprovadíssima destrutividade, mas  atenta!  precisamente por causa dela. A expectativa de poder destruir  a riqueza, a inteligência, a cultura, a beleza, a elegância, o bem-estar, a felicidade "da zelite"  é o alimento principal da inveja azeda e crônica.
Entretanto, a cavalgadura não pode afastar o tapa-olho sob pena de ter que encarar a própria podridão: uma pústula de inveja supurando ódio venenoso, da qual se alimenta e que lhe dá — pobre diabo! — um arremedo de sentido existencial. As lentes inversoras completam o quadro: “Sou um idealista revolucionário em nobre luta por justiça social num mundo melhor”. Se, por acaso, de algum obscuro recanto do espírito qualquer resíduo de sanidade ética o ameaçar, lançará mão do santo-onipotente band-aid dos canhotos — os fins justificam... Tudo! A mentira sistemática, destruição da ordem, corrupção, roubo, assassinato, genocídio... Absolutamente tudo. Incluindo  em especial!  a auto-cegueira.
Um dos sustos seguidamente experimentados por pessoas que tentam debater racionalmente com tais espécimes de bípedes canhotos, é sua espantosa impermeabilidade às provas factuais, concretas. Não importa o quão comprovado seja um fato, a clareza, racionalidade ou fidedignidade de sua natureza e origem: entra-lhes por uma das longas e peludas orelhas e escafede-se de imediato pela outra, peluda e longa  sem deixar traços!
Penso que o leigo, mesmo muito inteligente, não tem a experiência necessária para avaliar o grau de perversão cognitiva causado pelo medo à realidade pessoal insuportável. Wilhelm Steckel, um dos discípulos de quem Freud dizia ser "fortemente intuitivo, mas fraco de raciocínio", assumia ao pé-da-letra uma máxima do mestre  "A verdade liberta"  e pespegava na cara do cliente a verdade reprimida. Conseguiu uma quantidade de suicidas em sua agenda de realizações.
É freqüente que um psicoterapeuta identifique nas primeiras sessões a natureza do núcleo neurótico reprimido, mas nada raro que se demande anos de trabalho cuidadoso até que o cliente tenha condições de aceitá-lo conscientemente, sem riscos de implodir em psicose. Ou suicídio.
Assim, é baldado tentar despertar o esquerdótico por abordagem racional, mesmo delicadamente formulada.
Ele a receberá como agressão insuportável, revidando com ataques pessoais: 'burguês reacionário', 'porco capitalista' ... enquanto não tiver poder. Quando o consegue, ele não o xinga apenas  ele o mata.
Um dado concreto do conhecimento em psicologia é ser o assassínio a face externa do suicídio. A mesma pulsão destrutiva que muda de objeto. Lembra do Chê?

E, finalmente, temos o último tipo. É aquele que, podendo ter partido de um dos perfis anteriores, alcançou clara consciência de ser o marxismo e suas variantes apenas um monte de lixo intelectual arrumadinho sobre uma pilha de pseudos — pseudo-filosófico, pseudo-econômico, pseudo-sociológico, pseudo-justiceiro, pseudo-humanitário, pseudo- ... Não sabe, nem se interessa em saber que esta visão-de-mundo foi cuidadosa e astutamente composta como uma armadilha intelecto-emocional para enganchar-se precisamente no que o humano inferior tem de pior em vícios de caráter: inveja, rancor, astúcia, hipocrisia, anseio compulsivo pelo poder ... potencializados pela militância numa infinita espiral descendente de corrupção de alma.
Mas sabe que é uma excelente armadilha pega-otários, os quais, devidamente manipulados compõem degraus ascendentes em direção à gratificação de seu vício máximo: poder. Ou o ‘pudê’, conforme um exemplar planaltino não adjetivável por pessoas sensíveis.
Em geral esta espécie tem alto escore de Q.I. — o que não significa I.E., Inteligência Efetiva, só existente em concomitância com elevados níveis éticos. Um tal tipo é voltado para o externo, motivado pelo ‘lá fora’ onde ocorrem os jogos de influência, as lides por poder. Seus esforços por conhecimento não buscam a Verdade, ainda menos o equilíbrio criador da sabedoria, mas municiar-se para a eficácia em influenciar e manipular. O auto-conhecimento é superficial. Mercê de boa articulação discursiva, notável habilidade sofística e inegável talento manipulatório, sobreviveu aos mortíferos pegas-pra-capar das disputas grupais, políticas, partidárias, tornando-se um sobrevivente, um vencedor na corrida darwiniana. Fato que alicerça sua vibrante auto-estima, justifica e alimenta sua fome de poder e lhe permite presentear-se com o adjetivo máximo de sua espécie — “sou esperto, sou um homem de poder”.
Sua astúcia, fortemente intuitiva, já lhe deixou evidente que não se pode perder apostando na estupidez humana e a estupidez  ignorante e presunçosa  é uma de nossas mais óbvias características, enquanto povo.
Esta criatura não sabe — não pode saber — que algum dia, em algum lugar, por alguma maneira construída pela essência da Verdade, fatalmente ser-lhe-á feita uma oferta de percepção realista que não poderá recusar:
Enquanto resultante de suas escolhas você é o produto de si mesmo: um ser que se constrói, atualiza e se revela não em posses, cargos, fama ... mas em seus atos livremente escolhidos. Por isso é responsável, por isso terá que responder.
Teve a oportunidade e os meios para trabalhar pelo bem do povo em que nasceu. Poderia ter ajudado a construir uma nação próspera, livre e dinâmica, com valores sadios capazes de — gradualmente como é preciso — elevar as interações humanas a níveis de excelência; um Jardim do Homem onde, natural e pacificamente como é preciso, começassem a florescer ações induzidas pelo respeito, pela confiança, pela fraterna generosidade dos felizes.
Mas, você escolheu semear a discórdia através da mentira e da calúnia. Perseguiu inocentes, espalhou o medo e a insegurança ao deturpar as leis e incentivar o crime; corrompendo valores essenciais, criou confusão angustiante para facilitar-se a manipulação.
Onde facilmente cresceria cooperação e amizade, atiçou inveja, desconfiança e ódio entre as pessoas adubando o caos em que cevar seu vício. Onde poderia haver abundância, instilou fome e miséria para servir seus interesses. Plantou a estupidez e mesquinha crueldade onde poderia medrar compreensão, tolerância e compaixão generosas. Deturpou fatos em benefício próprio, mentiu, enganou, corrompeu, roubou, assassinou, vampirizando o suor e o sangue de seu povo. Traiu a confiante esperança dos ingênuos, estes pobrezinhos a quem deveria proteger e alimentar com a Verdade.
Ao longo do caminho, fiel a seu princípio de “quanto pior, melhor”, semeou e fez crescerem ignorância, medo, desalento, confusão, dor, desesperança, ódio, destruição, e infinito  e absurdamente desnecessário!  sofrimento humano.
Poderia ter somado forças construtoras de prosperidade e paz entre as pessoas; poderia — facilmente — ter multiplicado para a bonança e a alegria.
Você escolheu enganar, dividir, corromper, confundir, enfraquecer, degradar.
Você, que poderia ter sido um anjo semeador de Luz, preferiu ser uma pústula supurada infectando os Homens com horror e escuridão.
Em suma, traiu os dons da Vida e fez da sua um exercício de destruição.
Não, você não é esperto.
Você se fez menos que um zero; fez-se um traço negativo  apenas um pobre e imbecil canalha.
Fonte:  Usina de Letras

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