por Jorge Serrão
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Fato objetivo é que a Justiça fecha o cerco sobre o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É quase certa a intensificação das investigações sobre a relação entre Lula, PT e o banco BMG, no desdobramento do Mensalão (Processo Investigatório 2.474, no STF, em segredo judicial, desde 2007). Para piorar o quadro, ontem a Polícia Federal indiciou, por corrupção ativa, a melhor amiga de Lula: Rosemary Novoa de Noronha, chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, cujo salário é de R$ 11.179,36.
A Presidenta Dilma Rousseff deve esperar o retorno urgente de Lula ao Brasil para exonerar a servidora do coração dele (NR: a "servidora" foi exonerada hoje mesmo, a pedido). Lula terá de se esforçar muito para alegar que a “Doutora Rose” (como é conhecida a indiciada) fez coisas erradas sem que ele soubesse. Certamente, com o cinismo costumeiro, Lula alegará que “foi traído” pela Rose. A mentira ficará inviabilizada porque, nos bastidores petistas, todo mundo sabe que Rose talvez só seja menos importante para Lula que a ex-primeira dama Mariza Letícia. Literalmente, Lula tomou ontem um tiro no coração.
Em ação surpreendente, que pegou o governo Dilma de saia curtíssima, a Polícia Federal, cumprindo ordens da Justiça Federal, promoveu a Operação Porto Seguro. A PF constatou que Rose era uma das cabeças um esquema de fraudes em pareceres técnicos feitas por agências reguladoras e órgãos federais, para favorecer empresas parceiras. Em troca, Rosemary receberia agrados, como viagens e até camarotes em carnaval. A PF investiga se rolava grana também nos esquemas de tráfico de influência.
Dilma promoveu ontem à tarde uma sessão de esculacho nos ministros José Eduardo Cardozo, da Justiça, e no Advogado-Geral da União, Luis Inácio Adams. Além do gravíssimo indiciamento da chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, a PF também indiciou ninguém menos que o segundo homem na hierarquia da AGU: José Weber Holanda Alves. Será que o Luis Inacio (com S) repetirá a costumeira artimanha do Luiz Inácio (com Z), alegando que nada sabia sobre o que seu imediato fazia de errado? Alves deve ser detonado por Dilma.
Doutora Rose era poderosa. Na década de 90, foi assessora de José Dirceu de Oliveira e Silva. Naquela época, conheceu Luiz Inácio. Rose começou a trabalhar no governo Lula em 2003 como assessora especial do gabinete da Presidência em São Paulo. Em 2005, virou a “Doutora Rose", ao ser nomeada chefe de gabinete do escritório regional da Presidência, na Avenida Paulista. Rosemary é tão ligada a Lula que costumava participar da maioria de suas viagens internacionais, nos oito anos de governo.
O escândalo é pesadíssimo e envolve vários órgãos do governo. Foram indiciados 12 servidores da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), da ANAC, da Superintendência do Patrimônio da União (SPU), do Tribunal de Contas da União (TCU), da Advocacia Geral da União (AGU) e do Ministério da Educação (MEC). A organização criminosa atuava também agilizando processos em órgãos públicos e fraudando documentos em troca de dinheiro e vantagens. Esses pareceres fraudados eram usados por empresas interessadas em processos de licitação junto ao governo.
Foram presas seis pessoas: os irmãos Paulo Rodrigues Vieira, diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), Rubens Carlos Vieira, diretor de Infraestrutura Aeroportuária da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e Marcelo Rodrigues Vieira, também da ANAC. Os irmãos Vieira foram indicados por Rosemary Novoa de Noronha – indiciada por corrupção ativa. Também foram presos o empresário Marco Antonio Negrão Martorelli, Carlos César Floriano e Patricia Santos Maciel de Oliveira.
Entre os famosos, a PF indiciou José Weber Holanda Alves, o segundo da Advocacia-Geral da União (AGU), e o ex-senador Gilberto Miranda Batista.Também foram indiciados: Esmeraldo Malheiros Santos, consultor jurídico do MEC, e Márcio Alexandre Barbosa Lima, do banco de dados do ministério, foram indiciados, assim como Lucas Henrique Batista (Correios). Da ANTAQ foram indiciados Enio Dias Soares, chefe de gabinete e Glauco Alves Cardoso Moreira. Evangelina de Almeida Pinho, assessora da Secretaria de Patrimônio da União, também entrou na dança.
A investigação da PF começou em março de 2011, depois que um servidor do TCU procurou a PF para relatar que integrantes de um esquema lhe ofereceram R$ 300 mil para que elaborasse um parecer técnico em benefício de uma empresa do setor portuário. O servidor contou que recebeu R$ 100 mil e fez o parecer. No entanto, como ficou arrependido, devolveu o dinheiro para o corruptor e procurou a PF em São Paulo para denunciar o esquema. A casa começou a cair.
Doutora Rose, a amiga de Lula |
O superintendente da PF em São Paulo, Roberto Troncon Filho, será alvo de grandes pressões. A próxima fase será pedir a autorização da Justiça para o compartilhamento das provas da investigação com as corregedorias dos órgãos envolvidos para que possam aplicar suas medidas administrativas. O superintendente já aliviou a barra do governo Dilma, alegando que os servidores agiam por conta própria e que não houve conivência dos órgãos, que ajudaram nas investigações.
O negócio é tão delicado que, no final da manhã de ontem, a Polícia Federal divulgou um resumo das investigações, como costuma fazer em todas as operações, mas não mencionou o escritório da Presidência entre os alvos de buscas e apreensão de documentos. Só no começo da tarde, quando o Alerta Total divulgou, em primeira mão, que o o alvo tinha sido o gabinete da Doutora Rose, o escândalo se tornou público. Delegados da PF fizeram cópias dos arquivos pessoais da “Doutora Rose”. O telefone celular funcional dela também teria sido apreendido pelos agentes. O grande risco é que haja fotos comprometedoras nos arquivos do telefone e do computador da servidora.
A conclusão mais objetiva de todo esse rolo é: o Porto está nada Seguro para Luiz Inácio e sua turma...
Fonte: Alerta Total
COMENTO: Na mais recente patifaria governamental descoberta está sendo dada ênfase ao fato da tal Rose ser amiguinha do Cachaceiro. Me parece que esse fato ocorre para abafar outro mais grave: a participação de José Weber Holanda Alves, o segundo na hierarquia da AGU. De acordo com a imprensa, é a segunda vez que ele é pego com a mão na botija. Em julho/agosto de 2003, o MPF, a PF, a CGU e o Tribunal de Contas da União investigavam a participação ilegal dele em transações imobiliárias, contratações de serviços e processos de cobrança de devedores. A lista de seus supostos "malfeitos" pode ser lida no Correio Braziliense - 22 Jul 2003. Ainda em 2003, o TCU o responsabilizou com outros ex-dirigentes do INSS por irregularidades em um convênio assinado pelo órgão com o CETEAD da Bahia, entre 1998 e 2000 (o processo foi considerado "prescrito"). Em 2009, o recém-nomeado advogado-geral da União, Luís Inácio Adams já o queria como seu adjunto, mas Dilma Rousseff, Chefe da Casa Civil, vetou a indicação. Então, por indicação de José Dirceu, o ilibado aquele, ele foi nomeado Procurador Geral da UnB, pelo então reitor Timothy Mulholland, aquele outro impoluto. Em julho de 2010, Adams insistiu em colocar José Weber como seu substituto na AGU. A nomeação foi autorizada por Erenice Guerra, aquela outra imaculada. Como se vê, o destino espalha, mas eles se juntam. O problema maior é que Luís Inácio Adams é candidato a uma vaga no STF. Poderá ele justificar sua insistência em ter José Weber em sua proximidade?
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