por Marcos Pontes
Educação, esta é a saída e todos sabem disso desde tempos imemoriais. Sempre se soube que quem detém o conhecimento tem o poder, talvez e provavelmente por isso ela jamais foi prioritária, a não ser nos discursos de campanha.
Para doenças crônicas, remédios amargos. No governo FHC criou-se o PDV, Programa de Demissão Voluntária, que visava desinchar a máquina, a começar pelo Banco do Brasil e estendido a outras estatais e empresas de economia mista. Retiravam-se da ativa funcionários descontentes, ineptos, cansados pela repetição da rotina (desculpem, mas a redundância aqui se aplica). Através de prêmios pecuniários, afastavam-se quem não mais produzia e a informática ajudava a cobrir a diminuição dos quadros. Bom, funcionou até o governo assumir a presidência e os cargos foram preenchidos “emergencialmente” por “companheiros” despreparados, mas aí é outra novela de quinhentos capítulos.
Programa semelhante ao PDV seria minha proposta para a educação pública. Estados, municípios e União poderiam oferecer prêmios, como um ano de salário e mais todos os direitos trabalhistas para quem desejasse se afastar das salas de aula. Aqueles desestimulados que persistissem, por insegurança ou pela facilidade de ganhar sem trabalhar, que fossem afastados das salas de aula e colocados em serviços burocráticos, cantina, secretaria, biblioteca, zeladoria, o que fosse, mas longe da educação formada das crianças e adolescentes.
O segundo passo seria ir às portas das universidades contratar, com salários maiores e melhores condições de trabalho, jovens cheios de gás, dispostos a trabalhar de verdade e sem a terrível estabilidade. Ao fim de cada ano os professores seriam avaliados e aqueles que não cumprissem metas seriam enviados a recapacitação, teriam uma segunda chance. Na terceira reprovação, seriam definitivamente afastados.
Seria um programa caro, demorado e controverso? Sim, seria, e talvez nem tivesse o resultado que eu e os pais e cidadãos preocupados com a má formação dos nossos jovens desejamos que fosse alcançado, mas seria uma chacoalhada na mesmice, na inoperância e na falsificação de índices oficiais.
Japão e Coréia são exemplos citados à exaustão no que se trata de investimento em educação e lá também não foi fácil e nem barato, mas o resultado todo o mundo conhece, os dois países tornaram-se referencial em educação e potências econômicas que tremem de vez em quando, mas não quebram.
Os jovens professores seriam a garantia de melhoria na qualidade? Talvez não. Há poucos dias tive uma discussão com um professor de história (ah, sempre os vermelhinhos...) que alegava que não se pode aprender história através de vídeos. Um outro nega a Bíblia não apenas como guia religioso, algo que respeito, é um direito dele, mas também como documento histórico. Um sujeito que não reconhece todas as referências a costumes, personagens, geografia, organização política e tudo o mais a que a Bíblia se refere jamais daria aula a um filho meu. E, como disse antes, nem são senhores velhos e desestimulados, mas dois jovens com menos de trinta anos. Num programa como o que proponho corriam o risco de serem jubilados, mas não invalidam a idéia da proposta. A jubilação de professores levaria, ou deveria levar, à reestruturação também do ensino de terceiro grau e formação de professores. A partir do ensino fundamental a reforma qualitativa poderia chegar à pós-graduação.
Chega de casuísmos populistas, como a proposta inconstitucional de Cristóvam Buarque de obrigar homens públicos a matricularem seus filhos em escolas públicas. Não conheço a família do Buarque, mas fica a pergunta: se ele tem filhos, esses filhos estudaram em escolas públicas? Hummm...
Chega de cotas, de ENEM ideológico, de ENADE desrespeitado e todos os artifícios e artimanhas que a esquerda vem experimentando sobre nossos jovens sem resultados palpáveis. Chega de currículos politicamente corretos e escolas sucateadas. Chega de professores faltosos, diretores coniventes e fiscalização capenga. Chega de educação politizada em favor de prefeitos, governadores, deputados e presidentes. Procure nos jornais ou na memória nomes de homens e mulheres que tornaram-se boas referências em suas áreas, seja política, científica ou empresarial, faça uma pesquisa e veja em que tipo de escola estudaram. Aposto dez contra um que a maioria vem de escolas conteudistas e tradicionais, sem essas invenções experimentais construtivistas, Nova Escola e sabe-se lá quantas outras mais. A vida não vive de modas e o sucesso está diretamente relacionado ao conhecimento e não à habilidade em tocar tambor, trançar drads nos cabelos, tatuagens, peladas em campo do bairro, endeusamento de personalidades duvidosas e politicismo correto.
©Marcos Pontes
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