por Janer Cristaldo
Que queixas tens contra o governo Lula? — me perguntava um amigo. A atual economia te prejudica?
Bom, prejudicar não me prejudica, afinal estou fora do mercado de trabalho. Mas não me prejudicar não é critério para julgar bom um governo. Falta saber se prejudica os demais. Sem falar que não consigo engolir a idéia de ter como presidente um analfabeto, restam outras questões.
Por que o contribuinte tem de pagar bolsa-ditadura aos celerados que um dia quiseram reduzir o país a uma imensa Cuba? Por que tem quem trabalha honestamente sustentar quem não trabalha com a tal de bolsa-esmola? Por que meio Brasil que trabalha tem de pagar a outra metade que não trabalha? Por que tem o contribuinte, caloteado em seus precatórios, contribuir com a reconstrução da Faixa de Gaza? Por que temos, brasileiros, de suportar um presidente que apóia e absolve a corrupção generalizada de deputados e senadores e, pior ainda, os desmandos de um canalha como José Sarney?
Leio nos jornais que Lula da Silva disse que é preciso evitar o que chamou de "morte precoce" do presidente do Senado, José Sarney. Mesmo depois da revelação de conversas em que Sarney orienta o processo de contratação do namorado da neta, Lula minimizou o teor das denúncias, defendeu a permanência do presidente do Senado no cargo e censurou condenação precoce no país. "O que você não pode é vender tudo como se fosse um crime de pena de morte", afirmou.
Velha estratégia comunista. Sem ser comunista, o Supremo Apedeuta aprendeu bem a lição. Lança-se no ar uma tese que não foi defendida por ninguém e argumenta-se contra a tese fictícia. Ninguém está pedindo pena de morte para Sarney. Cadeia já nos satisfaria plenamente.
Ao falar das gravações, Lula disse que "é preciso saber o tamanho do crime. Ou seja, uma coisa é você matar, outra coisa é você roubar, outra coisa é você pedir um emprego, outra coisa é relação de influências, outra coisa é o lobby". Pode-se acreditar que o presidente da República, com todos os serviços de informação que tem sob seu mando, não saiba qual o tamanho do crime?
Sarney usou o Senado como se fosse seu feudo, personalíssimo e intocável. Usou e abusou do dinheiro do contribuinte para remunerar seus familiares e apaniguados. Já não se fala mais em formação de quadrilha, mas em formação de família. Se este crime ainda não consta do Código Penal, está na hora de tipificá-lo.
A imprensa tem denunciado os crimes de traficantes como Fernandinho Beira-Mar e Juan Carlos Ramirez Abadia. São criminosos óbvios, disto ninguém discorda. Mas pertencem ao universo da iniciativa privada. Jamais enfiaram a mão no bolso do contribuinte. Sarney enfiou, e enfiou fundo. Lula o apóia.
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