por Carlos Chagas
Vale meter a mão num vespeiro, dada a evidência de que quanto mais velho o jornalista fica, maior se torna a necessidade dele escrever o que pensa, menos para compensar omissões antes imprescindíveis à sua sobrevivência, mais para cumprir o dever ético inerente à profissão, antes de ir embora.
Tome-se o casamento entre informação e publicidade. Nosso dever é noticiar tudo o que se passa na sociedade, tanto de bom quanto de mau. De ódio e de amor. De certo e de errado, conforme nossas falíveis concepções, desde que honestas. Só assim a sociedade se formará, porque quem se forma é ela, apesar da soberba de muitos colegas que se intitulam formadores de opinião. Não somos formadores coisa nenhuma, mas, apenas, informadores.
Ainda nestes dias assistimos, e divulgamos, nova lambança olímpica verificada no poder público. O governador de Brasília mostrou-se verdadeiro Ali Babá, ou, se quiserem, Ali Babão. Tomou dinheiro de montes de empresas igualmente envolvidas na corrupção, distribuindo as migalhas do banquete entre os cães postados à sua volta. Um horror que apenas não chocou a opinião publica por tratar-se da repetição de mil outras operações iguais acontecidas no país inteiro, faz muito.
O que tem a publicidade com isso? Tudo, porque estava a postos bem antes das denúncias dessas práticas vergonhosas. Para prevenir-se, os governantes sem-vergonha vinham alimentando a mídia com imensas verbas de propaganda. De um jornal local, sempre teve-se conhecimento de ser sua folha de pessoal paga por anúncios do governo de Brasília. De outro, que não sobreviveria quinze minutos sem os recursos oficiais. Malandramente, telejornais das principais redes tinham, e ainda tem, seus intervalos entremeados de exaltações às obras do poder público local.
É bom nem esticar o assunto até a publicidade federal, onde tudo se multiplica. Para dar exemplos concretos, a maioria da programação jornalística das grandes redes de televisão é financiada por anúncios da Petrobrás, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica. Não será para que o telespectador passe a abastecer seu carro nos postos da empresa estatal, nem para que o assalariado encaminhe sua poupança para os estabelecimentos oficiais de crédito. Tudo se faz para que, na hora da preparação do noticiário, as empresas de comunicação lembrem-se de quem as financia, mostrando-se lenientes com relação às notícias negativas referentes aos anunciantes. Ou aos governos que os dirigem.
Como contra a natureza das coisas ninguém investe impunemente, voltemos ao Distrito Federal. É fantástico o volume de publicidade de obras e iniciativas do governo Arruda, nos intervalos dos telejornais e nas páginas dos jornais aqui editados. Só que não dá para esses veículos censurarem as notícias relativas às maracutaias denunciadas pela Polícia Federal e o Ministério Publico. Omitir-se, como muitos tentaram, equivaleria a cair no ridículo e a perder leitores e telespectadores, assim como anunciantes honestos.
Então... Então a população de Brasília vê-se submetida, de algumas semanas para cá, a uma farsa: nos telejornais e nas páginas impressas dedicadas às informações, mesmo a contragosto dos proprietários, lê-se e assiste-se a variados capítulos da corrupção explícita do governador e seus sequazes. Coisa digna de corar frades de pedra, se eles ainda existissem. Nos intervalos, porém, ou em páginas ímpares, em quantidade sempre aumentada, tempo e espaços são dedicados à publicidade de obras em andamento, criancinhas sorrindo, mães de família exaltando o asfaltamento de ruas, criação de escolas, inauguração de postos de saúde e manifestações variadas de felicidade eterna por parte da comunidade.
Em pouco tempo implodiria o cérebro de leitores e telespectadores, se eles acreditassem em seus meios de comunicação. Como não acreditam, limitam-se a sorrir e a duvidar cada vez mais das instituições erigidas ao seu redor. Uma pantomima que sustenta veículos e sufoca seu conteúdo.
Fica para outro dia voltar às conseqüências do que ocorre no plano nacional, mais ou menos a mesma coisa, valendo tirar de tudo uma só conclusão: governos, empresas estatais e sucedâneos deveriam ser proibidos de fazer publicidade. Se o nosso sistema é capitalista, que as empresas privadas se encarreguem de anunciar seus produtos, comprovando serem os melhores na competição através da mídia. Ou será que precisarão, da mesma forma, disputar com dinheiro a opinião dos meios de comunicação?
Ainda nestes dias assistimos, e divulgamos, nova lambança olímpica verificada no poder público. O governador de Brasília mostrou-se verdadeiro Ali Babá, ou, se quiserem, Ali Babão. Tomou dinheiro de montes de empresas igualmente envolvidas na corrupção, distribuindo as migalhas do banquete entre os cães postados à sua volta. Um horror que apenas não chocou a opinião publica por tratar-se da repetição de mil outras operações iguais acontecidas no país inteiro, faz muito.
O que tem a publicidade com isso? Tudo, porque estava a postos bem antes das denúncias dessas práticas vergonhosas. Para prevenir-se, os governantes sem-vergonha vinham alimentando a mídia com imensas verbas de propaganda. De um jornal local, sempre teve-se conhecimento de ser sua folha de pessoal paga por anúncios do governo de Brasília. De outro, que não sobreviveria quinze minutos sem os recursos oficiais. Malandramente, telejornais das principais redes tinham, e ainda tem, seus intervalos entremeados de exaltações às obras do poder público local.
É bom nem esticar o assunto até a publicidade federal, onde tudo se multiplica. Para dar exemplos concretos, a maioria da programação jornalística das grandes redes de televisão é financiada por anúncios da Petrobrás, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica. Não será para que o telespectador passe a abastecer seu carro nos postos da empresa estatal, nem para que o assalariado encaminhe sua poupança para os estabelecimentos oficiais de crédito. Tudo se faz para que, na hora da preparação do noticiário, as empresas de comunicação lembrem-se de quem as financia, mostrando-se lenientes com relação às notícias negativas referentes aos anunciantes. Ou aos governos que os dirigem.
Como contra a natureza das coisas ninguém investe impunemente, voltemos ao Distrito Federal. É fantástico o volume de publicidade de obras e iniciativas do governo Arruda, nos intervalos dos telejornais e nas páginas dos jornais aqui editados. Só que não dá para esses veículos censurarem as notícias relativas às maracutaias denunciadas pela Polícia Federal e o Ministério Publico. Omitir-se, como muitos tentaram, equivaleria a cair no ridículo e a perder leitores e telespectadores, assim como anunciantes honestos.
Então... Então a população de Brasília vê-se submetida, de algumas semanas para cá, a uma farsa: nos telejornais e nas páginas impressas dedicadas às informações, mesmo a contragosto dos proprietários, lê-se e assiste-se a variados capítulos da corrupção explícita do governador e seus sequazes. Coisa digna de corar frades de pedra, se eles ainda existissem. Nos intervalos, porém, ou em páginas ímpares, em quantidade sempre aumentada, tempo e espaços são dedicados à publicidade de obras em andamento, criancinhas sorrindo, mães de família exaltando o asfaltamento de ruas, criação de escolas, inauguração de postos de saúde e manifestações variadas de felicidade eterna por parte da comunidade.
Em pouco tempo implodiria o cérebro de leitores e telespectadores, se eles acreditassem em seus meios de comunicação. Como não acreditam, limitam-se a sorrir e a duvidar cada vez mais das instituições erigidas ao seu redor. Uma pantomima que sustenta veículos e sufoca seu conteúdo.
Fica para outro dia voltar às conseqüências do que ocorre no plano nacional, mais ou menos a mesma coisa, valendo tirar de tudo uma só conclusão: governos, empresas estatais e sucedâneos deveriam ser proibidos de fazer publicidade. Se o nosso sistema é capitalista, que as empresas privadas se encarreguem de anunciar seus produtos, comprovando serem os melhores na competição através da mídia. Ou será que precisarão, da mesma forma, disputar com dinheiro a opinião dos meios de comunicação?
Fonte: Coluna do Claudio Humberto
Um comentário:
Nós somos um país, não uma Nação, que não se define, ora capitalista, ora socialista. Para trabalhar e produzir, somos capitalistas. Para arrecadar impostos e gastar facil, somos socialistas. E da
Internacional Socialista, a corrente dos f.d.p. de plantão. Eu preferia já que fossemos Nacional Socialistas. Danem-se os Jude. Fato é que para crescer e se tornar uma grande nação essa definição terá que ocorrer, mais cedo ou mais tarde. Mas não se iludam. A mudança só vai valer se for escrita em vermelho.
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