por Carlos Alberto Cordella
Publicado pela Folha, na seção Opinião, com o título "O serviço civil obrigatório", o artigo escrito pelo professor Alexandre Barros, pró-reitor do Centro Universitário Unieuro (Brasília), apresenta uma impropriedade ao compará-lo ao Serviço Militar Obrigatório.Muito bem colocadas, as palavras do professor quando critica a ingerência governamental, na vida dos cidadãos ao tentar obrigá-los a fazer aquilo que não desejam.
Concordo com o professor e também acho desnecessário tal projeto quando esses recursos poderiam ser melhor aplicados em desenvolvimento e infra-estrutura.
No entanto, meu caro professor, discordo de seu posicionamento, uma vez que o senhor não é um especialista nas artes militares, ao afirmar, taxativamente, que os ricos nunca serviram porque sempre tinham um amigo da família que os eximia ficando o sacrifício para os pobres.
Professor, as Forças Armadas ao fazerem seu recrutamento anual não o fazem considerando ricos e pobres.
O Exército, por exemplo, tem seu sistema de recrutamento elaborado pelo Centro de Estudos do Pessoal (CEP) localizado na Urca, Rio de Janeiro, onde profissionais civis e militares com formação, mestrado e doutorado na área de ciências humanas traçam o perfil profissiográfico adequado para convocação dos jovens que deverão preencher os claros existentes, nos Quadros de Distribuição de Efetivos das Unidades em que serão incorporados.
Não se trata de convocar ricos ou pobres, mas de preencher os claros existentes, nas Unidades Militares, com cidadãos capacitados e em quase sua totalidade voluntários como o senhor mesmo descreveu já que a demanda é mais do que suficiente para o preenchimento das vagas.
Tentarei rapidamente lhe dar uma noção de como funciona o recrutamento.
Ao apresentar-se para a seleção inicial o jovem é submetido a uma bateria de testes, que colocados num programa, já consagrado e testado ao longo dos anos, fornecerá uma ficha cadastro com o melhor perfil profissiográfico para aquele indivíduo.
Os jovens convocados serão assim distribuídos nas unidades de acordo com a qualificação e habilitação apresentada e desejada.
Por exemplo: Unidades de Artilharia necessitam para completamento de seus Quadros de Distribuição de Efetivos de elementos com a qualificação de Artilharia e habilitação nas áreas de topografia, técnica de tiro, comunicações, remuniciamento, linha de fogo e outras. As unidades de Artilharia ainda necessitam de elementos qualificados em Material Bélico, Intendência, Comunicações e Serviços Gerais.
Na qualificação de Material Bélico teremos os mecânicos de armamento e viaturas sobre rodas ou sobre lagartas.
Na qualificação Intendência teremos os motoristas, auxiliares de rancho e cozinheiros.
Na qualificação Comunicações teremos os radioperadores, telefonistas, operadores de central telefônica e criptografistas.
Na qualificação de Serviços Gerais teremos os recrutados com menor nível de escolaridade e habilitados em obras, como pedreiros, marceneiros, pintores, eletricistas, bombeiros hidráulicos e outras necessárias a manutenção patrimonial.
Como pode se observar algumas funções exigem que o convocado tenha o ensino médio completo, outras necessitam apenas do ensino fundamental.
Jovens com grau de escolaridade superior são encaminhados aos Centros de Preparação de Oficiais da Reserva. Alunos de Medicina, Farmácia, Odontologia e Veterinária podem solicitar adiamento e prestarão o Serviço Militar Inicial após formados, em suas áreas e distribuídos as Unidades e Hospitais Militares.
Como o senhor pode observar não convocamos ricos ou pobres, mas convocamos elementos capacitados que receberão formação e instrução militar, durante o ano de incorporação, para desenvolver suas habilitações e ocupar os claros das Unidades.
Convém ressaltar, ainda, que vários jovens que incorporam para o Serviço Militar Inicial, por suas qualidades e habilitações são direcionados para os cursos de Cabos, Sargentos e Oficiais Temporários, sendo promovidos ainda durante a prestação do Serviço Militar Obrigatório.
Por esta rápida amostragem, o senhor, pode verificar que o Exército e as outras Forças Armadas prestam um relevante serviço social à comunidade e ao país. Incorporamos jovens em sua maioria sem nenhuma habilitação e o devolvemos a sociedade preparados para disputar vagas num mercado de trabalho tão concorrido.
Que fique claro que a grande maioria dos convocados como o senhor diz, obrigados, solicitam engajamento nas fileiras das Forças Armadas e muitos prestam concurso para as escolas de formação optando pelo ingresso na carreira militar.
É importante professor, que a sociedade caminhe junta, sejam civis ou militares e que de acordo com o ditado "Cada macaco fique no seu galho".
O senhor também tem por hábito usar o termo burocratas para designar os militares brasileiros.
Professor tenha mais respeito com a carreira militar e faça uma análise da situação político-econômico-social e ideológica do país antes de sair atirando para todos os lados.
Cuide de sua Universidade, onde pobre não têm acesso devido ao exorbitante valor das mensalidades praticados nas Universidades particulares de Brasília.
Observe, ainda, que entre as Universidades do Distrito Federal, a sua Universidade não está relacionada entre aquelas com melhor desempenho.
Deixe as Forças Armadas para os militares e cuide de sua Universidade inclusive atue junto ao GDF para que retirem o lixão que fica ao lado do Campus situado junto ao Lago Sul.
Seus alunos devem reclamar muito do cheiro fétido insuportável que são submetidos, pergunto se voluntariamente ou obrigados?
Carlos Alberto Cordella é Coronel de Artilharia,
Mestre em Ciência das Artes Militares,
especialista em Comunicações,
foi Presidente de Comissão de Seleção
e tem larga experiência na Área de Recursos Humanos,
Logística e Planejamento.
Mestre em Ciência das Artes Militares,
especialista em Comunicações,
foi Presidente de Comissão de Seleção
e tem larga experiência na Área de Recursos Humanos,
Logística e Planejamento.
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