A revista semanal "Free São Paulo", de distribuição gratuita nas estações de Metrô e trens de São Paulo traz na edição desta quinta-feira (31) reportagem sobre um suposto esquema de corrupção do PT que teria ligação com o assassinato de Celso Daniel, em 2002, quando ele era prefeito de Santo André (ABC).
A capa da publicação traz o símbolo do PT e a chamada "Muito além da morte".
A reportagem faz um apanhado do caso do assassinato de Daniel, em janeiro de 2002, e aponta o atual prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, como "o novo gerente do esquema" que "ainda funciona para garantir a permanência do Partido dos Trabalhadores no poder".
A reportagem traz também uma foto do pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, com a legenda "Em SP, Haddad não faz frente aos planos de Marinho".
Revistas apreendidas
Exemplares da revista foram apreendidos em Mauá (Grande São Paulo), cidade administrada pelo PT, de acordo com o publisher da revista, Luciano Maciel.
Segundo ele, foram recolhidos no centro de Mauá 535 exemplares da publicação e ainda a Kombi que transportava o material, por volta das 12h30 de quinta (31). A equipe, composta por um motorista e mais quatro distribuidores, já tinha espalhado o restante dos 10 mil exemplares.
Ainda de acordo com Maciel, a abordagem foi feita por um tenente da PM (Polícia Militar) que disse estar "cumprindo ordens" e na delegacia teria havido intervenção pessoal do secretário de Segurança Pública de Mauá, Carlos Wilson Tomaz, e da Guarda Municipal.
Maciel disse que a revista não é ligada a nenhum partido ou político.
A Prefeitura de Mauá confirmou a apreensão e informou que a ação foi amparada em duas leis municipais (Leis municipais 2984/98 e 9484/02) que proíbem a distribuição de material gráfico em vias públicas sem a autorização da Prefeitura de Mauá.
Os secretários de Segurança Pública e Assuntos Jurídicos estiveram na delegacia, segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, "para conhecerem o teor da ocorrência".
Histórico de críticas
A revista "Free São Paulo" tem histórico de reportagens políticas em que confronta o PT e o PSDB.
A edição número 25, do dia 12 de abril, traz como matéria de capa "O ano das comparações" afirmando que "analistas políticos asseguram que o tucano (Fernando Henrique), com menos recursos que Lula, fez muito mais para o País".
O editorial menciona a disputa "polarizada" entre PT e PSDB à Prefeitura de São Paulo.
A edição número 14, do dia 12 de janeiro da revista, traz uma capa sobre o "descontentamento por parte das instituições de ensino superior em relação à gestão do ministro Fernando Haddad" e pergunta, em editorial, “Como um desconhecido de maior parte dos paulistanos, sem nunca antes ter disputado uma eleição , pode conseguir desbancar nomes favoritos, de partidos como PSD, PSDB ou DEM, no comando do Executivo paulistano?”
Nota divulgada pelo Diretório Estadual do PT em São Paulo chama a matéria de "festival de calúnias e difamações" e diz que está tomando providências legais contra a revista.
"O Partido dos Trabalhadores rechaça todas as tentativas de utilizar um episódio que ainda hoje nos entristece para atacar a nossa história e tentar tirar proveitos eleitorais", diz ainda a nota.
A assessoria de imprensa do pré-candidato Fernando Haddad disse que não vai comentar a edição da revista.
Metrô e CPTM
Tanto o Metrô quanto a CPTM são empresas sob gestão da Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, governada pelo PSDB desde 1995.
As duas empresas, por meio das assessorias de imprensa, afirmaram ao UOL que não têm relação com a revista e que a distribuição é feita sempre do lado de fora das estações, por isso sem necessidade de qualquer tipo de autorização ou convênio.
A reportagem do UOL recebeu a revista a poucos metros da entrada da estação Barra Funda do Metrô. O expediente da revista indica uma tiragem de 100 mil exemplares e "distribuição gratuita em todas as estações do Metrô + 4 CPTM".
Fonte: UOL
Fonte: Diário da CPTM
Auto de apreensão do carro e revistas pelo secretário de segurança de Mauá, Carlos Tomaz |
BO de abuso de poder pela apreensão de revistas e um carro de distribuição |
Imagens do Facebook
COMENTÁRIO: transcrevo parte do texto de Reinaldo Azevedo sobre o assunto:
"Não é segredo para ninguém que existe hoje uma rede de blogs, sites e revistas financiados com dinheiro público, certo? Ou o dinheiro tem origem em administrações petistas (incluindo o governo federal) ou nas estatais. Apelando à vulgaridade, ao baixo calão, às acusações mais estrambóticas, a grana do cidadão comum é usada para achincalhar as oposições, seus líderes, um ministro do Supremo e o jornalismo independente. E os petistas não só acham isso normal como promovem reuniões com alguns de seus representantes, a exemplo do que fez Fernando Haddad, candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. ..............................
Não li a revista e não sei se ela poderia ser acusada de fazer com o PT o que o PT faz com seus adversários por meio dos blogs, sites e revistas que integram o JEG. Também ignoro se estatais paulistas ou administrações tucanas de estados e municípios são anunciantes da revista, a exemplo do que acontece com os veículos que difamam aqueles que os petistas consideram adversários ou inimigos. Mas estou cá achando com os meus botões que não.
Ainda que houvesse plena correspondência (mas eu duvido), com sinal trocado, entre essa revista e os blogs sujos, os petistas estariam reclamando de quê? A propósito: já que o governo federal segue financiando aquela sujeira, por que as oposições, alvos permanentes da canalhice, não poderiam fazer o mesmo? Se os petistas consideram aquilo legítimo para si mesmos, por que considerariam ilegítimo para os outros? Sei a resposta… Porque eles são petistas, afinal de contas, e devem ter o monopólio da ofensa e do direito de se sentir ofendidos.
Reitero: não conheço a revista. Duvido que seja a mera versão tucana da sujeira petralha."
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