por Ênio José Toniolo
As idéias comunistas desenvolveram-se muito lentamente no Brasil, expandindo-se na década de 60, e criando a expectativa de uma revolução armada.[1] Jango elegeu-se com a ajuda dos comunistas[2]; sabotou o parlamentarismo,[3] que caiu sem que o defendessem.[4] A esquerda culpa o parlamentarismo por sua “incapacidade” para resolver os problemas brasileiros...[5] Nas eleições de 1962, os comunistas favoreceram a eleição de nacional-reformistas.[6] O governo Goulart foi marcado por muita crise[7] e agitação,[8] com quebra da disciplina e da hierarquia militar,[9] e numerosas greves,[10] além de estagnação econômica – uma situação financeira catastrófica[11]:
"O balanço do ano de 1963 revelaria de forma dramática o fracasso da política econômica do governo: o índice geral dos preços alcançou 78% (previa-se 25%); a taxa do PIB chegou ao ponto mais baixo que se conhecia nos últimos anos, 1,5%; (...) Sem crescimento econômico e com uma vertiginosa inflação, o descontentamento passa a ser generalizado: nunca o País assistiu, num curto período de tempo, ao surgimento de tantos movimentos reivindicatórios.” (TOLEDO, 1987, p. 67).
Desde a renúncia de Jânio Quadros, o Brasil era um país conformado – com a inflação, o subdesenvolvimento, a mediocridade do governo Goulart, a incompetência da oposição, a indigência das elites, o falatório dos demagogos, a esperteza dos aproveitadores, a estupidez dos reacionários.[12]
Goulart foi apoiado por organizações e personalidades de esquerda,[13] e tomou medidas claramente esquerdistas[14] deixando prosperar as Ligas Camponesas apoiadas por Cuba.[15]
Já na UNE, eu participei febrilmente da luta pela posse do vice João Goulart, que a direita queria impedir. O Exército do Sul, com Brizola à frente, garantiu a posse de Jango e botei na cabeça que, com militares ‘legalistas’ e heróis de esquerda, finalmente o Brasil ia ascender a seu grande futuro.
Nos dois anos seguintes, vivi a esperança de um paraíso vermelho que ia tomar o País todo, numa réplica da rumba socialista de Cuba, a revolução alegre e tropical que ia acabar com a miséria e instalar a cultura popular, a grande arte, a beleza, sem entraves, com o presidente Jango e sua linda mulher fundando a ‘Roma tropical’, como berrava Darcy Ribeiro em sua utopia. Um velho mundo ia cair sem resistência. Não haveria golpes, pois o ‘Exército é de classe média e portanto a favor do País’ – nos ensinava o PCB. Dá arrepios lembrar da assustadora ingenuidade política da hora. [16]
Os professores [do Movimento de Cultura Popular], que eram estudantes, iam às comunidades rurais, e a partir da experiência viva dos moradores alinhavam assuntos e palavras-chave – 'palavras geradores', na terminologia de P. Freire – que serviriam simultaneamente para discussão e alfabetização. Em lugar de aprender humilhado, aos trinta anos de idade, que o vovô vê a uva, o trabalhador rural entrava, de um mesmo passo, no mundo das letras e no dos sindicatos, da constituição, da reforma agrária, em suma dos seus interesses históricos. Nem o professor, nesta situação, é um profissional burguês que ensina simplesmente o que aprendeu, nem a leitura é um procedimento que qualifique simplesmente para uma nova profissão, nem as palavras e muito menos os alunos são simplesmente o que são. Cada um destes elementos é transformado no interior do método – em que de fato pulsa um momento da revolução contemporânea: a noção de que a miséria e seu cimento, o analfabetismo, não são acidentes ou resíduo, mas parte integrada no movimento rotineiro da cominação do capital. Assim a conquista política da escrita rompia os quadros destinados ao estudo, à transmissão do saber e à consolidação da ordem vigente.[17]
Trinta e cinco foi uma prova espetacular, como o foi 64. Em 64, final de 63, início de 64, os dirigentes da esquerda no Brasil afirmavam incessantemente que íamos tomar o poder. Parece que Fidel Castro caiu das nuvens quando soube do golpe de Estado, tão convencido estava de que tomaríamos o poder na semana seguinte.[18]
Claro que para os comunistas isto era “alargar a democracia”.[19] O anticomunismo foi o “cimento” que unificou a oposição a Goulart.[20] Mas houve esquerdistas contrários a ele:
Sempre tive o maior desprezo pelo Jango intelectualmente, como pessoa, além do desconforto de ver na Presidência o grupo getulista, que já era por si fascista. Patrulharam-me muito porque aprovei o golpe e até hoje aprovo. Com o Jango, o Brasil teria emborcado. Era um idiota manobrado por aquela gente (...).[21]
O Ministro do Exterior de Salazar, Franco Nogueira, jantou ao lado de Jango, na Embaixada do Brasil em Roma e conta:
Não encontrei conversa que valesse com um homem que é o chefe do Estado do Brasil. Primarismo de ideias, ignorância de pasmar quanto a coisas elementares, vocabulário tosco, conceitos demagógicos e infantis (...).[22]
A primeira dessas causas, devemos reconhecê-lo justa e imparcialmente, foi a total incapacidade do presidente Goulart para governar. Não lhe faltavam qualidades de inteligência, certo tipo de eloquência, habilidade política, simpatia pessoal e, segundo os que o conhece[ra]m de perto, bondade e generosidade.
Mas o seu despreparo, como homem de Estado, era absoluto. Não apenas o despreparo intelectual, pela falta de instrução e de verdadeira consciência política (que não se confunde com habilidade na ação política). Mas também, o que se poderia chamar despreparo moral, pelo desconhecimento de que a ação política, mesmo a mais realista, se subordina sempre a fins éticos, a normas morais, (...).[23]
João Goulart, despreparado, indeciso, se segurando no manto de Getúlio, tentando equilibrar a política oligárquica e multinacional à ânsia populista, um feixe de contradições.[24]
Sua força derivava da máquina da previdência social e das alianças com a esquerda no controle dos sindicatos. Sua biografia raquítica fazia dele um dos mais despreparados e primitivos governantes da história nacional. Seus prazeres estavam na trama política e em pernas, de cavalos e de coristas. [25]
Além disso, a inflação estava fora de controle.[26] Defendeu Cuba, estabeleceu relações com a China Comunista e ampliou o intercâmbio com o bloco socialista.[27] “Durante todo o Governo João Goulart, a tônica predominante foi a reforma agrária.”[28] Surgiu o “slogan”: “Reforma agrária na lei ou na marra.”[29] No comício de 13 de março, Goulart anunciou uma série de decretos de natureza esquerdizante;[30] as desapropriações para reforma agrária eram claramente inconstitucionais.[31]
Depois da ridícula experiência parlamentarista o presidente retomara, através de um plebiscito, a plenitude de seus poderes. Diante da resistência do Congresso em votar as reformas, Jango decidiu promovê-las “na marra”. Abria perigosamente o leque, ao invés de realizá-las de per si, uma por uma.
Ao mesmo tempo, pregava a reforma agrária, pela desapropriação de terras por títulos da dívida pública; a reforma bancária, com a estatização do sistema financeiro; a reforma educacional, com o fim do ensino privado; a reforma urbana, através da proibição de os proprietários manterem casas e apartamentos fechados, sem alugar; a reforma na saúde, pela criação de um laboratório estatal capaz de produzir remédios a preços baratos; a reforma da remessa de lucros, limitando o fluxo de dólares que as multinacionais enviavam às suas matrizes; a reforma das empresas, impondo a participação dos empregados no lucro dos patrões e a co-gestão; a reforma eleitoral, concedendo o direito de voto aos analfabetos, aos soldados e cabos. Entre outras.[32]
Havia suspeitas de que Jango pretendia dar um golpe de Estado.[33]
Havia dois golpes em marcha. O de Jango vinha amparado no “dispositivo militar” e nas bases sindicais, que cairiam sobre o Congresso, obrigando-o a aprovar um pacote de reformas de mudanças nas regras do jogo da sucessão presidencial.[34]
A revolução, segundo os entendidos, se antecipou a outra, de caráter comunizante e sindicalista, a ser chefiada por esse débil mental que foi desalojado do poder e agora passeia gozando a vida no Uruguai, e que, segundo notícias de hoje, já viaja para Barcelona, com todas as pompas e honras de exilado político: Jango Goulart. Pobre país este que, para se ver livre de um chefe de Estado incapaz e nocivo, precisa fazer uma revolução![35]
O Congresso estava "com a imagem no chão, o que deu no regime militar".[36] Esta denúncia foi também feita por Armando Falcão ao Jornal do Brasil e a O Estado de São Paulo.[37] O movimento militar aproveitou-se das vacilações e ambiguidades de Goulart, e do débil dispositivo sindical que o apoiava.[38] O apoio da intelectualidade era também discutível:
Até a chamada “revolução de 1964”, os autores engajados numa luta pela transformação social via revolução socialista, na realidade, não se aperceberam que o movimento que incentivavam não só provocava imensa resistência por parte da burguesia, como também não contava com o apoio do próprio proletariado, o qual pretendiam, de certa forma, representar.[39]
Talvez Brizola o tenha atrapalhado.[40] O grande número de partidos políticos impedia que cumprissem a função de unir o povo em torno de um programa ou doutrina.[41] O número de votos em branco aumentava, indicando descontentamento.[42] Goulart era fraco e indeciso:[43] “ninguém apoiava Jango supondo-o um resoluto. Além disso, nenhuma força à esquerda do presidente tomou militar iniciativa relevante durante o dia 31 [de março].”[44] Além disso,
Na intimidade, sem o formalismo presidencial, o Presidente me revelava até tédio pelo cargo que exercia. Afirmava que andava cansado, esgotado mesmo. Num desses momentos de depressão, chegou a me dizer: “ – Não sei, Seu Jurema, como o Juscelino ainda quer voltar para isto aqui!...”[45]
Correm rumores de que Goulart foi assassinado. Mas “hospedado no hotel Claridge (Champs Elysées, 72), Jango havia passado algum tempo na França (Paris e Lyon), examinando o coração, quando recebeu dos médicos remédios e uma dura dieta, que cumpria mal.”[46]
O golpe inicialmente foi organizado pelos políticos:[47] “Logo compreenderam os Ministros Militares e todo o Governo que os dois chefes estaduais [da Guanabara e de São Paulo] estavam articulados para a derrubada do Presidente.”[48]
Nega-se a participação do governo norte-americano.[49] Goulart caiu com facilidade até surpreendente. [50] Os militares imaginavam que iriam encontrar forte resistência.[51] Magalhães Pinto esperava uma resistência de meses:[52]
Nega-se a participação do governo norte-americano.[49] Goulart caiu com facilidade até surpreendente. [50] Os militares imaginavam que iriam encontrar forte resistência.[51] Magalhães Pinto esperava uma resistência de meses:[52]
Contrariando os próprios prognósticos da CIA, que previa uma ‘guerra civil’ prolongada no Brasil, os ‘revolucionários de abril’ não precisaram disparar praticamente um só tiro para derrubar o governo de Goulart.” (TOLEDO, 1987, p. 108-109)
Ainda assim, na contabilidade das quarteladas latino-americanas, a deposição do presidente João Goulart foi praticamente incruenta. Custou sete vidas, todas civis, nenhuma em combate.[53]
No dia 31 de março, já praticamente deposto, o presidente esperava apoio e contava com resistências hipotéticas. A atividade do governo era puramente superficial: agitadora e desorganizada. Por isso ele desmoronou ao primeiro embate.[54]
O movimento militar recebeu grande apoio da sociedade,[55] o que até a esquerda reconhece.[56] Os militares eram instigados a derrubar o governo.[57] Muitos católicos opuseram-se ideologicamente ao janguismo.[58] Ficou famosa a Marcha da Família com Deus pela Liberdade.[59] A TFP ajudou a criar o ambiente psicológico de repulsa a Jango:
Em 1960, Plínio criou a TFP – Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade "para organizar a contra-revolução". Opunha-se a qualquer iniciativa modernizadora do Vaticano, combatia a infiltração progressista na igreja católica, lutava contra o divórcio e o aborto. Foi um dos esteios da mobilização civil contra o governo de João Goulart.[60]
Sem mencioná-la, um esquerdista passa recibo:
Já no pré-golpe, mediante forte aplicação de capitais e ciência publicitária, a direita conseguira ativar politicamente os sentimentos arcaicos da pequena burguesia. Tesouros de beatice rural e urbana saíram à rua, na forma das 'Marchas da família, com Deus pela Liberdade', movimentavam petições contra o divórcio, reforma agrária e comunização do clero,ou ficavam em casa mesmo, rezando o 'Terço em Família', espécie de rosário bélico para encorajar os generais. Deus não deixaria de atender a tamanho clamor, público e caseiro, e de fato caiu em cima dos comunistas.[61]
A deposição de Arraes fez-se em meio à apatia popular.[62] E ele foi viver em confortável exílio na Argélia.[63] Os oficiais militares aderiam ao movimento, dizendo não serem contra o Presidente, mas contra o comunismo.[64] Para os esquerdistas, Jango contrariava os interesses do imperialismo ianque, dos latifundiários e do empresariado.[65] O movimento começou a 31 de março, e não 1º de abril, como parte da esquerda afirma.[66]
Articulando o movimento revolucionário, a ação militar que fora marcada para o dia 03 de abril, acabou sendo antecipada para a madrugada de 31 de março, pela rebelião da guarnição de Minas que se deslocou em direção à Guanabara, sob o comando dos generais Mourão e Guedes, (...).[67]
Manhã cedo de terça-feira, 31 de março.
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O clima era, sem dúvida, de guerra.[68]
Quando o presidente João Goulart chegou a Brasília, já na tarde do dia 31, porque vitoriosa já estava a revolução, (...).[69]
Ocorreram, ao que se saiba, sete mortes.[70] A greve geral decretada pelos janguistas fracassou. [71] Houve vários desfiles de regozijo pela vitória do movimento armado.[72] A esquerda sustenta que a censura à imprensa foi rigorosa.[73] Mas há opiniões contrárias, afirmando que ela atingiu, nos seus três últimos anos, apenas três jornais,[74] e que não houve censura à “Folha de S. Paulo”, ao “Jornal do Brasil” e a “O Globo”,[75] e até que ela “autocensurou-se”.[76]
Com o AI-5 e o controle do governo pela linha dura, o regime passou a ser mais violento e explícito do que já era. O Estado de São Paulo, como era de se esperar, estava entre suas primeiras vítimas – foi o único dos grandes jornais a ser censurado na redação, por se recusar a praticar a autocensura, como também se recusou o semanário alternativo carioca O Pasquim.[77]
Por outro lado,
Quando se fala em imprensa alternativa no Brasil, as referências aos jornais O Pasquim, Opinião e Movimento são quase obrigatórias. Mas durante a ditadura militar, mais de quatrocentas publicações desse tipo foram produzidas de Norte a Sul do país. E hoje, boa parte pode ser consultada no acervo de periódicos da Biblioteca Nacional.[78]
Mesmo depois do golpe militar, não havia tanto motivo assim para aderir a guerrilhas. Apesar de a ditadura ter começado em 1964, até 1968 o governo tinha de levar as leis para serem apreciadas no Congresso e as pessoas podiam responder processos criminais em liberdade.[79]
“Dos mil trezentos e treze filmes submetidos à censura apenas dez foram vetados à época.”[80]
Até a esquerda reconhece os acertos dos militares:
Em termos institucionais, o governo Médici não avançou, mas retroagiu, registrando-se que pelo menos não cassou um só mandato parlamentar. Não precisava. O Congresso vivia tempos de completo sabujismo e acomodação, apesar de o único partido de oposição, o MDB, começar a dar sinais de reação.
Nunca a censura foi tão abjeta quanto naqueles quatro anos de mandato do antigo chefe do SNI.
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No plano material, no entanto, era um sucesso. O Brasil chegou a crescer 11% em cada um daqueles anos, com desemprego
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Durante alguns meses, cem mil pessoas o aplaudiram de pé, sempre que entrava no Maracanã, no Morumbi e no Beira Rio.[81]
A literatura política pós-64 foi marxista em sua essência.[82] “O verdadeiro escritor, porém, com ditadura militar ou não, sempre escreveu o que quis, sempre teve liberdade.”[83] Parte da esquerda lançou-se na luta armada contra o governo.[84]
Para completar, as esquerdas radicais fizeram o que ninguém fazia desde 1648, quando da assinatura do Tratado de Vestfália: sequestraram um embaixador, e logo dos Estados Unidos. Ninguém sabia o que fazer, nem mesmo o governo de Washington, que sem know-how de sequestros de embaixadores, pressionou a Junta Militar para cumprir todas as exigências dos sequestradores e salvar a vida de mr. Charles Burke Elbrick.[85]
Mas eram grupos pequenos e que não recrutavam mais ninguém.[86] Não encontraram repercussão nas multidões: Além disso, queriam instaurar outra ditadura.[87]
No Brasil, todas as organizações que atuaram na clandestinidade, antes e depois de 1964, seguiam variantes do mesmo totalitarismo. Compunham uma miscelânea de alas, correntes, frentes, ações, dissidências, vertentes, grupos, tendências, núcleos, coletivos, ligas, uniões e partidos. Só estes últimos eram 14! Tais organizações, coisa de duas centenas, repartiam entre si, orgulhosamente, os rótulos de comunista, revolucionário, socialista, bolchevique, maoísta, marxista, leninista, trotskista e por aí vai. Democracia? Nem pensar. Lutando por algo infinitamente pior do que o regime que diziam combater, praticaram crimes tão graves quanto os de que reclamam. Crimes que não geraram indenizações e sequer são mencionados nesse súbito interesse por “direitos humanos” e pela “verdade” a respeito de um tempo em que eram tão rejeitados que desconfiavam da própria sombra. A falta de apoio popular, aliás, constituía o autodiagnóstico mais frequente em suas reflexões.[88]
Há exatamente um ano, houve uma espécie de minicongresso das esquerdas de 64, no restaurante Lamas, para comemorar os 80 anos do jornalista Milton Coelho da Graça. Eu partilhava a mesma mesa de Marcelo Cerqueira, Edson Khair, Henrique Caban, Gloria Alvarez e Moyses Fuchs, entre outros. A conversa era muito animada, comandada por Alfredo Marques Viana.
Com a tarde já avançando, muitos participantes já tinham saído, nosso pequeno grupo começou a falar sobre a reação à ditadura militar. Até que Marcelo Cerqueira e eu levantamos a tese de que não havia democratas nessa disputa.
João Goulart sonhava ser Getúlio Vargas e ficar no poder indefinidamente. Miguel Arraes também tinha o mesmo objetivo. Prestes, idem, idem. Já Lacerda sonhava com uma revolução de direita, para depois empolgar o poder. Por isso, estava aliado aos militares. Juscelino também se aliou a eles. Era o mais democrata de todos e queria disputar as eleições que nunca viriam, mas acabou apoiando Castelo Branco.
O quadro na época tinha apenas duas correntes: a ditadura militar, que já estava estruturada e tinha apoio incondicional das elites e de considerável parcela da classe média; e a reação, armada ou não, que lutava para implantar uma ditadura de esquerda, inspirada na revolução cubana, com “paredón” e tudo o mais. Os verdadeiros democratas, que só pretendiam a normalidade institucional, eram raríssimos.
Essa era a realidade daquela época. Fidel e Guevara eram nossos maiores ídolos. Na mesa do velho Lamas, que reunia históricos oponentes à ditadura militar, ninguém discordou dessa tese. Foi unanimidade, porque naquela época, todos reconhecemos, ninguém lutava mesmo por democracia.[89]
Vendo-se a distância, a opção pela luta armada foi um dos erros políticos mais lancinantes da esquerda brasileira; entre outras razões, porque o ideário que a moveu era, justamente, a instauração de uma ditadura “do bem”, digamos assim, para entender de forma cândida o sonho comunista. Naqueles tempos, a ideia de democracia representativa era entendida pela esquerda apenas como “democracia burguesa” a serviço dos ricos. Mais tarde, se viu que o socialismo real se transformou numa máquina de moer gente, em que Cuba e Coreia do Norte brilham como últimas caricaturas. E, do ponto de vista prático, a estupidez da opção armada deu todos os argumentos para a ditadura se fortalecer.[90]
Não defendo a tortura, como meu pai e meu irmão mais velho, oficiais do Exército, não defendiam, mas há uma enorme diferença entre as ações das FF.AA. e as dos ditos grupos revolucionários: as FF.AA. atacaram os ativistas enquanto os vermelhos mataram seguranças de banco, trabalhadores, explodiram bancas de revistas, assaltaram amantes inocentes politicamente, assaltaram transportadora de valores sem se importar se os motoristas e seguranças seriam mortos ou feridos...
Hoje os gangsteres amigos do presidente e da ministra ou simplesmente partidários, recebem indenizações altíssimas e pensões vitalícias enquanto que as famílias de suas vítimas continuam vivendo honestamente como podem, às vezes com a parca pensão de um salário mínimo, às vezes sem pensão alguma.[91]
Não sejamos ingênuos, o PCdoB atual é uma das maiores enganações de nossa história política. Lembremos o que disse Vitória Grabois, que perdeu o pai, o irmão e o marido na “Guerrilha do Araguaia”:
Desde 1973 o PCdoB acabou. Não precisaríamos dizer mais nada. Mas devemos dizer perguntando: Vocês acreditam que uma pessoa de inteligência razoável iria para Xambioá no Araguaia, fazer guerrilha para derrubar uma ditadura? Um lugar sem comunicação sem transporte. Povoado por meia dúzia de ínfimos criadores de gado, trinta, quarenta cabeças? Com tribo de índios no local? Só loucos ou pessoas iludidas iriam para AQUELE BURACO SEM SAÍDA [92].
Tendo presente o caráter efetivamente autoritário do regime então vigente e o rigor da repressão às organizações (cerca de uma centena) que partiram para a luta armada, a pergunta que se impõe é a seguinte: os que militaram nesses grupos e cometeram tais crimes agiram sob a proteção moral do direito de resistência à tirania? Tal alegação é apresentada insistentemente como forma de legitimar os atos cometidos.
É importante esmiuçar um pouco essa questão. Se é verdade que a sã filosofia, em nome do bem comum e da dignidade da pessoa humana, sempre reconheceu a existência de um direito de resistência à tirania, também é verdade que a mesma sã filosofia impõe condições para legitimar o uso da violência com esse fim. Ou seja, resistir à tirania é um direito. Empregar a violência para isso implica certas condições e os militantes da luta armada não se enquadravam em muitas delas, a saber:
a) não estavam esgotados todos os meios pacíficos para reverter a situação;
b) havia uma clara desproporcionalidade entre os meios e os fins (as ações violentas não conduziam ao objetivo proclamado);
c) como o objeto de toda insurreição é instaurar um novo poder, a nova ordem pretendida (implantação de um regime comunista no Brasil) era sabidamente muito pior do que o regime que enfrentavam;
d) inexistia a certeza moral de que os sofrimentos causados pela insurreição não seriam (como de fato não foram) superiores aos benefícios esperados das ações violentas. Porque tudo isso foi percebido com clareza pela sociedade brasileira, não houve qualquer apoio da opinião pública aos atos praticados pelos guerrilheiros. O desejo de acender, no estilo cubano ou chinês, focos revolucionários nos campos e nas cidades, fracassou redondamente.
a) não estavam esgotados todos os meios pacíficos para reverter a situação;
b) havia uma clara desproporcionalidade entre os meios e os fins (as ações violentas não conduziam ao objetivo proclamado);
c) como o objeto de toda insurreição é instaurar um novo poder, a nova ordem pretendida (implantação de um regime comunista no Brasil) era sabidamente muito pior do que o regime que enfrentavam;
d) inexistia a certeza moral de que os sofrimentos causados pela insurreição não seriam (como de fato não foram) superiores aos benefícios esperados das ações violentas. Porque tudo isso foi percebido com clareza pela sociedade brasileira, não houve qualquer apoio da opinião pública aos atos praticados pelos guerrilheiros. O desejo de acender, no estilo cubano ou chinês, focos revolucionários nos campos e nas cidades, fracassou redondamente.
Ao contrário dos intelectuais fanatizados por ideologias, o povo, o povo simples, sabe que não se pega em armas e não se parte para a violência em má companhia, por uma causa ruim.[93]
Durante os "anos de chumbo" o Brasil acompanhou aquilo que Gorender denominou "o combate nas trevas". A desproporção de forças, aliada à maciça repulsa dos trabalhadores, dos camponeses, da classe média, dos servidores públicos ao terrorismo e à guerra civil determinaram o esgotamento da luta armada, tornando menos áspero o retorno à democracia.[94]
O tempo da ditadura foi um show de materialismo histórico. Mas ibérico não gosta de ver essas coisas. E, logo, tapamos os olhos e nos consideramos as "vítimas", lutando pela "liberdade" formal. E não víamos que a barra-pesada estava entranhada em nossas instituições políticas, assim como não havia ideal democrático nenhum em nossos guerrilheiros.[95]
A redemocratização deveu-se ao PMDB (que abrigava os comunistas[96]) e não ao PT.[97] O número de terroristas mortos não ultrapassou 360.[98] Os presos políticos tinham regalias notáveis.[99] O exílio de muitos foi “inventado”. [100]
Outros se EXILARAM com as maiores dificuldades. Muitos que estavam em Brasília, onde as embaixadas começavam a ser construídas, arriscaram assim mesmo, como Waldir Pires, que com vários deputados entrou na embaixada da Iugoslávia, e viajaram. O governo ditatorial não se incomodou, “não eram os inimigos”.
FUGITIVO, nenhum, embora pelas peripécias que tiveram que enfrentar, pudessem ser chamados assim. Mas teriam que acrescentar: FUGITIVO POSITIVO.
TURISTA, apenas um, FHC. Não foi cassado, perseguido, preso ou procurado. Em 1978, José Serra, EXILADO verdadeiro no Chile, voltou, tentou ser candidato, não conseguiu, estava cassado.[101]
A resistência foi menor do que se propala:
Mil anos atrás, este que vos escreve deslumbrou-se pela primeira vez com a maravilha que era e continua sendo Paris. Poucos anos haviam decorrido do fim da II Guerra Mundial e nem precisávamos puxar pela memória de transeuntes, motoristas de táxi, garçons de bar, diplomatas, banqueiros e povão nas ruas. Antecipavam-se, tinham sido todos da Resistência, nenhum deixava de contar as ações heroicas de que participara na luta contra o nazismo.
Parecia que a França jamais se havia curvado à truculência germânica, que a ocupação fora mero pretexto para a posterior distribuição de medalhas e a exaltação do espírito indomável do berço da liberdade.
Ninguém lembrava de que se não fossem os americanos, os franceses estariam falando alemão até hoje. Aliás, uma das maiores charges da época foi publicada no New York Times, mostrando um De Gaulle imenso e arrogante, quando expulsou a Otan de seu território, mandando embora um soldadinho dos Estados Unidos e exclamando: “Suma daqui e só volte quando os boches nos invadirem novamente!”
Pois é. Excessos existem de todos os lados. Até violências inomináveis, como a tortura, os seqüestros, os assassinatos e a ocultação de cadáveres, praticados pelos agentes do Estado brasileiro durante a ditadura militar. Estava certa a presidente Dilma quando lembrou que a Lei da Anistia impede a punição de quantos se envolveram naqueles horrores, afirmando em seguida que “não perdoaremos”.
Só que tem um problema: durante os anos de chumbo, quantos resistiram? Hoje, parece que foram todos, com o PT à frente, o PMDB, o PSDB, mais a Ordem dos Advogados, a ABI, a CNBB, os operários em massa, toda a classe média, os banqueiros, os empreiteiros, os donos da terra e os sem-terra.
Não foi bem assim. Excluindo certas elites que davam sustentação direta ao regime e até financiavam os horrores, a grande maioria da população acomodou-se. Ignorou, propositadamente, as profundas agressões aos direitos humanos e ao esfacelamento das instituições democráticas. À exceção de uns poucos idealistas e de outro tanto de truculentos, iguaizinhos aos que assolavam a nação, a sociedade conviveu com os generais-presidentes.
Ninguém deixou de pular o Carnaval nem de comparecer ao Maracanã ou ao Morumbi para delirar com nosso craques. Disputavam-se empregos, alimentação, casa própria, família, escolas, universidades e tudo o mais que se disputa hoje, mesmo sem, lá e cá, conseguirmos o necessário.
Sendo assim, fica meio ridículo agora assistir todo mundo apregoando, e alguns até se locupletando, por terem resistido contra a ditadura militar. Mais ou menos como os franceses, na década de Cinqüenta, diziam haver resistido, enfrentado e vencido o nazismo. E olhem que nossos valores são completamente diferentes. O Brasil é muito maior do que seus excessos, suas contradições e seus horrores. Continua aqui, apesar de tudo…[102]
A liberdade de imprensa às vezes é usada para distorcer.[103] Costa e Silva fez um governo marcado por realizações que até adversários reconhecem.[104] No regime pós-64, a Constituição foi emendada 44 vezes sem que o povo sequer ficasse sabendo.[105] Mas os governos militares introduziram vários elementos socialistas. [106] E consentiram na esquerdização da mídia e das universidades:
Por uma coincidência das mais irônicas, foi a própria brandura do governo militar que permitiu a entronização da mentira esquerdista como história oficial. Inutilizada para qualquer ação armada, a esquerda se refugiou nas universidades, nos jornais e no movimento editorial, instalando aí sua principal trincheira. O governo, influenciado pela teoria golberiniana da "panela de pressão", que afirmava a necessidade de uma válvula de escape para o ressentimento esquerdista, jamais fez o mínimo esforço para desafiar a hegemonia da esquerda nos meios intelectuais, considerados militarmente inofensivos numa época em que o governo ainda não tomara conhecimento da estratégia gramsciana e não imaginava ações esquerdistas senão de natureza insurrecional, leninista. Deixados à vontade no seu feudo intelectual, os derrotados de 1964 obtiveram assim uma vingança literária, monopolizando a indústria das interpretações do fato consumado. E, quando a ditadura se desfez por mero cansaço, a esquerda, intoxicada de Gramsci, já tinha tomado consciência das vantagens políticas da hegemonia cultural, e apegou-se com redobrada sanha ao seu monopólio do passado histórico. É por isso que a literatura sobre o regime militar, em vez de se tornar mais serena e objetiva com a passagem dos anos, tanto mais assume o tom de polêmica e denúncia quanto mais os fatos se tornam distantes e os personagens desaparecem nas brumas do tempo.[107]
O governo Castello Branco expurgara 738 suboficiais, sargentos e cabos das Forças Armadas. Deles, 347 foram condenados à prisão pelas auditorias militares. Na Marinha licenciaram-se 963 marujos e fuzileiros. Num só processo, sentenciaram-se 284 alistados a penas superiores a cinco anos de reclusão. A reorganização da vida desses punidos era perversamente dificultada. Todos perderam o emprego, muitos perderam também a profissão e qualquer direito trabalhista. As punições eram um estigma na busca de serviço, e as condenações tornavam-se um estímulo à vida clandestina. Aquilo que décadas de organização sistemática não haviam sido capazes de dar à esquerda brasileira, os militares ofereceram de mão beijada: um braço armado.[108]
Com isto, a “Revolução de 64”
Reprimiu as organizações comunistas, mas não soube articular um programa de positiva reconquista psicológica e cultural. Enquanto nos ambientes moderados se difundia a ilusão de estar definitivamente afastado o perigo comunista, os expoentes da esquerda infiltravam-se nos ambientes do ensino universitário e secundário e nos meios de comunicação social.[109]
Na redemocratização,
A maioria dos jornais e, em especial, dos jornalistas, entusiasmou-se com a candidatura Tancredo Neves – ele era visto como uma reação ao regime militar. A principal acusação contra Maluf, largamente difundida, era de que estava ‘comprando’ os delegados do Colégio Eleitoral, oferecendo-lhes vantagens e cargos no seu governo. Essa troca era rigorosamente verdadeira. Mas Tancredo Neves agia do mesmo jeito, barganhando favores, ministérios, embaixadas, diretorias de bancos, estatais. Chegou a oferecer um único cargo a mais de cinco pretendentes. Mas o grosso da imprensa fechou os olhos. Maluf fazia negociatas, Tancredo , ‘costura política’.[110]
Para quem quiser cortar caminho na busca do motivo por que Geisel e Golbery desmontaram a ditadura, a resposta é simples: porque o regime militar, outorgando-se o monopólio da ordem, era uma grande bagunça.[111]
NOTAS:
[1] “O comunismo no Brasil, que nasceu no início do século XX, mas cujo progresso foi deveras moroso em virtude da imensa repressão que caracterizou as várias facetas da república brasileira, teve um de seus melhores momentos de expansão na década de 60.
Entretanto, as idéias comunistas no país muito pouco se desenvolveram. Criaram alianças com a burguesia, imbuídas do ‘dogmatismo stalinista’ de que a consolidação capitalista criaria condições para a revolução socialista. Não compreenderam a real índole do brasileiro, culturalmente distanciado da violência revolucionária. E, finalmente, consideraram a revolução armada condição sine qua non para a ascensão ao poder.” (VAZ, Éber. A República e os militares de 64. Estudos (Univ. Católica de Goiás), Goiânia, nº 4, v. 16, p. 298, 1989).
[2] "Como previsto, Goulart apoiava-se mais e mais no P.C., cuja influência e euforia eram crescentes." (SCHWARZ, Roberto. O pai de família e outros estudos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. p. 65).
[3] “Assim, Tancredo Neves renuncia para dar vez a Auro Moura Andrade, depois do veto parlamentar ao nome de San Tiago Dantas; Auro renuncia para dar lugar a Brochado da Rocha, que, em poucos dias, também renuncia ao ver rejeitado o projeto de antecipação do plebiscito para 7 de outubro.” (SILVA, Hélio Ribeiro da. 1964: Golpe ou contragolpe? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. p. 157).
[4] “Não houve quem se movesse, publicamente, em defesa do parlamentarismo. Nem mesmo os parlamentaristas.” (BANDEIRA, Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 65).
[5] “(...) a realização de plebiscito em que se decidiria da sorte do regime. E o pronunciamento foi esmagador, condenando o regime parlamentar, oriundo de um golpe e tendo demonstrado a sua absoluta e total incapacidade para encaminhar ou resolver os problemas com que o país se defrontava.” (SODRÉ, Nelson Werneck. História militar do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965. p. 386).
[6] “Neste ano [1962] ocorreram eleições proporcionais em âmbito nacional e eleições majoritárias em alguns estados. Os comunistas, agora fortalecidos pela ascensão de João Goulart à Presidência da República, continuavam sua estratégia de favorecer a eleição de políticos ligados ao projeto nacional-reformista.” (MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Em guarda contra o “Perigo vermelho” – O anticomunismo no Brasil (1917-1964). Tese de doutorado. São Paulo: Departamento de História da FFLCH/USP, 2000. p. 158).
[7] “Nos seus dois anos e meio de vigência (setembro de 1961 a março de 1964), um novo contexto político-social emergiu no país. Este novo quadro caracterizou-se por uma intensa crise econômico-financeira, freqüentes crises político-institucionais, extensa mobilização política das classes populares, ampliação e fortalecimento do movimento operário e dos trabalhadores do campo, crise do sistema partidário e acirramento da luta ideológica de classes.” (TOLEDO, Caio Navarro de. O governo Goulart e o golpe de 64. 8ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 9).
[8] “A agitação manifestada nas greves, nas reivindicações de direitos, de salários que tumultuaram a gestão Jango Goulart denunciava o conflito profundo que existia entre as massas urbanas, sem estruturação definida e com lideranças populistas, e a estrutura de poder que ainda controlava o Estado.” (SILVA, Hélio Ribeiro da. 1964: Golpe ou contragolpe? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. p. 26).
“Em Pernambuco [março de 1964], 300.000 camponeses e trabalhadores de usinas de açúcar recorriam à greve, em protestos contra o ato do Governo Federal que nomeara um novo delegado para o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários.” (idem. p. 315).
[9] “Não há, realmente, qualquer que seja o país, o regime político e social, a força armada, organização militar que possa prescindir da disciplina e da hierarquia. É fato, por outro lado, que uma e outra estavam sendo gravemente lesadas, antes do golpe miliar.” (SODRÉ, Nelson Werneck. História militar do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965. p. 395).
[10] “Acompanhando-se as edições dos grandes diários da imprensa pode-se notar a intensificação do noticiário sobre greves a partir de abril e maio de 1963. Os movimentos paredistas ocorreram com freqüência durante um ano, até as vésperas do golpe.”
“Algumas das greves tinham motivação política, notadamente as greves gerais convocadas pelo Comando Geral dos Trabalhadores (CGT). Além disso, houve algumas greves de solidariedade, ou seja, às vezes determinada categoria parava para solidarizar-se com a luta de outro grupo de trabalhadores, aumentando a sensação de que o país estava acometido de ‘grevismo’.” (MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Em guarda contra o “Perigo vermelho” – O anticomunismo no Brasil (1917-1964). Tese de doutorado. São Paulo: Departamento de História da FFLCH/USP, 2000. p. 317 e 318).
“Algumas das greves tinham motivação política, notadamente as greves gerais convocadas pelo Comando Geral dos Trabalhadores (CGT). Além disso, houve algumas greves de solidariedade, ou seja, às vezes determinada categoria parava para solidarizar-se com a luta de outro grupo de trabalhadores, aumentando a sensação de que o país estava acometido de ‘grevismo’.” (MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Em guarda contra o “Perigo vermelho” – O anticomunismo no Brasil (1917-1964). Tese de doutorado. São Paulo: Departamento de História da FFLCH/USP, 2000. p. 317 e 318).
“De outro lado, deve ser observado que as greves políticas deflagradas pela organização [CGT] tiveram êxito apenas junto às empresas estatais ou controladas pelo governo, sendo praticamente nula a participação do operariado de São Paulo (empresas privadas, nacionais e estrangeiras) nessas paralisações de caráter político.” (TOLEDO, Caio Navarro de. O governo Goulart e o golpe de 64. 8ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 75-76).
“O sindicalismo brasileiro, no triênio 61/63, alcançou um dos seus momentos de mais intensa atividade (de 1958 a 1960, no governo Kubitschek, tinham ocorrido no País cerca de 177 greves, enquanto nos três anos seguintes forma deflagradas um total de 435 paralisações); (...).”(TOLEDO, Caio Navarro de. O governo Goulart e o golpe de 64. 8ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 72-73).
“O ano de 1964 prenunciava ser também bastante agitado em termos de movimentos reivindicatórios: em apenas 15 dias no mês de janeiro, ocorreram 17 greves na Guanabara.” (TOLEDO, op cit. p. 90).
[11] "A situação financeira é catastrófica. A inflação cresce de dia para dia e com ela o custo de vida, que por sua vez provoca o aumento de salários e para isso [sic] o choque entre patrões e operários, entre governo e sindicatos e por aí afora. O clima passional, o recurso à violência, os atentados frustrados ou fictícios, as 'guerrilhas' e os 'guerrilheiros' mantém a gente num estado de tensão constante que a cada momento – como foi no dia do 'estado de sítio'- ameaça romper os diques." (LIMA, Alceu Amoroso. Cartas do pai. 2ª ed. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2004. p. 293).
[12] CARVALHO, Marco Antônio de. Rubem Braga: um cigano fazendeiro do ar. São Paulo: Globo, 2007. p. 450.
[13] “Foi também apoiado por novas organizações nacional-legais, como a Frente Parlamentar Nacionalista – FPN, assim como um heterogêneo dispositivo popular-militar nacionalista. O bloco nacional-reformista encontrou expressão também no apelo carismático e ideologicamente discrepante de figuras políticas populares como Francisco Julião – líder das Ligas Camponesas do Nordeste, Mauro Borges – governador do Estado tipicamente agrário de Goiás, do jornalista Neiva Moreira, Leonel Brizola – governador do Rio Grande do Sul, Sérgio Magalhães – líder nacionalista das classes médias, Almino Afonso, Miguel Arrais e Max da Costa Santos. O novo bloco de poder teve ainda o apoio de intelectuais de prestígio internacional como, por exemplo, do antropólogo Darci Ribeiro, do economista Celso Furtado, do pedagogo Paulo Freire e do sociólogo Josué de Castro, que foram de certo modo ‘comandantes’ ideológicos, mas sem um exército político efetivo subjacente a suas declarações.” (DREIFUSS, René Armand. 1964: A conquista do Estado – Ação política, poder e golpe de classe. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 1981. p. 131).
[14] “Em menos de três meses de Governo Parlamentar, o Ministro das Relações Exteriores, Francisco de San Tiago Dantas, restabeleceu relações diplomáticas com a União Soviética (o que Quadros prometera e não cumprira) e continuou a rechaçar as sanções contra Cuba, propostas pelos Estados Unidos, (...).” (BANDEIRA, Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 47).
[15] “Veja – É legítimo usar grupos armados ou políticos de outros países para causar instabilidade?
Villa – Há uma incompatibilidade em defender a soberania e apoiar materialmente um movimento terrorista em um país vizinho. No Brasil, tivemos uma história parecida. No governo de João Goulart, as Ligas Camponesas tinham meia dúzia de campos guerrilheiros e contavam com o apoio financeiro cubano. Quando se descobriram os campos, foi um escândalo. Vivíamos um regime democrático e o governo brasileiro manifestava-se contrário à expulsão de Cuba da OEA, enquanto Cuba violava a soberania brasileira apoiando um movimento guerrilheiro que rompia com a legalidade constitucional. A defesa da soberania só valia para os cubanos. Eu imaginava que essa prática de violação da soberania fosse página virada da história latino-americana. Ledo engano.” (TEIXEIRA, Duda. O bufão da América. Veja, nº 2056, p. 15, 16-04-2008. Entrevistado: Marco Antônio Villa).
“Engraçado. Como o ‘Pasquim’ era engraçado, mas não sobreviveu à democracia. É fácil gozar a ditadura, chocar a caretice. Avançamos, e o ‘Pasquim’ perdeu a mão. Como a esquerda, que parecia heroica apenas porque enfrentava o autoritarismo militar.” (MALBERGIER, Sérgio. Malditadura. Folha de São Paulo, 17-04-2008. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/sergiomalbergier/ult10011u392923.shtml>. Acesso em: 17-04-2008.
[16] JABOR, Arnaldo. A vitória do partido do ‘mesmo’. O Estado de São Paulo, 23-10-2012. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,a-vitoria-do-partido-do-mesmo,949614,0.htm>. Acesso em: 23-10-2012.
[17] SCHWARZ, Roberto. O pai de família e outros estudos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. p. 68-69.
[18] RAILLARD, Allice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Editora Record, 1992 (?). p. 102.
[19] “Aos primeiros conspiradores [do movimento militar de 64], de número reduzido, outros se foram juntando, à medida que o tempo avançava, mas à medida, principalmente, em que, no governo do Sr. João Goulart, abriam-se condições para o alargamento da democracia brasileira e esse alargamento permitia encaminhar as reformas que a estrutura brasileira necessita, de forma cada vez mais premente.” (SODRÉ, Nelson Werneck. História militar do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965. p. 389).
[20] “Desta forma, o temor ao comunismo foi o ‘cimento’ da mobilização anti Goulart, o elemento que propiciou a unificação de setores heterogêneos numa frente favorável à derrubada do Presidente. O objetivo principal não era dar um golpe, mas combater os comunistas. O recurso à solução autoritária era um meio para eliminar a ‘ameaça comunista’, e não um fim.” (MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Em guarda contra o “Perigo vermelho” – O anticomunismo no Brasil (1917-1964). Tese de doutorado. São Paulo: Departamento de História da FFLCH/USP, 2000. p. 343).
[21] SATO, Nelson. Vazio na literatura. Folha de Londrina (Folha 2), Londrina, 05-11-2003. [Entrevista com Rachel de Queiroz]
[22] MENESES, Filipe Ribeiro de. Salazar: biografia definitiva. São Paulo: Leia, 2011. p. 33.
[23] FRANCO, Afonso Arinos de Melo. História do povo brasileiro. 2ª ed. São Paulo: J. Quadros Editores, 1968. p. 262.
[24] FRANCIS, Paulo. O afeto que se encerra: memórias. São Paulo: Francis, 2007. p. 84.
[25] GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. 4ª reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 46.
[26] “Ao mesmo tempo, a inflação, que havia sido mecanismo importante para a industrialização, achava-se fora de controle.” (DREIFUSS, René Armand. 1964: A conquista do Estado – Ação política, poder e golpe de classe. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 1981. p. 132).
[27] “A diplomacia de Goulart não se resumiu a condenar as ofensas à soberania nacional e ao direito de autodeterminação de Cuba. Identificada com o Terceiro Mundo, ela visou a criar condições para que o Brasil expandisse e diversificasse seu mercado exterior. Dentro desse princípio, o Governo de Goulart estabeleceu relações comerciais com a República Popular da China e se voltou para os países da África e da América Latina, ampliando, tanto quanto possível, o intercâmbio com o Bloco Socialista.” (BANDEIRA, Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 115).
[28] JUREMA, Abelardo. Sexta-feira, 13. 3ª ed. Rio de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1964. p. 49.
[29] “Dois meses após a investidura de Goulart, de 15 a 17 de novembro de 1961, um Congresso Camponês reuniu em Belo Horizonte cerca de 1.600 delegados, com faixas e cartazes que exigiam: ‘Reforma agrária já. Reforma agrária na lei ou na marra’.” (BANDEIRA, Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 55).
[30] “Perante uma multidão de 200.000 pessoas, arregimentadas pelos sindicatos e outras organizações para o comício de 13 de março, Goulart proclamou, sem temer que o chamassem de subversivo, a necessidade de mudanças na Constituição, que legalizava uma ‘estrutura econômica superada, injusta e desumana.’ E anunciou a adoção de importantes medidas, através de decretos, como a encampação das refinarias particulares, o tabelamento dos aluguéis dos imóveis desocupados e a desapropriação das terras valorizadas pelos investimentos públicos, ou seja, das terras às margens dos eixos rodoviários e dos açudes, ou que pudessem tornar produtivas áreas inexploradas.” (BANDEIRA, Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p.163).
“O Presidente anunciara, dois dias antes [em 13 de março], no Comício das Reformas, a radicalidade de seu programa, conclamando o povo a apoiá-lo.” (SILVA, Hélio Ribeiro da. 1964: Golpe ou contragolpe? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. p. 326).
“O Presidente anunciara, dois dias antes [em 13 de março], no Comício das Reformas, a radicalidade de seu programa, conclamando o povo a apoiá-lo.” (SILVA, Hélio Ribeiro da. 1964: Golpe ou contragolpe? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. p. 326).
[31] “(...) ele não tinha condição de fazer isso, não tinha lei pra isso. Havia o artigo 141 da Constituição que dizia o seguinte: toda desapropriação de terra tem de ser paga à vista e em dinheiro pelo valor de mercado. Isso inviabilizava a reforma agrária. Então, primeiro você tinha de remover o obstáculo constitucional e depois fazer a lei ordinária.” (Plínio de Arruda Sampaio. Entrevista a Caros Amigos, São Paulo, nº 98, p. 31, maio de 2005).
[32] CHAGAS, Carlos. Do fundo da memória (1): A conspiração das elites. Tribuna da Imprensa, 04-02-2012. Rio de Janeiro, Disponível em: <http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=31029>
[33] “O Gen. Amauri Kruel, Chefe do Gabinete Militar da Presidência, articulara o golpe de Estado com o fechamento do Congresso e a edição de um Ato Institucional, fazendo ditador o Sr. Goulart.” (Citando o Diário de Mourão Filho). (SILVA, Hélio Ribeiro da. 1964: Golpe ou contragolpe? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. p. 210).
"(...) confesso que, no momento, não creio em qualquer golpe da direita e especialmente do Lacerda. No momento o perigo golpista vem do Jango, não há dúvida." [29-02-1964] (LIMA, Alceu Amoroso. Cartas do pai. 2ª ed. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2004. p. 339).
"Quanto à política não-eclesiástica, vai entrar numa semana candente e, teimo em dizer, decisiva. Parece (boato...) que o Jango quer aproveitar-se do comício da Central para se lançar à permanência no poder. Como só o poderá fazer por golpe, essa é uma das expectativas. Se for, estarei contra ele." [08-03-1964] (LIMA, Alceu Amoroso. Cartas do pai. 2ª ed. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2004. p. 345)
"Aliás, quando penso nas próximas semanas, fico pensando: será que o Congresso não vai ser fechado, repetindo o Jango o golpe do seu ídolo Vargas?" [29-03-2964] (LIMA, Alceu Amoroso. Cartas do pai. 2ª ed. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2004. p. 362)
"O momento é de perfeita perplexidade e de vigília de golpe. Mas de onde virá o golpe é que são elas. Não se pode afirmar. Acredito, no momento, que... não virá. Mas, se me enganar, é mais possível que venha... do Jango, apoiado nas esquerdas. E seria um novo Estado Novo." [31-03-1964] LIMA, Alceu Amoroso. Cartas do pai. 2ª ed. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2004. p. 365).
[34] GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. 4ª reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 51.
[35] LINHARES, Temístocles. Diário de um crítico. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2001. v. II. p. 23.
[36] "O Legislativo só é enaltecido quando o país está saindo de um regime autoritário. Na história brasileira sempre foi assim. Em 1964, o Congresso estava com sua imagem no chão, o que deu no regime militar, que foi instaurado com o aplauso da maior parte da população." (TEMER, Michel. É preciso reagir agora. [Entrevista a Otávio Cabral]. Veja, São Paulo, nº 2109, 22-04-2009, p. 21).
[37] “Na verdade havia outras revoluções além da Revolução de Minas. Elementos ativos tinham desenvolvido uma ação subversiva subterrânea, mais destacadamente nos dois Estados onde lideravam o populismo, e as duas figuras que disputavam a Jango esse tipo de liderança: Pernambuco, com Miguel Arraes e Rio Grande do Sul, com Leonel Brizola.” (SILVA, Hélio Ribeiro da. 1964: Golpe ou contragolpe? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. p. 346).
[38] “As limitações e o esgotamento do populismo, regime de dominação com forte acento conciliador, que pressupõe aliança entre um setor das classes dominantes e alguns setores das massas populares, com a manipulação e troca de benefícios sob o controle do aparelho do Estado, aliadas às vacilações e ambigüidades de Goulart, mais o clima de terror difundido pela extrema direita, bem como a constrangedora impotência do dispositivo sindical com que contava o governo na sustentação do programa de reformas, permitiram o sucesso da conspirata no seio das Forças Armadas.” (GIOVANNETI NETTO, Evaristo. A República e os militares. Revista Novos Rumos, São Paulo, 16 : 183, 1990).
[39] BRAGA, Claudia. Vianinha: íntimo e pessoal. Aletria, Belo Horizonte, nº 7, p. 41, 2000.
[40] “O Brizola por exemplo não sabe nada de futebol, de música, de literatura, de nada. É um político da manhã à noite. Dorme, come e bebe política.” (GUIMARÃES, Josué. Entrevista, 08-03-2009. Disponível em: <http://www.torres-rs.tv/site/pags/rgsul_politica2.php?id=463%22>. Acesso em: 12-07-2011).
[41] “(...) o número de partidos registrados nas eleições de 1962 (13 partidos ‘nacionais’), (...) anulava a sua função de reunir o povo ao redor de uma nomeação, programa ou doutrina.” (DREIFUSS, René Armand. 1964: A conquista do Estado – Ação política, poder e golpe de classe. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 1981. p. 137).
[42] “Por outro lado, o número de votos em branco subiu de 468.000 (4,8%) em 1954 para 2.149.111 (15%) em 1962.” (DREIFUSS, René Armand. 1964: A conquista do Estado – Ação política, poder e golpe de classe. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 1981. p. 138).
[43] “A história só se repete como erro. Em 31 de março de 1964, os militares depuseram João Goulart, um presidente fraco, perdido em seu labirinto e com a cabeça repleta de reformas que não podia e não sabia fazer.” (SILVA, Juremir Machado da. Saudades da ditadura. Correio do Povo, Porto Alegre, 31-03-2004)
"[O golpe] Pode ser moralmente lícito e ter motivos políticos certos (o Jango realmente tem feito um péssimo governo e se mostrou tão dúbio e hesitante, ultimamente, que realmente cometeu um suicídio político e terá jogado o Brasil na guerra civil com o apoio da oposição)." [01-04-1964] (LIMA, Alceu Amoroso. Cartas do pai. 2ª ed. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2004. p. 367).
[44] GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. 4ª reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 84.
[45] JUREMA, Abelardo. Sexta-feira, 13. 3ª ed. Rio de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1964. p. 133.
[46] NERY, Sebastião. A última viagem de João Goulart. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 19-07-2012. Disponível em: <http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=42625>. Acesso na mesma data.
[47] “Ainda reina grande ignorância sobre os primórdios da revolução ou, se quiserem, contra-revolução de 1964, cuja preparação acompanhei pessoalmente na qualidade de secretário da Justiça do Estado de São Paulo, no governo Ademar de Barros, o qual, como saliento no segundo tomo de meu livro de ‘Memórias’, publicado em 1987 pela Editora Saraiva, foi um de seus maiores conspiradores, ao lado de Carlos Lacerda, Ney Braga, Ildo Meneghetti e outros. Saiba o leitor que a reação de 1964 foi inicialmente obra de governadores, com a colaboração tática de chefes militares aposentados, como Cordeiro de Farias e Nelson de Mello.” (REALE, Miguel. Desvio da História no Brasil. Notícia Bibliográfica e Histórica, Campinas (PUC), nº 186, p. 241, jul./set. 2002)
“Goulart soube quando se formou a tríplice aliança entre Lacerda, Magalhães Pinto e Ademar de Barrros.” (BANDEIRA, Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p.146).
“O Governador de Minas [Magalhães Pinto], já a essa altura [março de 64] chefe civil da conspiração, (...).” (SILVA, Hélio Ribeiro da. 1964: Golpe ou contragolpe? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. p. 345).
“O golpe de 1964, militar na sua exteriorização, - correspondendo a inegável alteração na correlação de forças, e com apoio, portanto, de variadas e numerosas e poderosas componentes, - foi político na sua essência, e atendeu a interesses políticos inconfundíveis, (...).”(SODRÉ, Nelson Werneck. História militar do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965. p. 395).
“Desde o golpe de 64, irresponsavelmente desencadeado por dois mineiros, Mourão Filho e Magalhães Pinto, e sobretudo desde a presidência abortada e a morte de Tancredo Neves, Minas está escanteada do poder.” (NERY, Sebastião. Chegou de novo a vez de Minas. Tribuna da Imprensa, 13-09-2005. Disponível em <http://www.tribunadaimprensa.com.br/coluna.asp?coluna=nery>; acesso em 13-09-2005)
[48] JUREMA, Abelardo. Sexta-feira, 13. 3ª ed. Rio de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1964. p. 127.
[49] “É um simplismo afirmar-se que o Movimento de 1964 resultou de um teleguiamento norte-americano. Algo assim como se fora produto de uma grande conspiração do Departamento de Estado e da CIA norte-americana mancomunados contra o regime populista. O peso de uma ação golpista coordenada do exterior somente tem eficácia se estiver fortemente entrelaçada com os interesses internos da oposição e de parte considerável das classes sociais do país visado (basta verificar o fracasso rotundo da CIA em Cuba, por ocasião do desembarque por ela promovido na Baía dos Porcos, em abril de 1961).
Desse modo, nada do que os serviços secretos americanos pudessem fazer teria resultado significativo, se não contassem com o apoio de parte considerável da opinião pública brasileira, hostil ao governo de João Goulart: político este visto pela maioria da classe média brasileira como incompetente e incapaz de superar os problemas do desenvolvimento e da inflação (que alcançara a 100% no ano de 1963), de fazer cessar a agitação social e de romper com a estagnação econômica em que o país mergulhara. (SCHILLING, Voltaire. Brasil 1964: Revolução ou contra-revolução? Disponível em: <http://educaterra.terra.com.br/voltaire/brasil/2004/03/25/008.htm>. Acesso em: 15-11-2004).
[50] “O governo Goulart ruiu como um castelo de areia. As classes populares e trabalhadoras estiveram ausentes das manifestações e passeatas – lideradas por segmentos das classes médias e financiadas pelo empresariado - que, em algumas capitais do país, pediam a destituição de Goulart. Revelavam, inclusive, certa simpatia pelo governo populista; no entanto, nada fizeram para evitar a sua derrubada em abril de 1964. As forças políticas que afirmavam representar os trabalhadores e setores populares nenhuma ação significativa desenvolveram para impedir o golpe que há muito tempo se anunciava no horizonte político.” (TOLEDO, Caio Navarro de. 40 Anos do Golpe de Abril. Disponível em <http://www.universiabrasil.net/materia.jsp?materia=3178>; acesso em 20-11-2004.).
“Resistência não houve ao movimento de 1964, logo após sua eclosão. O governo deposto e seus aliados buscaram refúgio no exterior, no anonimato e no silêncio, quando não em traições e falsas adesões.” (CHAGAS, Carlos. Do fundo da memória (4). Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 22-07-2005. Disponível em: <http://www.tribunadaimprensa.com.br/coluna.asp?coluna=chagas>. Acesso em: 23-07-2005).
"Lucília: Deixa eu fazer uma pergunta para o Sr. O Sr. acha que em 64 o movimento sindical, o movimento operário, as forças populares, teriam tido condições de reagir? Essa pergunta é meio de projeção... mas eu gostaria de ter uma opinião do Sr.
Prestes: Era possível reagir. Mas a única pessoa que podia dirigir, tomar a iniciativa da reação era o Jango. Porque a figura principal, dirigente do movimento nacionalista democrático, era o Jango. Ele fez o contrário. Ele se entregou completamente. Saiu do país. Nenhuma outra força tinha condições para isso. Na noite de trinta e um de março eu fiquei convencido de que os nossos aliados, o movimento nacionalista era a burguesia. Era aliada nossa. Nós tínhamos uma bancada de mais de cem deputados. Toda ela já tinha, há alguns meses atrás, passado para o outro lado. Para o lado imperialista. Essa é que é a verdade. " (DELGADO, Lucília de Almeida Neves. Conversa com Luís Carlos Prestes. Revista do Departamento de História, Belo Horizonte (FAFICH/UFMG), nº 10, p. 75, 1990).
“Avaliação incorreta da correlação de forças existentes, isolamento político em relação às grandes massas, radicalização apenas no nível da retórica, subordinação política ao reformismo populista, foram algumas da razões da ‘arrasadora derrota’ sofrida pelas esquerdas em 1964.” (TOLEDO, Caio Navarro de. O governo Goulart e o golpe de 64. 8ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 110).
“De semelhante radicalismo verbal padeceu também a liderança de Leonel Brizola. Seus famosos Grupos de [sic] Onze, criados a partir de fins de 1963, revelaram-se frágeis demais para se anteporem a qualquer ação golpista. Embora a direita denunciasse sistematicamente o perigo representado por esses grupos, não foi observada nenhuma atuação significativa dos brizolistas durante o movimento golpista. A rigor, os adeptos de Brizola limitaram-se, através das ondas da Rádio Mayrink Veiga, a conclamar o povo a lutar contra os ‘gorilas’.” (TOLEDO, Caio Navarro de. op cit. p. 112-113).
“Avaliação incorreta da correlação de forças existentes, isolamento político em relação às grandes massas, radicalização apenas no nível da retórica, subordinação política ao reformismo populista, foram algumas da razões da ‘arrasadora derrota’ sofrida pelas esquerdas em 1964.” (TOLEDO, Caio Navarro de. O governo Goulart e o golpe de 64. 8ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 110).
“De semelhante radicalismo verbal padeceu também a liderança de Leonel Brizola. Seus famosos Grupos de [sic] Onze, criados a partir de fins de 1963, revelaram-se frágeis demais para se anteporem a qualquer ação golpista. Embora a direita denunciasse sistematicamente o perigo representado por esses grupos, não foi observada nenhuma atuação significativa dos brizolistas durante o movimento golpista. A rigor, os adeptos de Brizola limitaram-se, através das ondas da Rádio Mayrink Veiga, a conclamar o povo a lutar contra os ‘gorilas’.” (TOLEDO, Caio Navarro de. op cit. p. 112-113).
[51] “Na Espanha, os rebeldes militares acreditavam que sua insurreição seria breve, cirúrgica, sem resistência, porém levou três anos. No Brasil, os golpistas supunham encontrar forte resistência, não esperavam vencer com tanta facilidade.” (RAGO FILHO, Antônio. Sob este signo vencerás! A estrutura ideológica da autocracia burguesa bonapartista. Cadernos AEL: tempo de ditadura. Campinas (UNICAMP/IFCH/AEL), v. 8, nº 14/15, p. 174, 2001).
“Castello Branco superestimou a força do Governo.” (BANDEIRA, Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 177).
“Castello Branco superestimou a força do Governo.” (BANDEIRA, Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 177).
[52] “Magalhães Pinto calculava que só em Minas Gerais a batalha duraria três meses.” (BANDEIRA, Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 146).
[53] GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. 4ª reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 112.
[54] FRANCO, Afonso Arinos de Melo. História do povo brasileiro. 2ª ed. São Paulo: J. Quadros Editores, 1968. p. 270.
[55] “Em meados de março, a formação da frente anticomunista havia se consolidado, compondo um arco de alianças que unia praticamente todos os segmentos da elite brasileira, e que ainda encontrava significativo apoio nas classes médias. O medo ao comunismo, mais uma vez, teve o efeito de provocar uma poderosa mobilização conservadora.” (MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Em guarda contra o “Perigo vermelho” – O anticomunismo no Brasil (1917-1964). Tese de doutorado. São Paulo: Departamento de História da FFLCH/USP, 2000. p. 332).
“Mobilizadas intensamente pela propaganda, classes e camadas sociais diversas integraram o movimento que derrocou a precária democracia brasileira.” (SODRÉ, Nelson Werneck. História militar do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965. p. 395).
[56] “O golpe de Estado de 1964 teve o apoio de setores significativos da sociedade.” (KONDER, Leandro. As idéias socialistas no Brasil. São Paulo: Moderna, 1995. p. 56).
“Milhares de pessoas comemoraram ontem, nas ruas de Londrina, a vitória do movimento que culminou com a queda do governo João Goulart. A manifestação iniciou-se às 15 horas com um desfile festivo que percorreu a Avenida Paraná, partindo das imediações dos reservatórios de água localizados na esquina da Avenida Higienópolis com a Rua Tupi, até alcançar o largo da Prefeitura, onde se realizou a seguir um comício, que durou aproximadamente duas horas. Durante o cortejo, houve uma grande queima de fogos, enquanto dos grandes edifícios descia uma chuva colorida de papel picado, entremeada de confete e serpentina. Um grupo de senhoras encabeçava o desfile carregando as bandeiras do Brasil e dos Estados. Atrás, vinham o prefeito Hosken de Novaes, o vice-prefeito e presidente da Câmara de Vereadores, Gilberto Santos, e representantes de entidades de classe e de quase todas as igrejas cristãs de Londrina.” (Há 40 anos. 06 de abril de 1964. Povo comemora nas ruas de Londrina o revés da ação comunista no Brasil. Folha de Londrina, 06 de abril de 2004. p. 2).
[57] “É importante mencionar que os militares vinham sendo instigados, já há algum tempo, a entrarem em ação contra os ‘comunistas’. Em diversas ocasiões, a grande imprensa publicou apelos de grupos sociais que se voltavam para os militares como baluarte contra o ‘perigo vermelho’.” (MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Em guarda contra o “Perigo vermelho” – O anticomunismo no Brasil (1917-1964). Tese de doutorado. São Paulo: Departamento de História da FFLCH/USP, 2000. p. 336).
[58] "Diante de um discurso tão claramente favorável às atitudes concretas dos católicos contra o 'inimigo', torna-se mais compreensível como foi possível a mobilização popular contra a 'ameaça comunista' e o papel desempenhado pelos conservadores por ocasião do Golpe de 1964." (SILVA JÚNIOR, Alfredo Moreira da. Catolicismo, poder e tradição: um estudo sobre as ações do conservadorismo católico brasileiro durante o bispado de D. Geraldo Sigaud em Jacarezinho (1947-1961). [Dissertação de mestrado]. Faculdade de Ciências e Letras de Assis (UNESP), 2006, p. 78).
[59] “O auge dos esforços das associações femininas orientadas pelo IPES se deu seis dias depois, no dia de São José, o padroeiro da família, com a coordenação da ‘Marcha da Família com Deus pela Liberdade’ em São Paulo. Aproximadamente 500.000 pessoas compareceram, para protestar contra o comício de João Goulart do dia 13 de março.” (DREIFUSS, René Armand. 1964: A conquista do Estado – Ação política, poder e golpe de classe. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 1981. p. 297).
“Os cálculos mais pessimistas falam em quinhentas mil pessoas e os mais otimistas em oitocentas mil.” (SILVA, Hélio Ribeiro da. 1964: Golpe ou contragolpe? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. p. 339).
“Os cálculos mais pessimistas falam em quinhentas mil pessoas e os mais otimistas em oitocentas mil.” (SILVA, Hélio Ribeiro da. 1964: Golpe ou contragolpe? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. p. 339).
“(...) a ‘Marcha da Família com Deus pela Liberdade’, realizada em São Paulo, no dia 19 de março, reunindo cerca de 500 mil pessoas.” (TOLEDO, Caio Navarro de. O governo Goulart e o golpe de 64. 8ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 99).
“Em 19 de março de 1964, uma gigantesca passeata realiza-se na capital bandeirante, na qual mais de quinhentos mil católicos, prevalecendo grupos religiosos femininos, deram o primeiro e impressionante brado de guerra contra o desgoverno comunizante de João Goulart. As Forças Armadas quando interferiam militarmente naquela situação política, o fizeram solidarizando-se com uma nação prestes a entrar em guerra civil. Sem dúvida, a atuação militar na destituição de Goulart foi ponderável e necessária, mas não se pode dizer que a mudança de 1964 foi obra só dos militares.” (MOURA, Odilão. As idéias católicas no Brasil. São Paulo: Convívio, 1978. p. 196-197).
[60] DINES, Alberto. ANÚNCIOS DA TFP. Quem pagou? Quem está por trás? Jornal de Debates. Observatório da Imprensa. Disponível em: <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=516JDB001>. Acesso em: 17-06-2010.
[61] SCHWARZ, Roberto. O pai de família e outros estudos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. p. 70.
[62] “Mas parece que o que houve realmente de ‘estranhável’ não foi a sua [de Arraes] queda, mas a apatia popular. Somente um reduzido grupo de estudantes saiu às ruas em protestos.” (SILVA, Hélio Ribeiro da. 1964: Golpe ou contragolpe? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. p. 411).
[63] "PS3 – Arraes escolheu a Argélia, dominada pela ditadura comunista do corrupto Boumedienne. Foi para lá por escolha voluntária, ditadura comunista, tudo o que mais desejava.
PS4 – Todos os outros exilados chegaram à Argélia por ser o ponto mais fácil, saindo do Brasil. Não imaginavam que depois de 4 ou 5 meses, chegaria aquele no qual acreditavam e que se transformaria no carrasco de todos.
PS5 – Com penetração total na ditadura comunista da Argélia, seu Poder era incontestável, chamado normalmente de “Vice-Rei”, com tudo o que um cidadão, nessa condição, receberia. E aproveitou muito bem.
PS6 – Fez fortuna, e não digo isso agora, escrevi muito sobre Arraes, assim que acabou a ditadura (É só verificar na Tribuna da Imprensa ou na Biblioteca Nacional).
PS7 – Arraes consolidou de tal maneira a sua força, que quando Boumedienne foi derrubado, (e depois assassinado em Paris, onde vivia luxuosamente, como o “Papa-Doc” e outros), ficou com o mesmo prestígio com o novo ditador." (FERNANDES, Hélio. Comentários a Saiba como Arraes perseguiu Hermano Alves e outros brasileiros que se exilaram na Argélia, pós-64. Tribuna da Imprensa, 06-07-2010. Disponível em: <http://www.tribunadaimprensa.com.br/>. Acesso em: 07-07-2010.
[64] “Nos dois dias em que o golpe de Estado se desenvolveu, Goulart ouviu de muitos oficiais superiores frases como esta: ‘Os oficiais não estão contra o seu Presidente, mas, sim, contra o comunismo’.” (BANDEIRA, Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 178).
[65] “O que era, porém, o comunismo? (...) Era a sindicalização rural. Era a reforma agrária. Era a lei que limitava as remessas de lucros. Era tudo o que contrariava os interesses do norte-americano, dos latifundiários e do empresariado.” (BANDEIRA, Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 178).
[66] “Eu era membro de uma célula do Partido Comunista (PCB), com o Mário Schenberg, [Villanova] Artigas e mais três ou quatro. No dia 30 de março de 1964 o Artigas recebeu um telefonema do Luís Carlos Prestes dizendo que a gente deveria queimar todos os documentos que tivesse, para a polícia não encontrar nada, pois ia ter um golpe naquele mesmo dia.” (KNISPEL, Gershon. Um judeu das Arábias. [Entrevista] Caros Amigos, São Paulo, nº 63, p. 36, junho de 2002).
“Na tarde de 31 de março, enquanto as tropas de Mourão Filho evoluíam na direção do Rio de Janeiro e as do General Guedes avançavam contra Brasília, (...).” (BANDEIRA, Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 179).
“No dia 31 fiz desencadear o movimento geral entre 4 e 5 horas [da manhã].” (Olímpio Mourão Filho, Diário) (SILVA, Hélio Ribeiro da. 1964: Golpe ou contragolpe? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. p. 369).
“Dois dias antes da data marcada pela alta oficialidade golpista, o gal. Mourão Filho (comandante da IV Região Militar, MG), na madrugada do 31 de março, ordenou às suas tropas que se movimentassem em direção ao Rio de Janeiro. Esta iniciativa tinha sido aprovada pelos governadores de São Paulo e de Minas Gerais que incentivaram a antecipação da ação militar.” (TOLEDO, Caio Navarro de. O governo Goulart e o golpe de 64. 8ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 103 e 105).
"O exemplo da guerrilha de Sierra Maestra alimentava os sonhos dos que se posicionavam contra o regime imposto ao Brasil pelo golpe militar do dia 31 de março do ano de 1964. Os descontentes daqui tentariam agir como Fidel fizera na Ilha de Cuba, no final dos anos 50." (BOTOSSO, Marcelino. A guerrilha de Caparaó: a Sierra Maestra tupiniquim. Ensaios de História. Franca (UNESP), v. 4, no 1/2, p. 131, 1999).
“O fiasco do golpe militar de 1961 contra a posse de João Goulart renovou o oxigênio intelectual nos meios militares, permitindo e até suscitando a eclosão de novos movimentos de militares de esquerda. O plural aqui é decisivo: estes movimentos foram pelo menos três, o dos oficiais nacionalistas, o dos sargentos e o dos marinheiros e fuzileiros navais. Não foi 'gradualmente' que eles perderam espaço dentro das Forças Armadas, mas de um só golpe, o de 31 de março de 1964.” (BUONICORE, Augusto. A esquerda militar no Brasil. Entrevista com João Quartim de Moraes. Portal Vermelho. Disponível em: <http://www.vermelho.org.br/museu/principios/default.asp?cod_not =949>. Acesso em: 24-04-2008).
"Foi assim que o MP [Magalhães Pinto] soltou o manifesto no dia 31, e no dia 2 estava tudo consumado. 55 horas depois!" (LIMA, Alceu Amoroso. Cartas do pai. 2ª ed. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2004. p. 375) .
"Em 31 de março de 1964, através de golpe militar, Goulart foi destituído da presidência da República." (VELLOSO, Mônica Pimenta. Mário Lago: boemia e política. Rio de Janeiro: FGV, 1997. p. 238).
“Minas partiu na madrugada do dia 30, imediatamente depois que João Goulart acabara de convocar os sargentos para a responsabilidade militar que lhes reservava no seu esquema de dominação política. Ao fim do dia seguinte, São Paulo definia-se na linha da rebelião: doze horas depois Goulart e seu aparato de esquerda não tiveram sequer uma segunda frente para onde recuar.” [No texto, refere-se oito vezes ao “movimento de 31 de março”, ou equivalentes: “forças”, “movimento militar”...]. (FIGUEIREDO, WILSON. 12 meses depois.. Cadernos Brasileiros, Rio de Janeiro, ano VII, nº 2, p. 12-13, mar./abr. 1965).
“31 de março de 1964, meia-noite. O Palácio das Laranjeiras era um pesadelo. As tropas de Mourão Filho avançavam de Minas e Jango não sabia o que fazer. Chegam o governador Seixas Dória de Sergipe e o ministro Osvaldo Lima Filho, da Agricultura. Jango se tranca com os dois:
- Seixas, preciso de um favor teu. Quero que pegues amanhã bem cedo um avião da FAB e sigas para o Nordeste colhendo assinaturas em um manifesto dos governadores que tu redigirás, em apoio a mim.” (NERY, Sebastião. Os manifestos de Lomanto. Tribuna da Imprensa, 25-03-2012. Disponível em: <http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=34255>. Acesso em: 25-03-2012).
“(...) silenciosa diante da Censura, da tortura, do crime, do arbítrio, das selvagerias, das atrocidades impostas pelos golpistas do Movimento de 31 de Março de 1964.” (JORGE, Fernando. A Academia do fardão e da confusão. São Paulo: Geração Editorial, 1999.p. 486).
“No dia 31 de março, já praticamente deposto, o presidente esperava apoio e contava com resistências hipotéticas.” (FRANCO, Afonso Arinos de Melo. História do povo brasileiro. 2ª ed. São Paulo: J. Quadros Editores, 1968. p. 270).
“Como ela [a ditadura] tomou conta do país e como a desmancharam é uma história mais comprida. Começa na noite de 30 de março de 1964, quando a democracia brasileira tomou o caminho da breca.” “Nas primeiras horas do dia 31 [de março], o Jornal do Brasil começara a circular. Trazia um artigo de Carlos Castello Branco intitulado: ‘Minas desencadeia luta contra Jango’. (GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. 4ª reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 41 e 66).
[67] CASTELLANI, José. A ação secreta da maçonaria na política mundial. São Paulo: Landmark, 2001. p. 155.
[68] JUREMA, Abelardo. Sexta-feira, 13. 3ª ed. Rio de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1964. p. 179 e 180.
[69] ROCHA, Anísio. Depoimento a Grandes Acontecimentos da História, São Paulo, nº 32, p. 24, s/d.
[70] “Nenhum tiro foi disparado em favor do governo de Goulart, nem uma só greve de protesto, das tantas que foram prometidas pelos sindicalistas, caso um levante militar ocorresse, durou mais de 24 horas. Em todo o país de mais de oito milhões e meio de quilômetros quadrados e mais de 70 milhões de habitantes, nas primeiras 72 horas do alçamento só ocorreram 7 mortes.” (SCHILLING, Voltaire. A marcha do General Mourão Filho. Disponível em: <http://educaterra.terra.com.br/voltaire/brasil/2004/03/25/008.htm>. Acesso em: 15-11-2004)
[71] “A greve geral, convocada pela CGT, restringira-se assim a algumas áreas dos Estados do Rio de Janeiro e Guanabara, terminando por se voltar contra o Governo, pois a paralisação dos transportes dificultou a mobilização popular. As ruas do Rio de Janeiro ficaram vazias.” (BANDEIRA, Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 182).
“A decretação de uma greve geral tinha atingido, apenas, áreas da Guanabara e Estado do Rio, devido às dificuldades de comunicação.” (SILVA, Hélio Ribeiro da. 1964: Golpe ou contragolpe? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. p. 399).
“A decretação de uma greve geral tinha atingido, apenas, áreas da Guanabara e Estado do Rio, devido às dificuldades de comunicação.” (SILVA, Hélio Ribeiro da. 1964: Golpe ou contragolpe? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. p. 399).
[72] “E, enquanto a repressão prosseguia, com a invasão de lares e atentados aos direitos humanos, 200.000 pessoas (ponderável setor das classes médias e toda a burguesia) desfilaram pelas ruas do Rio de Janeiro, em 2 de abril, na Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade, (...).” (BANDEIRA, Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 185).
“A 2 de abril de 1964, a burguesia comemorou a deposição do Presidente João Goulart com uma gigantesca marcha de família pelas ruas do Rio de Janeiro, (...) Na hora marcada para o início da marcha, a Avenida Rio Branco continha um mar de faixas contra o comunismo, carregadas por uma multidão calculada em oitocentas mil pessoas.” (DREIFUSS, René Armand. 1964: A conquista do Estado – Ação política, poder e golpe de classe. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 1981. p. 419).
“A 2 de abril de 1964, a burguesia comemorou a deposição do Presidente João Goulart com uma gigantesca marcha de família pelas ruas do Rio de Janeiro, (...) Na hora marcada para o início da marcha, a Avenida Rio Branco continha um mar de faixas contra o comunismo, carregadas por uma multidão calculada em oitocentas mil pessoas.” (DREIFUSS, René Armand. 1964: A conquista do Estado – Ação política, poder e golpe de classe. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 1981. p. 419).
[73] “A censura se abateu não apenas sobre as publicações suspeitas de terem colaboradores de esquerda (como O Pasquim e Opinião), mas também sobre os grandes jornais insuspeitos, como O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil. A Revista Civilização Brasileira foi vítima de atos de violência que não lhe permitiram continuar sendo publicada.” (KONDER, Leandro. As idéias socialistas no Brasil. São Paulo: Moderna, 1995. p. 60).
[74] “No dia 8-6-1978, o assessor da Presidência, Coronel Rubem Ludwig, anunciou oficialmente o fim da censura prévia contra os últimos jornais que ainda tinham ficado sujeitos a essa medida discriminatória (Movimento, Tribuna da Imprensa e O São Paulo). Entre os dias 14-9-1972, quando a censura começou a ser feita regularmente contra jornais de nosso país, e primeiro de novembro de 1975, quando fez sua última comunicação oficial à maioria dos jornais brasileiros, os governos Médici e Geisel emitiram 298 ordens de veto contra notícias várias (...).” (Crônica eclesiástica. Revista Eclesiástica Brasileira, Petrópolis, v. 38, fasc. 131, p. 517-518, set. 1978).
[75] “Se você ouve a fala de jornalistas de então, chega à conclusão de que a censura era geral. Não era. A Folha nunca foi censurada. Pelo contrário, a Folha emprestava carros, veículos para a repressão. Não tinha censura na Folha, no Jornal do Brasil, no O Globo. Quem tinha censura? O Estadão tinha censura porque os donos do jornal, que tinham se batido ardorosamente a favor do golpe, eram uma facção do poder que dissentia nisso ou naquilo. Então quem estava realmente sob censura era a Veja e toda a chamada imprensa alternativa, desde o Pasquim até o Jornal do Cardeal.” (FERREIRA, Fernanda Ávila. Um genovês contando a história do Brasil. TOP Magazine. Curitiba, no 24, novembro de 2000. [Entrevista com Mino Carta]).
[76] “Castelo Branco aceitou a prorrogação de seu mandato por um ano, mas acrescentou à mão, no texto de ato institucional, que ficava inelegível para o próximo. Hoje, é tido como o mais democrata dos generais-presidentes. Talvez tenha sido o menos ditatorial, pois mandou investigar denúncias de tortura, aliás, mal investigadas, e não admitiu a censura à imprensa. Esta, autocensurou-se.” (CHAGAS, Carlos. Do fundo da memória [5]. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 23-07-2005. Disponível em: <http://www.tribunadaimprensa.com.br/coluna.asp? coluna=chagas>. Acesso em: 24-07-2005).
[77] MESQUITA, Ruy. A liberdade, antes de tudo. In: PONTES, José Alfredo Vidigal; CARNEIRO, Maria Lúcia. 1968, do sonho ao pesadelo. São Paulo: O Estado de São Paulo, 1985 [?]. p. 10.
[78] Alternativos para todos os gostos. Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, no 48, p. 9, set. 2009.
[79] NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da história do Brasil. São Paulo: Leya, 2011. p. 316.
[80] SÜSSEKIND, Flora. Literatura e vida literária: polêmicas, diários e retratos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p. 21.
[81] CHAGAS, Carlos. Do Fundo da Memória (6): Usurpadores em profusão. Tribuna da Imprensa, 27-04-2011. Disponível em: <http://www.tribunadaimprensa.com.br/>. Acesso em: 27-04-2011.
[82] “Enfim, grande parte da literatura política que circulou pós-64 manteve, na sua essência, as idéias marxistas e os preceitos morais do PCB. Este continuou a ser a ‘menina dos olhos’ do DEOPS que, em nenhum momento, abdicou de sua função de ‘caçar idéias’ e ideólogos.” (CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. Livros proibidos, idéias malditas: o DEOPS e as minorias silenciadas. 2ª ed. São Paulo: Ateliê, 2002. p. 163-164).
[83] Lygia Fagundes Teles. RICCIARDI, Giovanni. Auto-retratos. São Paulo: Martins Fontes, 1991. p. 183.
[84] “Parte da Esquerda brasileira optou pela luta armada como forma de resistir ao Regime Militar e abrir caminho para uma revolução. Destacaram-se: Ação Libertadora Nacional (ALN), liderada por Carlos Marighella, ex-deputado e ex-membro do Partido Comunista Brasileiro, morto numa emboscada em 69; Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), comandada pelo ex-capitão do Exército Carlos Lamarca, morto na Bahia, em 17 de setembro de 1971; e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), uma dissidência do PCB. As organizações armadas, conhecidas também como guerrilha, fizeram assaltos a bancos e seqüestros de diplomatas para trocá-los por presos políticos e colaboradores do regime. A Ação Popular foi, na década de 60, um dos mais importantes movimentos de resistência ao regime militar. Teve origem em 1962 a partir de grupos católicos, especialmente influentes no movimento estudantil. De 62 até 1972 a Ação Popular fez todos os presidentes da UNE. De, inicialmente, moderada a AP passou a discutir a necessidade da luta armada, devido a radicalização dos órgãos de repressão. A AP lançou o movimento Contra a Ditadura e em 67 mudou sua sigla para APML (Ação Popular Marxista-Lenista) buscando aliar-se aos movimentos camponeses e de bóia-frias. Vários líderes da AP foram assassinados. A AP terminou com sua incorporação ao PC do Brasil.” (Resistência. A luta armada. Disponível em: <http://setrem.com.br/regime64/resist64.htm#armada>. Acesso em: 20-11-2004).
[85] CHAGAS, Carlos. Do fundo da memória (6): Usurpadores em profusão. Tribuna da Imprensa, 09-02-2012. Disponivel em: <http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=31047>. Acesso em: 09-02-2012.
[86] “Quando morreu, Lamarca estava no MR-8, que era a organização mais forte da esquerda. Acontece que essa posição variava muito. Fazia muito tempo que novos quadros não eram recrutados por ninguém. Vivíamos um crescimento autofágico, baseado nos destroços de outros partidos de esquerda. Lamarca e seu quadro havia deixado a VPR e entrado no MR-8, transformando-a na mais importante organização. Se o mesmo grupo se deslocasse para outra organização, ela também seria considerada a mais importante.” (GABEIRA, Fernando. O crepúsculo do macho. 19ª ed. Rio de Janeiro: Codecri, 1981. p. 90).
[87] “Dizer que “68 foi a luta armada contra a ditadura e pela democracia” é falso e chega a ser hipocrisia. Todas as facções em luta insurrecional eram declaradamente comunistas: as que, ainda no breve governo Jânio Quadros foram treinar na China totalitária de Mao Tse Tung e todas as demais que, financiadas e adestradas em Cuba comunista, assassina desde os “paredons” ou tortura até a morte, na famosa prisão de La Cabana, os presos políticos. Impossível que não soubessem disso, revelado até por biógrafos simpáticos a Fidel Castro, adversários, mas intelectualmente honestos.” (PASSARINHO, Jarbas. Os meia oito. Ternuma. Disponível em: <http://www.ternuma.com.br/jpassarinho0816.htm>. Acesso em: 03-07-2008).
“Não há como negar que o objetivo final de todos os grupos de luta armada era o socialismo. Não seria para defender a democracia ‘burguesa’ e o pluralismo político que Marighella, “Toledo” e outros romperam (em 1966) com o reformista e legalista PCB, optaram pela via revolucionária e criaram a Ação Libertadora Nacional (ANL). A derrota do regime militar era apenas um meio a legitimar a ação armada que permitiria a implantação do socialismo. Embora os chefes guerrilheiros não fossem trotskistas, há nessa tática algo de parecido com a teoria da revolução permanente de Trotski: nos países subdesenvolvidos, a revolução começaria com metas democráticas e, no seu curso, terminaria socialista. Primeiro, a conquista militar do Estado; depois, a socialização da economia e o controle da vida social pelo partido único. Mas não é preciso adentrar o campo da teoria sobre a melhor via para o socialismo para que a natureza programática e ideológica dos grupos da luta armada salte aos olhos. Basta um arrolamento onomástico: Ação Libertadora Nacional, Vanguarda Armada Revolucionária (VAR), Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), Ação Popular Marxista-Leninista (AP Marxista Leninista), Comando de Libertação Nacional (Colina), Movimento de Libertação Nacional (Molipo). Nenhum deles incluía o termo ‘democrático’ em seu nome, mesmo que fosse para iludir os ingênuos.” (RODRIGUES, Leôncio Martins. Males que vêm para o bem. O Estado de São Paulo, 06-07-2008. Disponível em: <http://txt.estado.com.br/editorias/2008/07/06/opi-1.93.29.20080706.1.1.xml>. Acesso em 10-07-2008).
[88] PUGGINA, Percival. Vem aí outro pastelão. Blog do Percival Puggina. Zero Hora¸14-02-2010. Disponível em: <http://www.puggina.org/>. Acesso em: 18-02-2010.
[89] NEWTON, Carlos. Dirceu quer apurar os crimes dos militares na ditadura e deixar de fora os crimes da luta armada. Assim, é melhor trocar o nome e instituir a "Comissão da Meia Verdade". Tribuna da Imprensa, 15-03-2011. Disponível em: <http://www.tribunadaimprensa.com.br/>. Acesso em: 16-03-2011.
[90] TEZZA, Cristóvão. Guerrilheiros e exilados. Gazeta do Povo, 13-04-2010. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?tl=1&id=992199&tit=Guerrilheiros-e-exilados>. Acesso em: 13-04-2010.
[91] PONTES, Marcos. A Casa da Mãe Joana. 09-04-2009. Disponível em: <http://puteiro-nacional.blogspot.com/2009/04/dilma-e-filha-de-peter-rousev-um.html>. Acesso em: 14-10-2010.
[92] AQUINO, Antonio Santos. PCdoB é uma das maiores enganações de nossa História. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 29-10-2011. Disponível em: <http://www.tribunadaimprensa.com.br/>. Acesso em: 30-10-2011.
[93] PUGGINA, Percival. O direito de resistência à tirania. Blog do Percival Puggina, 23-07-2012. Disponível em: <http://www.puggina.org/>.
[94] PAZIANOTTO PINTO, Almir. Carlos Marighella. O Estado de São Paulo, 13-12-2012. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,carlos-marighella-,972963,0.htm>. Acesso em 13-12-2012.
[95] JABOR, Arnaldo. Não existíamos e não sabíamos. O Estado de São Paulo, 26-04-2011. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110426/not_imp710692,0.php>. Acesso em: 27-04-2011.
[96] "Ao longo da ditadura, os comunistas atuaram inicialmente no MDB e, depois, em seu sucessor, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB)." (VELLOSO, Mônica Pimenta. Mário Lago: boemia e política. Rio de Janeiro: FGV, 1997. p. 258).
[97] “Quando o PT nasceu, em 80, já tinha havido 15 anos de sofrida e persistente resistência contra a ditadura e pela redemocratização, comandada sobretudo por Ulysses Guimarães, Pedroso Horta, Josafá Marinho, Tancredo Neves e pelo Grupo Autêntico: Francisco Pinto, Lisâneas Maciel, Alencar Furtado, Paes de Andrade, Marcos Freire, Fernando Lira, tantos outros. O ‘principal instrumento de democratização do País’ foi a denúncia, na Câmara e no Senado, das torturas, desaparecimentos e assassinatos, como o de Rubens Paiva, em 20 de janeiro de 71, sustentando a luta dos raríssimos jornais, como a Tribuna da Imprensa, que, apesar da censura, enfrentavam. Quando o PT nasceu em 80, já há 9 anos, em 71, no congresso de Recife, em pleno horror do governo Médici, por proposta de Francisco Pinto e Fernando Lira, e seus companheiros do Grupo Autêntico, o MDB aprovara, pela primeira vez, as bandeiras da Anistia e da Assembléia Constituinte. Quando o PT nasceu em 80, Ulysses e Barbosa Lima já haviam percorrido o País, em 73, denunciando a ditadura e exigindo eleições. Em 74, o MDB já havia derrotado o regime militar em 16 estados (e perdido em 6). E, em 79, a anistia já era lei e os aeroportos da volta uma festa da democracia.” (NERY, Sebastião. Baixou o santo no terreiro do PT. Tribuna da Imprensa, 15-09-2005. Disponível em: <http://www.tribunadaimprensa.com.br/ coluna.asp?coluna=nery>. Acesso em: 15-09-2005).
[98] “Um balanço macabro mas necessário, ainda incompleto, indica que os militares mataram entre 1964, ano do golpe militar, e 1985, quando a ditadura terminou, 360 pessoas, 152 das quais dadas simplesmente como desaparecidas, sem que as famílias recebessem a menor informação.” (JOSÉ, Emiliano. A fuga histórica. Caros Amigos, São Paulo, nº 1, p. 16, abril 1997)
“Note-se que, nos vinte anos de período militar, morreram menos pessoas do que na confrontação de estudantes com a polícia em um estádio de futebol do México.” (CASTRO, Cláudio de Moura. Sociedade cordial. Veja, São Paulo, nº 1977, p. 22, 11-10-2006).
“Note-se que, nos vinte anos de período militar, morreram menos pessoas do que na confrontação de estudantes com a polícia em um estádio de futebol do México.” (CASTRO, Cláudio de Moura. Sociedade cordial. Veja, São Paulo, nº 1977, p. 22, 11-10-2006).
[99] “(...) com o clima de distensão existente, com a proximidade da anistia, vista como inevitável, e com seu bom comportamento, os presos políticos já haviam conquistado o direito de circular pela vizinhança da penitenciária e, não raramente, passar o dia inteiro fora, na casa de algum amigo, tomar banho na represa próxima ou beber uma cerveja num barzinho qualquer da Mata Escura, bairro da periferia de Salvador onde fica a Lemos de Brito.” (JOSÉ, Emiliano. A fuga histórica. Caros Amigos, São Paulo, nº 1, p. 18, abril 1997).
[100] “Porque os políticos inventam a vida. Eu vejo um sujeito dizer assim: ‘Eu fui exilado’. Que exilado! Exilado com passaporte. Eu vi gente ser banida. Mas nunca vi determinadas pessoas serem exiladas. Foram aprender línguas lá fora, gozar dez anos da vida lá fora e vieram para cá. Eu fiquei aqui, numa cidade que não era fácil, não.” (AMARAL, Marina et alii. O ex-presidente resolveu falar (e como!). Caros Amigos, São Paulo, nº 108, p. 38, março de 2006. [Entrevistado: Itamar Franco]).
“O livro [Formação do pensamento político brasileiro - Idéias e personagens, de Francisco Weffort] tem dois pequenos enganos, corrigíveis numa próxima edição: 1 - Pág. 300: "Roberto Simonsen, senador (SP) em 1945" (sic). Não foi em 45, mas em 47, nas eleições para o terceiro senador. 2 - "O regime militar cassou os direitos políticos dos fundadores do Iseb, os quais acabaram saindo do País, como refugiados ou exilados. Foi o que ocorreu com Guerreiro Ramos e Hélio Jaguaribe, ambos acolhidos por universidades americanas (Harvard, etc). Vieira Pinto exilou-se no Chile". Guerreiro e Roland Corbisier, sim. Creio que Vieira Pinto também. Mas o grande Jaguaribe não teve os direitos políticos cassados. Só foi escorraçado.” (NERY, Sebastião. Um país sem povo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 19-07-2006. Disponivel em: <http://www.tribuna.inf.br/coluna.asp?coluna=nery>. Acesso em: 19-07-2006).
“O livro [Formação do pensamento político brasileiro - Idéias e personagens, de Francisco Weffort] tem dois pequenos enganos, corrigíveis numa próxima edição: 1 - Pág. 300: "Roberto Simonsen, senador (SP) em 1945" (sic). Não foi em 45, mas em 47, nas eleições para o terceiro senador. 2 - "O regime militar cassou os direitos políticos dos fundadores do Iseb, os quais acabaram saindo do País, como refugiados ou exilados. Foi o que ocorreu com Guerreiro Ramos e Hélio Jaguaribe, ambos acolhidos por universidades americanas (Harvard, etc). Vieira Pinto exilou-se no Chile". Guerreiro e Roland Corbisier, sim. Creio que Vieira Pinto também. Mas o grande Jaguaribe não teve os direitos políticos cassados. Só foi escorraçado.” (NERY, Sebastião. Um país sem povo. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 19-07-2006. Disponivel em: <http://www.tribuna.inf.br/coluna.asp?coluna=nery>
[101] FERNANDES, Hélio. Tribuna da Imprensa, 16-04-2010. Disponível em: <http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=7806>. Acesso em: 22-04-2010.
[102] CHAGAS, Carlos. Todo mundo foi da Resistência… Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 24-05-2012. Disponível em: <http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=38651>. Acesso em: 24-05-2012.
[103] “Os meios de comunicação têm a função social de formar a opinião pública. Exigimos liberdade de imprensa. Mas que se paute pela verdade e pela bondade. Vimos como foi a imprensa no tocante à Guerra do Iraque. Um desastre! A imprensa tem o condão de desfocar coisas e fatos: não dar qualquer importância ao que é importante e dar enorme importância ao que não vale nada.” (GRINGS, D. Amadeus. A urgência das reformas. Correio do Povo, Porto Alegre, 01-11-2003. Disponível em: <http://www.correiodopovo.com.br>; Acesso em: 01-11-2003)
[104] “Foi durante seu governo que o País começou a crescer. Não havia dívida externa impagável, nem crise do petróleo, nem desemprego. Investimentos maciços se fizeram em telecomunicações, petroquímica, indústria naval e obras de infra-estrutura, entre elas a Transamazônica, a Ponte Rio-Niterói e os metrôs do Rio e de São Paulo.” .” (CHAGAS, Carlos. Do fundo da memória [5]. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 23-07-2005. Disponível em: <http://www.tribunadaimprensa.com.br>. Acesso em: 24-07-2005).
[105] “E, falando em modificação de Constituição, gostaria de dizer mais uma vez do meu desalento, da minha indignação pelo fato de essa Constituição de 1988, que não foi referendada pelo povo, ter sido remendada 44 vezes sem que o povo não apenas não se manifestasse, mas nem sequer soubesse que ela estava sendo modificada.” (COMPARATO, Flávio Konder. Caros Amigos, São Paulo, nº 72, p. 34-35, março de 2003).
[106] “Mas não se esqueça você mesmo que o Nazismo só perseguiu socialistas e comunistas sem importância. Semelhantemente à chamada Ditadura Militar que, aqui no Brasil, perseguiu comunistas lambaris, mas deixou os tubarões vermelhos graúdos irem para Paris ― e, depois, fez o que eles queriam: o Incra, a lei de Reforma Agrária mais radical que a de Jango, e o Divórcio feito pelo protestante General Geisel.” - FEDELLI, Orlando. Nazismo e socialismo. Associação Cultural Monfort. Disponível em: <http://www.montfort.org. br>; Acesso em: 07-08-2005.
[107] CARVALHO, Olavo de. A história oficial de 1964. O Globo, 19-01-1999. Disponível em: <http://www.olavodecarvalho.org>. Acesso em: 22-01-2011.
[108] GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. 4ª reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p.180-181.
[109] MATTEI, Roberto de. O cruzado do século XX. Porto: Civilização, 1998. p. 221-222.
[110] DIMENSTEIN, Gilberto. As armadilhas do poder: bastidores da imprensa. São Paulo: Summus Editorial, 1990. p. 124-125.
[111] GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. 4ª reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 41
Prof. Ênio José Toniolo (aposentado da Universidade Estadual Paulista)
Fonte: Blog Comunidade Barro Branco
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