por Valmir Fonseca Azevedo Pereira
Instados por vasta e avassaladora campanha publicitária do governo imperial para descobrir o destino de 140 desaparecidos na luta subversiva, temos aguçado a nossa atenção. Clamamos em vão, ora pelo João, ora pelo Pedro, ora pelo Antonio, e pelos outros cento e trinta e sete desaparecidos. Infelizmente, só ouvimos os lamentos do Paulo Macena, do Carlos Argemiro, do Edson Régis, e das outras cento e dezesseis vítimas do terrorismo, estes, desconhecidos, personagens do limbo da obscuridade. De fato, eles compunham um grupo de “celerados mercenários” a soldo das forças “ditas” legais. Não tinham família, eram crias de incubadeira, e, portanto, faces sem passado. Cremos que seus “ais” e “lamentos” eram mais agonizantes, por não terem eles, ou as suas famílias, recebido qualquer homenagem ou recompensa, como os seus algozes, sejam eles “aparecidos” ou desaparecidos.
Chorosas mães clamam de saudade por filhos e filhas, por parentes que eram poços de virtudes, indivíduos de reconhecidas qualidades humanitárias, verdadeiros anjos caídos no inferno da ditadura.
Inocentes, puros nos gestos, castos nos pensamentos, querubins que merecem, como bem-aventurados, o aconchego de seus amigos. Que importa, se nos seus sonhos pretenderam tornar esta Nação uma comunidade de “zumbis” nos moldes russos. Não importa se, inadvertidamente, pegaram em armas, para impor seus ideais, e no seu propósito, desacataram as leis e promoveram a desordem.
Muitos buscaram preservar o honrado nome de suas famílias, conscientes de suas insanas aventuras, de sua decisão de matar, de seqüestrar, de assaltar bancos, e de praticar atos terroristas, ações abominadas, inclusive, por seus diletos pais. Por isso, para não macular seus antepassados, por respeitarem ao extremo seus ascendentes e descendentes, buscaram o anonimato, usaram falsas identidades e falsos documentos, cientes de que cometiam hediondos desatinos.
Muitos morreram, não portando os seus verdadeiros nomes, e foram enterrados, o João com o nome de Pedro, o Antonio com o nome de José. Alguns, por não serem reconhecidos, seus corpos não foram reclamados, nem pranteados e jazem em cova rasa, como indigentes, com o nome que escolheram. Portanto, não estão desaparecidos.
Ao longo das últimas décadas, na medida em que os arautos e agentes da subversão colocavam suas cabeças de fora (e viva a Lei da Anistia), e ao mesmo tempo em que ocupavam postos de relevância na estrutura do governo, recrudesceram os seus ataques e tornaram–se visíveis as suas ações de desmoralização da Forças Armadas.
Se no início, titubeantes, a liberdade de atuação ao abrigo da legalidade e a impunidade deram-lhes a confiança necessária para alçarem novos vôos. Daí à prática de solertes arbitrariedades foi um passo.
A máquina estatal, sob a pecha de atos do desgoverno vem cobrindo de legalidade o seu universo de ilegalidades. Pois, colocou-lhes nas mãos diversos instrumentos de manipulação. Com recursos a perder de vista, falando em nome da sociedade, eles concretizam barbáries com a desfaçatez dos que nada temem. Diante de fatos consumados e insanos, a sociedade se aquieta e aceita, uma vez que advindos do “governo”. Juntam-se num mesmo pacote de ignomínias, o politicamente correto e a aceitação absurda da injustiça.
Beneficiados por uma estrutura em torno omissa, conivente ou complacente adquiriram poderes sem limites e não raro extrapolam. Sem freios, libertos de conceitos e padrões que possam obstar seus projetos, seguem em frente.
Se alguém perguntar, mas por que tanto revanchismo?
Poderemos responder que duas são as causas. A primeira refere-se ao partido que abrigou como suas as propostas de comunização do País. A imagem daqueles aventureiros adequava–se como uma luva às ambições partidárias. Não importando se, originalmente, os “heróis” eram do PC, do PCdoB, trotskistas, e qualquer sigla de esquerda, todos cabiam na legenda do PT.
Por isso, vivamente, o PT, entendeu que mantendo o revanchismo alimentaria o status do próprio partido, e da maioria de seus políticos, que ganharam dimensões heroicas, agentes de criminosas façanhas cantadas em prosa e verso, e que muito bem disseminadas e distorcidas pela mídia, causam ótima repercussão junto à opinião pública.
A segunda refere-se à sustentação da própria ideologia marxista–leninista, que sempre entendeu ser o segmento militar o seu grande oponente no Brasil, e atua, permanentemente, de forma a aniquilá–lo, para que no futuro, não venha obstar–lhe o caminho.
Destarte, estamos diante de duas grandes e mortais motivações, e precisamos de mais? Daí dá-lhes campanhas e mais campanhas.
Ambas vertentes unem-se para o enfraquecimento do segmento militar, que após tantos revezes, tornou–se um ridículo adversário.
Brasília, DF, 21 de outubro de 2009
Gen Bda Refo Valmir Fonseca Azevedo Pereira
Gen Bda Refo Valmir Fonseca Azevedo Pereira
Nenhum comentário:
Postar um comentário