*Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
Por estes dias se anuncia com muito espalhafato que na próxima segunda-feira, 25 de maio, o “History Channel” apresentará um documentário acerca das FARC como realidade histórica, elaborado por Holman Morris, personagem controvertida e muito dado a exaltar as “bondades” revolucionárias dos terroristas.Pelo que se sabe, Morris nunca questionou as FARC por envenenar um aqueduto municipal em Cesar e outro em Pitalito-Huila. Nunca se escutou Morris pôr o “camarada” Cano contra a parede pelos persistentes crimes de lesa-humanidade que as FARC cometem. Nunca se viu Morris encarar as FARC pela destruição de povoados humildes. Tampouco os criticou por traficar coca, por seqüestrar e torturar, como o revelaram os três gringos, Ingrid, os dirigentes políticos libertados, os militares resgatados, etc.
Amiúde circulam pela Internet provas dilacerantes. Meninos degolados, mulheres violentadas, testemunhos de guerrilheiras que desde a mais tenra idade foram colchões dos camaradas do Secretariado e dos cabeças das quadrilhas, fotos de massacres e mil coisas mais que refletem o sadismo do terrorismo comunista. Entretanto, para o senhor Morris os únicos casos que requerem difusão são as barbaridades cometidas por outros meliantes iguais às FARC, quer dizer, os mal chamados paramilitares.
Fatos estes que Morris apresenta com um viés maquiavélico, dirigido a vincular a instituição militar inteira e o governo Uribe com criminosos de baixo estofo, financiados inclusive por aqueles que se rasgam as roupas em público. E esta posição coincide, por estranhas coincidências, com o estabelecimento fariano de desprestigiar Uribe, impulsionar um governo de transição financiado por “Mico Mandante Chávez” e defendido à capa e espada pelos autodenominados “Colombianos pela Paz”.
Todavia, nunca se ouviu que Morris seja sensato e reconheça que a maior parte dos mal chamados paramilitares são terroristas que desertaram das FARC, do ELN e do EPL, grupos delitivos que lhes ensinaram a matar sem piedade, a seqüestrar, a roubar, a traficar com coca, a destruir cidades, a extorquir, a desterrar camponeses de suas parcelas, a roubar as propriedades dos camponeses, etc., etc., mas que não lhes pagavam salário, enquanto os bandidos das AUC lhes pagavam sim. Por isso passam de um grupo “esquerdista” para um “direitista”, como se fosse a transferência de um jogador de futebol de um clube a outro, não obstante históricas rivalidades.
Pelo contrário, Morris, do mesmo modo que Colombianos pela Paz, faz eco da existência de um conflito, segundo eles originado pelo que Tirofijo dizia: “o roubo de umas galinhazinhas e uns porquinhos”. Porém, uns e outros fazem vista grossa com relação à realidade do assunto. O conflito armado existe na Colômbia porque o Partido Comunista Colombiano quer tomar o poder por meio da combinação de todas as formas de luta, para impor na Colômbia uma ditadura totalitária similar à cubana integrada ao projeto de Chávez, Lula, Correa, Morales, Ortega e outros governantes esquerdistas do continente, em cumprimento às diretrizes do Foro de São Paulo.
Os pobres não interessam aos camaradas do Partido Comunista Colombiano, como dizem em seus panfletários escritos, pois na verdade tampouco os representam. As FARC se autodenominam “Exército do Povo”, porém são os primeiros inimigos dos camponeses. Valeria a pena que a Procuradoria Geral da Nação condensasse em um só documento as investigações pelos homicídios perpetrados pelas FARC contra o campesinato, e com certeza o resultado acusaria que na Colômbia os membros do braço armado dos camaradas perpetraram um arrasador genocídio contra o povo colombiano. Porém, disso nunca falam nem Morris nem os que dizem ser colombianos pela paz.
Há algo mais. A persistente preocupação de qualquer colombiano comum, que quer ver a nação em paz e em franco desenvolvimento sócio-econômico distanciado das anquilosadas idéias marxistas deve ser: onde está a Chancelaria? Qual é a venda da imagem do país que fazem os cônsules, os embaixadores, os plenipotenciários e toda essa plêiade de “doutores” e “doutoras” que ganha salários em euros, dólares ou libras esterlinas, enquanto que as FARC e seus difusores se movem sob suas “barbas” como um peixe na água?
O presidente Uribe alguma vez telefonou ao Chanceler de turno, e com uma quantificada relação de empregados na mão lhe perguntou qual é a relação custo-benefício dessa cara e improdutiva burocracia para o exíguo fisco nacional, para defender a imagem da Colômbia ou, pelo menos, impedir que os terroristas e seus propagandistas cheguem primeiro aos cenários de difusão informativa? Se não o fez, está na hora de o presidente Uribe e seu sui generis Vice se tocarem e colocarem nos eixos todos estes burocratas que “trabalham” de segunda a sexta-feira; que só atendem até uma hora da tarde nos escritórios; que nunca têm aproximação efetiva com as comunidades, diferente de “politicar”, como fez Noemí em Madri e agora em Londres; ou a conjugar o verbo estar, para se dedicar às suas atividades particulares nas quais são muito eficientes.
Por estas e muitas razões é que temos sustentado e reiteramos que a Chancelaria colombiana ainda está de fraldas frente a audácia estratégica e política da Frente Internacional das FARC. Não se pode esquecer de Sara, a sindicalista da FENSUAGRO, com cara de “não fui eu”, que conseguiu vincular até um sindicato de educadores do Canadá para que essa organização circulasse dinheiro para os terroristas; ou outro bandido cognominado “Juan”, que tem a facilidade de fazer contatos com a primeira autoridade suíça; ou um padre delinqüente que vive comodamente no Brasil e tem linha direta com Lula. E muito mais.
Porém, além da “facada” fariana contra a chancelaria, também há outra contra os meios de comunicação. Perguntam-nos porque, por exemplo, os jornalistas que publicaram o vídeo da “Operação Xeque” com grande agressividade, objetivando conseguir prêmios jornalísticos sem considerar o dano que faziam ao país, nunca tiveram essa imaginação e essa audácia de Morris de chegar à History Channel e, nesse caso, levar as FARC ao pináculo da celebridade em um meio televisivo tão popular no mundo.
A razão é simples em ambos os casos. E coincide com a politicagem que há por trás da próxima eleição presidencial. Ao fim e ao cabo, nem a muitos diplomatas nem a muitos jornalistas importa o que possa acontecer com a Colômbia; só o que eles podem ganhar. Isto se envolvidos em uma rapinagem tenaz. Valentões aqui e no exterior de cócoras. Por exemplo, um célebre locutor que por suas qualidades teria sido o chefe de imprensa ideal de Pastrana. Vive com a mente em cenários empolados e o corpo nos lugares light de Bogotá. E pensar que este senhor é o decano da opinião dentro dos meios de comunicação...
Entretanto, os demais estão imersos em uma indescritível guerra interna de posicionamentos publicitários. Portanto, os politiqueiros corruptos, os demagogos e os vivaldinos tiram proveito desse vergonhoso quadro de descrédito nacional.
Parece que ninguém se deu conta de que o documentário de Morris; os contatos de Colombianos pela Paz com os congressistas democratas americanos; a “chamada telefônica de apenas cinco minutos” com monsenhor Castrillón; a “boa-vontade” de Lula; a “generosa oferta” do “governo” cubano para receber Moncayo; as recentes palhaçadas de Correa e a “amizade” de Chávez para com Uribe, são elementos constitutivos do mesmo complô que foi descoberto com os computadores de Reyes.
Porém, claro, a imagem da Colômbia no exterior não melhorará enquanto não haja embaixadores e cônsules de carreira, enquanto não regressemos à educação cívica e à história pátria nas salas de aula, enquanto não haja identidade nacional derivada de objetivos nacionais.
Pela inexistência de metas estratégicas definidas em nível nacional, tampouco há estratégias concisas nem compromisso dos burocratas que nos representam no exterior que continuam convencidos de que, porque trabalham em um horário muito breve e de vez em quando fazem o consulado móvel, ou assistem a um ato protocolar em representação do governo colombiano, sua atividade foi ingente e de quebra os colombianos que pagamos impostos para sustentá-los nesses cargos lhes devemos muito por esse “sacrifício pela pátria”.
Tampouco melhorará a imagem enquanto a mesquinhez e a ânsia por galardões do grêmio afetem o imediatismo jornalístico. Um jornalismo distanciado dos interesses nacionais e do sustento científico da investigação metodológica, ou pelo menos da compreensão conjunta do problema do narco-terrorismo comunista e seus alcances políticos estratégicos, só serve para que em terra de cegos o caolho seja o rei.
E é isso o que Holman Morris faz em favor do projeto político fariano. É um rei no meio de todos os caolhos. A diferença é simples. Morris está imerso em um projeto com visão estratégica continental contra a Colômbia. Entretanto, os demais estão enquadrados dentro de bases egoístas e abarrotados de intrigas para sobreviver em meio dessa mediocridade.
* Analista de assuntos estratégicos
www.luisvillamarin.com.nr
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Tradução: Graça Salgueiro
Fonte: A Continência
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