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Quem lembra (...) quando os próceres petistas, (que então se mostravam) pseudo-nacionalistas, denunciavam a “internacionalização” da Amazônia como obra de milicos corruptos aliados a americanos espertos?
por Heitor De Paola
A política indigenista — e pode-se acrescentar sobre qualquer forma de propriedade privada — olhada do ponto de vista político e técnico, parece ser caótica; olhada de um ponto de vista histórico e ideológico nota-se que há muita lógica por trás do caos. Há quase quatro anos escrevi um artigo com o mesmo título deste (Amazônia: a doação anunciada) e de onde retirei a epígrafe acima, para denunciar o que, então, já era notícia de jornal velho: a doação de partes da Amazônia brasileira à exploração comercial. Um ano antes já havia publicado Lendas e Mistérios da Amazônia onde escrevi que “a estratégia globalista necessitava sobrepor à noção de País — Brasil — a de Nação indígena e, ipso facto, surgirem declarações de independência com a formação de território de domínio internacional, sob os auspícios da famigerada ONU”. Posteriormente, quando muitos ficaram perplexos porque Lula assinou decreto criando um “corredor de proteção ambiental” ao longo da margem esquerda da estrada Cuiabá-Santarém, escrevi Mídia Sem Máscara informa antes e melhor!
Na época do segundo artigo a Embrapa-Acre publicava um texto da JICA — Japan International Cooperation Agency (JICA Procura Iniciativas Promissoras na Amazônia), no qual dizia que “Os japoneses estão interessados em financiar e dar apoio técnico a iniciativas, públicas ou de organizações não-governamentais, que levem à conservação de florestas tropicais e melhoria da qualidade de vida da população amazônica”, e informava que “a missão japonesa manteve encontros em vários ministérios” e estudou “sistemas agroflorestais e agroindústria de alimentos a partir do cupuaçu, pupunha e açaí”, e também “oportunidades de parceria em projetos de plantas medicinais (desenvolvimento de processos e protótipos), subprodutos de castanha-do-brasil e manejo florestal (produção de sementes, estudos de novas espécies, adaptação de equipamentos e design de móveis em escala comercial)”.
Dizia eu ainda: “A estratégia tipicamente leninista de acusar inexistentes projetos americanos de invadir a Amazônia tem funcionado tão bem que civis e militares genuinamente nacionalistas e patriotas têm-se deixado cegar pela verdadeira internacionalização já (em 2003) em curso avançado! A cortina de fumaça leninista serve para acobertar a verdadeira e única ameaça de internacionalização, aquela comandada pela ONU, pelos liberais americanos do Partido Democrata — leia-se Carters, Clintons, Hillarys e John e Thereza Heinz Kerry — e por várias ONG’s europeias entre as quais algumas financiadas pelos interesses dos grupos econômicos mais poderosos da Inglaterra, através do Príncipe Charles, como a World Wildlife e o Greenpeace, o Royal Botanic Garden e a Conservation International”. Já então era fato notório que a região estava loteada entre inúmeras ONG’s, mas desde então o número delas aumentou exponencialmente. Cito somente algumas: o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), intimamente ligado à Comissão Pastoral da Terra através da qual existem conexões com o MST e organismos internacionais como as FARC, a Via Campesina, a Indiana Navdanya Farmers Network and the Research Foundation on Science, Technology, and Ecology, dirigida pela Drª Vandana Shiva; Nayakrishi Andolon (New Agricultural Movement) de Bangladesh; a organização suíça E-Changer; CCPY — Comissão Pró-Yanomami; Secoya — Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami; Opan — Operação Amazônia Nativa; Cafod — Catholic Agency for Overseas Development; CESE — Coalition for Excellence in Science Education - da Packard Foundation; COIAB — Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, OXFAM — Oxford Committee for Famine Relief; Rainforest Foundation; Survival International. O site do Conselho Indígena de Roraima — CIR cita várias outras.
Listá-las todas é um trabalho hercúleo que já estou tentando (já registrei mais de cinqüenta) e oportunamente divulgarei [1]. O resultado é que nossa fronteira, do Mato Grosso ao Amapá, é uma verdadeira peneira com mais buracos do que fios. Desde o fim dos governos militares só fizeram aumentar os furos de tal modo que, de acordo com algumas estimativas, em breve poderemos ter a “declaração de independência” de mais de 200 “nações” indígenas que solicitariam — e certamente obteriam — reconhecimento por parte da OEA [2], da ONU, da Comunidade Européia e das casas reais europeias. Essas ONG’s estão em íntimo contato com a ONU, com a qual possuem uma relação simbiótica, participando ativamente de reuniões como o “Fórum Permanente da ONU para Assuntos Indígenas” onde, na reunião deste ano (21 de abril a 03 de maio) integrantes da COIAB denunciaram a situação em Raposa Serra do Sol. Quando as fronteiras estão assim arrasadas e quando Governadores, Parlamentares [3] e empresários brasileiros acorrem à Clarence House para de forma abjeta e degradante consultar o Príncipe Charles sobre o quê fazer com a Amazônia, cabe a pergunta: a soberania brasileira está reduzida a quê? Ou melhor, ainda somos um país soberano? Será que ainda cabe perguntar se é possível salvar nossas fronteiras, ou se deve ser substituída por: será que ainda há tempo de retomá-las, expulsando todas as ONG’s e fazendo cumprir o Artigo 142 da Constituição do Brasil?
[1] Sem falar nas ONG’s paganistas e satanistas que se interessam em estudar a “cultura” e as crenças “religiosas” dos povos da floresta.
[2] Cuja Comissão Interamericana de Direitos Humanos, no Capítulo VI do Relatório de 29/09/1997 foi um dos fatores desencadeantes da política indígena brasileira.
[3] Ana Júlia Carepa, do Pará; Waldez Góes, do Amapá; e José de Anchieta Júnior, de Roraima. O Acre e o Amazonas foram representados pelos senadores Tião Viana (PT) e Arthur Virgílio (PSDB).
Fonte: Jornal Inconfidência
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