Carlos Alexandre
Em pleno recesso, os corredores do Congresso e da Câmara Legislativa estão agitados. E não é por causa de votações relevantes ou CPIs esclarecedoras. Os representantes do poder legislativo estão envolvidos até o pescoço em uma disputa milionária: atender interesses políticos, corporativos e empresariais no pagamento dos servidores, sejam concursados, terceirizados ou comissionados.Reportagem publicada ontem pelo Correio mostra que o Senado se encarregou de dar emprego a 337 profissionais terceirizados na área de comunicação social, entre eles os responsáveis pela produção da TV e da Rádio Senado. Como justificativa, a direção do Senado alega que o orçamento da Casa só comporta 51 vagas por concurso.
Trata-se de um contrassenso. Se o Senado não previsse R$ 53 milhões para a reforma dos apartamentos funcionais em sua maioria desocupados, ou reservasse R$ 2,5 milhões na compra de mobília, talvez haveria condições de incorporar os candidatos aprovados em concurso. E justificar o contrato com a Fundação Getúlio Vargas para a realização do exame de admissão.
O Sindilegis, por sua vez, quer passar por cima da decisão dos presidentes das duas Casas para faturar a qualquer custo a Bolsa-Chefia. Após a negativa do senador Garibaldi Alves em dezembro e do deputado Arlindo Chinaglia na terça-feira, o lobby está direcionado para os futuros ocupantes das Mesas Diretoras. O interesse em ganhar vantagem pretende se impor no grito sobre decisões colegiadas, decorrentes da pressão da imprensa e da opinião pública diante da gratificação abusiva.
No âmbito do Distrito Federal, a Câmara Legislativa inventou uma fundação, com fins educativos e culturais, para abrigar pelos menos 13 comissionados com salários de até R$ 11 mil. É uma farra de R$ 4,5 milhões, com funcionários contratados por indicação dos distritais.
Enquanto isso, a imensa maioria dos trabalhadores brasileiros está preocupada em manter o emprego. Vizinho à fanfarra do Congresso, o presidente Lula estima 600 mil demissões somente em dezembro. E empresas e sindicatos negociam para evitar uma onda de dispensas. As manobras para aumentar os privilégios no Legislativo são ultrajantes de tão descoladas da realidade.
Fonte: Correio Braziliense - 18 Jan 09
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