por Carlos Chagas
Há uma pergunta que não quer calar: como fica o PT travestido de defensor do mensalão? Porque aos advogados dos mensaleiros, nada a opor. Cumprem função profissional, mesmo tapando o nariz e enchendo o bolso. Mas do partido que um dia se disse diferente, guardião da ética, artífice de transformações sócio-econômicas e crítico da corrupção, como justificar posicionar-se em favor do maior escândalo político jamais registrado na história da República?
Será que a preservação do poder vale tanto? Ou estarão, os companheiros, imaginando garantir o futuro pela adesão, no presente, às práticas que renegavam? Terá tudo começado após a eleição do Lula ou o germe já se encontrava inoculado desde antes? Porque passam recibo em posturas contra as quais se insurgiram quando de sua fundação?
Tanto faz, mas a verdade é que o vexame de os petistas virem a público defender o indefensável exprime um partido irrecuperável. Um grupo cuja máscara acaba de cair da face, revelando características que nem seus piores adversários ousavam mostrar. É triste para quantos se empolgaram com a criação abençoada pela Igreja e sustentada pela intelectualidade ávida de transformar o país. Pior ainda para os operários confiantes nas mudanças sociais sonhadas em meio ao pior dos pesadelos, tanto os da ditadura militar quantos os do neoliberalismo imposto pelas elites.
O mensalão surge como epitáfio para mais um aglomerado de boas intenções. Não dá para entender como o PT, nas últimas semanas, lança-se na sustentação de Dirceus, Delúbios, Valérios e companhia, já condenados no tribunal das ruas e prestes a receber sentenças da justiça institucionalizada. Pior será se os réus não forem punidos à altura de seus crimes. Nessa hipótese, mais instituições ficarão desmoralizadas, ainda que hoje valha à pena cuidar apenas da partidária. Desfaz-se a ideologia desse novo Terceiro Reich de Mil Anos, condenado a não durar sequer o tempo do antecessor. De 1933 a 1945 foi tudo para o precipício, mas de 2005 até agora, está indo tudo para o espaço...
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