por Flavio Figueiredo Jorge de Souza
Também fiquei estarrecido e com o sono perturbado com as cenas de furto do material doado para as vítimas das enchentes de Santa Catarina, principalmente daqueles míseros soldados do Exército apanhados em flagrante.Hoje pela manhã, ainda tentando compreender aqueles cenas tristes, cheguei à conclusão de que há uma explicação para aquele desvio de conduta.
Peço que acompanhem o meu raciocínio.
Aquela família composta de gente adulta, composta de marido, esposa e filhas, que se dedicavam ao furto das doações, é o retrato da realidade social e cultural do nosso tempo.
A sociedade está em decomposição moral há bastante tempo, a partir dos homens do governo e seus asseclas políticos no Congresso Nacional, todos ligados e sócios de falcatruas, mensalões, desvios de dinheiro. A ramificação da corrupção e decadência moral se estende para as Prefeituras, que usam falsas licitações para desviarem verbas públicas para seus sócios e amigos.
As escolas públicas e particulares são entregues a professores despreparados, o que já representa uma decadência moral.
Bandidos se misturam com as polícias organizando uma sociedade de lucros.
A Justiça, antes a última esperança do povo, está cheia de bandidos, desembargadores ladrões, vendas de sentenças, proteção aos amigos, emprego dos parentes despreparados.
O Presidente da República, analfabeto e mentiroso contumás, privilegia a bandidagem política, substituindo os Heróis da Pátria pelos terroristas derrotados no campo da batalha.
Os costumes sociais estão sendo, há bastante tempo, destruídos sistematicamente, pelas novelas da TV, principalmente as da Globo, onde se pregam a violência doméstica, a dissolução da família, a hipocrisia.
A sociedade como um todo está em fase de transformaçao e na direção do "salve-se quem puder".
Mas, e aqueles soldados do Exército ?
Há uma explicação que deve ser, de imediato, difundida para o povo que tomou conhecimento daqueles tristes fatos.
Esses rapazes, pela idade que aparentavam, são soldados que prestam serviço militar obrigatório e foram criados e educados nessas famílias em dissolução e nas escolas em decadência.
São jovens que estão fardados por apenas alguns meses, tempo insuficiente para a assimilação de novos hábitos sociais, novos padrões de conduta, nova moral.
Pelo pouco tempo que têm de farda (não mais que alguns meses), compreende-se que ainda, em seus íntimos, trava-se um conflito psicológico entre os valores da educação doméstica em que foram criados e os valores do uniforme que vestem.
Sempre entendi coisas importantes nos 36 anos de vida militar que vivi.
Entre essas, aparece aquele princípio implantado na nossa fomação cultural desde a AMAN. A disciplina que não for consciente não é disciplina.
Isto quer dizer que as regras da caserna devem ser observadas mesmo quando não fiscalizadas.
Mas a natureza humana é muito complexa. E então, por experiência própria advinda das funções de mando que exerci, entendi que:
"ORDENS DADAS E NÃO FISCALIZADAS SÃO ORDENS NÃO CUMPRIDAS OU MAL CUMPRIDAS! ".
Quando as autoridades superiores procederem à sindicância sobre aqueles furtos dos soldados, devem obrigatoriamente procurar encontrar o responsável pela fiscalização do trabalho deles.E PUNÍ-LO EXEMPLARMENTE!!!
Esse erro tem que ser assumido pela estrutura hierárquica !!!!
Flavio Figueiredo Jorge de Souza é Coronel do Exército Brasileiro
Fonte: BOOTLEAD
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