15/01/2010 - 10h27
De acordo com a Transparência Internacional, o Haiti é o 4º país mais corrupto do mundo e a corrupção pode ser determinante para que os mais de US$ 350 milhões liberados para a reconstrução do país não se traduzam em obras e ações concretas. No ranking da organização, apenas a Somália (1º), Myanmar (2º) e Iraque (3º), seriam mais corruptos que o Haiti.
No dia 21 de dezembro do ano passado, a Conferência Episcopal do Haiti apelou às autoridades do país para que colocassem fim à corrupção e à hipocrisia.
A entidade manifestou ainda o seu apoio às eleições legislativas marcadas para fevereiro, mas que devem ser adiadas.
O Brasil anunciou a doação de US$ 15 milhões. Os Estados Unidos doarão US$ 100 milhões, mesmo valor anunciado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Nesta quinta-feira, começaram a chegar a Porto Príncipe as primeiras equipes de salvamento, médicos e doações de alimentos, água e medicamentos, no entanto, não há organização para que haja distribuição e atendimento à população.
O cenário é de caos e as gangues armadas começam a se reorganizar.
As agências internacionais vinculadas à ONU e organizações não governamentais atuam de acordo com as possibilidades. A maioria das ruas da capital continuam obstruídas por escombros e corpos.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha estima em pelo menos 50 mil os mortos, mas esse número poderá passar dos 100 mil quando os trabalhos de resgate forem efetivados em toda a cidade.
Reconstrução
Segundo a Minustah, o Haiti recebe por ano US$ 1 bilhão em doações do exterior. Cerca de 65% do orçamento do país vem de recursos internacionais.
Além dos US$ 15 milhões anunciados nesta semana, o Brasil prevê o repasse de US$ 12 milhões até 2011 para a implementação de 40 programas sociais no Haiti.
Análise da Notícia, por Marcelo Rech
Há anos o Haiti clama por socorro. Sua história é marcada por uma sucessão de crises, políticas e humanitárias. As grandes potências que sempre espoliaram o país que já foi uma referência de luta pela liberdade, agora falam em reconstrução. São os mesmos países que prometeram ajudá-lo quando a ONU decidiu criar uma missão de paz em 2004.
O Brasil aceitou comandá-la, mas desde o primeiro momento, advertia a comunidade internacional para a necessidade de fazer os recursos chegarem por meio de obras de infra-estrutura e ações sociais.
Àquela altura, os haitianos já estavam cansados de promessas e se sentiam envergonhados pela forma como o mundo os tratava.
Quando lá estive há pouco mais de dois meses, pude perceber como os haitianos prezam a dignidade. Se sentem humilhados por não terem o básico. Não usam a água dos esgotos para cozinhar ou para o banho, por desleixo. Nem comem biscoitos de barro por ignorância. É a contingência que os obriga.
Primeiro país a alcançar a independência nas Américas (100 anos antes do Brasil), o Haiti é vítima também da corrupção. Por conta disso, pouco chega às obras e programas que precisam ser desenvolvidos no país. Além disso, há uma burocracia que parece praga.
Esta parece ser uma excelente oportunidade para que a comunidade internacional desperte não apenas para a necessidade de se ajudar o Haiti, mas de otimizar os recursos que são enviados. Sem as obras necessárias, restará ao Haiti esperar pela próxima catástrofe, que pode ser natural ou humana, tanto faz.
Fonte: InfoRel
COMENTO: sem dúvida, a desgraça que se abateu, mais uma vez, sobre a população haitiana deve sensibilizar a todos nós. Porém ao tomarmos conhecimento da atuação de inúmeras ONGs de “trabalho voluntário” e “humanitário” ligadas ao partido governista no Brasil, temos que ficar atentos ao real destino que será dado a eventuais doações financeiras. É preocupante verificarmos a rapidez com que nosso governante determina a doação de 15 milhões de dólares, ou 26 milhões de reais, para auxiliar a recuperação haitiana, ao mesmo tempo em que seu Chanceler declara que: “Ainda não sabemos como esse dinheiro chegará ao Haiti”, enquanto que, da verba prometida para assistência às vítimas de Angra dos Reis/RJ nenhum centavo foi ainda liberado, sob a desculpa de que, para receber os R$ 80 milhões prometidos, a Prefeitura de Angra dos Reis precisa “apresentar projetos”. Não vou me reportar às verbas prometidas para a reconstrução dos municípios catarinenses por absoluta falta de dados, mas duvido que tais recursos tenham sido liberados.
Um comentário:
E a corrupção pode aumentar. Com as ONG's brasileiras, que devolvem 20,30 e até 50% do que recebem, que são usados para outros fins.
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