sábado, 18 de maio de 2013

O Humorista Relativista

por Lenilton Morato
Ao ler o texto “Os Cães da Guerra” de Luiz Fernando Veríssimo, reproduzido na página 2 da edição de 16 de maio do jornal Zero Hora, confirmo o que eu temia: sou um total imbecil. Afinal, como pode alguém não achar a tanta graça nos textos humorísticos desse senhor ou não tomar como respeitáveis e sapientíssimas as suas opiniões? Pois é. O cara que não acha graça no L. F. Veríssimo... Que leu o seu texto e o achou deprimente... Esse cara sou eu!
No referido escrito, o autor questiona a não observância pelos militares das regras estabelecidas pela Convenção de Genebra no combate contra a guerrilha do Araguaia, enfatizando que “a maioria não sobreviveu e nem seus corpos foram encontrados”. Ainda, afirma que quanto ao que aconteceu no que ele chama de “salas de tortura da repressão”, não restam dúvidas ou apenas suposições: está vivo na memória dos torturados e suas famílias (deixei de colocar entre aspas devido ao esquecimento do sinal de pontuação “dois pontos” no texto original de Zero Hora que, acredito, seja erro de impressão, visto que um erro básico como este não pode ser esperado de tão eminente intelectual).
Como bom esquerdista alienado que é, cobra um tratamento humanitário a prisioneiros por parte da “ditadura”, porém silencia sobre como eram tratados aqueles que sofriam nas mãos dos grupos terroristas (como a guerrilha do Araguaia) e mesmo acerca dos justiçamentos a que eram submetidos, inclusive, integrantes do próprio movimento guerrilheiro. O companheiro Veríssimo jamais escreveu uma única linha sobre as torturas praticadas pela esquerda e as violações da Convenção de Genebra por ela cometidas. Ademais, muitos que “lutaram contra a repressão da ditadura” não foram mortos ou “torturados” pelo aparato policial do Estado, mas por seus próprios companheiros. Mas isto, claro, é sonegado ao leitor.
O autor, entretanto, acerta quando fala que “(...) o grande mudo dessa história é a instituição militar, que nunca fez uma autocrítica conseqüente, nunca desarquivou voluntariamente seus arquivos ou colaborou nas investigações (...)”. Se os militares fizessem isso, José Dirceu, Dilma, e companhia estariam atrás das grades. E as vítimas do terrorismo de esquerda poderiam também ser indenizadas pela violência sofrida. Mas optou-se pela estratégia do silêncio, uma decisão no mínimo equivocada.
Para fechar com "chave de ouro", Veríssimo compara o ocorrido na Itália com o que aconteceu no Brasil, lembrando que lá “o governo enfrentou uma violenta contestação armada sem sacrificar um direito civil, ameaçar uma instituição democrática ou recorrer a seu próprio terror. Sem, enfim, soltar os cachorros”. Ao comparar a realidade italiana com a brasileira à época, desnuda-se o seu desconhecimento sobre acontecimentos estratégicos que se passavam.
Ao final da leitura, a despeito da ignorância do autor sobre acontecimentos históricos recentes e a Convenção de Genebra, temos o exemplo do típico intelectual oriundo da fábrica esquerdista: um ser despido de qualquer parâmetro moral e impregnado até a medula óssea de relativismo. A mensagem do texto é clara: os excessos cometidos pelos agentes de segurança do Estado devem ser todos apurados e seus responsáveis punidos. Quanto aos cometidos pelos grupos da luta armada (terroristas e guerrilheiros) estes são perdoáveis, sacrossantos e justificáveis. Louváveis até.
Escritores e intelectuais como Veríssimo além de se constituírem na imensa maioria, são justamente os mais respeitáveis e influentes. Para eles, as atitudes pessoais e o valor da vida ou da dignidade humana não são valores absolutos: dependem do lado ao qual pertencem o agressor e a vítima. 
Quisera eu que "Os Cães da Guerra" fosse apenas mais um texto cômico sem muita graça...
Fonte:   Lenilton Morato
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