por Oswaldo Colombo Filho
Diante da reação corporativista, de primária e insustentável rebeldia de setores da Justiça contra as palavras da Corregedora Angela Calmon, em apêndice ao posicionamento do Ministro Cezar Peluso; elevaram-se vozes em vários segmentos da sociedade, e sem modulação de tom não só em apreço ao posicionamento da Corregedora, mas ainda em demonstrar a mais completa indignação, desilusão por nossos Tribunais com as Excelências togadas. Não é para menos, o desvario que se presencia na vida pública nada mais é do que a corrupção institucionalizada pela falta de justiça.
No Brasil, a política foi substituída pela corrupção institucionalizada. A contrafação na administração pública agora é organizada e até partidarizada. A pior das formas de corrupção é aquela que se presta aquiescência às demais que proporcionam qualquer dano à nação, até mesmo quando o erário público é dilapidado. Isto nada mais é do que a prática da injustiça qualificada pela toga que a sociedade ora se insurge.
O Ministro Gilmar Mendes, durante o processo do Ficha Limpa declarou: “que as vezes a sociedade deve ser protegida dela própria” (pelo STF). E quem nos protege das Cortes e suas sentenças viciadas, lambuzadas pela politicalha, trabalhadas em seus estertores pelo favorecimento às oligarquias? Não temos verdugos a nossos préstimos; ou do affaire com o clã Sarney, quem está certo a Justiça nitidamente apadrinhada ou meses de investigação da Polícia Federal? Que exemplo deu-se a sociedade? Uma justiça arbitrada e vergonhosamente serva do coronelismo.
A garbosidade de caráter demonstrada pelo expresso corporativismo, deveria a bem da própria instituição JUSTIÇA, ser substituída pela autocrítica e pela humildade; isto representaria muito mais apreço ao que emana do povo. Humildade é disso que estes senhores togados necessitam em substituição à galhardia rota de títulos sem glória alguma. A glória vem do que se presta a outrem; o que prestam, em geral não tem atendido sequer mínimos padrões de moralidade à nação e que deveriam proteger. Se houverem problemas, resolvam; se em suas hostes houver quem não mereça ali continuar, expulse-os com ira exemplar, pois ao povo, em seu direto sagrado cabe justiça. Isto não é um prenuncio nem opinião desqualificada, é a visão de milhões que não creem mais nos tribunais deste país pela injustiça a que nos predispõe.
Afinal de que fileiras saíram Medina e Lalau? Este último dirigia a Comissão de Obras do imponente Fórum Trabalhista de São Paulo, e isto mesmo depois de regiamente aposentado. Era “um trabalho voluntário” e que “ninguém desconfiava”, certamente com o beneplácito silencioso de centenas de servidores muitíssimos bem remunerados pelos cidadãos que carecem do funcionamento isento das Cortes. Dispensável é elencar outros casos, porém nada passa sem lembrarmo-nos do mensalão. Mister citar ainda quando completa-se um ano que o Ministro do STF Antonio Toffoli pediu vistas para obstar o andamento do processo relativo ao expurgos dos planos econômicos e as perdas decorrentes nas cadernetas de poupanças. Milhões de pessoas aguardam a manifestação do STF — presidido pelo Ministro Peluso. Toffoli, um Ministro tardinheiro, que foi assessor de José Dirceu na Casa Civil, tem nesse episódio uma marca indelével. Quando de sua passagem pela Advocacia Geral da União, manifestou-se a favor dos Bancos, e contrário aos poupadores — motivo este mais que suficiente para declarar-se impedido de ora manifestar-se no Supremo. Ele o fez? Não! O Ministro Peluso presidente da Corte interviu? Não? Estão fazendo justiça a quem? Portanto a Corregedora Eliana Calmon disse o mínimo, e o que disse está correto, provavelmente apenas errou na grandeza, pois se quisesse falaria muito mais. Que as vulgares teses corporativistas tenham ouvidos para ouvir e olhos para ver e semeiem a verdade em torno de si e de seus atos e palavras se desejarem praticar justiça e não a hipocrisia dos falsos pregadores de uma honestidade impoluta que nem ilude mais a incautos.
Fonte: Brasil Dignidade
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