por Nahum Sirotsky
O vice-ministro da Defesa de Israel num encontro pouco divulgado manteve franca conversa com prefeitos e líderes de conselhos municipais sobre um programado exercício de defesa civil em âmbito nacional. Acontecerá em junho um ensaio de como a população deverá se comportar na hipótese de uma guerra. Até detalhes do tempo máximo necessário para a busca de abrigo em cada cidade e centro habitados em caso de ataque por mísseis serão informado.Matan Vilnay, general da reserva, é homem de muita experiência e grandes feitos. Um dos melhores. A ele foi entregue a missão de preparar a população civil, pelo ministro da Defesa, Ehud Barak, o mais condecorado militar dos 61 anos de Israel. O exercício começará com as sirenes de alerta soando em todo o país simultaneamente ás 11 horas do dia 2 de junho próximo. Vilnay esclareceu na reunião que uma guerra pode irromper a qualquer momento “e os israelenses precisam ser conscientizados de que a frente interna será parte”. “Todos precisam saber que existe chance de um míssil cair em seu quintal. Desta vez não hesitaremos em preparar toda a população”. A partir do dia 31 de maio já estarão operando “salas de crises” em todos os prédios do governo, todos os 252 prédios de municipalidades e conselhos que correspondem às câmaras de vereadores.
“Hora da Virada” é o nome do exercício, uma iniciativa da Administração Nacional de Emergência. A tática resulta da experiência havida na guerra do Líbano de 2006, quando foi vasta a destruição na região Norte do país.
Israel, que tem 20 mil km² de extensão, é dividida em municípios para efeito da administração nacional. Não tem tamanho para ter estados.
Nos dias atuais o novo governo vem sendo submetido a todos os tipos de pressão para retomar com urgência o processo de paz com os palestinos culminando na implementação da fórmula de dois países, Israel e o futuro estado palestino, um ao lado de outro em paz e cooperação, conforme o objetivo de seus criadores: o quarteto, Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Nações Unidas.
Verifico que até a tática de desinformação — informação incorreta — vem sendo aplicada. Urge que o seu novo governo direitista não crie novos obstáculos. Até a onda anti israelense vigente vale. Mas “Al Hayat”, diário editado em Londres supostamente com apoio da Arábia Saudita, diz que em sua recente visita a Jerusalém, o general Omar Suleiman, chefe dos poderosos Serviços de Inteligência do Egito, ouviu de Avigdor Lieberman, o ministro do Exterior, o bicho-papão do governo, que é favorável a solução de dois países, contrariando o que se espalha. Suleiman teria qualificado o encontro de bem sucedido. Mas muito bem planejado e executado. Nada apressado que é muito complexo.
É provável que o exercício de Defesa Civil marcado para junho tenha relação direta com o quadro. A tendência geral, mesmo a americana, parece ser a de entendê-lo como ligado à questão do Irã. Talvez indiretamente. Não se atentou o suficiente que Vilnay destacou a chance de ataque por mísseis. Um choque direto com o Irã teria de levar a outra tática de defesa civil relacionada com ameaça nuclear.
O motivo óbvio e justificado parece ser o fato de Israel viver como alvo do Hezbollah, o Partido de Deus dos xiitas libaneses que domina a fronteira sul do Líbano, com o norte de Israel, com seus arsenais de dezenas de milhares de modernos mísseis podendo alcançar boa parte do estado judeu. No lado sul de Israel, está o Movimento Islâmico de Resistência, o Hamas, da ala mais radical sunita, porém também apoiada pelo Irã.
O Egito capturou recentemente um grupo do Hezbollah que se infiltrara no país para ações de desestabilização do governo Mubarak e ataques a alvos israelenses. Também mantém o Hamas sob vigilância. E há o problema com tribos beduínas que habitam o deserto do Sinai que têm no contrabando grande fonte de renda. O Egito sunita é o país árabe líder pelo seu tamanho e tradição. O Irã xiita pretende tal posição.
Não se duvide de que em Israel haja o pesadelo de se imaginar que Hezbollah e Hamas realizem simultaneamente um ataque com chuvas de mísseis. Não seria ataque a existência do país, mas sem dúvida muito destrutivo como aconteceu em 2006, o confronto com o Hezbollah que ficou conhecido como Guerra do Líbano.
A questão de um Irã atômico é existencial. A extensão de Israel equivale a cerca de pouco mais de 1% da iraniana e a menos de 9% da população. Comparem com a preocupação americana com a possibilidade do Talibã e Al Qaeda botarem as mãos no arsenal atômico do Paquistão. Não dá nem para brincar.
Fonte: Blog do Percival Puggina
COMENTO: é preocupante!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário