.
O ano de 1966, marca a afirmação da dissidência do Movimento Estudantil do Partido Comunista Brasileiro. Estava criada a Dissidência Comunista da Guanabara, com uma definição orientada para a luta armada.
Muitos estudantes queriam ser os "novos guevaras". A agitação estudantil era insuflada principalmente pela Ação Popular (AP), pela Dissidência da Guanabara (DI/GB), pelo Comando de Libertação Nacional (COLINA), pelo Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e pela Ala Marighela — futura Ação Libertadora Nacional — ALN.
Os principais líderes estudantis eram Vladimir Palmeira e Franklin Martins, da DI/GB, e José Dirceu, da ALN.
Em abril de 1968 a DI/GB realizou uma conferência. Na ocasião foram tomadas pela organização importantes decisões: profissionalizou diversos "quadros"; montou “aparelhos”; elegeu uma Direção Geral (DG), integrada por Daniel Aarão Reis Filho, Franklin de Souza Martins e José Roberto Spiegner.
Franklin de Souza Martins era o encarregado da Frente de Trabalho Armado (FTA), a qual era dirigida por João Lopes Salgado.
A FTA era responsável pelas ações armadas, roubos e assaltos a bancos, ataques a sentinelas, roubos de armas e explosivos, assassinatos (“justiçamentos”). A violência estarrecia, porém perdera o ineditismo; a repetição sistemática das ações tirava-lhe o impacto gerador de curiosidade.
Era necessário imaginar algo que mexesse com a opinião pública.
Com esse pensamento a direção da DI/GB imaginou, em meados de 1969, o seqüestro de um representante diplomático. O pensamento inicial da DI/GB, além, da repercussão internacional, era libertar o seu militante e líder estudantil Wladimir Palmeira, além dos dirigentes do movimento: José Dirceu de Oliveira e Silva e Luiz Gonzaga Travassos da Rosa.
A ideia partiu de Franklin de Souza Martins, preso junto com os demais líderes no congresso clandestino da UNE, em Ibiúna, em outubro de 1968, que saíra da cadeia na véspera de 13 de dezembro do mesmo ano e, pasmem, teve a hombridade de declarar que não foi torturado.
O alvo mais significativo seria o embaixador dos Estados Unidos, o representante e defensor dos “interesses imperialistas norte-americanos em nosso país”.
A direção da DI/GB liderada por Franklin de Souza Martins, concluiu que seria necessário o apoio de uma equipe de outra Organização. A ALN foi a escolhida, já que havia conseguido notoriedade através da intensificação de suas atividades, principalmente em São Paulo. Além do que a constante divulgação de textos de Marighela incentivava todo o tipo de “violência revolucionária”.
Por tudo isso, Marighela afigurava-se como o auxílio mais competente a ser tentado.
Conseguido o apoio da ALN, os levantamentos, reconhecimentos e providências logísticas da operação foram tomados.
O seqüestro foi realizado com sucesso.
Durante o rapto, a DI/GB assumiu, definitivamente, o nome de Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), que praticou inúmeras ações e no qual Franklin de Souza Martins passou a ser, como na DI/GB, um "quadro" da direção.
Com medo de ser descoberto, Franklin de Souza Martins, após a ação criminosa passou a viver clandestinamente. Depois foi para Cuba, onde fez intenso treinamento. Aprendeu técnicas de guerrilha, manuseio de explosivos, etc. E ainda ironiza a sua periculosidade... Pela sua ótica, perigoso era o general Médici, Presidente do Brasil, que recebia aplausos em Maracanãs lotados, driblando a sua própria equipe de segurança pessoal, simplesmente para ver o seu time do coração jogar.
Franklin esteve em Cuba por onze meses, voltando para atuar no MR-8 em fins de 1970. Viveu em exílio na Argentina e no Chile. Nessa época a cúpula do MR-8 ditava as ordens para os militantes, que permaneciam no Brasil, diretamente do Chile. Nessa época, Franklin Martins esteve clandestinamente no País por duas vezes. Um anjo escondido...
Só para se ter ideia da periculosidade dos componentes do MR-8, essa organização terrorista praticou inúmeras ações, entre elas:
— 8 assaltos a bancos;
— 11 assaltos a supermercados;
— 10 assaltos a casas comerciais diversas;
— 6 assaltos a carros transportadores de valores;
— 2 assaltos a residências;
— Primeiro seqüestro de um diplomata;
— Primeiro seqüestro de um avião comercial, no Brasil;
— 3 ataques a sentinelas de unidades militares, com furtos de armas;
— 3 assaltos a garagens, de onde roubaram mais de 20 carros e inúmeras placas.
— 4 de abril de 1971, assassinato do Major José Júlio Toja Martinez Filho
— 8 de outubro de 1969, Elmar Soares de Oliveira, Cláudio Augusto de Alencar Cunha, Ronaldo Fonseca Rocha e Edgar Fonseca Fialho seqüestraram um Caravelle da Cruzeiro do Sul, quando voava de Belém para Manaus, e o levaram para Cuba.
— 13 de setembro de 1970, assalto à Churrascaria Rincão Gaúcho, na Tijuca, Rio de Janeiro. Irritados com os dizeres “Ninguém Segura o Brasil”, colado num painel de vidro, o explodiram com uma bomba e deixaram outra, felizmente desativada pela polícia. Participaram da ação: Sônia Lafoz, Solange Lourenço Gomes, Maria da Glória Araújo Ferreira, Roberto Chagas da Silva, Cid Queiroz Benjamin, Nelson Rodrigues Filho e João Lopes Salgado.
— 20 de novembro de 1970, assalto ao Banco Nacional de Minas Gerais, Agência Ramos, Rio de Janeiro. Participaram da ação: Mário Prata, Marilena Villas-Boas Pinto e Stuart Angel. O assalto terminou em intenso tiroteio, sendo feridos dois guardas e um transeunte, além de Stuart Angel que, mesmo baleado no joelho, conseguiu fugir.
— 13 de março de 1971, assalto às Casas da Banha, na Tijuca, Rio de Janeiro, onde imobilizaram, com metralhadoras e coquetéis molotov, 100 pessoas que faziam compras. Na rua, dois terroristas, usando fardas roubadas, manobravam o trânsito para facilitar a fuga. Participaram, entre outros, Carmen Jacomini, Stuart Angel e Mário Prata.
— 22 de novembro de 1971, os militantes Sérgio Landulfo Furtado, Norma Sá Pereira, Nelson Rodrigues Filho, Paulo Roberto Jabour, Thimothy William Watkin Ross e Paulo Costa Ribeiro, todos do MR-8, “em frente” com a VAR-Palmares, assaltaram um carro forte da firma Transport, na Estrada do Portela, em Madureira, Rio de Janeiro. Na ocasião, morreu o tenente da reserva do Exército José do Amaral Villela e ficaram feridos os guardas Sérgio da Silva Taranto, Emílio Pereira e Adilson Caetano da Silva, que faziam a segurança do carro-forte.
Com a prisão de vários militantes e a morte de Lamarca, a desarticulação do Comitê Regional da Bahia e o desmantelamento do “trabalho de campo”, o MR-8 voltou sua ação para São Paulo. Na realidade, a estrutura brasileira da organização estava esfacelada. Muitos presos, alguns mortos e outros refugiados no exterior. Nessa ocasião, o MR-8 contava, apenas, com pouco mais de 15 militantes para realizar suas atividades, passando a atuar “em frente” com outras organizações. Em contrapartida, crescia o grupo do MR-8 no exterior, com os militantes que fugiram para o Chile, além da adesão de membros de outras organizações.
As palavras de ordem do MR-8 passaram a ser ditadas do Chile. As divergências eram evidentes e havia uma divisão clara entre “militaristas” — que defendiam o imediatismo revolucionário — e “massistas” que, primeiro, queriam preparar melhor as massas. Em novembro de 1972, em Santiago do Chile, a organização convocou uma assembleia-geral, com o comparecimento de seus principais militantes, onde se oficializou o “racha”. Em dezembro, durante três dias, os “massistas” realizaram reuniões preparatórias para a assembleia que fariam ainda nesse mês, a qual foi denominada Pleno.
No artigo primeiro dos “Estatutos Provisórios” aprovado no Pleno, que tinha como um dos seus integrantes Franklin de Souza Martins, o MR- 8 definia os objetivos da organização:
“Somos uma organização política marxista-leninista, cuja finalidade é contribuir para a criação do partido revolucionário do proletariado no Brasil, que assuma a vanguarda da luta da classe operária e da massa explorada, pela derrubada do poder burguês, pela supressão da propriedade privada dos meios de produção e pela construção da sociedade socialista como transição para a abolição da sociedade de classe e o ingresso numa sociedade comunista.”
O artigo primeiro dos Estatutos Provisórios do MR-8, não deixa dúvidas, mas mesmo assim, Franklin Martins ainda tem a coragem de declarar, como a maioria desses "heróis", que lutava contra a ditadura! Franklin lutava pela implantação de uma ditadura comunista no Brasil. E ele tem de reconhecer isso em nome da verdade jornalística.
Mais honesto é o seu companheiro Daniel Aarão Reis Filho, que com ele integrava a Direção Geral da DI/GB/ MR-8, que em entrevista publicada em O Globo de 23/09/2001 declarou:
“As ações armadas da esquerda brasileira não devem ser mitificadas. Nem para um lado nem para o outro. Eu não compartilho da lenda de que no final dos anos 60 e no início dos 70 (inclusive eu) fomos o braço armado de uma resistência democrática. Acho isso um mito surgido durante a campanha da anistia. Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucionário, ofensivo e ditatorial. Pretendia-se implantar uma ditadura revolucionária. Não existe um só documento dessas organizações em que elas se apresentassem como instrumento da resistência democrática.”
Após o Pleno, a organização desenvolveu suas novas atividades com a Direção Geral dividida em duas seções: a do exterior, com Carlos Alberto Vieira Muniz, João Lopes Salgado, Nelson Chaves dos Santos e João Luiz Silva Ferreira; e a do interior, no Brasil, com Franklin de Souza Martins e Sérgio Rubens de Araújo Torres.
Em fevereiro de 1973, Franklin retornou ao Brasil, instalando-se em São Paulo e estruturando um Comitê Regional, dirigido por José Roberto Monteiro e Albino Wakahara, para incrementar a guerrilha no País.
A queda do presidente Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, dificultou os planos iniciais da organização, com seus militantes fugindo do Chile e se reagrupando em Paris, onde Franklin Martins ficou até 1977. Em 1979, conseguiu anistia política.
Trechos do Manifesto lido pelas emissoras de rádio por ocasião do seqüestro do embaixador americano:
"Grupos revolucionários detiveram hoje o Sr. Charles Burke Elbrick, embaixador dos Estados Unidos, levando-o para algum lugar do país, onde o mantêm preso. Este ato não é um episódio isolado. Ele se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, nos quais se arrecadam fundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; ocupação de quartéis e delegacias, onde se conseguem armas e munições para a luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revolucionários, para devolvê-los à luta do povo; explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores.
Na verdade, o rapto do embaixador é apenas mais um ato da guerra revolucionária, que avança a cada dia e que ainda este ano iniciará sua etapa de guerrilha rural.
Com o rapto do embaixador, queremos mostrar que é possível vencer a ditadura e a exploração, se nos armarmos e nos organizarmos. Apareceremos onde o inimigo menos nos espera e desapareceremos em seguida, desgastando a ditadura, levando o terror e o medo para os exploradores, a esperança e a certeza da vitória para o meio dos explorados.
O Sr. Burke Elbrick representa em nosso país os interesses do imperialismo, que, aliados aos grandes patrões, aos grandes fazendeiros e aos grandes banqueiros nacionais, mantêm o regime de opressão e exploração.
Os interesses desses consórcios de se enriquecerem cada vez mais criaram e mantêm o arrocho salarial, a estrutura agrária injusta e a repressão institucionalizada. Portanto, o rapto do embaixador é uma advertência clara de que o povo brasileiro não lhes dará descanso e a todo o momento fará desabar sobre eles o peso de sua luta . Saibam todos que esta é uma luta sem tréguas, uma luta longa e dura, que não termina com a troca de um ou outro general no poder, mas que só acaba com o fim do regime dos grandes exploradores e com a constituição de um governo que liberte os trabalhadores de todo o país da situação em que se encontram. (...)
A vida e a morte do Sr. embaixador estão nas mãos da ditadura. Se ela atender a duas exigências, o sr. Burke Elbrick será libertado. Caso contrário, seremos obrigados a cumprir a justiça revolucionária. Nossas duas exigências são:
a) A libertação de quinze prisioneiros políticos. São quinze revolucionários entre os milhares que sofrem as torturas nas prisões-quartéis de todo o país, que são espancados, seviciados, e que amargam as humilhações impostas pelos militares. Não estamos exigindo o impossível. Não estamos exigindo a restituição da vida de inúmeros combatentes assassinados nas prisões. Esses não serão libertados, é lógico. Serão vingados, um dia. Exigimos apenas a libertação desses quinze homens, líderes da luta contra a ditadura. Cada um deles vale cem embaixadores, do ponto de vista do povo. Mas um embaixador dos Estados Unidos também vale muito, do ponto de vista da ditadura e da exploração.
b) A publicação e leitura desta mensagem, na íntegra, nos principais jornais, rádios e televisões de todo o país.
Os quinze prisioneiros políticos devem ser conduzidos em avião especial até um país determinado — Argélia, Chile ou México —, onde lhes seja concedido asilo político. Contra eles não devem ser tentadas quaisquer represálias, sob pena de retaliação.
A ditadura tem 48 horas para responder publicamente se aceita ou rejeita nossa proposta. Se a resposta for positiva, divulgaremos a lista dos quinze líderes revolucionários e esperaremos 24 horas por seu transporte para um país seguro. Se a resposta for negativa, ou se não houver resposta nesse prazo, o sr. Burke Elbrick será justiçado. Os quinze companheiros devem ser libertados, estejam ou não condenados: esta é uma “situação excepcional". Nas "situações excepcionais", os juristas da ditadura sempre arranjam uma fórmula para resolver as coisas, como se viu recentemente, na subida da junta militar.
As conversações só serão iniciadas a partir de declarações públicas e oficiais da ditadura de que atenderá às exigências.
O método será sempre público por parte das autoridades e sempre imprevisto por nossa parte. Queremos lembrar que os prazos são improrrogáveis e que não vacilaremos em cumprir nossas promessas.
Finalmente, queremos advertir aqueles que torturam, espancam e matam nossos companheiros: não vamos aceitar a continuação dessa prática odiosa. Estamos dando o último aviso. Quem prosseguir torturando, espancando e matando ponha as barbas de molho. Agora é olho por olho, dente por dente."
O ano de 1966, marca a afirmação da dissidência do Movimento Estudantil do Partido Comunista Brasileiro. Estava criada a Dissidência Comunista da Guanabara, com uma definição orientada para a luta armada.
Muitos estudantes queriam ser os "novos guevaras". A agitação estudantil era insuflada principalmente pela Ação Popular (AP), pela Dissidência da Guanabara (DI/GB), pelo Comando de Libertação Nacional (COLINA), pelo Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e pela Ala Marighela — futura Ação Libertadora Nacional — ALN.
Os principais líderes estudantis eram Vladimir Palmeira e Franklin Martins, da DI/GB, e José Dirceu, da ALN.
Em abril de 1968 a DI/GB realizou uma conferência. Na ocasião foram tomadas pela organização importantes decisões: profissionalizou diversos "quadros"; montou “aparelhos”; elegeu uma Direção Geral (DG), integrada por Daniel Aarão Reis Filho, Franklin de Souza Martins e José Roberto Spiegner.
Franklin de Souza Martins era o encarregado da Frente de Trabalho Armado (FTA), a qual era dirigida por João Lopes Salgado.
A FTA era responsável pelas ações armadas, roubos e assaltos a bancos, ataques a sentinelas, roubos de armas e explosivos, assassinatos (“justiçamentos”). A violência estarrecia, porém perdera o ineditismo; a repetição sistemática das ações tirava-lhe o impacto gerador de curiosidade.
Era necessário imaginar algo que mexesse com a opinião pública.
Com esse pensamento a direção da DI/GB imaginou, em meados de 1969, o seqüestro de um representante diplomático. O pensamento inicial da DI/GB, além, da repercussão internacional, era libertar o seu militante e líder estudantil Wladimir Palmeira, além dos dirigentes do movimento: José Dirceu de Oliveira e Silva e Luiz Gonzaga Travassos da Rosa.
A ideia partiu de Franklin de Souza Martins, preso junto com os demais líderes no congresso clandestino da UNE, em Ibiúna, em outubro de 1968, que saíra da cadeia na véspera de 13 de dezembro do mesmo ano e, pasmem, teve a hombridade de declarar que não foi torturado.
O alvo mais significativo seria o embaixador dos Estados Unidos, o representante e defensor dos “interesses imperialistas norte-americanos em nosso país”.
A direção da DI/GB liderada por Franklin de Souza Martins, concluiu que seria necessário o apoio de uma equipe de outra Organização. A ALN foi a escolhida, já que havia conseguido notoriedade através da intensificação de suas atividades, principalmente em São Paulo. Além do que a constante divulgação de textos de Marighela incentivava todo o tipo de “violência revolucionária”.
Por tudo isso, Marighela afigurava-se como o auxílio mais competente a ser tentado.
Conseguido o apoio da ALN, os levantamentos, reconhecimentos e providências logísticas da operação foram tomados.
O seqüestro foi realizado com sucesso.
Durante o rapto, a DI/GB assumiu, definitivamente, o nome de Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), que praticou inúmeras ações e no qual Franklin de Souza Martins passou a ser, como na DI/GB, um "quadro" da direção.
Com medo de ser descoberto, Franklin de Souza Martins, após a ação criminosa passou a viver clandestinamente. Depois foi para Cuba, onde fez intenso treinamento. Aprendeu técnicas de guerrilha, manuseio de explosivos, etc. E ainda ironiza a sua periculosidade... Pela sua ótica, perigoso era o general Médici, Presidente do Brasil, que recebia aplausos em Maracanãs lotados, driblando a sua própria equipe de segurança pessoal, simplesmente para ver o seu time do coração jogar.
Franklin esteve em Cuba por onze meses, voltando para atuar no MR-8 em fins de 1970. Viveu em exílio na Argentina e no Chile. Nessa época a cúpula do MR-8 ditava as ordens para os militantes, que permaneciam no Brasil, diretamente do Chile. Nessa época, Franklin Martins esteve clandestinamente no País por duas vezes. Um anjo escondido...
Fonte: Projeto Orvil
.Só para se ter ideia da periculosidade dos componentes do MR-8, essa organização terrorista praticou inúmeras ações, entre elas:
— 8 assaltos a bancos;
— 11 assaltos a supermercados;
— 10 assaltos a casas comerciais diversas;
— 6 assaltos a carros transportadores de valores;
— 2 assaltos a residências;
— Primeiro seqüestro de um diplomata;
— Primeiro seqüestro de um avião comercial, no Brasil;
— 3 ataques a sentinelas de unidades militares, com furtos de armas;
— 3 assaltos a garagens, de onde roubaram mais de 20 carros e inúmeras placas.
— 4 de abril de 1971, assassinato do Major José Júlio Toja Martinez Filho
— 8 de outubro de 1969, Elmar Soares de Oliveira, Cláudio Augusto de Alencar Cunha, Ronaldo Fonseca Rocha e Edgar Fonseca Fialho seqüestraram um Caravelle da Cruzeiro do Sul, quando voava de Belém para Manaus, e o levaram para Cuba.
— 13 de setembro de 1970, assalto à Churrascaria Rincão Gaúcho, na Tijuca, Rio de Janeiro. Irritados com os dizeres “Ninguém Segura o Brasil”, colado num painel de vidro, o explodiram com uma bomba e deixaram outra, felizmente desativada pela polícia. Participaram da ação: Sônia Lafoz, Solange Lourenço Gomes, Maria da Glória Araújo Ferreira, Roberto Chagas da Silva, Cid Queiroz Benjamin, Nelson Rodrigues Filho e João Lopes Salgado.
— 20 de novembro de 1970, assalto ao Banco Nacional de Minas Gerais, Agência Ramos, Rio de Janeiro. Participaram da ação: Mário Prata, Marilena Villas-Boas Pinto e Stuart Angel. O assalto terminou em intenso tiroteio, sendo feridos dois guardas e um transeunte, além de Stuart Angel que, mesmo baleado no joelho, conseguiu fugir.
— 13 de março de 1971, assalto às Casas da Banha, na Tijuca, Rio de Janeiro, onde imobilizaram, com metralhadoras e coquetéis molotov, 100 pessoas que faziam compras. Na rua, dois terroristas, usando fardas roubadas, manobravam o trânsito para facilitar a fuga. Participaram, entre outros, Carmen Jacomini, Stuart Angel e Mário Prata.
— 22 de novembro de 1971, os militantes Sérgio Landulfo Furtado, Norma Sá Pereira, Nelson Rodrigues Filho, Paulo Roberto Jabour, Thimothy William Watkin Ross e Paulo Costa Ribeiro, todos do MR-8, “em frente” com a VAR-Palmares, assaltaram um carro forte da firma Transport, na Estrada do Portela, em Madureira, Rio de Janeiro. Na ocasião, morreu o tenente da reserva do Exército José do Amaral Villela e ficaram feridos os guardas Sérgio da Silva Taranto, Emílio Pereira e Adilson Caetano da Silva, que faziam a segurança do carro-forte.
Com a prisão de vários militantes e a morte de Lamarca, a desarticulação do Comitê Regional da Bahia e o desmantelamento do “trabalho de campo”, o MR-8 voltou sua ação para São Paulo. Na realidade, a estrutura brasileira da organização estava esfacelada. Muitos presos, alguns mortos e outros refugiados no exterior. Nessa ocasião, o MR-8 contava, apenas, com pouco mais de 15 militantes para realizar suas atividades, passando a atuar “em frente” com outras organizações. Em contrapartida, crescia o grupo do MR-8 no exterior, com os militantes que fugiram para o Chile, além da adesão de membros de outras organizações.
As palavras de ordem do MR-8 passaram a ser ditadas do Chile. As divergências eram evidentes e havia uma divisão clara entre “militaristas” — que defendiam o imediatismo revolucionário — e “massistas” que, primeiro, queriam preparar melhor as massas. Em novembro de 1972, em Santiago do Chile, a organização convocou uma assembleia-geral, com o comparecimento de seus principais militantes, onde se oficializou o “racha”. Em dezembro, durante três dias, os “massistas” realizaram reuniões preparatórias para a assembleia que fariam ainda nesse mês, a qual foi denominada Pleno.
No artigo primeiro dos “Estatutos Provisórios” aprovado no Pleno, que tinha como um dos seus integrantes Franklin de Souza Martins, o MR- 8 definia os objetivos da organização:
“Somos uma organização política marxista-leninista, cuja finalidade é contribuir para a criação do partido revolucionário do proletariado no Brasil, que assuma a vanguarda da luta da classe operária e da massa explorada, pela derrubada do poder burguês, pela supressão da propriedade privada dos meios de produção e pela construção da sociedade socialista como transição para a abolição da sociedade de classe e o ingresso numa sociedade comunista.”
O artigo primeiro dos Estatutos Provisórios do MR-8, não deixa dúvidas, mas mesmo assim, Franklin Martins ainda tem a coragem de declarar, como a maioria desses "heróis", que lutava contra a ditadura! Franklin lutava pela implantação de uma ditadura comunista no Brasil. E ele tem de reconhecer isso em nome da verdade jornalística.
Mais honesto é o seu companheiro Daniel Aarão Reis Filho, que com ele integrava a Direção Geral da DI/GB/ MR-8, que em entrevista publicada em O Globo de 23/09/2001 declarou:
“As ações armadas da esquerda brasileira não devem ser mitificadas. Nem para um lado nem para o outro. Eu não compartilho da lenda de que no final dos anos 60 e no início dos 70 (inclusive eu) fomos o braço armado de uma resistência democrática. Acho isso um mito surgido durante a campanha da anistia. Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucionário, ofensivo e ditatorial. Pretendia-se implantar uma ditadura revolucionária. Não existe um só documento dessas organizações em que elas se apresentassem como instrumento da resistência democrática.”
Após o Pleno, a organização desenvolveu suas novas atividades com a Direção Geral dividida em duas seções: a do exterior, com Carlos Alberto Vieira Muniz, João Lopes Salgado, Nelson Chaves dos Santos e João Luiz Silva Ferreira; e a do interior, no Brasil, com Franklin de Souza Martins e Sérgio Rubens de Araújo Torres.
Em fevereiro de 1973, Franklin retornou ao Brasil, instalando-se em São Paulo e estruturando um Comitê Regional, dirigido por José Roberto Monteiro e Albino Wakahara, para incrementar a guerrilha no País.
A queda do presidente Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, dificultou os planos iniciais da organização, com seus militantes fugindo do Chile e se reagrupando em Paris, onde Franklin Martins ficou até 1977. Em 1979, conseguiu anistia política.
Fonte: Carlos Alberto Brilhante Ustra, in
. "A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça"
."Grupos revolucionários detiveram hoje o Sr. Charles Burke Elbrick, embaixador dos Estados Unidos, levando-o para algum lugar do país, onde o mantêm preso. Este ato não é um episódio isolado. Ele se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, nos quais se arrecadam fundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; ocupação de quartéis e delegacias, onde se conseguem armas e munições para a luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revolucionários, para devolvê-los à luta do povo; explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores.
Na verdade, o rapto do embaixador é apenas mais um ato da guerra revolucionária, que avança a cada dia e que ainda este ano iniciará sua etapa de guerrilha rural.
Com o rapto do embaixador, queremos mostrar que é possível vencer a ditadura e a exploração, se nos armarmos e nos organizarmos. Apareceremos onde o inimigo menos nos espera e desapareceremos em seguida, desgastando a ditadura, levando o terror e o medo para os exploradores, a esperança e a certeza da vitória para o meio dos explorados.
O Sr. Burke Elbrick representa em nosso país os interesses do imperialismo, que, aliados aos grandes patrões, aos grandes fazendeiros e aos grandes banqueiros nacionais, mantêm o regime de opressão e exploração.
Os interesses desses consórcios de se enriquecerem cada vez mais criaram e mantêm o arrocho salarial, a estrutura agrária injusta e a repressão institucionalizada. Portanto, o rapto do embaixador é uma advertência clara de que o povo brasileiro não lhes dará descanso e a todo o momento fará desabar sobre eles o peso de sua luta . Saibam todos que esta é uma luta sem tréguas, uma luta longa e dura, que não termina com a troca de um ou outro general no poder, mas que só acaba com o fim do regime dos grandes exploradores e com a constituição de um governo que liberte os trabalhadores de todo o país da situação em que se encontram. (...)
A vida e a morte do Sr. embaixador estão nas mãos da ditadura. Se ela atender a duas exigências, o sr. Burke Elbrick será libertado. Caso contrário, seremos obrigados a cumprir a justiça revolucionária. Nossas duas exigências são:
a) A libertação de quinze prisioneiros políticos. São quinze revolucionários entre os milhares que sofrem as torturas nas prisões-quartéis de todo o país, que são espancados, seviciados, e que amargam as humilhações impostas pelos militares. Não estamos exigindo o impossível. Não estamos exigindo a restituição da vida de inúmeros combatentes assassinados nas prisões. Esses não serão libertados, é lógico. Serão vingados, um dia. Exigimos apenas a libertação desses quinze homens, líderes da luta contra a ditadura. Cada um deles vale cem embaixadores, do ponto de vista do povo. Mas um embaixador dos Estados Unidos também vale muito, do ponto de vista da ditadura e da exploração.
b) A publicação e leitura desta mensagem, na íntegra, nos principais jornais, rádios e televisões de todo o país.
Os quinze prisioneiros políticos devem ser conduzidos em avião especial até um país determinado — Argélia, Chile ou México —, onde lhes seja concedido asilo político. Contra eles não devem ser tentadas quaisquer represálias, sob pena de retaliação.
A ditadura tem 48 horas para responder publicamente se aceita ou rejeita nossa proposta. Se a resposta for positiva, divulgaremos a lista dos quinze líderes revolucionários e esperaremos 24 horas por seu transporte para um país seguro. Se a resposta for negativa, ou se não houver resposta nesse prazo, o sr. Burke Elbrick será justiçado. Os quinze companheiros devem ser libertados, estejam ou não condenados: esta é uma “situação excepcional". Nas "situações excepcionais", os juristas da ditadura sempre arranjam uma fórmula para resolver as coisas, como se viu recentemente, na subida da junta militar.
As conversações só serão iniciadas a partir de declarações públicas e oficiais da ditadura de que atenderá às exigências.
O método será sempre público por parte das autoridades e sempre imprevisto por nossa parte. Queremos lembrar que os prazos são improrrogáveis e que não vacilaremos em cumprir nossas promessas.
Finalmente, queremos advertir aqueles que torturam, espancam e matam nossos companheiros: não vamos aceitar a continuação dessa prática odiosa. Estamos dando o último aviso. Quem prosseguir torturando, espancando e matando ponha as barbas de molho. Agora é olho por olho, dente por dente."
Ação Libertadora Nacional (ALN)
Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8)
Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8)
E se o governo não tivesse cedido? O que teria acontecido? Esses terroristas não estavam brincando!
Diziam a verdade, sedentos por fazer a sua criminosa “justiça revolucionária”.
Brincando estão agora, fingindo-se de inocentes e de pacíficos, mentindo quanto à sua verdadeira intenção, que era de instalar no Brasil uma ditadura comunista sanguinária.
Brincam tanto que ainda escondem, sob o embuste de um governo “democrático popular”, a indormida intenção de comunizar o país.
Enquanto isso, empanturram-se de dinheiro às nossas custas, pois aprenderam, muito cedo, a "expropriar".
Chega de mentiras, com essa conversa fiada de que lutavam contra a ditadura.
Diziam a verdade, sedentos por fazer a sua criminosa “justiça revolucionária”.
Brincando estão agora, fingindo-se de inocentes e de pacíficos, mentindo quanto à sua verdadeira intenção, que era de instalar no Brasil uma ditadura comunista sanguinária.
Brincam tanto que ainda escondem, sob o embuste de um governo “democrático popular”, a indormida intenção de comunizar o país.
Enquanto isso, empanturram-se de dinheiro às nossas custas, pois aprenderam, muito cedo, a "expropriar".
Chega de mentiras, com essa conversa fiada de que lutavam contra a ditadura.
Fonte: A Verdade Sufocada
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