por Rogério Mendelski
Como se já não bastassem os ataques do MST, do MDA, de ONGs a soldo da escuridão ideológica et caterva contra o agronegócio e contra o lucro empresarial, aí está a Campanha da Fraternidade (CF) 2010 engajada numa jihad cabocla cujos objetivos misturam cristianismo com marxismo, como disse José Mário Stroeher, presidente regional da CNBB, bispo da cidade de Rio Grande. Para dom José Mário, mesmo que os cristãos não sejam marxistas (e poderiam ser?), "aprendemos com Marx que depois da dignidade da pessoa, temos de ser a favor do trabalho, que deve vir antes do lucro, mas tem de ser um lucro que não explore".O presidente da CNBB não disse nenhuma novidade que valesse a pena servir de tema para a CF 2010, já que é do trabalho que vem o lucro, e o lucro espoliativo existe quando governos não fiscalizam a legislação atinente ao tema. Na visão do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), integrante da CF 2010, a "globalização trouxe injustiça social", conforme seu secretário-geral, reverendo Luiz Alberto Barbosa, seguindo o mesmo mantra do neomarxismo que, derrotado ideologicamente, escolheu a economia mundial globalizada como um novo alvo.
Está na hora de se dar um basta a essas bobagens de que os verdadeiros cristãos só entram no céu se forem pobres e despojados de bens materiais, acobertados pelo secular vitimismo defendido pela Igreja Católica. Católicos e cristãos de todas as igrejas querem uma vida digna, anseiam sair da pobreza e sonham com um automóvel, uma casa na praia e dinheiro na poupança. Ou será que a vida eterna fica mais próxima para quem mora numa palafita ou numa vila popular miserável de qualquer periferia de uma grande cidade? Se o Brasil hoje se orgulha de ter tirado da miséria 15 milhões de famílias e a China torna-se a maior potência emergente do planeta, não foram seguindo os preceitos da CF 2010, mas apostando no agronegócio, na industrialização, no mercado, no lucro, na globalização e, sobretudo, no trabalho. É dele, organizado e produtivo, que resulta o progresso que todos desfrutam em maior ou menor intensidade. Propor no dias de hoje, uma campanha visando a fraternidade, mas atacando os modernos meios de produção de bens, os mesmos que distribuem a milhões de pessoas um conforto jamais imaginado nos últimos 30 anos, é o mesmo que abençoar o atraso.
Agronegócio (I)
"Eficiente, o agronegócio brasileiro gera emprego e renda, produz comida segura e barata, exporta alimentos, fibras e energia para mais de uma centena de países, garantindo bilhões de dólares em reservas cambiais à Nação — um colchão de recursos, aliás, que deu forças para o Brasil atravessar a recente crise mundial". A opinião é do presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva.
Agronegócio (II)
O perigo de observações toscas contra o agronegócio, iguais ou semelhantes às que fazem parte da CF 2010, é elas se disseminarem como versículos de uma nova Bíblia, buscando "novos cristãos", mais chegados à delinquência do que a uma fraternidade entre os seus semelhantes. Não é por acaso que marginais, autodenominados de sem-terra, destruíram milhares de pés de laranja numa propriedade privada, apenas para "dar prejuízo" aos empresários rurais, como revelou um dos líderes da boçalidade, que não esperava que sua "homilia", antes da ação criminosa, estivesse registrada em vídeo.
Não é verdade (I)
Dom José Mário Stroeher, numa entrevista a um jornal, afirmou que não podemos servir a Deus e ao dinheiro. "O dinheiro escraviza, amortece os valores", disse. O presidente regional da CNBB faz uma perigosa conceituação, porque generaliza o que não pode ser um axioma definitivo a respeito da riqueza e dos bens materiais. Valores não estão submissos ao dinheiro. O mundo em que vivemos tem milhões de ricos que se mostram, por exemplo, preocupados com a miséria e as desgraças da humanidade. A tragédia do Haiti revelou ricaços norte-americanos — para ficarmos num fato recente — doando fortunas às vítimas do terremoto, nada querendo em troca. São valores éticos que não se afastaram da riqueza conseguida com o seu (deles) trabalho.
Não é verdade (II)
O reverendo anglicano Luiz Alberto Barbosa, secretário-geral do CONIC, também enveredou por uma falsa premissa, dizendo que "milhões de famílias estão nas favelas porque não podem estar produzindo na terra". As milhões de famílias que vivem faveladas em todo o Brasil não querem terra para plantar, mas sim desejam um programa habitacional do governo para ter uma vida decente nas áreas urbanas. O sonho delas não é um pedaço de terra. Elas querem apenas empregos decentes e renda para que possam usufruir das benesses de uma sociedade de consumo globalizada. Fora disso, é ficção religiosa.
A propósito
O MST, que já não tem mais militância de colonos sem-terra, agora busca "legionários" nas áreas urbanas. Não há melhor sinalização do que essa, para contradizer as palavras do reverendo Luiz Alberto Barbosa. Quem mora em favela não quer terra, quer emprego, casa própria, televisão de plasma e um automóvel para passear nos fins de semana. E chega de cristianismo-marxista!
Fonte: Correio do Povo - 21/2/2010
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