por Carlos Newton
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, mais uma vez acenou um adeus às ilusões para a Força Aérea Brasileira, ao anunciar que a compra dos aviões não está prevista no Orçamento deste ano. “Não temos previsões para a aquisição de caças neste ano”, disse o ministro, ao detalhar o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento da União de 2011.
Era óbvio que havia algo no ar, como dizia o Barão de Itararé. Na semana passada, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, já tinha afirmado para a então ministra das Relações Exteriores da França, Michèle Alliot-Marie, que a decisão sobre os caças iriam demorar meses. Três dias depois, a ministra francesa pediu demissão, após ser criticada durante semanas por sua ligação com o antigo regime tunisiano, mas isso já seria outra história, também interessante.
Como se sabe, na negociação para a compra de 36 caças para a FAB concorrem os aviões Rafale, da empresa francesa Dassault, os Super Hornet F/A-18, da americana Boeing, e os Gripen NG, da sueca Saab, tendo sido liminarmente afastados (sabe-se lá por quê) os mais fortes candidatos, os Sukhoi 30 MK-II, da russa Knaapo/Irkutsk, considerados os melhores caças da atualidade, com maior autonomia de voo etc. e tal.
Sobre essa interminável novela da reequipagem da Força Aérea Brasileira, o comentarista Flavio José Bortolotto afirma que “o ideal seria via parceria com a Embraer, como boas tentativas já feitas no passado, que deram bons resultados. Quem tem autonomia, não depende de ninguém”. E o comentarista José Antonio completa, indagando: “Incrível! Dizem que inventamos o avião. Por que não conseguimos construir nossos próprios caças?”
Os comentaristas têm toda razão. Não dá para acreditar que a Embraer não tenha tecnologia para fabricar caças. É claro que tem. Pode participar da fabricação do caça AMX, pode criar o melhor avião de treinamento do mundo, o SuperTucano, pode fabricar sofisticados aviões de transporte, mas não pode fabricar caças? A tecnologia que lhe falta é para fabricação dos armamentos, que podem ser importados. Uma coisa nada tem a ver com a outra.
Mas o que falta é vontade política. Na semana passada, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, afirmou que o corte de R$ 4 bilhões no Orçamento deste ano do Ministério da Defesa vai afetar o programa de desenvolvimento do avião de transporte militar KC-390, principal projeto da Embraer na área. Não é preciso dizer mais nada. Estamos voando para trás, tipo codinome beija-flor, como dizia Cazuza.
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