É justo, muito justo, justíssimo. O problema é que qualquer iniciativa judicial estaria fadada ao insucesso. Os maiores detratores do Congresso estão no pleno exercício de seus mandatos eletivos. E, protegidos pela imunidade parlamentar, os esculhambadores do Parlamento dispõem de uma espécie de licença para a injúria.
Graças aos repórteres Adriano Ceolin e Andreza Matais descobriu-se, nesta terça (10), a última investida do Senado contra as arcas da Viúva, veneranda e indefesa senhora.
Em pleno recesso de janeiro, mês em que o prédio de Niemeyer fora confiado às moscas, pagou-se hora extra a 3.883 felizardos funcionários. A brincadeira custou a você, nobre contribuinte, pelo menos R$ 6,2 milhões. Um acinte.
A coisa nasceu na direção-geral, então sob os zelosos cuidados de Agaciel Maia, aquele que escondera a posse da mansão de R$ 5 milhões.
Dali, a providência escorregou para a primeira-secretaria do Senado, à época ocupada pelo senador Efraim Moraes (DEM-PB). Três dias antes de entregar a rapadura ao colega Heráclito Fortes (DEM-PI), o novo primeiro-secretário, Efraim autorizou o pagamento das horas extras.
Revelada a lambança, Garibaldi Alves (PMDB-RN), que respondia pela presidência do Senado, saiu-se à Lula: "Eu não estava sabendo. Realmente não sei como justificar isso".
Premido pelos repórteres, José Sarney (PMDB-AP), o "novo" presidente, chamou a encrenca pelo nome: “Acho um absurdo”. Sim, naturalmente, mas o que pretende fazer?
“É preciso verificar o que aconteceu. O caminho normal seria a suspensão do pagamento, mas não vou entrar numa atribuição que é do primeiro-secretário".
Difícil saber o que é mais inusitado, a liberação das horas extras ou um presidente que, submetido ao “absurdo”, finge que a coisa não é com ele.
Só há uma saída: os congressistas precisam abrir mão de suas imunidades, para que o contribuinte possa levá-los às barras dos tribunais. Do contrário, o fundo do poço não será senão um estágio para o Congresso.
Fonte: Blog do Josias de Souza
COMENTO: e o senador Almeida Lima (PMDB/SE) — olha o partido do cara! — que conseguiu abocanhar R$ 49.055,38 a título de "verba indenizatória" em dezembro de 2008, sem que ninguém se importe com a enorme variação nos valores relativos a "Aluguel de imóveis para escritório político, compreendendo despesas concernentes a eles", apresentados em suas "prestações de contas", fez cara de brabo e afirmou que "seus funcionários" trabalharam com ele durante o recesso parlamentar e que ele é o único responsável pelos pagamentos de horas extras a eles. Mas não se dispôs a tirar do próprio bolso os valores pagos, já que "em recesso" o trabalho deve ter sido de caráter particular. Por outro lado, na Câmara dos deputados foram gastos, em 2008, R$ 78,5 milhões somente com passagens aéreas. E as "milhagens" são usadas pelos "usuários" ao invés de serem revertidas a quem efetivamente paga os gastos, ou seja o Tesouro Nacional. "A milhagem é um prêmio que cada deputado ganha nas companhias aéreas. Não vou dizer que o valor é baixo ou alto, mas acho que esse é um critério justo", defende o ex-terceiro-secretário da Mesa Diretora Waldemir Moka (PMDB-MS) — olha o partido do cara, de novo! Ainda no mesmo assunto, existem casos de uso indevido de tais passagens como foi detectado recentemente (o ex-funcionário do Senado Antônio Bogéa levou uma mala de Brasília São Paulo a pedido do empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado). E é com o meu, o seu o nosso rico e suado dinheirinho que essa farra é paga.
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