por Jacornélio M. Gonzaga (*)
Consultando-se no “Aurélio” o significado da expressão SUPOSTO, encontramos:[Do lat. suppostu.]
Adjetivo. 1. Hipotético, fictício. 2. Supositício (1). 3. Bras.N.E. Diz-se do dente postiço: “enquanto chorava o abandono, o riso morto na boca de dentes supostos, os olhos constantemente vermelhos, .... os cabelos sem pente permaneciam numa rebeldia feroz” (Mílton Dias, As Cunhãs, pp. 54-55).
Substantivo masculino ... 4. Aquilo que subsiste por si; substância. 5. Coisa suposta.
Advérbio. ... 6. Ainda que; embora; suposto que: “a dureza de certo o não vira, suposto voltasse para ele muitas vezes ....a face” (Livro Negro de Padre Dinis, p. 215).
Suposto que. 1. Na suposição ou hipótese de que; dado o caso que; dado que; admitido que. 2. Suposto (6).
Das diversas definições aurelianas de SUPOSTO, seguramente Supositício, seja a palavra menos conhecida do dia-a-dia da língua “brasileira”, portanto, aí vai seu significado aurélico:
[Do lat. suppositiciu.] Adjetivo. 1. Atribuído falsamente a alguém; suposto. 2. Fingido, falso. [Sin. ger.: supositivo.]
Atualmente, na imprensa brasileira, a palavra SUPOSTO e suas derivações são das mais utilizadas no vocabulário jornalístico, chegando ao ponto de, no segundo dia do ano, em pleno Jornal Nacional, o apresentador Márcio Gomes ler uma notícia sobre um fato ocorrido na Colômbia em que “um ataque das Forças Armadas matou 22 supostos guerrilheiros das Forças Revolucionárias da Colômbia”. Passa-se a impressão de que no país vizinho não existe um movimento guerrilheiro e que, supostamente, as FA colombianas realizaram uma mortandade contra pessoas indefesas, de boa índole e que não se sabia quem eram. Tem razão o JN, não são somente guerrilheiros, são também narcotraficantes.
Para verificarmos a imparcialidade da mídia, vejamos algumas notícias do último dia de 2009:
Correio Braziliense – 31 Dez 2009
— No Senado, a alardeada CPI da Petrobras, instalada para apurar supostas irregularidades na gestão da estatal, terminou melancolicamente.
— O relatório final da comissão pede ao Ministério Público Federal uma apuração sobre suposto ato de prevaricação por parte de integrantes da Aneel e solicita ao órgão a criação de um mecanismo para compensar o consumidor pelos valores indevidos.
Jornal de Brasília – 31 Dez 2009
— O governador Arruda, emocionado, considerou que as denúncias do suposto esquema de caixa dois foram combinadas para impedi-lo de continuar na política — que atualmente o “enoja”.
Estado de São Paulo – 31 Dez 2009
— A Justiça argentina fechou formalmente o caso de suposto enriquecimento ilícito contra a presidente do país, Cristina Kirchner, e seu marido e antecessor, Néstor Kirchner.
— O padrasto da criança afirmou ter inserido as agulhas no corpo do enteado em um suposto ritual de magia negra.
Já quando o assunto é sobre as FORÇAS ARMADAS não se supõe nada, afirma-se tudo, pois a certeza existe. Vejamos no mesmo Correio Braziliense, de 31 de dezembro de 2009, parte do artigo intitulado “Desconforto na Caserna”, de autoria de Danille Santos, no qual coloquei alguns supostos:
“O suposto desconforto criado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, dentro do governo após questionar o Programa Nacional de Direitos Humanos intrigou supostos especialistas, que classificaram o episódio como um suposto retrocesso para a democracia. ... No último dia 22, Jobim se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e colocou o cargo à disposição. O mesmo fizeram os comandantes das três forças nacionais, Marinha, Exército e Aeronáutica.
Os trechos que contrariaram o bloco militar referem-se à apuração de supostos crimes e supostas violações de direitos humanos no período da suposta ditadura, entre 1964 e 1985. O principal deles trata da criação de uma comissão que terá amplos poderes para apurar supostos casos de violação dos direitos humanos durante a suposta ditadura e, se preciso, punir. Outro pede a revogação de leis remanescentes do período do regime. Na visão dos militares, a medida abre uma brecha para mudanças na Lei da Anistia. Por último, o documento sugere uma lei que proíba o nome de pessoas que supostamente tenham praticado crimes de lesa-humanidade em prédios públicos e ruas, além da alteração de nomes já atribuídos”.
Aliás, existem várias suposições sobre o episódio supostamente acima descrito:
— será que o apedeuta-mor, por falta de saco ou deficiência de leitura, assinou, mais uma vez, um documento sem ler?
— será que Luís Ignácio ignorava os termos da negociação entre os Ministérios da Defesa, Justiça e Secretaria Nacional de DH?
— será que Luís Ignácio ignorou, por livre e espontânea vontade, os termos da negociação entre os Ministérios da Defesa, Justiça e Secretaria Nacional de DH?
— será que “o cara” foi enganado pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff?
— será que não é mais uma manobra do beócio na tentativa de se passar por bonzinho diante do “bando de generais”?
— será que não se trata de mais outra ação desencadeada com a finalidade de elevar, midiaticamente, ainda mais, os “franklinados”(1) índices de popularidade do Superlulla, ornando-lhe com o cognome de “O Vingador dos Torturados”?
— será uma jogada para que Jobim seja instado à vice da Dilma?
— ou será uma tentativa do Noço Guia para tornar-se imortal, pois, ajudando a reescrever a história, tem tudo para ganhar um assento na Academia Brasileira de Letras?
Eu suponho que, na verdade, o apedeuta-mor é um grande supositício!
(1) O mesmo que fabricado.
Fonte: recebido por correio eletrônico
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