por Lino Tavares
Como se não bastasse o estado de semi-abandono em que se encontram hoje as nossas Forças Armadas, que perdem dia após dia seu potencial de fogo pela falta de reaparelhamento de seus componentes bélicos, em grande parte sucateados, e pelo desestímulo na carreira, em razão dos baixos salários da tropa, quando comparados aos de polícias militares, como a de Brasília, os profissionais das armas só são lembrados, na mídia, como representantes de um regime de governo que, segundo versões tendenciosas e revanchistas, teria se caracterizado pela opressão aos que lutavam por liberdade, algo que não exprime a verdade, já que todos sabemos que o governo do chamado “Regime Militar” combatia agentes subversivos, que lutavam no sentido de entregar a nossa soberania aos ditames da Cortina de Ferro, liderada por Moscou.
Tenho certeza de que o fato sobre o qual me reporto aqui, envolvendo a perda de vidas de militares, não chegou ao conhecimento da maioria dos que lerem este artigo, já que permanece à sombra da desinformação, sem ocupar na mídia espaços consentâneos com aquilo que representa em função das proporções de que se reveste. Trata-se de um grave acidente ocorrido com um ônibus em que viajavam instrutores e alunos da Escola de Formação Complementar do Exército, ocorrido dia 9 deste mês, no km 840 da BR-101, integrando um comboio procedente de Salvador — cidade-sede da escola militar — com destino ao Rio de Janeiro, onde os referidos militares participariam de um estágio.
Soube-se, à luz de informações fornecidas pela Polícia Militar de Teixeira de Freitas e de Itamaraju, onde ocorreu o acidente, que a causa do sinistro foi motivada pela derrapagem do veículo numa curva, cujas razões estão sendo investigadas. A tragédia resultou na morte de dois tenentes instrutores e um aluno, além de três tenentes-alunos com braços amputados, um com a mão amputada e outro com a amputação de dedos. Doze dos acidentados, baixados no Hospital Central do Exército e no Hospital Militar de Salvador, possivelmente ficarão com seqüelas.
À guisa de comparação, vale dizer que, se um acidente desse nível, com a perda de vidas preciosas, tivesse ocorrido com um ônibus transportando jogadores de futebol ou alguma dessas celebridades negativas que dão entrevistas nos “pop shows” do ‘tele-sensacionalismo tupiniquim’, com toda a certeza se tornaria objeto das principais manchetes da semana, com direito até a notas de pesar expressas demagogicamente por autoridades constituídas.
Lino Tavares é jornalista,
além de poeta e compositor.
Fonte: GibaNet
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